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Contos-->Um bosque que se chamava solidão -- 15/09/2003 - 18:16 ( Andre Luis Aquino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Há muito tempo existiu num reino distante uma princesa chamada Amelie, mas ela não era uma princesa como outra qualquer, ela era uma princesa especial porque tinha o coração puro, nunca haviam mentido para ela, só conhecia a verdade, pois seus pais, o rei Gideão e a rainha Raísa, cuidavam muito bem disso, a cercavam de carinho e todas as pessoas que tinham contato com ela deveriam dizer sempre a verdade.
Esse reino embora bem distante era muito belo devido às flores que cresciam ao longo de suas ruas, ficou conhecido como um reino igualitário e um bom lugar para se viver, seus reis eram pessoas justas e muito corretas com seus súditos, embora exigissem que as suas leis fossem cumpridas com todo rigor.
Amelie era filha única, a rainha Raísa só pode ter um filho e isso a entristeceu a princípio, mas logo essa tristeza passou, sua filha era um bebê maravilhoso e preenchia todo seu desejo de ter mais filhos, para que a criança não se sentisse sozinha o rei Gideão promoveu um concurso em seu reino entre as crianças que houvessem nascido no mesmo ano que a querida Amelie, aquelas que vencessem poderiam crescer brincando ao lado da princesinha e quando crescessem e se tornassem moças seriam suas damas de companhia.
E assim se fez e se passou o tempo, Amelie cresceu junto de crianças especialmente escolhidas, filhas dos súditos mais leiais e honestos do reino e essas mesmas crianças e depois moças jamais mentiram para Amelie e seu coração se tornou o mais puro do reino justamente como sonhavam o rei Gideão e a rainha Raísa.
Mas a pureza de um coração não o deixa a salvo do amor e da curiosidade, aos quinze anos a princesa Amelie sentia vontade de sair e conhecer seu próprio reino, sabia que se tratava de um belo reino e que as pessoas que viviam ali eram felizes por estarem lá, queria sentir o carinho de seus súditos e completar um certo vazio que ela sentia crescer dentro de si mas não sabia do que se tratava.
Os rei dizia que ainda era cedo para ela sair do castelo que ficava no alto de uma pequena colina, precisava primeiro casar e o seu casamento já estava arrumado com o príncipe do pequeno reino vizinho, seria tudo da mesma forma como um dia foi com o rei Gideão que se casou com a rainha Raísa, nunca haviam se visto e foram aprendendo a se gostar com o passar dos anos.
Amelie ficou muito triste desde então, pois queria muito poder sair para poder respirar um ar diferente e ver o quanto os súditos daquele reino era felizes, só queria ficar um pouco sozinha e assim suas damas de companhia o fizeram, para ficar bem isolada de tudo Amelie subiu a torre mais alta do castelo que dava para parte de trás do reino, direto para um bosque.
Amelie com lágrima nos olhos olhava para a paisagem verde que se descortinava a sua frente, era um bosque de arvores frondosas e muito altas e de dentro dele vinha uma bela voz que cantava uma canção, Amelie quase não podia a ouvir direito a tal canção mas imediatamente sentiu seu puro coração bater mais forte e em seu pensamento uma pergunta que não queria calar surgiu, que lugar belo era aquele e de quem seria aquela bela voz que parecia cantar uma canção triste?
Quando desceu da alta torre, Amelie reencontrou uma de suas damas de companhia, Anete, aquela que ela mais gostava e perguntou que bosque era aquele que existia nas margens do reino.
“É o bosque da solidão” disse sem mentir Anete.
“ E de quem é aquela triste voz que soa de dentro do bosque?” queria saber emocionada a querida princesa Amelie.
“ Aquela voz é de um homem que enlouqueceu por amor...”
Amelie não sabia o que era enlouquecer e nem o que era amor, sabia que dentro de alguns dias se casaria com alguém que nunca tinha visto em sua vida e mudaria para o reino vizinho e só voltaria a ver o seu reino com a morte de seus pais, algo em seu puro coração havia mudado ao ouvir um fio de voz muito triste que vinha de um bosque que se chamava solidão, Amelie sentia uma vontade incontrolável de visitar aquele lugar.
Com aquela sensação de vazio cada vez maior dentro de si e com medo de seu futuro, Amelie então foi até a rainha Raísa implorar que ela a deixasse ver o quão era belo o seu reino e sentir o carinho de seus súditos na própria pele.
Como coração de mãe é uma das coisas mais nobres e maravilhosas que Deus inventou, a rainha Raísa ficou enternecida da sua filha e disse que realizaria seu sonho, só que deveria ser bem rápido, bem a tempo de o rei Gideão voltar da viagem que fazia ao reino vizinho a fim de ajeitar os últimos detalhes do casamento de sua filha.
Anete sua dama de companhia mais amada seria sua tutora fora do castelo e deveria cuidar para que ela voltasse a salvo e na hora marcada pela rainha, Amelie quase não podia acreditar na graça alcançada e colocou seu vestido branco de princesa para desfilar pelas ruas floridas de seu reino.
Naquele dia o reino parou para ver a beleza fina e leve da princesa caminhar pelas ruas floridas de flores de todas as cores, os súditos faziam questão de apertar as mãos da princesa e diziam quanto a amavam e a respeitavam como futura governante daquele feliz reino, todos sabiam que a princesa tinha o coração puro e não mentiram nada se quer.
