QUANDO NÃO HOUVER VENTO REME

Provérbio romano

Jan Muá

É normal que as pessoas  saibam que o futuro se abre de preferência para quem para ele se prepara. Impulsionados por esta mentalidade muitas pessoas buscarão criar um ideal de vida e uma vontade de construir um futuro feliz para elas próprias e para sua família.

I

Quando os ideais  e as práticas estão em nível alto, é costume associar a eles os ventos favoráveis das instituições sociais: a família, a escola, os clubes, os livros, as conversas com amigos e os educadores, os quais desempenham na conduta do cidadão um papel fundamental.

A nível simbólico, as instituições formadoras, os educadores e a família, são considerados bons ventos que ajudam o jovem a se movimentar e a se projetar para o futuro.. A melhor resposta que eles podem dar à sociedade é a de ambicionarem por um alto ideal de vida e de profissão.

II

Assim como na natureza existem variações climáticas, assim também na vida social há etapas de marasmo, em que nada se cria e nada se inventa. São etapas  que deixam o cidadão abandonado, ao  deus-ará. É nessa fase crítica de marasmo, de vazio e de desânimo  que se descobrem as pessoas que se prepararam  para os momentos negativos da vida. Aquelas pessoas  que apesar do marasmo social e coletivo,  não perderam a consciência de seus ideais., mostrando com isso terem em mãos o maior trunfo, que é a vonatde pessoal e a coragem para prosseguir. Elas sabem que existem fases em que não sopram os ventos sociais. Não há estímulos, porque a sociedade está em crise. Mas elas conseguem preservar o maior trunfo durante a crise. Esse trunfo  são elas mesmas, ao decidirem continuar a construir sua vida apesar da crise.

III

É soberano este momento. O momento que faz lembrar o "provérbio romano" : quando não houver vento, reme.

Recolhidas no íntimo dessas pessoas corajosas, as palavras do provérbio romano ganham a força de um ímã. Tal como o ímã elas exercerão a força de atração e serão o recado inspirado e absoluto para este momento crítico. Ou o recado de que a consciência da vida não permitirá uma desistência.

Dentro da alma haverá só uma voz: "Mantenha seus ideais". Não importa se a sociedade não estimula ou não mostra coragem e iniciativa. Dentro dessas pessoas há agora a vidência do estímulo. No mar, quando há vento, os barcos à vela se movem velozes. Isso é uma parte da realidade. A outra parte é mostrada pela  sabedoria romana quando diz que "quando não houver vento, você deve remar". O vento que é a razão do movimento dos barcos à vela, tira, por vezes, inesperamente, suas férias. E o barco fica sem ação. Mas, nessa hora é o momento de você pensar que seu barco não poderá suspender o movimento ou a vida que você lhe pode dar. Com base em seus braços, em sua energia, o barco andará porque você vai movê-lo remando. Esta é a solução daqueles que cuidam de sua vida  com primor, com carinho, amor e reponsabilidade. É a solução daqueles que procuram o estímulo  em seus próprios ideais.

Para concluir, meu irmão: cuide de seu barquinho que é sua vida. Dê uma revisada nos remos, que são suas energias interiores. E reme. Reme sempre. Insista, nunca deixe de teimar em favor de sua vida.

Amanhã, quem sabe, o vento, ou o estímulo externo, social, pode voltar, Se voltar já encontrou você desperto, atento, preparado. Será o momento apenas de continuar com um ritmo que nunca deixou de estar em suas mãos.

Jan Muá

19 de novembro de 2022