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Infantil-->O Pequeno Polegar - Lenda dos Irmãos Grimm -- 13/09/2002 - 19:50 (Elpídio de Toledo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
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texto


Pequeno Polegar
Certa noite, um pobre camponês assentou perto do fogão e atiçava o fogo, quando sua mulher assentou-se e estirou-se. Então, ele disse:
— Como é triste, a gente não ter nem uma criança! Há tanto silêncio por aqui, e nas outras casas há tanta algazarra e alegria.
— É, a mulher respondeu e suspirou, tivéssemos pelo menos um, por pequeno que fosse, ainda que do tamanho de um polegar, ainda assim, eu ficaria contente; nós o teríamos com todo amor!
Então, aconteceu que a mulher engravidou-se e, depois de sete meses, nasceu uma criança completinha, com todos os membros em ordem, mas que não mediu mais que o tamanho de um dedo polegar. Então, eles disseram:
— Ele é tal como nós desejamos, e deve ser nossa criança querida.
E, por causa da sua forma, batizaram-no com o nome de Pequeno Polegar. Eles o alimentaram bastante, mas a criança permaneceu como era, desde a primeira hora; porém, mostrava sensibilidade e parecia ser inteligente e audaz diante de tudo, tendo êxito em tudo que começava.
Um dia, o camponês aprontou-se para ir à floresta e lá derrubar madeira. Então, falando sozinho, disse:
— Como eu gostaria que alguém levasse o carro mais tarde...
— Oh, pai, disse o Pequeno Polegar, eu quero levar o carro, não se preocupe, ele estará no momento certo na floresta.
Aí, o homem riu e disse:
— Como permitir isso? Você é muito pequeno para conduzir cavalo com rédea.
— Isso não é nada, pai, é só a mãe arrear o cavalo, eu me assento na orelha dele e digo-lhe como deve ir.
— Então, respondeu o pai, vamos tentar uma vez.
Quando chegou a hora, a mãe arreou o cavalo e colocou Pequeno Polegar na orelha dele, e então, o bebê comandou como o cavalo deveria ir:
— Jüh e joh! Hott e har!
Assim, ele saiu-se muito bem, tal qual um mestre, e o carro foi sendo conduzido pelo caminho certo para a floresta. Aconteceu que, ao passar por uma curva, dois homens estranhos que vinham dali ouviram o Pequeno gritar
— Har, har!
— Meu Deus, disse um deles, que é isso? O carro está indo, um candeeiro guia o cavalo, mas não é visto...
— Ah, aí tem... disse o outro, vamos seguir o carro e ver onde ele para!
Porém, o carro adentrou pela floresta e foi direto para o lugar onde estava a madeira. Quando Pequeno Polegar viu seu pai, ele o chamou.
— Viu, pai? Cá estou eu com o carro, agora, desça-me.
O pai segurou a rédea com a mão esquerda e com a direita tirou o filhinho da orelha do cavalo, e assentou-se todo alegre em uma palha. Quando os dois homens estranhos viram o Pequeno Polegar, eles não souberam o que eles deveriam dizer, ficaram assombrados. Então, cochicharam de lado e combinavam:
— Escuta, o pequeno rapaz pode nos dar sorte, nós podemos exibi-lo em uma cidade grande por dinheiro, nós devemos comprá-lo.
Eles foram ao camponês e disseram:
— Venda-nos o rapaz. Ele nos será muito útil.
— Não, respondeu o pai, é meu bem mais precioso, e não o troco por todo o ouro do mundo!
Pequeno Polegar, porém, como tinha tino comercial, trepou pelas costuras no manto de seu pai, alcançou o seu ombro e sussurrou nos seus ouvidos:
— Pai, só entregue-me, eu vou e volto logo.
Então, o pai vendeu-o por uma bela quantia em dinheiro aos dois homens.
— Onde você quer se assentar?
Perguntaram-lhe.
— Oh, deixem-me na aba de um dos seus chapéus, lá eu posso passear para cima e para baixo e observar a paisagem, porém, sem cair.
Eles satisizeram sua vontade, e depois que Pequeno Polegar despediu-se de seu pai, eles partiram com ele. Assim, eles caminharam até escurecer. Então, disse o menino:
— Desça-me, é preciso.
— Fica quieto aí, sô! Disse o dono do chapéu, "eu não me importo, mas, às vezes, os pássaros também me derrubam..."
— Não, Pequeno Polegar falou, "eu sei também o que me convém, desça-me logo daqui!"
