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Textos_Religiosos-->GOTÍCULAS DE AMOR -- 27/02/2005 - 16:03 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
WLADIMIR OLIVIER











GOTÍCULAS DE AMOR





TURMA DOS NOVIÇOS











Edição da CASA DO MÉDIUM

Rua Cinco de Julho, 1184
Indaiatuba — SP





ÍNDICE



Nota explicativa ..................................
Abertura ..........................................
1. O conta-gotas .....................................
2. O amor ............................................
3. Um pouco de história ..............................
4. O remorso .........................................
5. A hora h ..........................................
6. O cupim ...........................................
7. Eventualidades ....................................
Explicação necessária ........................
8. O cotovelo ........................................
Comentário ...................................
9. Boa vontade .......................................
10. O chumbo ..........................................
Comentário ...................................
11. O desconhecido ....................................
12. O pão nosso de cada dia ...........................
13. Desafogo ..........................................
14. Comunicados pessoais ..............................
15. Legitimidade ......................................
Comentário ...................................
16. Particular ........................................
17. Esquemas ..........................................
18. Identificação .....................................
19. Familiares ........................................
20. Desfecho ..........................................
21. Curriculum vitae ..................................
22. Uma questão de emoção .............................
23. Parâmetros ........................................
24. Compromissos ......................................
25. O sentimento da culpa .............................
26. O regresso ........................................
27. Perto do fim ......................................
28. Parceiros .........................................
29. O camareiro do rei ................................
30. Preste atenção! ...................................
31. Falsa realidade ...................................
32. Soldado do Cristo .................................
33. A poesia do bem ...................................
34. Páginas esquecidas ................................
Palavras de adeus .................................







NOTA EXPLICATIVA





Se nos interrogarem a respeito de que grupo de alunos da Escolinha de Evangelização melhor traduziu os sentimentos e o comportamento de discípulos verdadeiramente interessados no desenvolvimento dos tópicos programáticos do curso, iremos, sem hesitação, apontar a Turma dos Noviços como a mais típica e que melhor caracterizou os trabalhos do ponto de vista meramente escolar.
Assim, os leitores irão deparar-se com textos sérios, absolutamente coerentes com a doutrina espírita, sem tentativas de interpretações personalizadas, abrangendo extenso espectro de conhecimentos basilares, suavemente impregnados de serenas recomendações, mas firmes na determinação do caminho evangélico.
Para quem acompanhou o dia-a-dia das transmissões, acrescentou-se a emoção de ter recebido várias respostas a problemas levantados, sem que tivesse havido qualquer intuito de perquirição. Os bons amigos da turma fizeram questão de demonstrar, ao vivo, que estão aptos ao atendimento dos reclamos dos encarnados, conforme se afirma no corpo de vários textos.
Para o médium, que redige esta apresentação sob a assistência da turma, ficou a doce impressão de que adquiriu mais um pugilo de companheiros prontos para o consolo oportuno. Esperamos que os confrades leitores venham a experimentar a mesma sensação de confiança e de fé; a mesma íntima certeza de amor.


Os ditados se deram no período de 10.8 a 8.9.92, permanecendo as mensagens em sua disposição original.
Sejamos indulgentes para com os aspectos literários da obra e solicitemos do Pai carinhosa bênção para este atrevimento editorial.







ABERTURA





Estamos muito contentes com o fato de nos acharmos, finalmente, diante do teclado e da telinha do computador, vendo os dizeres se expressarem sob determinada forma, segundo os impulsos psíquico-magnéticas que vamos imprimindo ao cérebro do escrevente.
É sensação de muita alegria e profunda compensação pelo muito de dedicação que somos obrigados a demonstrar, se quisermos fazer jus a tal honraria.
Como este grupo não tem o mesmo nível de desenvolvimento que o anterior (Turma do Despertar Consciencial — Arejando a Mente), aqui nos apresentamos mais modestamente, sem grandes demonstrações de conhecimento ou de sabedoria. Fraquejaremos muitas vezes e teremos necessidade de ser corrigidos pelo amigo que apanha os dizeres, pois não confiamos em que tenhamos condições ideais para transferir os nossos impulsos para o seu cérebro.
Evidentemente, a euforia do primeiro momento já fora prevista pelos companheiros instrutores, de forma que este primeiro texto não deverá oferecer muitos percalços, embora já tenhamos notado inúmeros pontos que merecerão ser corrigidos quando da transcrição definitiva. Vamos, assim, desde já, apontando que o nosso sistema de ditado e de correção são igualmente importantes e que não deveremos permitir que muitas falhas se produzam, pelo simples fato de estarmos aprendendo a manejar o instrumento mediúnico.
O bom amigo médium entusiasma-se e dispara os dedos por sobre o teclado, de modo que para nós se torna bastante difícil de seguir-lhes os movimentos automatizados. De qualquer forma, o que nos interessa é o texto em si e este estamos vendo que temos condição de ir ditando, à medida que os vocábulos vão depositando-se uns após os outros pelas linhas.
Numa palavra: vamos ter de reorganizar alguns tópicos, antes de nos apresentarmos para o primeiro ditado realmente importante, do ponto de vista do teor dos ensinos que pretendemos passar aos encarnados.
Cabe agora definir, com alguma precisão, o valor do que temos para dizer. Não se trata, com certeza, de nada de novo para os que se acostumaram a percorrer as mensagens dos alunos da Escolinha. Esta equipe, que bem poderia denominar-se de Turma dos Noviços, está tão-só habilitada a trazer alguns informes de caráter bem genérico, não estando sequer capacitada a efetuar muitos comentários a respeito do que os temas irão sugerindo. Como os textos estão em preparo, seria muita pretensão, desde já, efetuar notável apreciação dos méritos. Baste-nos dizer que não se espere nada de importante.
Queremos, de antemão, agradecer à boa vontade do escrevente e pedir-lhe desculpas se mencionarmos alguns fatos relativos à sua vida. Pode ele, a qualquer momento, apagar o que registramos, de molde a resguardar-se de possíveis acusações de imodéstia. Quanto a isso, que fique bem claro que não nos peja dizer toda a verdade a respeito das pessoas, desde que não nas exponhamos ao suplício da opinião pública, pois muita gente pode sofrer abalos profundos quando percebe que suas falhas estão à mostra e que os demais, em lugar de cooperarem para sanar os defeitos, ficam ainda mais atiçando para o incremento deles.
Sentimos muito ter trazido uma primeira comprovação de nossas fraquezas, com demonstração tão clara do quanto temos de melhorar, se quisermos oferecer algo que não desdoire o conjunto dos alunos que perpassaram por aqui.
Queremos deixar algumas palavras mais, porém nos falece o assunto, uma vez que o que tínhamos para aprender hoje já o foi devidamente, pois significava apenas conhecer o processo de imantação e o modo pelo qual age o escrevente, ao receber o influxo vibratório dos espíritos.
Uma das observações que não pudemos deixar de fazer diz respeito ao fato de que é com muita atenção que o amigo vai registrando estes primeiros tentamens, já que sua curiosidade está por demais aguçada, para verificar como se sai a equipe nova, triste que se encontra por ter a anterior encerrado as atividades.
Que esse mesmo sentimento seja o que lhe envolva a alma no momento em que também nós tivermos de nos despedir. Graças a Deus, é muito fácil de perceber as vibrações íntimas do amigo, pois estávamos ficando muito preocupados em só conhecer dele o seu nível elevado de exigência, para que o curso de seus pensamentos siga em frente anotando os ditados. Agora estamos mais tranqüilos, pois nos dá muita força para prosseguirmos seguros de que teremos muitas oportunidades para oferecer os nossos préstimos aos mortais.
Vemos que também no âmbito das palavras fica demasiado fácil seguir-lhe as sugestões, uma vez que tem muita experiência, embora já esteja temendo por termos feito tantas referências à sua pessoa. Mas não se apoquente que tudo se formulará de modo conveniente, ao momento da impressão do livro, já que, pretensiosamente, estamos oferecendo subsídios para que se infira que temos em mira fazer algo na mesma linha dos demais colegas da Escolinha.
O termo que utilizamos é o que mais se aproxima da realidade, pois é deveras muita pretensão deixar a idéia de que algo temos que possa ombrear-se com a produção dos amigos. Fiquemos, portanto, por aqui, para que não se infira que, levianamente, estejamos aproveitando-nos desta oportunidade para trazer desassossego ao escrevente.
Que nos baste este tremendo empurrão inicial, já que temos recebido estímulos da parte de todos, inclusive deste que insistimos em nomear, ou seja, o escrevente.
Volte amanhã ou quando estiver com coragem, pois não sofreremos com a quebra de um ou dois dias, já que temos visto que o médium, muitas vezes, tem necessidade de cuidar de assuntos pessoais inadiáveis. Diz-nos ele que não devemos ficar preocupados, pois basta que digamos o que pretendemos para que nos venha atender de imediato. Pois assim haverá de ser, embora estejamos prevendo que haverá algumas interrupções necessárias. Fique nas graças do Senhor e não se atemorize com nossa previsão, pois não estamos querendo referir-nos a nenhum caso grave ou doloroso.







