Estive aqui um outro dia
Para dizer: "Estou presente!"
Dei de mim mesmo uma poesia,
Para alegria do escrevente.
Hoje retorno arrependido
Por não ter feito coisa boa.;
Nem ao menos fui compreendido:
Só consegui ser bem à-toa.
Considerei um privilégio
Manter-me aceso bem ao lado.
Agora penso em sacrilégio,
Por ter meu mundo desabado.
Sei que estou muito desastrado,
Tudo fazendo sem sentido:
Estes são versos dum “quadrado”
Que nada tem desenvolvido.
Capriche, amigo, na temática,
Não titubeie nos versinhos:
Não é preciso matemática,
Para fazê-los com carinho.
Agora tenho por princípio
Que a vida passa num segundo.;
Será bem fundo o precipício
De quem não viu como é o mundo.
Vá transcrevendo, com paciência,
Não vá temer escorregar.;
Nem sempre a glória da obediência
Vai reduzir-se ao verbo “amar”.
Sempre haverá um bom momento
Para dar certo esta escansão.
Deixemos, pois, deste lamento:
Vamos sorrir, com emoção.
O tempo todo estes versinhos
Vão-se infiltrar no coração.;
Se toda rosa tem espinhos,
Como fazer p ra ser bem são?
Vou apagar uma quadrinha
Que penso estar bem infeliz.
Se fosse eu “fada-madrinha”,
Faria um gesto co o nariz.
Eu vou cumprindo co o dever
De auxiliar neste escandir.;
Caso isto prove bem-querer,
Entenda-o bem, ó Wladimir!
São estes versos tão perversos
Que levam tempo p ra fazer.
Se nossos temas são diversos,
É sempre nosso o bem-querer.
O resultado destas rimas
Pode ser visto todo dia:
Variam pouco estes climas,
É muito pobre esta poesia.
Este escrevente desconfia
Que o texto todo está perdido.
Ao terminar, é de alegria
O som que chega ao seu ouvido.
Por isso, vamos pôr um fim
A estes versos que persistem.
Se hoje o dia está ruim,
Há outros mais que subsistem.
Em sua mente, muda o clima,
Os versos chegam de repente:
Não é mais pobre a sua rima,
O tema fica bem mais quente.
Só desejávamos lhe dar
Pequena idéia desta força.;
Agora vamos terminar,
Porque esta barra há quem torça.
Querido amigo, o nosso dia
Acabou sendo bem chinfrim:
Eu não dei conta da poesia.;
Nem disse nada sobre mim.
É uma pena que tenhamos
Desperdiçado este trabalho.;
Força fizemos nestes ramos,
Mas não quebramos o seu galho.
Um outro dia, voltaremos
Melhor disposto para as rimas.;
Força faremos nesses remos,
Talvez vivamos noutros climas.
Já chega, pois, destes poemas
Que só serviram p ra treinar.;
Inventaremos outros temas
E voltaremos p’ra ditar.
Querido amigo, vou-me embora,
Pois é chegada a minha hora.
Dizendo adeus a todo o povo,
Espero, um dia, estar de novo
Bem afiado p ra esta rima,
Que um verso bom o povo estima.
Papai do Céu é testemunha
Que progredi barbaramente.
Eu tive o vício: roer unha,
Hoje não tenho nenhum dente.
A brincadeira é oportuna
Para alegrar este ambiente.;
Ao bater asas, a graúna
Só quer voar, mui simplesmente.
Se não foi bom meu desempenho,
Eu peço, humilde, o seu perdão.;
Para alegrar, não sei se tenho
Um riso bom no coração.
Contudo, espero outro convite,
Para voltar com galhardia,
P ra demonstrar meu apetite
De versejar com melodia.
Agora vou levando embora
O sofrimento deste dia,
Mas, ao Senhor, bem nesta hora,
Oro com graça, co’harmonia.
Já com saudade, eu me despeço,
Reconhecendo em pensamento
Quem bem aqui teve sucesso:
Foi nosso “mestre”, este portento!
Não fique, amigo, envaidecido:
Foi um gracejo “interessante”.;
Outro qualquer, desenvolvido,
Redundará mais elegante.
Vamos pôr fim a estes versos,
Pois terminou a inspiração:
Rimar agora com “perversos”
É demonstrar saturação.
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