Fui capaz de compreender
Os processos da poesia.
Cumpro, agora, o bom dever
De entoar a melodia.
Preciso só ter um tema
Que gere necessidade:
Caso faça um bom poema,
É certa a felicidade.
Tudo tem de ser na vida
Da mesma forma feliz:
Vamos ver obedecida
De Jesus a diretriz.
Se tivermos muita calma,
Os bens serão permanentes:
Vamos colocar a alma
Nestes versos conscientes.
Diz o amigo: — “É treinamento.”
Entretanto, é mais que isso:
Se pensar um só momento,
Verá que presta um serviço.
Vamos, pois, continuar,
Que é longa a nossa jornada:
Marinheiro vai ao mar,
Tendo a rota bem traçada.
Fazer o bem dá prestígio
No seio dos protetores,
Mas será vero prodígio
Ter o bem, sem ter as dores.
Para um bom entendedor,
Não é preciso explicar
Que o bem se faz com amor:
Sem amor, fica no ar.
Seja nosso objetivo
O semelhante ajudar:
Devemos manter ativo
O nosso poder de amar.
Às vezes, há sacrifícios
Que não se vão evitar:
São aqueles fortes vícios,
Difíceis de debelar.
Não trabalhemos sozinhos:
Ouçamos os protetores,
Que transbordam em carinhos,
Quando são orientadores.
A corrente está perfeita:
Há quem dependa de nós.
Se nossa ajuda é aceita,
Modulemos nossa voz.
Da mesma forma estaremos
Atendendo aos benfeitores,
Que, se fornecem os remos,
Atenuam nossas dores.
Vamos ter de desligar
A má freqüência que usamos,
P ra poder continuar
Colhendo flores nos ramos.
No mundo dos encarnados,
A família é o principal,
Se estivermos ocupados
Em eliminar o mal.
Se nós dermos cobertura,
Protegendo o amor de todos,
Vamos manter toda pura
A alma — o lírio dos lodos.
Para tal, será preciso
Desenvolver a paciência,
Agir com muito juízo
E cobrar obediência.
As leis terão prioridade,
Pois ninguém manda e desmanda:
Ao praticar caridade,
O bem alheio comanda.
Sendo assim, o nosso filho
Há de estar estimulado
A camuflar o seu brilho,
Pondo a vaidade de lado.
Nossa esposa há de calar-se
Perante as falhas alheias:
Talvez seja essa a catarse
Da pior das coisas feias.
Nossa menina há de ter
Idéias de gente grande,
Para cumprir o dever
Toda vez que a vida mande.
O marido há de prover
Para que nada lhes falte,
Conciliando seu saber,
P ra que seu amor ressalte.
São bens espirituais
Que temos sempre na mente.
Os fatos materiais
Dão sustentação somente.
Por isso, não sugerimos
Que se almeje uma fortuna:
Os bens que vemos opimos
São só ação oportuna.
Queira Deus que o bom amigo
Tenha entendido os recados,
Jamais brigando comigo,
Para mal dos meus pecados!
Sou mui grato à boa vontade
De aceitar os nossos versos,
Posto a sua razão há de
Considerá-los perversos.
Vamos deixando este posto,
Onde fizemos, com gosto,
As quadrinhas logo acima,
Agradecendo ao Senhor
As bênçãos do seu amor,
Latentes em cada rima.
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