1

O CONTA-GOTAS





Utilíssimo utensílio é esse minúsculo aparelho de vidro transparente ou de plástico fosco. Quando se trata de dosar o medicamento líqüido, nada melhor do que esse instrumento de fácil aquisição e uso. Quem não sabe contar umas poucas gotículas, a descaírem em copo cheio de água?
Pois o nosso desejo é o de oferecer umas poucas quantidades de noções capazes de elevar o espírito à presença do Senhor. Evidentemente, algumas são bastante ásperas ao paladar, outras não apresentam aspecto convidativo, outras ainda exalam odores bastante perturbadores dos sentidos, mas todas a fazer bem para a saúde da alma.
Por exemplo, quem não diria que a paciência é remédio de largo espectro curativo, a ser utilizado em diversas afecções morais, como a insatisfação, o desejo de crescer financeiramente, a inveja de quem possui mais do que a gente e outros males facilmente detectáveis?!
Pois assim é como tudo se apresenta para nós na vida, isto é, com a necessidade de ir corrigindo, educando, ampliando nos aspectos positivos, eliminando o que de mau e pernicioso se apresenta, em cada pequenino ato ou pensamento.
Às vezes, existem deteriorações orgânicas bastante graves. Aí o remédio irá ter de, forçosamente, provocar alguma reação dolorosa. Se simples casos de esfoladuras exigem alguns tratamentos enérgicos, para que se impeça aos microorganismos que se instalem na ferida aberta, que se dirá, então, quando o crime que se cometeu atingiu a serenidade de enorme contingente de companheiros?
Mas não viemos aqui para ensinar o padre-nosso ao vigário. Expusemos o nosso ponto de vista relativamente à necessidade de sermos um pouco duros em relação aos tratamentos psíquicos e espirituais. E isto iremos executar, até mesmo se ferirmos algumas susceptibilidades. Por exemplo. Se o caro leitor não estiver de acordo com o que viermos a propor, no caso da malícia, da mentira ou das falcatruas que se fazem habitualmente para se manter o status quo de onde se tiram enormes vantagens, irá ter de deixar o livro na estante, pois não ofereceremos brisas revigorantes aos pulmões atacados, quando a doença detectada está profundamente arraigada nas profundezas de cada minúsculo vaso sangüíneo, a caracterizar diversos rompimentos ou graves embolias.
Mas, certamente, não iremos incidir no erro de fazer jorrar em catadupas as águas turbilhonantes que irão restabelecer os tecidos macerados pelo sofrimento. Serão gotículas, a demonstrar que temos o cuidado de não magoar demais o amigo que, com tanta gana de progresso, se arriscou a compulsar o livro para manifestar, finalmente, o desejo de se curar de certos aleijões morais que começam a atormentá-lo.
Eis a metodologia declarada. Partamos, agora, para as manifestações, que, acreditamos, saberão refletir o quanto de amor dedicamos a cada ser que conosco partilha da alegria inexcedível de existir.







2

O AMOR





— Pronto! — já estarão exclamando os precipitados. — Mal disseram que as doses iriam ser bem pequenas e já lançam um dos remédios mais vigorosos que qualquer mortal sabe que terá de experimentar, para que venha a sanar todos os males!
Pois é bem assim. Mas que diferença quando propomos simplesmente que se olhe com certa meiguice, com certa pureza inocente, para as demais criaturas! Não vamos pedir-lhes que se estimulem ao amor completo e de entrega total. Jamais seríamos tão ingênuos que não compreendêssemos que a malícia existe por toda parte, difundida por entre os corações de quase todos os humanos.
O que, deveras, desejamos, é solicitar um pouquinho de compreensão para os defeitos alheios, na mesma proporção que somos capazes de deixar passar tantos da nossa própria parte. Se bem nos lembrarmos do Cristo, iremos ver a trave que não nos permite conhecer o que de bom existe nas demais criaturas, embora, ainda segundo ele, sejamos apenas capazes de perceber o pequeno cisco que se lhes encravou no olhar.
Será pedir muito a cada um que se desfaça desse empecilho inicial, para que se conduza pelos caminhos do mundo com discernimento, para poder considerar os demais como semelhantes?
Não nos afobemos, contudo, pensando que, se tivermos um pouco de consideração pelos outros, já teremos abertos os portais do paraíso. Não. Isto só significará que estaremos aptos a avaliar o quanto somos pequenos em nossa concepção de organização social, embora, muitas vezes, comandemos amplos contingentes de indivíduos, como se tivéssemos nascido com o dom da superioridade.
Tudo o que nos engrandece perante os demais é fruto das circunstâncias, é produto da conjugação de diversos fatores, muitos dos quais, inclusive, absolutamente alheios a quaisquer providências que sejamos capazes de tomar.
O bem de que estamos falando transcende a essa condição de ser mortal entre os humanos. É que estamos querendo enaltecer a nobre figura que existe dentro desse invólucro corpóreo e à qual damos o nome de espírito ou de divina centelha. Se considerarmos cada ser vivente, na forma pela qual estamos revestidos, como iguais perante o Criador, então estaremos tomando o remédio do amor, em pequeníssimas doses, contadas pelo conta-gotas da prudência e da sabedoria.
Que tal iniciarmos, desde já, a buscar, nesse remédio, a cura para muitas das afecções que nos atacam? Pois não percamos mais tempo. É fácil de conjecturar, pelo volume que se abre à nossa frente, que outras mensagens existem para conclamar os leitores à atividade, mas, certamente, somente esta já seria suficiente para despertar o desejo de progredir, no sentido de, um dia, somando todos os amores, considerar que abarcamos, com os nossos sentimentos, todo o universo.
Mas isto seria mera precipitação de quem está somente munido de minúsculo conta-gotas.







