Aumentou nossa “responsa”,
Depois da publicação,
Pois o povo vira onça,
Caso haja embromação.
Entretanto, vamos indo
Com nossos versos perversos:
Se o nosso canto for lindo,
Não há seres controversos.
Vamos falar das virtudes,
Grandiosidade da alma,
As quais regem atitudes
De paz, de amor e de calma.
Vou favorecer as coisas,
Repetindo as mesmas rimas:
O que se escreve nas loisas
Merece nossas estimas.
Prontamente, o meu amigo
Despertou para estes versos:
Desejou contar comigo,
Para transpor universos.
Mas nem tudo está perdido
Neste mundo de ilusões:
Se um amor for bem vivido,
Desafia até vulcões.
Vamos dar algum sossego
Ao mestre que nos ajuda,
Provocando o descarrego
P ra outro que nos acuda.
Teme logo o nosso amigo
A dor de ficar na mão,
Porém, vamos dar-lhe o abrigo
Duma boa proteção.
Casei-me cedo na vida,
Tive logo três filhinhos,
Mas não tive outra saída:
Deixei-os pequenininhos.
Lá no etéreo, preocupei-me
Com o amparo prometido.
Nem por isso rebelei-me
Pelo meu tempo exaurido.
Corri em busca de ajuda
Dos mentores doutras eras,
Pois, no etéreo, nada muda,
Se são altas as esferas.
Em verdade, estavam já
Prestando todo o socorro:
Fui eu que corri p ra lá,
Afobado p ra cachorro.
Riram-se de meus temores,
Em jocosidade atroz,
Mas me cuidaram das dores,
Pois não dão pontos sem nós.
Hoje em dia, eu já me animo
A partilhar das tarefas:
Os mestres são meu arrimo,
Nas pausas e sinalefas.
Vou correndo perguntar,
Quando me sinto perdido:
Afinal, o verbo “amar”
Tem de ser bem exercido.
Fatigado dos trabalhos,
Aos estudos me recolho:
Não são muitos os atalhos,
Mas é bom ficar de olho.
Pode ser que alguma hora,
De repente, surja alguém
Para quem qualquer demora
Seja a perda de algum bem.
Estando a moral em dia,
Poderemos ajudar:
Qualquer coisa má faria
A fé em nós desandar.
O exemplo é bem precioso
Que devemos cultivar,
Sem, porém, ser ganancioso:
Outro mal a se evitar.
Se lhe disserem que é fácil
Progredir aqui, no etéreo,
Ou o sujeito é mui grácil,
Ou não conhece o mistério.
Sendo assim, que fique claro
Que não temos pretensões:
Fazer o bem hoje é raro,
Sem que haja hesitações.
Correremos muitos riscos,
Vindo aqui falar às tontas:
O céu, à luz dos coriscos,
Não permite fazer contas.
Queremos enfatizar
Que nossa luz é pequena:
Não vão superestimar,
O que seria uma pena.
Pensem só neste trabalho
Como algo obrigatório:
Carta fora do baralho
É só desejo ilusório.
Para se integrar no grupo,
Algo se tem de fazer
Que não estimule o apupo,
Mas apenas bem-querer.
Por isso, queremos ser
Verdadeiros e simpáticos,
Cumprindo o nosso dever,
Em versos simples e práticos.
Eis aí, bom amiguinho,
Uma rosa sem espinho,
Que lhe damos com prazer.
Tire dela bom proveito,
Ao encher de amor o peito,
Sem nada ter de dizer.
O sentimento não traz
O orgulho de ser capaz
De se expressar em palavras,
Pois as nossas emoções
Explodem nos corações:
Só transparecem nas lavras.
Contudo, quem é poeta,
Após sofrer com a seta
Desferida por Cupido,
Se põe de pronto a escrever,
Por julgar de seu dever
Demonstrar-se agradecido.
Aí vai sofrer de novo,
Para dar idéia ao povo
Do sentimento do amor:
Não é círculo vicioso,
Mas vai terminar no gozo
Do reino do Criador.
Hoje adiantei mais um pouco,
Com o vozeirão mais rouco,
O treino desta poesia.
Agradeço agora ao Pai,
Que nos abençoar vai,
Na hora da ave-maria.
Ao médium, peço que atente
Por ser bem mais que escrevente,
Às falhas da melodia,
E proponha, sem temor,
Alterar seja o que for,
P ra melhorar a poesia.
Fique nas mãos do Senhor,
Demonstrando ter valor
P ra esta intermediação:
Você irá receber,
Por prova de bem-querer,
Outro tanto de escansão.
Adeusinho, caro amigo,
Não fique triste comigo,
Por serem pobres as rimas:
Há versos bem mais perversos,
Controversos e adversos,
Que mereceram estimas.
Volte agora p ro regaço
Do pessoal do seu paço,
Que lhe espera com carinho.
Ouça o pipilar contente
De todo esse contingente
Que cresce junto ao seu ninho.
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