A PERCEPÇÃO
Se for preciso agradecer ao Pai
Toda benesse que nos deu na vida,
A humanidade certamente vai
Ter de ficar o tempo todo unida.
Mas, muito ingrato, o povo dá guarida
À suspeição que o bem não sobressai,
Pois, mui mais forte, todo mal convida
A que olvidemos que o prazer nos trai.
Por isso, vamos esquecendo a morte
Como o portal da Luz do mundo eterno,
Sem dar à vida, do Evangelho o norte.
Triste estação de dor, se esvai o inverno,
A preocupar a alma com a sorte,
Nas labaredas trágicas do Inferno.
A CONSCIÊNCIA
Desejo crer que o mundo me perdoa
O atrevimento destes rudes versos:
Tivesse a humanidade a alma boa,
Seriam os meus temas bem diversos.
Mas muitos que me lêem não são perversos,
De modo que este aviso não ressoa
Pelas plagas de luz dos universos,
Que a caridade, a paz sempre coroa.
A estes vou deixando, comovido,
O meu louvor admirado e quente,
Que a vida tem p ra eles mais sentido.
Que bom seria fosse permanente
A sensação do amor que tenho tido,
Ao compreender que Deus está presente!
A SOLUÇÃO
Prantos, angústia, dores inefáveis,
São passos desta vida, inarredáveis,
Que todos vamos ter de dar um dia,
Pois cada sensação-felicidade
Se constrói a partir da caridade,
Que o sofrer firma a base da alegria.
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