3

UM POUCO DE HISTÓRIA





Não há muito tempo atrás, a humanidade estava imersa em triste guerra mundial e tudo parecia indicar que se chegaria a um final definitivo para muitíssimas civilizações. Entretanto, apesar de tantos terem sido os horrores, o tempo está fazendo sepultar tais lembranças, principalmente porque as almas se renovam e os corpos velhos vão sendo sepultados.
Claro está que os ódios permanecem vicejando naqueles espíritos que não souberam o valor do perdão e do esquecimento, menos ainda o trabalho em prol do inimigo infortunado. Mas isto faz parte do mistério. No campo terrestre, a renovação é flagrante.
Por outro lado, existem atualmente no globo vários focos de litígios em desenvolvimento, como se o homem fosse incapaz de aceitar a paz que lhe foi proposta assim que Jesus nasceu: Glória a Deus nas alturas e paz e boa vontade entre os homens.
Como transformar este intento em pequeníssimas vitórias pessoais, sem ofender a qualquer outro princípio da boa convivência social? É muito difícil, já que, constantemente, somos provocados pelas pessoas que desejam apossar-se de nossos bens e propriedades, em todos os níveis de relacionamento, a partir do próprio governo, que não se cansa de taxar isto e mais aquilo, por usufruir a regalia de fixar impostos.
Se adotarmos o recurso de tudo pagar e de tudo ceder sem reclamações, não demorará para estarmos a lamentar a penúria que fatalmente advirá, tantos são os que adejam aduncos por sobre nossas cabeças, quais aves de rapina a espreitarem as presas. Para isso, deveremos estar imbuídos de certas virtudes a ponto de perfeição, pois não poderemos deixar escapar qualquer gemido de recriminação, por mais inaudível venha a ser.
Se reagirmos, defendendo as nossas posses à custa de muita luta, quer no caso do enfrentamento físico, quer no do litígio legal dos tribunais, ainda aí deveremos estar isentos de qualquer animadversão em relação a qualquer indivíduo, pois haveremos de argumentar tão-somente contra as injustiças que se dispõem segundo as leis que estarão sendo burladas ou forjadas para o benefício de determinadas pessoas ou grupos.
Terceira hipótese se põe, obrigatoriamente, qual seja a do trabalho pelas pessoas que almejam apoderar-se do que é nosso, executando verdadeiras campanhas esclarecedoras do sentido moral das diretrizes evangélicas ensinadas por Jesus. Mas tal tarefa é hercúlea, no sentido de que o menor jamais irá conseguir persuadir tão vastas legiões de seres humanos desavisados e gananciosos. Lutaremos, sim, quando se tratar de pessoa vis-à-vis, sendo possível a influenciação. Mas qualquer intento em maior escala irá, certamente, frustrar-se, mediante a imponderabilidade das forças em jogo, especialmente se soubermos que, por detrás dos encarnados, existem imensas falanges de desencarnados a incentivar os mais torpes procedimentos.
De novo, faz-se mister o emprego do conta-gotas. Vamos, paulatinamente, verificando o que se pretende atingir de nossas posses e vamos deixando partir um pouquinho de cada vez, orando muito ao Senhor, para que o que tiver sido surrupiado seja bem aplicado, no sentido de fazer com que mais alguém possa receber ajuda, a fim de que se faça possível a supressão de diversos bolsões de miséria que prosperam por toda parte. Assim, se considerarmos abusivo o desconto na folha do pagamento, não soframos ainda a desdita da incompreensão e não incrementemos a decepção com rancores incontidos, a fomentarem ódios que só tenderão a provocar moléstias de todo tipo, principalmente as que atacam, não o sistema nervoso, mas o próprio perispírito, pois ultrapassam a couraça carnal para incidirem diretamente na vestimenta mais sutil.
Para isso é que recomendamos muita prudência e incentivamos que tudo se faça com uma pitadinha de amor e consideração pela entidade divina que, muitas vezes, está submersa em abjetas intenções, em quantos não se dignaram a debruçar-se sobre os ensinamentos evangélicos.
Parecemos, neste ponto da dissertação, evidentemente, estar muito distantes da verdade psicológica dos humanos. Mas a realidade é que deveremos proceder a sérias transformações, para adaptarmo-nos às novas atitudes que nos serão estimuladas, a partir do desejo de crescer moralmente para progredirmos espiritualmente.
Indo bem devagarinho em nossa estrada, tentando compreender os motivos dos outros, verificaremos que a maior motivação para as atitudes da rapina é a mais grassa ignorância e esta, sabemos, é a mãe de todos os males.
Se os homens são capazes de olvidar tragédias tão grandes como as que ocorreram durante os sanguinolentos conflitos mundiais, não será difícil de perdoar os pequeninos furtos de cada hora. Estejamos sempre munidos de nosso conta-gotas, pois o remédio que destilará virá diretamente do espírito de Jesus.







4

O REMORSO





Antigamente, quando o padre, nos sermões, pregava o arrependimento, pois dizia que o remorso viria fatalmente para atormentar a alma dos invigilantes, o povo se compenetrava de que havia muita sabedoria naquelas palavras. Muitos fiéis até se contristavam com sua falta de perspicácia moral, a ponto de correrem para o confessionário, para o devido relato dos feitos que estavam provocando sua imersão em mar de sofrimentos.
Hoje em dia, os leitores que tomam nas mãos as descrições das vicissitudes psíquicas. derivadas diretamente do reflexo das culpas e das acusações íntimas, não suspeitam de que o mesmo se passará com eles, se não atinarem, em tempo hábil, com o projeto de recuperação que, ao mesmo tempo, se propõe.
É exatamente desse jeito que vemos os que tomam estas obras mediúnicas nas mãos mas que não se compenetram de que as verdades que aqui se contêm vêm com a comprovação testemunhal dos sofredores, que padeceram por não atenderem ao que a consciência lhes propôs, quando havia oportunidade de soerguimento.
É bem mais fácil crer na potencialidade física do que na maldade subjacente, desde que se consiga iludir os demais, a ponto de se obter do mundo respeito e consideração. Não é outra a impressão que temos de muitos mortais que agem de forma moralmente descontrolada mas que não levam nenhuma advertência em conta, já que se sentem peixes dentro das mesmas águas pelas quais nadam inúmeros grandes tubarões dos crimes. É como se os desvarios maiores dessem amparo a que todos passassem a construir couraças de indiferença e de arrogância.
Como deveremos utilizar para este tipo de problema o famigerado conta-gotas? Simplesmente alertando-nos para os pequeninos deslizes de toda hora, seja nos pensamentos subitâneos, seja no demorado planejar de algo que não está devidamente posto como consentâneo com as determinações cristãs.
Caberia exemplificar, mas deixamos essa parte por conta do leitor atento para as próprias tendências psíquicas, uma vez que não queremos influenciar no sentido de ocupar os bons com lamúrias e consternações que aí verificariam ser possíveis, a partir de atos aparentemente inocentes. Mas, se não vamos infernizar os sentimentos, pelo menos não deixaremos de estimular para os pequenos roteiros de observações que se devem fazer no campo da inveja e do desejo de possuir.
Será que os negócios que fazemos estão de fato inseridos nos códigos vigentes das leis das trocas e do consumo? Não estaremos forçando por demais os preços para lucros indevidos? Será que temos discernimento suficiente para perceber que, para muitas pessoas, está justamente faltando aquilo que estamos desprezando e fazendo perecer?
Fiquemos por aqui nestas simples anotações. Este é campo perigoso para ingressarmos sem fustigar as reações do medo, do temor, da insatisfação pessoal e do amor-próprio desestimulado por atitudes por demais enérgicas, dado que o remorso é sentimento absorvente, que conduz os indivíduos a diversos atos de desespero, a começar até pelo simples ensimesmamento, quando o humor se deteriora e os relacionamentos ficam difíceis.
— Então, neste caso, — perguntar-se-á — destilará o conta-gotas um pouquinho de sorriso e de consideração pelo direito dos demais de ter a vida facilitada pelo roteiro dos amigos e dos que convivem nos mesmos setores sociais? Certamente. E, por isso, não vamos ficar repisando conceitos emitidos tão-somente para espicaçar as reações de desagrado. Envidemos, antes, esforços para que a nossa expressão seja leve e o nosso amor evidente, pelo menos no que respeita aos fatos mais corriqueiros do por favor, do obrigado e demais atos de cortesia, que muitas vezes esquecemos por estarmos desiludidos com nós mesmos para dar atenção aos semelhantes.
Saibamos controlar os nervos que evitaremos diversas moléstias bastante graves, segundo o ponto de vista espiritual. Não foi assim que acima ficou consignado?
Que Deus não fique esquecido de nossas meditações, pois será quem, por certo, terá a última palavra, para nos deixar de prontidão para o próximo passo evolutivo. Guardemo-nos, portanto, de receber os influxos negativos do desespero e ergamos as mãos para os céus, em contrita prece de agradecimento por tudo que de melhor temos na vida. Pode até ser que nada tenhamos que signifique algo diante dos valores socialmente estabelecidos. Pode até ser que tudo o que possuímos se tenha desvanecido, por força do derruimento natural do tempo ou do desgaste sem reposição, por termos estado em péssimas condições de fracasso. Mas não alijemos de nós a doce figura do Mestre, pois será quem virá, com ternura, trazer a palavra do perdão. Arrependamo-nos, sim, de tudo quanto tenhamos feito de errado. Mas não nos deixemos abater pelo remorso. Sempre haverá tempo, aqui ou mais além, para recuperar o que hemos perdido, por ignorância, má fé e até mesmo maldade. O que precisamos é serenar a mente e dedicar um pouco de atenção ao restabelecimento da confiança em Deus e em suas sacratíssimas determinações, que transparecem na forma das leis que nos estão impressas de modo indelével na consciência.
Eis mais algumas pequeníssimas gotas da salvação. Abramos a mente para que bem as compreendamos.







