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Artigos-->Um Poema em Língua mirandesa -- 24/05/2002 - 15:58 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UM POEMA EM LÍNGUA MIRANDESA





João Ferreira

24 de maio de 2002





L ANTRUIDO DE LAS PALABRAS

Poema de Fracisco Niebro

Em língua mirandesa (Portugal)





1 Las palabras agárran-se a las cousas i al tiempo

2 Bénen de tan longe cargadas de bida i sentido

3 Que solo se deixan conhecer por música.

4 Screbir ye poner un maçcarilha que las sconde

5 I las deixa a drumir asperando quien las diga



6 Hai palavras culas alas de l sentido cortadas

7 E quando las dezimos nun son capazes de bolar

8 Nien nós las entendemos

9 Porque andamos culhas ne l bolso

10 Como cachico de bida que quedou agarrado a um retrato.



11 Las palabras ténen bilhete d’eidentidade

12 I certidón de nacimiento:

13 Hai que antrar an casa deilhas ua por ua

14 Çcubrir l que tén andrento

15 I stendé-las a la jinela cumo mantas an manhana de San Juan.





O ENTRUDO DAS PALAVRAS



Poema de Fracisco Niebro

Original escrito em língua mirandesa

Tradução de João Ferreira

Brasília-DF/Brasil





As palavras agarram-se às coisas e ao tempo

Vêm de tão longe carregadas de vida e de sentido

Que só se deixam conhecer por música.

Escrever é pôr uma máscara que as esconde

E as deixa a dormir esperando quem as diga.



Há palavras com as asas do sentido cortadas

E quando as dizemos não somos capazes de voar

Nem nós as entendemos

Porque andamos com elas no bolso

Como cachico de vida que ficou agarrado ao retrato.



As palavras têm bilhete de identidade

E certidão de nascimento

Há que entrar em casa delas uma por uma

Descobrir o que têm dentro

E estendê-las à janela como mantas em manhã de S. João.



(Do livro “Cebadeiros”, da autoria de Fracisco Niebro. Porto: Campo das Letras, 2002)





NOTA BIOBIBLIOGRÁFICA E LITERÁRIA



1. O POEMA



É um poema sugestivo, cantante, rítmico e cheio de sentido, originariamente escrito e publicado em língua mirandesa. Seu autor é um bom poeta. No conjunto, esse poema é uma representação do ritmo e da sonoridade do mirandês. Ele dá-nos, em seu conjunto, a dinâmica oralizante de uma nova língua, já reconhecida em Portugal, por decreto. É sempre interessante falarmos de coisas novas. De tão típica, esta língua mirandesa insere-se no contexto da lusofonia. Quando achávamos que em Portugal havia total unidade lingüística, apenas com pequenas diferenças morfológicas, fonéticas, lexicais e estruturais, vemos agora que o que conhecíamos, sem representação escrita, como dialeto mirandês, se habilita agora a carregar a aura de uma nova língua. Para quem chega a esta novidade, assim, de repente, ainda precisa que lhe completem o entendimento com outros conhecimentos sobre a matéria. Pesquisando, soubemos que há uma bibliografia básica para estudo desta língua bem interessante e que a Internet tem já em http://pt.altavista.com. um belo site com informações básicas para ir em busca do que é essencial para estudo desta língua. Na Faculdade de Letras da Universidade do Porto há um Centro de Estudos Mirandeses, uma página eletrônica dedicada ao estudo da língua e cultura mirandesa. No Centro de Linguística da Univerdidade de Lisboa trabalha-se na constituição e recolha de um corpus de textos em mirandês.Você encontra isso no site:http://www.mirandes.no.sapo.pt



2. O AUTOR



O autor deste poema é Fracisco Niebro, pseudônimo de “um mirandês de cinqüenta anos”, como ele próprio diz. Como reza na orelha de seu livro Cebadeiro, Niebro exerce hoje as funções de Assistente na Faculdade de Direito de Lisboa. Escreve em mirandês desde 1975. É autor da peça de teatro “Oubreiros i camponeses”, representada em Sendim e transmitida pela Rádio e Televisão Portuguesa. Tem-se envolvido em todas as ações que dizem respeito ao desenvolvimento do estudo do mirandês, desde a Convenção ortográfica da Língua Mirandesa, até ao ensino do mirandês.

Sua obra deve ser louvada. A nós compete aguardar mais volumes e mais obras publicadas e maior desenvolvimento desta antiquíssima língua que aparece agora, além de oralizada, com uma feição também escrita, lá no Nordeste de Portugal, mais especificamente no distrito de Bragança.



João Ferreira

24 de maio de 2002
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