Terminados os estudos,
Vão ter começo os trabalhos.
Com patrões mui carrancudos,
Sofreremos alguns ralhos.
Mas algum tempo depois,
Acostumados ao malho,
Hão de dizer os patrões:
— “Não é tão mau o pirralho!”
Da mesma forma, no etéreo,
Treinamos p ra socorristas.
Todo chefe é muito sério,
Mas todos são altruístas.
Vão começar os trabalhos
De atendimento constante.
Já não há quaisquer atalhos:
Há que ser perseverante.
Consiste tal treinamento
Em domínio da vontade:
É mais firme o pensamento
De quem deseja a verdade.
Decepções hão de vir,
Pois nem tudo sai perfeito.
Mas havemos de convir
Não existir outro jeito.
Regressamos à escola
Para cursos superiores.
Se o mal entrou bem de sola,
Sentiremos fortes dores.
Mas os amigos que temos,
Já treinados no infortúnio,
Ajudam-nos com os remos,
Em mares de plenilúnio.
O evangelho está presente
Em toda e qualquer lição.
Só dependerá da gente
Dispô-lo no coração.
Entra aí boa vontade,
Recurso da honestidade,
A malícia cai por terra.
Aprendemos as virtudes,
Mudamos as atitudes:
Já bem pouco a gente erra.
Regressamos ao trabalho,
Buscando dar agasalho
Aos mais tristes sofredores.
Mas eles são renitentes:
Não confiam nos parentes.
Que fé vão pôr nos mentores?
Bate, então, um desespero,
Que não passa de exagero
De quem se julgou mais forte.
São resquícios de egoísmo
Dos tempos do nosso abismo
Que estão nas vascas da morte.
Retornamos aos estudos,
Sem conversas, somos mudos:
O silêncio a valer ouro.
Já sentimos a vergonha
De acreditar em cegonha:
O fracasso foi desdouro.
Nessa vida, prosseguimos,
Bem de leve evoluímos,
Quase até sem perceber.
Subitamente... o que temos?
Como estão leves os remos!
Mas recrudesce o dever...
As tarefas se acumulam,
Nossos problemas pululam:
Quase já não damos conta.
Reunimos os amigos,
Examinando os perigos,
Mas a fé não desaponta.
Olhamos bem para trás,
Agora que temos paz
P ra examinar o caminho.
Exultamos de contente,
Pois vemos que, finalmente,
Já nos cercam de carinho.
É forte nossa alegria,
Que transparece em poesia
E em preces agradecidas.
Apurou-se o pensamento:
Já não causa o sentimento
Aberturas de feridas.
Confiamos mais em Deus,
Até na hora do adeus
Em que os amigos se afastam,
Pois sabemos, com certeza,
Que juntos, na mesma mesa,
Os bons e justos repastam.
Contamos, pois, com Jesus,
Que ao rebanho nos conduz
Daqueles que são eleitos.
Mas jamais descansaremos:
São mais pesados os remos,
Quanto mais formos perfeitos.
Eis a lição deste dia,
Tudo em forma de poesia,
P ra ficar mais leve o estudo,
Pois o povo todo estima,
Quando alguém emprega a rima,
P ra dar forma ao conteúdo.
Sendo assim, apregoamos
Que estes frutos de tais ramos
Não poderão ser perversos:
Basta ter boa vontade
P ra conceber, de verdade,
Que são puros estes versos.
Surpreende-se este escrevente,
Julgando ser excelente
O resultado do dia.
Pois, então, nós lhe dizemos
Que estão leves os seus remos,
Bem amena esta poesia.
Valeu nosso treinamento:
Superamos o momento
De lamúrias e consertos.
Agora já corre solto
Todo pensamento envolto
Em suavíssimos concertos.
Não vamos exagerar:
É fácil de reparar
Que as cores são desbotadas:
Quando não se tem talento,
Qualquer verso é um rebento
De florzinhas perfumadas.
Vamos já deixando o posto
Onde tivemos o gosto
De partilhar da alegria
De ver o trabalho feito,
Posto que mui imperfeito
Pelas regras da poesia.
São dúbios os pensamentos?
Suspeitos, os sentimentos?
Esta turma se atrapalha?
Vamos rezar ao Senhor,
Que nos conduza ao amor,
Pois sua luz nunca falha.
Tendo o Cristo na cabeça,
Não haverá quem se esqueça
De agradecer ao Senhor,
Por tudo de bom na vida,
Mesmo que haja ferida
A se cuidar com amor.
Vamos ser bem previdente,
Ajudando a toda gente,
Como Jesus o faria,
Pois os recursos que temos
Dão p ros defeitos que vemos
Na mente da maioria.
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