O homem pegou o chapéu e pôs o pequeno em um descampado pelo caminho, e ele foi logo saltando e rolando pra lá e pra cá, entre os torrões de terra, até que se deparou com uma toca de um rato que a tinha escolhido para pernoitar.
— Boa noite, senhores, só que vocês vão para casa sem mim! Exclamou ele, e riu deles. Eles correram por ali e enfiaram varas na toca do rato, mas nada adiantou. Pequeno Polegar rastejou sem parar, e, então, ficou tudo tão escuro que eles tiveram de voltar para casa com raiva e com a bolsa vazia.
Quando o Pequeno Polegar notou que eles foram embora, ele rastejou novamente até à saída da toca.
— É muito perigoso caminhar pelo campo na escuridão, disse ele, "qualquer um quebra facilmente pescoço e perna."
Felizmente, ele esbarrou em uma concha vazia.
— Deus seja louvado! Disse ele: "Aqui eu posso passar a noite mais protegido."
E acomodou-se nela. Pouco tempo depois, quando já estava com sono, ele ouviu dois homens que passavam por ali, e um deles falou:
— Como vamos afanar o dinheiro e a prata do padre rico?
— Isso eu posso lhe dizer, intrometeu-se Pequeno Polegar.
— Que é isso? disse um dos ladrões, assustado. "Eu ouvi alguém falando..."
Eles pararam e escutaram quando Pequeno Polegar falou novamente:
— Levem-me, pois eu quero ajudar vocês.
— Onde você está, então?
— Procure somente no chão e observe de onde vem a voz, ele respondeu.
Então, os ladrões o acharam e o ergueram para o alto.
— Você, sujeitinho, por quê quer nos ajudar? Perguntou um deles.
— Veja, respondeu ele, "eu rastejo entre as vigas de ferro do quarto do padre e alcanço o que vocês quiserem."
— Muito bem, disseram eles, vamos ver se você pode mesmo.
Quando chegaram à casa do padre, Pequeno Polegar rastejou pelo quarto, porém, imediatamente, gritou até cansar:
— Vocês querem tudo que está aqui?
Os ladròes ficaram apreensivos e disseram:
— Fale baixo pra não acordar ninguém.
Mas Pequeno Polegar agiu como se não tivesse entendido, e gritou novamente:
— O que vocês querem? Vocês querem tudo que está aqui?
A cozinheira, que dormia no quarto ao lado, ouvindo aquilo, levantou-se da cama e espiou. Porém, os ladrões já haviam corrido de medo um bom pedaço do caminho de volta e, finalmente, quando recuperaram a coragem, pensaram:
— O sujeitinho quer é brincar conosco.
Eles voltaram e sussurraram-lhe:
— Agora, leve a sério, e traga alguma coisa cá pra fora.
Aí, Pequeno Polegar gritou mais uma vez, tão alto quanto ele pôde:
— Eu quero lhes passar tudo, ponham suas mãos aqui dentro.
A atenta empregada ouviu isso, claramente; pulou da cama e empurrou a porta para dentro. Os ladrões puseram as pernas para correr como se um irado caçador estivesse atrás deles; a empregada, porém, como não podia ver nada, foi acender uma luz. Quando ela foi ver, Pequeno Polegar escondeu-se lá fora no celeiro e a empregada, depois de tudo, porém, depois de examinar todos os ângulos e nada encontrar, voltou novamente para a cama, pensando que, talvez, tivesse tido um pesadelo, embora com olhos e ouvidos abertos.
Pequeno Polegar tinha escalado um monte de feno e achou um bom lugar para dormir. Ali ele quis descansar até que amanhecesse e, então, voltaria para os a casa de seus pais novamente. Mas ele tinha que vivenciar outras coisas:
— É, há muita aflição e sofrimento pelo mundo!
A empregada pulou logo da cama, quando amanheceu o dia, para alimentar o gado. Sua primeira parada foi no celeiro, onde ela encheu os braços com um feixe de feno, exatamente aquele onde o pobre Pequeno Polegar ficou e dormiu. Ele dormiu tão profundamente que nada percebeu, e nem mesmo acordou, até que chegou à boca da vaca junto com o feno.
— Oh Deus, exclamou ele, "como vim parar nesta moenda?"
Mas, ele notou logo onde estava. Então, tomou o cuidado de não se colocar entre os dentes e ser triturado, e, em seguida, escorregou para o estômago.
— Esqueceram a janela do quartinho aberta, disse ele, "e o Sol não brilha aqui dentro: a luz, também, não entra aqui."
