Resumo pra lembrar (XV)
Como já foi mencionado,
a memória é um raro
sistema, bem amarrado,
pra gente vender bem caro
o cometer nova gafe,
ou pra rever bem barato,
e receber um bitafe,
um prazer nada beato.
Há vergonha ao lembrar
certos modos de conduta,
falhas, ao executar
tarefas numa disputa.
Chamamos de insensata
a pessoa que recusa
a lembrança mais pacata;
sua memória não usa.
Memória, ou passamentos,
é também considerada
banco de experimentos;
é pra ser bem consultada.
Pode ser seguro porto
lembrar do bem ou do mal,
pode trazer um conforto,
ser um alerta vital.
De uma longa viagem,
o que você vai lembrar?
Qual será a reciclagem
depois que você voltar?
De quais imagens e sons,
as diversas sensações,
de quais odores e tons
teremos recordações?
O que ficará gravado
na moringa dos parceiros
daquele bom feriado,
do maior aos de cueiros?
Por que gravamos na cuca
fatos do bem e do mal,
os que queimam qual mutuca
e os bons pra festival?
Poderíamos reter
apenas os positivos?
Como também receber
os fatos mais negativos?
Se a pessoa lembrar
da mais recente viagem,
muita coisa vai faltar
do trajeto, da passagem;
nunca vamos recordar
da sua totalidade,
da partida ao chegar
exclui-se a vanidade.
Na memória predominam
as lambanças negativas;
as que menos alucinam
são lembranças positivas.
A partir dos seus sentidos,
seu cérebro é tomado
por fatos acontecidos,
que formam o seu passado.
Se você tentar lembrar
de tudo que ocorreu,
a memória vai gritar;
seu limite excedeu.
Pra sua própria defesa,
o seu banco de informes
tem a virtude, nobreza,
de não guardar os enormes
dados mais irrelevantes;
ele inibe as vias
sinápticas, adjuvantes,
tal e qual nas assepsias.
Pura habituação
é o cheiro do café,
descartado na ação,
ao guardar coisas de fé.
Grande facilitação
há nas tais vias, citadas,
na sensibilização
das memórias ativadas
para fatos negativos,
marcantes experiências,
dores, ferimentos vivos,
com terríveis conseqüências.
Clara desmotivação
e aversão ao assunto
causam habituação,
que fica então abjunto.
Pro aluno recordar
da matéria explicada,
tem que se simpatizar
com o mestre na parada.
A criança que não gosta
de reler e estudar,
que no futebol aposta,
sabe deste desfrutar;
por interesse mostrar,
o cérebro facilita
ao menino recordar
daquilo que não evita.
Áreas límbicas basais
determinam o valor,
se os dados são banais,
ou se vão pro "guardador".
Siga para ===>>>Resumo pra lembrar (XVI)
Veja mais=>>>Elpídio de Toledo