5

A HORA H





Sempre que se fala em hora h, surge, dentre as lembranças dos encarnados e até mesmo de inúmeros seres equivocados do plano espiritual, a idéia de que se trata da hora da morte. Nada mais falso, pois o que se quer revelar com a expressão é o momento de se tomar alguma decisão importante, aguardada com ansiedade para determinado instante. Evidentemente, a hora do trespasse assim pode ser considerada, mas não necessariamente.
Ora, o que temos para os momentos da virada de rumo quase sempre diz respeito a diversas atitudes de plano, tomadas por iniciativa de alguma nova intenção, isto em qualquer setor a ser considerado. Entre os encarnados, o mais comum se dá com as decisões de caráter material, mas muitos são os que resolvem adotar sistemas de vida mais espiritualizados, de sorte que firmam outras diretrizes, mais próximas das que Jesus estabeleceu.
Não estando satisfeitos com o desenrolar dos eventos mundanos, quase sempre por se verem frustradas as iniciativas, em virtude de alguns fatos decorrentes das determinações de outras pessoas, ou ainda por se haverem encontrado diante de tragédias impossíveis de contornar senão pela consolação da palavra reanimadora do espiritismo, resolvem que tudo deva tomar outro rumo, especialmente para que se possam suportar as novas circunstâncias negativas.
Aí até pode parecer que as pessoas assumem compromissos indesatáveis, desejando verter toda a vontade para o novo destino que se delineia. Mas as coisas não podem passar tão ex-abrupto, principalmente porque o espiritismo não veio através de simples propositura de caráter moral, mas está embasado em profundas concepções de caráter filosófico-religioso.
Por isso, será preciso, de novo, empregar o célebre conta-gotas, para que o remédio, se aplicado em grandes golfadas, não tenha o condão de reverter a determinação. Na hora h da aceitação das premissas espíritas, hão os amigos que determinar, ao novel coadjutor dos trabalhos, que se estimule para o estudo, da mesma forma que intentou chegar de repente para o convencimento definitivo. Há que se sedimentarem os conhecimentos básicos, a partir da necessidade da aceitação da existência de dois ou mais planos existenciais onde o carma humano se desenvolve. Há que se aceitar, integralmente, o fato de retornar ao plano da matéria muitas vezes, para perfazer as atividades que de uma só feita foi impossível de realizar. Há que se admitir as normas evangélicas de Jesus como as regras matrizes que se constituirão nos alvos próximos para serem alcançados, de modo que todo procedimento, a partir de tal compreensão, se faça dentro de seus limites. Há também que se submeter à evidência da possibilidade do relacionamento entre encarnados e desencarnados. Em suma, todos os princípios doutrinários deverão ser incrustados, aos poucos, na mente e no coração do adventício, como norma geral a ser prescrita a quantos estejam na iminência da conversão.
Aliás, a total anuência aos princípios a que aludimos é que determinará, efetivamente, o início da vinculação definitiva aos novos processos vitais. Temos visto que muitos chegam ao espiritismo iludidos pelas facilidades de contato com entes queridos desaparecidos e se desiludem, desde cedo, por não compreenderem como é que tais aproximações se estabelecem, esquecidos de que existem inúmeros conhecimentos que se devem adquirir, antes de se formular qualquer conceito relativo aos parâmetros que colocam lindes à vontade descontrolada de quantos se julgam acima das leis que regem os relacionamentos entre os planos.
Para se evitarem tantas frustrações, havemos de administrar aos novatos série imensa de dados e informações, cuja assimilação só será possível se forem bem dosadas, em cursos específicos. São poucos os que se atrevem a levar desde logo para casa O Livro dos Espíritos ou O Evangelho Segundo o Espiritismo. A maioria quer ser convencida pelos fenômenos, como se tudo que se realizasse nas sessões em que estejam presentes o fosse para sua regalia e proveito.
Cuidado, pois, queridos irmãos, com os convites que se fazem aos que demonstram tendência para a aceitação. Vamos serenar os impulsos doutrinadores e esperar, pacientemente, que o ritmo evangélico vá se constituindo na base sobre que o iniciante irá depositar sua fé e seus conhecimentos.
Atenuemos, portanto, os desejos de trazer mais ovelhas e cordeiros ao redil, para não corrermos o risco de vê-los fugir, arrombando definitivamente a cerca. Valha-nos a linguagem figurada para fazer com que os irmãos pensem um pouquinho mais nesse tipo de reação que estamos sugerindo. Não será bem mais valioso aplicarmos o princípio do conta-gotas?
Deixemo-nos estar nas mãos de Deus!







6

O CUPIM





Já se dedicou o amigo a pensar na obra do cupim? Não é verdade que seu trabalho de destruição pode representar graves prejuízos a todo um edifício cujas estruturas estejam fundamentadas em madeira, mesmo que de lei?
Pois o que faz o inseto, além de ir, paulatinamente, devorando todo o madeirame que vai topando pela frente, onde deposita os ovos, para que os descendentes prossigam com o triste destino?
Pois é exatamente a comparação que estávamos procurando para oferecer ao leitor, para que se detenha a observar se não é da mesma forma que os males vão lentamente instalando-se no âmago da alma?
Eis que o conta-gotas que nos tem servido de modelo para a aquisição das virtudes e a debelação dos vícios também é fartamente utilizado pelas forças do mal, para inocular tudo que é mau hábito nos costumes e nos corações dos encarnados e dos espíritos na erraticidade.
Quando aplicamos o mesmo sistema para facilitar a progressão no campo evolutivo, nada mais estamos fazendo do que consignar o princípio como o mais eficaz, para que, ao final, se surpreenda a entidade com os benefícios que se evidenciarão, do mesmo modo que a casa se mostra destruída, depois de anos seguidos de perversão.
Não vamos delongar tão simples exposição, pois os argumentos só preservarão o princípio e não trarão nada de novo ao que consignamos nos diversos comunicados anteriores. Entretanto, cabe-nos inquirir do amável leitor se tem algo a acrescentar ao desenvolvimento deste tema, já que, parece-nos, o caráter material que assumiu a peroração está mais para o encarnado do que para os espíritos livres. Ou não é bem assim, como perguntaria a turma que nos antecedeu?
Eis que empregamos o conta-gotas para nosso proveito particular. Será o amigo capaz de fazer o mesmo por conta própria, em função de algo que esteja fermentando no fundo da consciência?
Aguardaremos pacientemente que nos cheguem as primeiras informações neste sentido, já que poremos tento em todo mínimo reflexo destas explanações junto às mentes dos leitores. Esteja, pois, alerta para possíveis sopros de caráter intuitivo a que, neste momento ou a partir de agora, estará sujeito, sempre que se manifestar, como reação direta dos textos que estamos deixando ao alcance de seu entendimento. Se não acredita nestas observações, talvez perca excelente oportunidade para os primeiros contactos conscientes e produtivos com o etéreo. Mas não fique triste se se descobrir absolutamente descrente. Dia virá em que a verdade se fará demonstrável e sempre haverá tempo para a redenção, graças aos dons que Deus inoculou na alma humana.







