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Contos-->Foi preciso o acaso para nos juntar -- 14/07/2003 - 15:16 ( Andre Luis Aquino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu sempre achei que esses lances que surgem assim do nada são os melhores, quando não há nenhuma intenção ou premeditação, quando os dois nem estão ai um pro outro e de repente o cupido parece que flecha bem no coração.
Já namorei uma garota só de esbarrar nela numa escada, outra só de ter discado o número errado e uma outra por ter sentado ao lado durante uma viagem longa.
Mas tão rápido como surgiam mais rápido ainda acabavam e assim estava sempre sozinho quando queria é ter companhia ou alguém para gostar, sempre tive muitos amigos, mais amigas do que amigos, simplesmente por uma questão de carinho ou talvez por achar que a companhia feminina é mais agradável, com as mulheres eu era mais confidente do que com os meus amigos.
Sou uma pessoa muito ligada ao toque, parece que vejo e sinto melhor quando toco algo ou alguém, me dá a sensação de uma proximidade muito mais sensível e por isso sempre gostei de ficar de mãos dadas, de abraçar e de fazer carinhos.
Assim foi com uma amiga muito especial, no inicio ela era como todas as outras amigas, mas aos poucos foi surgindo uma afinidade e depois um carinho maior,a proximidade foi nos dando uma intimidade muito grande e a atração não demorou muito a aparecer.
Eu não tinha a intenção de me apaixonar por ela, estávamos num grupo de amigos grande e eu gostava de conversar com todo mundo, fazia massagens nas costas de todas as garotas com a mesma intensidade (confesso que isso é um certo charme e uma forma de me aproximar das pessoas sem causar medo ou confusão) e isso não me trazia problemas algum, porque sabia muito bem não confundir as liberdades e nem os sentimentos.
Mas sempre que eu me aproximava dela parecia que tinha algo diferente no ar, sabe, tipo um clima de romantismo e isso foi surgindo aos poucos e tomando dimensões inesperadas e depois de um telefonema dela percebi que uma química estava rolando.
No começo tentei disfarçar que não estava sabendo de nada, mas os nossos amigos todos já faziam brincadeirinhas e invariavelmente nos deixavam vermelhos de vergonha, mas não nos incomodávamos e continuamos num jogo cego de seduções.
Ela sempre tinha aquele jeitinho meigo de falar com você sabe, tipo fazendo uns biquinhos involuntários, tinha um cheiro que eu adorava e volta e meia ficávamos cheirando de brincadeira o cangote um do outro (todo mundo sabe que fazer isso dá aquele arrepio que não tem nada haver com cócegas) , gostava muito dos olhos dela que me passavam algo triste e ao mesmo tempo terno (aliás, a ternura é uma das coisas mais doces que a gente sente por outro alguém), dos seus sorrisos, ela tinha um diferente para cada ocasião, do jeito que mexia e prendia seus cabelos,com a sua presença que sem perceber sentia falta e queria estar sempre junto, acho que vi nela uma carência afetiva que eu tinha vontade de suprir, como peças de um quebra-cabeça que se encaixam perfeitamente,enfim vi nela alguma coisa que não sabem as palavras e que me atirou direto aos braços de um novo amor.
E mesmo assim não tínhamos coragem de declarar um pro outro o que sentíamos e foi preciso o acaso para nos juntar, a turma marcou um cinema num sábado à noite, só que depois foram todos desmarcando e sobramos só nós dois( ainda hoje acho que foi uma tentativa de turma de nos juntar, mas todos juram de pés juntos que não).
O filme era de ação e não favorecia nem um pouco algum clima de romance, mas quando ela recostou a cabeça no meu peito tive a certeza que já estávamos juntos e depois do primeiro beijo já estava rendido e como tem sido bom para mim esse amor.
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