DESEJO
Maria Hilda de J. Alão.
Na soleira do tempo, só, eu espero,
Carruagem que vem de muito longe,
Metálicas rodas feitas por monge,
No longínquo mosteiro do desespero.
Trazendo, no bojo, sonhos perdidos,
Os meus soldados de armas reluzentes
Em luta com esperanças ausentes,
Presos em calabouços, tão sofridos.
Que me venha rodando pela vida
Fundida em ouro com místicos rituais,
Vibrando com sonoros sons orquestrais
Aliviando a profunda ferida,
Do desejo de viver noites calmas
De clara lua com todos seus fulgores,
Nos braços impregnados por odores,
Que embriagam os corpos e as almas,
Da paixão, que seja graça e a glória,
Da vida, em que o coração submisso
Desabroche, como botão, seu viço
Deixando esta condição ilusória.
30/07/04.
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