7

EVENTUALIDADES





Nem tudo o que ocorre com os seres foi por eles programado. Assim, muitas vezes, esperamos encontrar facilidade em tecer os eventos que se seguirão e vemos que os fatos se complicam à nossa frente, impossibilitando-nos de levar avante os projetos que elaboráramos. É fácil de comprovar a assertiva, bastando lembrar que este trecho foi totalmente refeito, uma vez que não conseguimos imprimir às palavras o teor que desejávamos ver configurado. O médium estranhou sobremodo ter de suprimir, a pedido nosso, um parágrafo inteiro, onde diversos erros de interpretação foram registrados.
Haver-se-á de perguntar agora se o que se está escrevendo corresponde exatamente à vontade do grupo, o que nos desmentiria. Se disséssemos que está bem próximo de nossas vibrações, poderíamos incorrer no risco de levar o eminente amigo médium a concluir que algo não está de acordo com o desejo que apresenta de nos oferecer o melhor de si. Entretanto, basta percorrer o trecho atual, para perceber que muito do que queremos ver impresso está sofrendo alguns sérios percalços. Todavia, se formos ligar para isso, demonstraremos que não entendemos bem a própria lição que estamos passando. Em matéria de escrita, o bom é que sempre se há de poder arrumar as frases, determinando novos termos a serem consignados para melhorar a comunicabilidade textual. Enfim, baste-nos dar uma idéia a respeito do que devemos transmitir que o bom leitor complementará com sabedoria e tino.
Caso tenhamos de nos referir a outros tipos de acontecimentos, aí ficará bem mais complexo assinalar com precisão a intenção de demonstrar que as eventualidades existem para promover desafios interpretativos aos mortais, assim como aos espíritos despojados do envoltório carnal.
Seja o caso de um irmão que promova apenas o bem dentro das intenções que tem de ajudar a todos os que puder. Um belo dia, depara-se com situação muito esquisita, chegando o assistido a orgulhosamente desprezar toda ajuda, terminando por esvair-se de inanição. Frustrou-se a vontade do amigo socorrista. Poderá até pensar que bem poderia ter sido outra pessoa a sofrer a desdita de tal encontro, pois não atina com a verdade do fato de que devam preponderar as vontades sobre as realidades que se constroem ao derredor dos indivíduos que as manifestam. Em outras palavras: do desencontro de pensamentos, há de preponderar aquele que se propõe em primeiro lugar para si mesmo e depois para o outro.
Não dizíamos que, no caso de fatos a servirem de comprovação para a idéia de que as eventualidades é que regem os procedimentos, iríamos encontrar enormes dificuldades para trazer a exemplificação correspondente? Pois que o bom irmão leitor nos ampare neste caso, realizando um esforço maior para a compreensão do que estamos tendo dificuldade para expor.
Não é vulgar esta proposição. Até mesmo diríamos que dificilmente alguém que se dispõe a ajudar os demais, através de recados mediúnicos, se considere tão falível a ponto de se socorrer do próprio socorrido. Mas a vida dá suas voltas e, do encontro dos fatos, brotará a verdade de nossas intenções e do trabalho que empreendemos.
Finalmente, voltando ao antigo dispositivo metodológico do conta-gotas, que se disponha o amigo a enfrentar os nossos dizeres com extrema boa vontade ou não obterá deste texto qualquer informação que venha a ser útil para seu desenvolvimento moral, com vistas ao progresso de caráter espiritual.
Não é isso que o preocupa?
Pois vamos encerrando esta modestíssima mensagem, que procurou ser o veículo de si mesma, não permitindo ao próprio escrevente sequer tentar interferir no conjunto do texto, tão arrevesados foram os argumentos e tão impróprias as assertivas em função do todo. É que buscamos retratar a realidade, dando-lhe as cores que lhe são próprias, impedindo-nos de sujeitá-la ao domínio que habitualmente os que escrevem exercem sobre os termos, as frases e os raciocínios.
Que de tudo o que realizamos algo de bom reste na lembrança do amigo é o que prazerosamente solicitamos ao Pai, neste final, em oração.




Explicação necessária



O texto anterior pode parecer muito difícil para a compreensão média dos leitores. Sabemos que existe nível bastante elevado de exigência, de sorte que nem tudo o que produzimos irá estar de acordo com o que se pretende fazer passar na editoração. Sendo assim, considere o escrevente que o trabalho que realiza seja tão-só aquele de auxílio aos irmãos da erraticidade, de forma a facilitar-lhes enormemente a compreensão de como se dá a imantação e a transmissão mediúnica, treinamento essencial destas tardes. O mais poderá vir a ser ou não aproveitado, dependendo dos ensinamentos que se assinalarem.
Quanto a nós, tudo faremos para produzir textos à altura do desejo dos amigos encarnados, embora devamos reconhecer que nossa capacidade nem sempre se coaduna com a temática a ser desenvolvida, o que nos leva a palidamente recompor as aulas de que participamos. Este foi bem o caso da exposição anterior, que, de viva voz, surtiu efeitos retóricos muito eficazes, mas que, colocada em letra de forma, se viu apagadinha, sem força persuasória alguma.
Assim, a única saída que vemos para a manutenção do texto tal qual se ditou é a curiosidade que poderá despertar junto a alguns leitores mais afeitos ao trabalho de perquirir o que se passa durante as tertúlias organizadas pelos professores, para convencimento dos alunos de que os temas são importantes e merecedores de total atenção.
Finalmente, sirva o modelo de exemplo da motivação oral que se dá, muitas vezes, para impregnar as mentes atentas dos discípulos com desenvolvimentos bastante próximos do desafio da refacção quase imediata que se requer dos ouvintes. É como se passa quando existe enorme interesse da parte dos alunos, mesmo que a capacidade didática do mestre se sujeite a estranhos métodos, que não sejam os padronizados pela organização pedagógica da Terra.
Não é verdade que, sem esta resolução do mistério, muito do que escrevemos iria correr por conta de sutil desequilíbrio, já que não correspondem os argumentos a encadeamento lógico, ficando a cargo do aluno reaproveitar os pontos formulados para dar-lhes nova contextura organizacional?
Pois só nos resta sentido pedido de perdão pela iniciativa destas eventualidades. Saibam os amigos relevar-nos o atrevimento, em nome do divino amor, utilizando-se para isso do conta-gotas da paciência e da perseverança, jamais acreditando que não tivesse havido total seriedade em tudo o que realizamos.







