O Universo todo, inteiro,
Se põe aos pés do Senhor.
Todo bom medianeiro
Trabalha com muito amor.
Se tiver necessidade
De algum amigo buscar,
É na espiritualidade
Que você vai encontrar.
Todavia, não se pense
Que seja fácil de achar,
Pois tal ser não se convence
Com um mero desejar.
É preciso sacrifício,
Dedicação e trabalho,
Como todo e qualquer vício
Não é carta no baralho.
E também honestidade
É preciso, sim senhor,
P ra afastar toda maldade
Que embarace o seu valor.
Haverá boa vontade
Com quem é bom e leal:
Bom mentor será quem há de
Ajudar contra esse mal.
Sendo tantas as virtudes,
Qual o papel do mentor?
Orientar as atitudes,
P ra desabrochar o amor.
Não existe aqui na Terra
Criatura sem um pai,
De quem colhe, quando erra,
Exemplo que não se esvai.
Da mesma forma, o mentor
Age com muito carinho:
Às vezes é professor,
Outras, simples aluninho.
Professor ele é da gente,
De quem cuida com amor.;
É aluno de outro ente,
Algum ser bem superior.
Será que você ficou
Inteiramente contente,
Ou nada significou
Essa explicação da gente?
A pergunta é um tanto vaga,
Feita ao sabor destes versos.
Para quem enfrenta a saga,
Os golpes são mais perversos.
Haja vista que, hoje em dia,
Estão as coisas mui feias:
Quem se dedica à poesia,
Não terá sangue nas veias.
Mas nem tudo é sentimento
De remorso nesta vida:
Fugir da luta um momento
Talvez seja uma saída.
Recuperado o moral,
A tropa fica mais firme:
Nem tudo aqui, afinal,
É mal que possa ferir-me.
São necessárias mais cousas
Para me tirar do sério:
Tenho por mim muitas lousas,
Uma em cada cemitério.
Sendo assim, meu caro amigo,
Se quiser contar comigo,
Vai ter de ficar contente.
Os sofrimentos só servem
P ra que as pessoas conservem
A vontade de ir p ra frente.
Salpicos de verde lama,
Chamuscos de quente chama
São naturais no hemisfério.;
P ra isto existem mentores,
Anestésicos p ras dores:
Eis resolvido o mistério.
Satisfeitos ficaremos
Quando juntos, nestes remos,
Pusermos a nau no mar:
Cantaremos melodias,
Buscaremos harmonias,
Na realidade do amar.
Oraremos tão felizes,
Esquecendo as cicatrizes
Que estão desaparecendo.
O Senhor, lá no Infinito,
Ouvirá o nosso grito,
Sabendo que estamos crendo.
Muitas bênçãos descerão,
Inundando o coração
De cada irmãozinho salvo.
Nossa força aumentará,
Toda a Terra vibrará:
O bem maior é seu alvo.
Unidos junto a Jesus,
Banhados de sua luz,
É assim que venceremos.
As virtudes crescerão,
Os vícios se extinguirão:
Mentores todos seremos.
Comecemos devagar,
Sabendo que vai ao mar
Todo navio neste mundo.
Conquistar os universos
Não é obra p ra estes versos:
É preciso ir bem mais fundo.
Por isso, caro irmãozinho,
Receba-nos com carinho,
Não queira muito de nós,
Que ficamos bem contente
Com o fato de o escrevente
Ouvir esta nossa voz.
Demos curso ao treinamento,
Houve até certo momento
De a cantiga ficar séria.;
Mas teve vez a alegria,
Livrando a nossa poesia
Da mais penosa miséria.
P ra críticos de plantão,
Temos certa inclinação
A fazer pouco dos versos.
Está claro que esta rima
Está longe de obra-prima,
Mas não sejamos perversos.
Fica mui contente o amigo
Que está privando comigo
Desta tarde melodiosa:
Já tem claro o sentimento,
Vibra-lhe o pressentimento
Que esta poesia é mais prosa.
De qualquer forma, conosco
Vai desfazendo este enrosco,
Dando conteúdo à forma.
Eis aí sua virtude,
Bom fruto dessa atitude
De ter o bem como norma.
Se, hoje, o meu verso desanda,
Vai ficar ali de banda,
Aguardando a melhoria.
Amanhã, algum artista
Talvez uns versos invista:
Eis, enfim, boa poesia.
Como sempre, ao terminar,
É necessário rezar,
Agradecendo o poema:
— “Senhor Deus, aceita o grito
Deste povo muito aflito
E acaba com seu problema.”
Toda a humanidade sofre,
A maldade abriu o cofre,
Donde saem os seus tesouros.;
Mas, da arca da bondade,
Surtirá a variedade
De bens, de amores, de louros.
Eis a crença que hoje temos
E que a todos estendemos,
Com ternura e emoção.;
Se foi fraca a nossa rima,
É bem grande a nossa estima:
Eis aqui a nossa mão.
Nos versos que versejamos,
Nas rimas que estipulamos,
Pusemos o coração,
Pretendendo só, com isso,
Prestar um nobre serviço
Que ajude a este nosso irmão.
É preciso que termine
Com um FIM, como no cine
Ao concluir a película.
Permitam-nos um gracejo,
Pois outra rima não vejo:
Vou livrar-me da canícula.
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