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Contos-->O Estranho Miguel -- 28/09/2003 - 07:50 (Marcelo de Oliveira Souza :Qualquer valor: pix: marceloescritor2@outlook.com) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Quando ingressei na faculdade, conheci diversas pessoas, todas com suas diferenças e suas manias, mas como esse meu colega, realmente nunca encontrarei, com todas as suas esquisitices, era uma boa pessoa, mesmo que seja nocivo a ele mesmo.
Miguel, era descendente de alemão, um filho temporão, ou seja o último de sua linhagem, talvez por isso ele tenha adquirido os seus diversos problemas, que ele insistia em tê-los. Sua mãe, que era viúva, onde tinha o caçulinha da família (um homem de 22 anos de idade) como a sua criancinha, onde o mantinha sempre junto a ela, dentro de uma grande redoma, assim nosso amigo, era a mais pura inocência, em que a gente não vê mais.
Quando chegava na sala de aula, sempre ele era motivo de chacota, de risos e diversão, em que ele nem percebia a malícia da brincadeira, pois a sua ingenuidade era tanta, que seguia em frente, ainda elogiava os colegas que mais abusava.
Com isso tudo, fiquei com muita pena dele, resolvendo me aproximar, para ver se dava um jeito na sua vida, sempre conversando, tentando por a par de tudo que ele não sabia, mas não tinha jeito, sempre sua ingenuidade o atrapalhava, não sei como ele iria formar-se como professor para lecionar, porque não conseguia abrir a boca. Quando era para apresentar o trabalho então, ficava verde, parecia que ia vomitar, tremia igual a vara de bambu, só que suas nota não eram tão ruins, pois estudava muito, aliás, era só o que fazia...
Um dia quando saímos da Faculdade, ele com a sua palidez e a moleza de uma grande lesma, arrastava-se para pegar o “buzu”, enquanto eu insistentemente o chamava:
- Vamos, Miguel! VamosMiguel!
E nada ...
De um boteco, um homem via a cena toda e gritou, vamos seu filho da...
Ao ouvir isso, Miguel saiu correndo mais que Ayrton Senna, entrando no ônibus, gélido.
Já tinha feito de tudo, para ele se modificar, resolvendo convida-lo a ir ao cinema, assistir a um filme brasileiro, que não me recordo o nome, quando Claudia Raia, tirou a roupa ele vociferou:
- Aí, Marcos, é putaria, é putaria, para isso que você me chamou aqui!...
Todos riram no cinema, ele com a mão no rosto para não assistir, uma simples cena de nudez.
Conheci a sua família, e sua mãezinha, que já era uma senhora de idade, seus irmãos, e constatei tudo aquilo que tinha por teoria, por que ele tinha aquele comportamento, em que seus irmãos o paparicava-o como se ele não tivesse crescido. A sua mãe não cansava de falar no dia que suas colegas foram fazer um trabalho de equipe, dizendo que ele era um garanhão, que já tinha um monte de mulher.
Apareci na segunda-feira com um calendário de uma mulher com os seios à mostra, para dar-lhe de presente, o que nem quis olhar, mesmo diante de minha insistência.
As meninas só iam procura-lo quando precisavam de alguma coisa, ele ficava que nem uma estátua, de pé perante as garotas, dizendo que estava participando da pergunta.
O dia que Miguel foi para a prova final de uma matéria, ficou nos anais da faculdade, onde todos comentaram o vexame, onde ele teve uma crise de choro, chorando convulsivamente, em que ao chegar na segunda-feira só comentavam isso...
Tinha uma garota, que se chamava Joana, fazia secretariado, o comportamento dela era bem parecido com o dele, porém já tinha algum discernimento sobre as coisas,foi onde bateu um estalo, e resolvi apresentar a garota para o nosso personagem. Foi a maior comédia a apresentação, todos os dois constrangidos, não sei com o quê.
Quando a encontrei, perguntei o que ela achava dele:
- Sabe, Marcos, eu achava que era a garota mais tímida do mundo, porém achei alguém mais tímido do que eu, até que ele é bonitinho, mas quando eu vou falar com ele, chega dar pena, o menino sai correndo!
Foi aí que eu vim perceber o acontecido, que era verdade mesmo, até no meio da chuva, ele saía para não encontra-la.
Um dia quando eu telefonei para ele, me disse:
- Sabe, Marcos, não adianta tentar me mudar, eu não sou como você e seus amigos, não consigo me relacionar com as pessoas e sou feliz como eu sou...
Assim eu comentei, que ele já era um homem e precisava se desasnar na vida, por isso eu estava tentando ajuda-lo quanto a esse problema, ainda comente que ele tinha que se desenvolver pois nossos pais não duram para sempre, o que infelizmente a natureza cobra...
Ele prontamente respondeu quando a mãe dele morrer, ele morrerá também.
Foi aí que eu percebi o sério problema psicológico, em que todos não estavam nem aí para ele, e resolvi deixa-lo viver a sua vida, pois ele não queria interferência em seu mundinho.
O tempo passou, ele conseguiu se formar primeiro que eu, mas não conseguia lecionar,por causa do seu problema, que até hoje perdura,lutando para entrar em concursos da nossa área, e assim nunca mais conversamos, onde a amizade acadêmica foi se desintegrando ao poucos até sumir, como a maioria das amizades em que a vida faz cruzar o caminho e caprichosamente separa as pessoas, que permanecem cuidando de seus interesses e vão interagindo com outras histórias, com outras pessoas.


Marcelo de Oliveira Souza
marceloosouzasom@aol.com
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