8

O COTOVELO





Simpática palavra é esta que aplicamos como título da mensagem. Que peça ornamental da beleza humana mais dignifica o aparato luminoso de quem se predispõe a subir na vida, quando se trata de colocar ao chão os adversários? Evidentemente, a nossa palestra envolve alguns significados estranhos ao contexto lingüístico a que denominaríamos de próprio ou legítimo. Estamos a empregar conceitos figurados, na linha do sarcasmo muito mais do que no da simples alegoria, do duplo sentido ou da fina ironia.
Quedaremos culpados de tão horrendo crime ou saberão os irmãos adequar convenientemente aos conceitos os exemplos do dia-a-dia? Pois para isso rogamos a indulgência de todos, dado que a pena que teríamos por incompreendidos iria ser a perda de importantes peças de nosso jogo, quais sejam exatamente as que determinaram rigorosamente o teor do texto.
Se os acotovelados da vida emitem terríveis vibrações contra os inimigos que os desalojaram das condições de supremacia material, que dizer quando os que estão em boas condições morais e espirituais se apresentam com voracidade para abocanhar quantos se lhes postaram inocentemente no caminho? Pois aí está bom motivo para desancar sobre a equipe que está oferecendo tão arrogantes personagens, com textos inusitados, para os quais não se justifica sequer o dever da leitura coagida de algum curso forjado pela dedicação de apaniguados instrutores de evangelização.
Por outro lado, chegados a este ponto, por que não prosseguir intimoratamente, para verificar se algo estava sendo preparado no campo das surpresas intelectuais ou sentimentais para os leitores?
Pois, em plena consciência apostólica, temos de afirmar que os trejeitos momescos que se podem ressaltar neste desenvolvimento não escondem nada que não seja a própria configuração mágica de quem, na qualidade de leitor, é bem capaz de fazer desaparecer o teor de todos os textos que tenha lido, por julgar que tais atrevimentos se lhes colocam de viés nos caminhos, na busca das realizações que tenham programado com a ajuda das quimeras prosaicas de eventuais lucros no campo da matéria. Quem se atira de corpo e alma na consecução do bem sempre tem uma boa palavra de perdão para quantos estejam em falta, mesmo que, provocativamente, estejam elaborando textos que trazem desafios muitas vezes superiores até à possibilidade de decifração de qualquer encarnado, dado que os elementos que se escondem por trás das expressões são de todo desconhecidos.
Seja o termo cotovelo empregado no título. Quantos são capazes de, imediatamente, desconfiar que estejamos referindo-nos à utilização em caráter figurado, para representar que as pessoas se atropelam para passar a perna nos desafetos ou naqueles que, inadvertidos, se colocaram em sua passagem rumo às riquezas ou aos bens a que visavam?
Pois aí está. Quem quiser arremedar-nos terá de vir com muitas sutilezas, para produzir algo que, de longe, possa medir-se com o nosso texto. Não que tenhamos o dom da superioridade. Mas o que pretendemos é que a coragem que temos de enfrentar os desafios incluem também as dolorosas necessidades cármicas, de molde que não só temos os arrepios da bem-aventurança como meta final, como ainda queremos ultrapassar todos os defeitos apontados como méritos, uma vez que nenhuma vitória será completa, sem que tenhamos desalojado dos corações os vícios, os maus hábitos, a necessidade de estar a pairar acima dos demais e assim por diante.
Querem criticar-nos? Pois antes elaborem algo grandioso que possa apresentar-se perante a humanidade, à luz do dia, para as observações, os achegos, a familiaridade, a simpatia, a vontade de seguir e, finalmente, para o benefício de todos. Não conseguimos nós e o reconhecemos. Terão a mesma desenvoltura os caros leitores?
Não nos acotovelem, por favor, pois estamos longe de querer fazê-lo com relação a ninguém. Aliás, bem pensando, o cotovelo é peça importante para que os braços possam flexionar para o abraço irmão de quantos estejam superiormente tendo atitude de reconforto íntimo, sabendo que tudo o que se possa escrever nada representa, deveras, relativamente aos poderes que a mente exerce sobre o corpo e sobre o carma.
Que Allan Kardec venha em nosso socorro através de seus maravilhosos escritos. Não é essa a palavra final que todos gostariam de ver inscrita, como fecho de ouro para a mensagem?
Pois aí está.
Se o texto que estamos compondo não está apresentando indícios de equilíbrio, de orientação evangélica superior, por que não se voltar para as obras da codificação, que são maravilhosamente escritas, com o bom senso daquele que foi escolhido para a primeira manifestação realmente organizada do espiritismo?!
Se se medir a doutrina por simples comunicações de caráter mediúnico de fundo de quarto, em hora de devaneio dos colegas que se presumem bastante evoluídos para freqüentarem as primeiras letras da Escolinha de Evangelização, através de médium de pouquíssimos recursos, conforme ele mesmo insiste em evidenciar, então tomaremos todas as medidas por baixo, sem qualquer possibilidade de configurar o inteiro domínio dos conhecimentos espirituais levados aos encarnados pelos sábios do etéreo encarregados das transmissões conceituais mais importantes no campo da filosofia, da ciência e da religião.
Mas para tudo há que haver preparo, ou tenderemos a utilizar de novo o cotovelo no afastamento por inconveniência das sábias palavras que nos foram trazidas pelos irmãos maiores. Para tudo quanto se refira a progresso, a desenvolvimento, a evolução, devemos aplicar os nossos conhecimentos, aumentando-os paulatinamente, com as concepções da verdade que formos capazes de assimilar, mediante dedicada aplicação no campo dos estudos, da reflexão, da meditação. Não há como se fugir disso.
Sendo assim, vamos encerrando esta participação, crentes de que, sem que se quebrem as cascas aos ovos, não se poderá fazer omelete. Teremos usado o cotovelo para isso?




Comentário



Não se devem levar a mal as tentativas de muitos companheiros, alunos da turma, que intentam sacrificar o bom andamento dos desenvolvimentos, para a apresentação de metodologias estranhas ao comum dos escritos humanos. É que não têm traquejo para efetuar demonstrações absolutamente lúcidas e, então, enveredam pelos caminhos mais ínvios dos pensamentos, unindo fortemente razão com emoção, para fazer surtir da propositura algo que venha a chocar os sentimentos e os intelectos, propiciando motivos para reflexões, quando o mais das vezes, em sua concepção, o que acontece são simples e frias exposições, onde os encarnados não encontram suficiente apoio para enfrentar os embates mais dinâmicos das exposições desencontradas, conforme se pode observar nas mentes da maioria, totalmente descomprometida com o reto raciocinar, segundo as posturas metodológicas dos próceres da humanidade, argutos racionalistas, hábeis não só com a manejo das palavras e das idéias mas, principalmente, com o jogo dos pensamentos, capazes de levar os leitores a salientarem os pontos mais importantes, segundo seu modo particular de ver os fatos e a própria existência.
Estamos nós mesmos favorecendo o livre raciocinar dos prezados leitores, através de demonstração elucidativa de como costumam pensar os amigos na Terra, pois, quando se requer que escrevam, não estando habituados, logo desandam a acrescentar frases sobre frases, como o exemplo acima e este mesmo que estamos desenvolvendo, esquecidos de que existem normas para se seguirem na estruturação de qualquer redação, uma vez que fugiram da escola ou foram impedidos de lá entrar, por força das condições miseráveis de seu existir.
Mas isto nos parece agora bastante claro, já que o que mais se pede aos escritores, ultimamente, é que reduzam ao máximo a extensão das frases e a diversidade vocabular, para só empregarem formulações que sejam de fácil entendimento da parte dos a quem se destinam os textos, como no caso da propaganda, que se esmera em fazer, no máximo, uma redondilha maior ou mesmo um decassílabo, onde se concentram todos os méritos dos produtos veiculados. Não é assim prolixamente que vocês estão acostumados a redigir, quando têm algo para escrever a algum parente, em virtude de a correspondência afetiva ter de manter-se, por alguma razão sentimental ou interesseira?
Que nossos comentários tenham o condão de justificar os amigos destas duas últimas exposições, pois, se bem estudarmos os dizeres das mensagens, com paciência e abnegação, iremos encontrar, por certo, algumas idéias propícias a desenvolvimentos paralelos, para a assimilação das verdades nelas contidas.
Restar-nos-ia agora, em resumida frase, expor os motivos últimos que nos têm levado a demonstrar pelo fato o que estamos sendo obrigados a explanar, por causa do currículo que aceitamos empreender. Mas não vemos nada demais em encetar outra manifestação no mesmo sentido, pois, de resto, tudo o que acrescentarmos terá de vir, necessariamente, embasado nos mesmos termos, já que o resumo a que se habituaram os encarnados está recheado de saborosíssimas guloseimas conceptuais, o que estamos, evidentemente, impedidos de formular, dada a pequenez de nossa envergadura espiritual. O máximo que conseguiremos será dizer que devem os amigos ser bons para com os semelhantes, caso contrário, iremos sofrer as maiores reprimendas, por estarmos a tomar excessivo tempo de todos.
Graças a Deus, existem recursos evangélicos de sobra sobre que nos apoiarmos, para indicar aos amigos o caminho do perdão e do amor, como Jesus nos propugnou em seus ensinamentos.
Fiquemos todos nas graças do Pai!







