MULHER DE VESTIDO NEGRO
Maria Hilda de J. Alão.
Acordei com o incansável alarido
Dos pássaros nessa manhã majestosa,
Na casa, em frente, de fachada suntuosa,
Uma esguia mulher de negro vestido,
Branca como marmórea estátua fina,
Com passos etéreos, a longa escada subia.
O céu escureceu, armou-se a ventania,
Como aviso de figura assassina,
Que sob uivos de dores e de lentas agonias,
Que ao ouvido chegam, bem ou mal,
Alertando que é hora do funeral
Pois findou a contagem dos dias.
Senhora de si e sem preconceitos,
Visita choupanas, palacetes e castelos,
Levando consigo os donos, feios ou belos,
Tenham aprendido ou não os preceitos,
Para nos seus frios braços tranqüilamente
Em gélido e sempiterno outono,
Deitarem na vertical calmamente
De olhos fechados em eterno sono.
07/05/04.
|