Resumo pra lembrar (XVII)


Se há interesse certo,
consideração a dar,
o negão fica esperto,
vai logo querer guardar

nome, feições, endereço,
na memória mediana,
que dedica mais apreço,
que guarda com maior gana.

Se de curta duração,
a memória dá sustento
pra uma numeração,
informação ou evento,

com um máximo de sete
elementos do conjunto;
de dez ainda repete,
mas já chega muito junto.

Ela segura o tranco
por segundos ou minutos,
constrói o seu fugaz banco
em espaços diminutos.

As memórias medianas
um pouco mais vão durar,
uns minutos, ou semanas,
para dados sustentar.

A rede neuronial
sofre químicas mudanças,
ou físicas, num ramal;
temporárias carranças,

que podem permanecer
no prazo já avençado,
e, também, esvanecer,
face ao amontoado

de outras informações
que vão se acumulando,
por novas constatações
que ela vai registrando.

Por isso, informações
de valor podem sumir,
se não há repetições
que lhes possam acudir.

Quando há repetição
surge nova retentiva,
a de longa duração,
quanto mais repetitiva.

O mecanismo parece
com um navio cargueiro,
locupletado de messe
e visto por barranqueiro;

terminal sensorial,
assim ele é chamado;
o que tem de pessoal
também é denominado

terminal facilitante.

Quando o sensorial
é então estimulado,
sem o outro terminal,
que fica todo parado,

ou seja, quando a nave
tem permissão pra chegar
ao porto, sem um entrave,
sem ninguém facilitar,

a transmissão do sinal
(ordem pra descarregar)
no início é normal e
tende a aumentar,

mas, depois, se enfraquece
até quase acabar,
e novo nome merece
para se denominar:

é a habituação.
A memória negativa,
com a maior precisão,
o circuito desativa;

os eventos repetidos,
por não terem mais valor,
são da memória banidos,
pra não haver estupor.

Mas um sinal duradouro
de estímulo resulta,
em cada terminadouro;
é quando ele s’avulta

e por muito tempo age,
minutos, horas, ou dias,
e, conforme retroage,
até três semanas frias.

Constante incitação
faz a via da memória
virar facilitação,
sem ação inibitória.

Ou seja, podemos ter
a boa informação,
ou a que nos faz sofrer,
com um mês de duração.

Além de ser provocada
por mudanças temporárias,
a memória mediada
vem de motivações várias.

Palestras e seminários
com fins motivacionais
causam no imaginário
dos empregados normais

grandes efeitos morais,
que precisam ser mantidos
com novos dados fatais
depois de enfraquecidos.

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