A princesa Amelie estava em estado de graça, pois sentia em toda a sua pele o carinho de todos seus súditos, Anete cuidava de sua integridade com se ela fosse uma jóia valiosa e realmente o era, nunca existiu na terra um coração tão puro quanto o coração daquela princesa.
Quando a rua florida acabou a princesa encontrou com o bosque chamado solidão e seu coração mais uma vez estremeceu, pois algo dentro dela dizia que ali estava algo muito importante para o seu crescimento.
“Podemos entrar aqui, Anete? Quero muito saber de quem era aquela voz e também gostaria de saber o que é enlouquecer e o que é o amor, só assim serei uma boa pessoa e uma boa rainha um dia”
Anete não podia mentir sob pena de macular o puro coração da princesa.
“ Nos resta pouco tempo princesa para voltarmos ao castelo antes do Rei Gideão chegar e você sabe que não posso mentir, aí dentro desse bosque moraram todos os homens e mulheres do reino que perderam a esperança de viver e enlouqueceram por amor, que tiveram seus corações roubados pelas mulheres e homens que um dia se enamoraram”
“ Por isso quero entrar aí querida dama, a pureza de meu coração senti um vazio muito grande por não saber o que é o amor e o que é enlouquecer por ele...”
Anete tentou dissuadir a princesa de todas as formas, mas não foi possível , a princesa entrou pela estrada que levava ao bosque chamado solidão e sem saber que seu coração não seria mais puro por isso, pois é o amor que é puro e não o coração.
Bem no centro do bosque amelie encontrou o homem da voz triste que tinha ouvido bem baixinho na torre mais alta de seu castelo, sentado numa pequena cadeira o homem parecia uma estátua quase imóvel , ele olhava para o tronco da arvore mais alta daquele bosque e não percebeu a presença da princesa e continuo a cantar uma canção triste:
“ Você roubou meu coração e colocou no lugar dele uma imensa dor, já não tenho mais como me recompor, fiquei sem ar quando soube que você não iria mais voltar, falta um pedaço teu em mim e assim agora aqui escrevo minha própria lei sob o julgo do tempo rei.”
Foi nesse exato instante que a princesa Amelie entendeu o que era enlouquecer por amor e quis muito aquilo para si, muito mais do que se casar e virar rainha, preenchia assim o vazio que a queria engolir, descobriu que não basta só entender o amor é preciso senti-lo em cada recanto de si, que o amor é a única dor que arranca pedaço e ainda assim te deixa vivo.
Cada arvore daquele bosque um dia tinha sido plantada por homens e mulheres que tiveram seus corações roubados pela paixão e se eram belas como pareciam era porque embora seja amarga a dor do amor ela pode ser doce quando curar um coração partido.
A princesa Amelie então voltou para o se castelo na hora certa, mas já não era mais a mesma, sabia agora o que era enlouquecer por amor, mas ainda não tinha se apaixonado por ninguém, casou-se com o príncipe do reino vizinho e virou rainha.
Com o passar do tempo rei aprendeu a gostar de seu marido, mas nunca conseguiu amá-lo de todo coração, anos mais tarde houve uma guerra contra outro reino e seu marido rei morreu pela espada do inimigo, ela chorou milhões de lágrimas e vestiu luto por muito tempo até o dia que dor da morte se transformou apenas em saudade.
Perdeu também seus pais quando estes morreram de velhice e voltou para governar o seu reino para alegria de todos os seus súditos, mas seu coração já não era mais puro, mentiras foram contadas para si assim como ela tinha acreditado em sonhos que nunca se realizaram.
Descobriu que um coração puro de nada vale se não tiver dentro de si pulsando o amor, voltou ao bosque da solidão e encontrou agora outro homem enlouquecido pela paixão desfeita.
Em poucos minutos se fez notar ao homem e este tomou um grande susto ao ver a rainha tão perto de si, conversaram sobre o que fazia ele estar enlouquecido por amor e este respondeu tudo aquilo que a rainha queria ouvir...
“ Naquele dia em que você desfilou pelo reino eu era um dos súditos maravilhados pela sua beleza e presença e assim sem mais nem mesmo meu coração se apaixonou por você, fiquei sem direção porque sabia que uma princesa jamais aceitaria o amor de um pobre como eu, mas não se manda no coração e a partir daquele dia em diante meu sol escureceu, você se casou com um rei e desapareceu e este homem aqui enlouqueceu por amor e sem saber mais o que fazer me refugiei no bosque que se chama solidão, plantei nele mais uma bela arvore...”
A rainha sentiu mais uma vez seu coração bater mais forte e disse:
“ A vida inteira queria saber o que era amor, mas vida nunca me ensinou, a pureza de meu coração me impedia de viver plenamente, não que a mentira seja uma coisa boa, mas ela faz parte do progresso de uma alma, com ela aprendemos ao menos o que é errado, a ingenuidade é boa apenas enquanto somos crianças depois é preciso ser um forte para sobreviver as armadilhas que estão espalhadas ao longo de nosso caminho.
Recebo seu carinho agora em meu coração e quero te oferecer o meu amor, não mais como princesa ou rainha, mas como mulher...”
E foi assim que num bosque que se chamava solidão, uma rainha chamada Amelie, cujo o coração havia sido o mais puro do mundo, encontrou um homem enlouquecido de amor por ela, depois daquele dia naquele reino nunca mais houve um amor que não tivesse sido correspondido e nenhum coração foi mais partido, hoje o bosque que se chamava solidão agora se chama paixão.
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