O quarto não lhe agradava de jeito nenhum, e o pior é que chegava feno, cada vez mais, pela porta de entrada, e o lugar ficava mais estreito. Então, apavorado, finalmente, ele gritou tão alto quanto pôde:
— Não me traga mais comida fresca, não me traga mais ração!
A empregada estava ordenhando a vaca, e como ouviu alguém falar, sem ver ninguém, mas, reconhecendo a mesma voz que ouviu à noite, assustou-se tanto que caiu da sua cadeira e derramou o leite. Ela correu depressa até ao patrão e exclamou:
— Oh Deus, sô padre, a vaca falou!...
— Você está louca? Respondeu o padre; mesmo assim, foi até ao celeiro e quis ver o que acontecia. Mal ele pôs os pés lá dentro, Pequeno Polegar gritou de novo:
— Não me traga mais comida fresca, não me traga mais ração!
Aí, assustado, o padre pensou que um espírito maligno havia se apossado da vaca, e mandou matá-la. Ela foi abatida, porém, seu estômago, no qual Pequeno Polegar estava, foi lançado ao esterco. Pequeno Polegar tinha que fazer grande esforço para sair dele, e já estava muito cansado com aquilo, pois precisava achar um lugar, mas, quando ele estava com a cabeça quase para fora, veio um novo azar. Um lobo faminto correu lá e engoliu o estômago inteiro de uma só vez. Pequeno Polegar não perdeu o ânimo.
— Talvez, pensou ele, "o lobo fale consigo mesmo," e o chamou lá da pança:
— Querido lobo, eu sei onde há uma suculenta comida para você.
— Onde posso pegá-la? Perguntou o lobo.
— É uma casa, mas, você tem que rastejar pela sarjeta, onde achará bolos, toucinho e lingüiça, e muito mais para você comer...
E descreveu exatamente a casa do seu pai. O lobo não pensou duas vezes e, à noite, apertou-se dentro da sarjeta e comeu da despensa à vontade. Quando se saciou, ele quis sair de volta, mas, ficou tão gordo que não pôde voltar pelo mesmo caminho. Pequeno Polegar tinha contado com isto, e, então, começou a fazer uma barulheira e um reboliço no corpo do lobo, batendo e gritando o mais alto que podia.
— Quer ficar quieto, o lobo falou, você acorda as pessoas.
— O quê? respondeu o menino, "você comeu o bastante, eu também quero ficar à vontade, e começou novamente a gritar com toda a força." Assim, seu pai e sua mãe, finalmente, acordaram, saíram do quarto e olharam entre as colunas. Como viram que um lobo estava ali, eles se apressaram; o homem pegou um machado, e a mulher a foice.
— Fique atrás, disse o homem quando eles entraram na despensa, se eu lhe der um golpe e, contudo, ele não morrer, então, você deve golpeá-lo e cortar o seu corpo pelo meio.
Então, Pequeno Polegar ouviu a voz de seu pai e chamou:
— Pai querido, eu estou aqui, eu estou no corpo do lobo.
O pai exclamou, cheio de alegria:
— Graças a Deus, encontramos nossa querida criança novamente, e mandou que a mulher deixasse a foice, de forma que Pequeno Polegar não fosse atingido. Em seguida, deu um golpe na cabeça do lobo, que já caiu morto; então, eles pegaram facas e tesouras, cortaram e abriram o corpo dele e puxaram o pequeno novamente para fora.
— Oh, falou o pai, como ficamos preocupados com você!
— É, pai, eu corri muito ao redor de no mundo; é graças a Deus que eu respiro ar fresco novamente!
— Onde você esteve, então?
— Oh, pai, eu estive na toca de um rato, no estômago de uma vaca e na pança de um lobo: agora, estou com vocês.
— E nós não o venderemos novamente, nem por todas as riquezas do mundo! Disseram os pais, abraçando-se e beijando-se com o querido Pequeno Polegar.
Eles deram-lhe de comer e de beber, e fizeram roupas novas para ele, pois as dele ficaram puídas durante a viagem.

***(Fonte: www.udoklinger.de)

N. T.:

"... A gente tem de sair do sertão! Mas, só se sai do sertão é tomando conta dele a dentro..."

(De José Rebelo Adro Antunes, vulgo Zé Bebelo, neto do capitão-de-cavalos, Francisco Vizeu Antunes, e filho de José Ribamar Pacheco Antunes e Maria Deolinda Rebelo, nascido em Carmo da Confusão, conforme G.S.V., de G. Rosa, pág.259 e 260.




























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