9

BOA VONTADE





Passada a borrasca das comunicações indóceis, voltamos a, tranqüilamente, singrar os mares da esperança e da boa vontade.
Não devem os irmãos preocupar-se demasiado com a argumentação esdrúxula, que fazemos questão de manter para confronto com as demais mensagens cheias de mais tênue apelo, para a implementação, aos pouquinhos, através do nosso esquecido conta-gotas, das virtudes que devem ser o apanágio do futuro ser candidato à angelitude.
Assim, pleiteamos dos amoráveis leitores que passem por cima das duas últimas manifestações, caso não consigam ver nelas qualquer recurso adicional aos acrescentamentos do amor que se fazem necessários, muitas vezes, para que nos soltemos das presilhas da carne e sejamos capazes de volitar com mais harmonia, em função das bênçãos de Jesus para todos os que se aproximarem de suas inolvidáveis recomendações.
Por isso, não nos alheemos da necessidade que todos temos de demonstrar o máximo de boa vontade para com tudo, desde os primeiros sintomas das vertigens, por percebermos que a vida nem sempre é um mar de rosas, até as dores mais pungentes dos que perdem os entes mais caros, de pais amantíssimos a filhos devotadíssimos. São perdas de muita dor mas que revigoram o tônus espiritual, quando perfeitamente compreendidas as injunções cármicas que as tornaram úteis para o desenvolvimento dos que ficaram e dos que partiram, pois não há como negar que a vida prossegue do outro lado, como se não houvera sequer interrupção, principalmente quando as pessoas têm consciência dos ensinos de Jesus e da codificação kardequiana.
Finalmente, a boa vontade deve estender-se para com todos os amigos, em quaisquer circunstâncias, pois podem ocorrer inúmeros fatos que, se mal compreendidos, gerarão muita intolerância e disputas enfezadas a respeito de questões litigiosas, em virtude do choque dos interesses. Vamos amainar as nossas proposituras, esforçando-nos por entender as razões que conduzem os encarnados em todos os atos, mesmo que muito desatinados segundo julgamento mais superficial.
Não há quem queira ficar eternamente devedor para com todos, a ponto de frustrar as expectativas do crescimento em virtudes e em sabedoria. Por isso, existe igualdade substancial entre os desejos de cada ser humano, embora muitos desviem a atenção para ganhos meramente materiais. Estes são os que mais precisam de compreensão e apoio, conquanto, muitas vezes, estejam colocando os nossos bens debaixo de seus olhos ávidos. Não nos perturbemos, entretanto, e esforcemo-nos por bem avaliar os deslizes que estão cometendo, conquanto não seja fácil, reconhecemos, passar uma borracha para apagar as iniciativas da maldade e do abuso de nossa confiança.
Se tivermos bastante paciência e fé em que Deus é pai de misericórdia, a velar por todas as criaturas, estaremos protegidos contra qualquer influenciação que os fatos ou os maus pendores de nossa constituição moral estejam a favorecer. Por outro lado, se nos congraçarmos com os guias e protetores, no sentido de solicitar-lhes ajuda para esclarecimento nosso e das demais entidades interessadas em nos fazer perder o rumo da verdade cristã, o que conseguiremos por meio da prece sincera, isenta de malícia, aí, certamente, teremos paz e tranqüilidade suficientes para voltar a refletir, com boa vontade, a respeito do melhor itinerário a ser percorrido para salvação de todos.
Mas nada do que propomos chegará de supetão, de repente, ex-abrupto; se não estivermos munidos do conta-gotas da boa vontade, do amor e da consideração pelo que de divino existe em cada ser, iremos ter de arcar com as graves conseqüências dos atos de represália que o costume social infiltrou em nossa maneira de ser e de avaliar as pessoas e o mundo.
Mas chega de recomendações pueris. Era objetivo nosso apaziguar o coração dos que se viram, de repente, magoados com os desenvolvimentos áridos e extremamente engenhosos de quem não se sentiu habilitado a confiar em que os amigos leitores tivessem plena capacidade de discernimento das humanas hesitações e viciações. Sabemos que os irmãos que mourejam na carne sentem os apelos conscienciais de maneira bastante forte. Muitos até ficam completamente zonzos diante da necessidade de alterar o rumo de suas vidas, sem, contudo, advertir para a melhor solução, tão enredados estão pelas circunstâncias, que lhes parecem crescer diante dos olhos, impedindo a visão do conjunto, como se a vida, de repente, se obstruísse por enorme muralha de incompreensões, de desafios, de intransponíveis abismos. É como ocorre com a pessoa obesa que se sente desafiada a emagrecer em virtude de inúmeras recomendações médicas, baseadas em exames catastróficos da saúde. Muitas têm conhecimento de todos os sintomas das doenças que as afligem, bem como sabem quais os sacrifícios que devem realizar para debelar as causas que as mantêm fora do peso ideal. Entretanto, não sentem forças, não têm ânimo, pelas razões mais variadas, para aplicar os conhecimentos, pois estão impedidas por barreiras psicológicas de difícil penetração.
Assim é o que ocorre com muitos atualmente, desacostumados aos sacrifícios, dadas as facilidades que tiveram na vida. Como seria bom que todos pudessem experimentar um pouco que seja da dor da perda, mesmo que momentânea, de certas regalias, para sentirem a necessidade de realização de maior esforço, para a obtenção das virtudes que estão faltando!
Que nossa ajuda se dê no sentido de atender aos reclamos da boa vontade, pois nos parece que o fato de se ter de convencer de que a leitura dos textos mediúnicos, apesar de tediosa, pode vir a ser profícua e alentadora ao final, não se realiza de um momento para outro, ao influxo da primeira razão levantada.
Elegemos o tema da boa vontade na esperança de conseguir abrir pequeníssima brecha nessa imensa barreira que todos colocamos diante da necessidade de alterar os padrões de comportamento, por termos de eliminar muito do que nos dá imensos prazeres, mas em desconexão ao atendimento das diretrizes evangélicas. Mas isto é o que há de mais comum nas pregações dos alunos da Escolinha. Sendo assim, pedimos permissão para encerrar, augurando bom sucesso aos empreendimentos de todos, o que ocorrerá se se der especial ênfase à percepção dos valores eternos de tudo o que nos disse o Mestre.







