Caprichemos, bom amigo,
Nesta fase da poesia.;
Se quiser contar comigo,
Mantenha a mente bem fria.
Já começamos os versos.;
Não havemos de parar:
Sejam eles bem perversos,
Algo bom há de sobrar.
Para dar seqüência ao tema,
Nada melhor que dizer
Que nem tudo é só problema,
Ao se cumprir o dever.
Por enquanto, vamos indo
Com as velas enfunadas,
Cada vez mais perseguindo
As rimas mais consagradas.
Desse modo fica fácil,
Já que tudo se repete:
Eis como fica bem grácil
A quadra que nos compete.
Esquentados os motores,
Vamos sair de carreira,
Dando razão aos autores
Que gostam de brincadeira.
A mente desanuvia
Quando a graça é mui faceira:
Estudando anatomia,
Começamos da caveira.
São os ossos deste ofício,
Na pregação evangélica:
Temos de falar do vício,
P ra gente pouco famélica.
Recheando de tecidos,
Encontramos as virtudes:
São temas bem parecidos,
Nas mais nobres atitudes.
Mas os homens sentem pena
Daqueles que já partiram.
Os que saíram de cena
Somente a voltar aspiram.
Como é que podem falar
Como agir dentro da carne?
São peixes fora do mar,
Pulando por novo encarne!...
Não nos dão autoridade,
Não passamos de fantasmas.
É grande a dificuldade:
As almas ficam mais pasmas.
É fácil falar do bem,
Quando bens já não se tem.
Queremos ver o “mentor”
Andando por estas ruas,
Com as peles seminuas,
A buscar algum calor.
Por ser esse o desafio,
Com o tempo quente ou frio,
Volveremos bem contentes,
Exercendo tais direitos
De eliminar os defeitos,
Sem ver os males das gentes.
Ajudando no que for
A quem demonstrar valor
Ao enfrentar as mazelas,
Praticando a caridade,
No mundo não há quem há de
Ficar sem ver as estrelas.
Gostou das rimas, pimpão,
Ou somente disse “não”
Por costume desonesto?
Saiba que temos aqui
Os trejeitos do sagüi,
P ra sair dos dramas presto.
Comparado com macacos,
Vamos fornecer os sacos
Que se encherão de malícia.;
Mas estamos bem tranqüilo,
Pois, se dissemos aquilo,
Não é caso de polícia.
É que somos mais espertos
Para sair dos apertos
Que os humanos nos propõem:
Em termos de inteligências,
Comparadas as ciências,
As da Terra não se põem.
Por isso, quando cá chegam,
As luzes do bem os cegam:
Ficam tontos, querem ver.
Mas o mais que se consegue
É pedir que não se alegue
Que lhes faltou bem-querer.
Batem as testas nos muros,
Percebem que são mais duros
Que qualquer coisa na Terra.
Na escuridão, se lastimam,
Lamentando que não rimam:
Sua vaidade se encerra.
Vão começar os trabalhos,
Examinando os seus talhos
Por onde adentrou o mal.
É exaustiva tal tarefa:
O que zombou já não blefa.
Estão juntos, afinal.
O que falava do etéreo
Está agora mais sério,
No tratamento do irmão.
Dá-lhe todos os conselhos,
Ensinos dos evangelhos:
Faz pregar o coração.
O que ouve fica mudo,
Já não tem o mesmo escudo
Das falácias da vaidade.;
Mas vai compreendendo o bem,
Uma vez que o mentor tem
O domínio da verdade.
Após alguns poucos anos,
Ei-lo perante os humanos
A trazer a sua voz:
Diante do desafio,
Vê correr água no rio,
Em busca da mesma foz.
Fecha o ciclo dessa forma,
Pois é sempre a mesma norma
Que preside estes eventos.
Se nós tivermos juízo,
Nunca mais será preciso
Enfrentar tais sofrimentos.
Não foi muito o sacrifício
Nem tão forte este bulício
De fazer render o tema.
Se nem tudo foi perfeito,
Dará o escrevente um jeito
De eliminar o problema.
Mais um último esforcinho,
P ra demonstrarmos carinho
Ao pessoal muito amigo:
Que Deus ampare a esta gente,
Germinando esta semente,
P ra que produza mais trigo!
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