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O CHUMBO





Houve, em tempos que lá vão, formosa tribo guerreira que, desde há muito, não se dedicava aos quefazeres da guerra. Aos poucos, o espírito belicoso foi amainando por falta de incentivo, de forma que chegou uma época em que se viram muito surpresos perante a invasão que se fez de seu território.
Aí os mais jovens entenderam o que os anciães viviam a narrar em forma de cantigas que mais pareciam invencionices, nas quais se colocavam os jovens da tribo em posição de combate para debelar ataques inimigos. Mas as histórias eram tão antigas, tão vetustas, que nem mesmo os que tinham lembrança delas não sabiam exatamente a que se referiam.
Pois aí está ensinamento muito importante, pois muitos dos contos que chegam ao conhecimento dos mortais vêm de longa data, como se ninguém tivesse tido conhecimento real de tudo o que transmitem. Tal observação ainda mais se incentiva diante do enorme volume de histórias forjadas para dar curso a vários comércios de ilusões. Aí quem recebe o influxo da realidade espiritual não sente como verdadeiros os relatos, preferindo ficar embalando-se ao som ou à visão dos contos fabulosos, que nada têm de proveitosos para o sentido que se deve dar à vida, qual seja o da evolução moral e espiritual.
Demos o título a este escrito de O chumbo, como se alguma relação se possa extrair entre as narrativas enganosas e as verdadeiras transformadas em sem sentido pela mente perturbada dos encarnados. Na realidade, chumbados estão quantos não se concentram para a avaliação das verdades, como se tudo pudesse transcorrer, estando eles inteiramente alheados dos processos cármicos.
Vamos respeitar os sistemas políticos, religiosos, econômicos das diversas pátrias onde mantemos nossos relacionamentos com a sociedade e com a vida, mas não nos atemorizemos diante da necessidade de perlustrar outros caminhos, para o encontro que temos programado com o Pai, que não poderá ser achado sem que se destine a reflexão para a compreensão da Verdade.
Por isso, é importante não ficarmos presos, chumbados, dentro de determinados círculos estabelecidos pelos nossos pares, muitas vezes com interesses absolutamente distintos da procura da verdade, mais afeitos ao domínio dos semelhantes para emprego em função da melhoria das próprias condições, ausentes completamente das diretrizes emanadas dos conhecimentos evangélicos.




Comentário



Sabemos que o texto irá merecer sérias restrições dos leitores, mas não se desespere o escrevente, suspeitando de que tudo não passe de alguma facécia preparada fora do âmbito da proteção dos irmãozinhos guias. Vamos até insistir para que tudo se faça dentro dos padrões habituais, pois poderá parecer que estejamos incentivando a escrita aleatória, distante da temática dos que tiveram ensejo de ocupar a tribuna para proferir palestras de muito amor e conhecimento. É que, muitas vezes, os que ocupam o lugar não têm o mesmo grau de desenvolvimento, conforme apontamos no primeiro dia, quando nos dissemos chamar de Turma dos Noviços, o que de forma alguma quer indicar que não estejamos preparados para enfrentar com responsabilidade os deveres de que somos incumbidos.
Se você tiver paciência, irá obtendo as informações que o tranqüilizarão. Por isso, vamos encerrar, agradecendo muito a compreensão para tudo quanto ditamos. Estamos comprovando que o bom irmãozinho realmente assinala sem restrições todas as intuições que lhe são passadas, mesmo que, no fundo do coração, tema estar sendo enganado ou a se enganar.
Fizemos questão de registrar a impressão própria do escrevente, pois nos atiça a curiosidade para o campo da aplicação das observações que nos são permitidas dentro da psique do amigo. Como é interessante este mundo de trabalho, pois nos dá a impressão de que tudo se passa exatamente como ocorre conosco quando nos pomos a meditar a respeito dos fatos existenciais! Por isso, estamos facilitando por demais que o escrevente vá redigindo, segundo sua própria intuição e conforme a composição que ele mesmo daria ao escrito, se lhe fosse pedido para dissertar aleatoriamente.
Mas, por agora, basta, pois estamos indo longe demais na abertura que estamos propiciando ao encarnado. Poderá tal fato representar arma de dois gumes, pois, se o texto está a estender-se para alegria de quantos médiuns aspiram por deixar a linguagem fluir, também pode significar que não temos nada mais sério para fazer, o que denotaria, concludentemente, que estamos erráticos a percorrer os caminhos do mundo, sem destino certo e sem fazer algo que possa aproveitar a quem quer que seja.
Poderá o irmão ir descansar, já que lhe demos bastante com que se preocupar, apesar de ter-lhe dito para esperar pacientemente por esclarecimentos, que chegarão por ocasião da refacção do texto.
Aliás, nós também estamos com dó de abandonar o posto, pois é com muita felicidade que vemos nossas vibrações irem transformando-se em palavras concatenadas, compondo frases inteiras, que acabam reproduzindo o pensamento todo, o qual, para o cérebro dos espíritos, se apresenta muito mais condensado, uma vez que tão-só mera intenção de comunicação gera, de pronto, a resposta do ser a quem nos endereçamos. Isto, evidentemente, não ocorre com todos, mas com aqueles que se desvencilharam de certos cabrestos da maldade, que impedem o livre desabrochar dos sentimentos e das intenções, em função da elevação dos atributos e das virtudes que lhes estão a embasar o procedimento.
Se nos derem corda, iremos avante em muitos aspectos do que existe de real nos relacionamentos entre os desencarnados, o que onerará sobremodo a escritura que esteve sob nossa responsabilidade confeccionar e passar para o mundo em que jazem os que se vêem presos às necessidades corpóreas.
Oremos, irmãos, para que o Senhor se apiade de todos nós, perdoando-nos os malfeitos e oferecendo-nos novas oportunidades para consertar, definitivamente, o que rompemos por ignorância ou má fé. Aceitemos os desafios e não ofereçamos resistências aos desenvolvimentos que não nos pareçam rigorosamente conformes com as estruturas das mensagens anteriores.
Fiquemos todos nas mãos de Deus!







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O DESCONHECIDO





Não há muito tempo atrás, corria, à boca pequena, a informação de que os espíritos não vinham de Deus. Eram demônios os que se apresentavam para as comunicações com os mortos. Tal idéia prevalece ainda em muitas mentes, de modo especial de alguns mais temerosos de perder as regalias que, a custo, vêm mantendo, por força da pregação do céu e do inferno.
Mas não iremos nós acusar qualquer ser vivente de traição em relação aos compromissos assumidos antes do encarne. Que a nossa proposição frutifique nas mentalidades mais positivas e menos acabrunhadas pelas ameaças dos fogos eternais.
Vamos, sim, enfatizar o fato de que o mundo desconhecido dos espíritos já não deveria sê-lo, tantas são as informações que descem aos encarnados, envoltas de muita sabedoria e profundo bom senso, não encontráveis comumente entre os homens, mesmo entre os que primam por conduzir-se severamente pelo modelo de Jesus.
Se não fossem os espíritas convictos, poucos poderiam ser chamados de seres humanos perfeitos, no sentido de ascenderem em glória diretamente aos pés do Pai, aliás conforme é o prognóstico feito pelo Mestre aos que decididamente se compuserem com seus ensinamentos.
Como chegar lá? Evidentemente, bem devagar, ganhando cada pequeno conhecimento com muita garra e desejo de vencer, não fora esta a equipe que vem oferecendo o recurso do conta-gotas.
— Mas, perguntarão os indecisos, — como saber que estamos na direção certa?
Facilmente. Basta observar quais são as alegrias que nos enchem o coração: se derivadas da felicidade alheia, se diretamente relacionadas aos sentimentos do amor, da afeição, da fraternidade, do companheirismo, evidenciar-se-á que o rumo tomado está conduzindo ao reino do Pai. Ao contrário, se só nos contentamos com riquezas, com propriedades, com bens materiais, aí não teremos como afirmar que a alegria vem de Deus e devemos suspeitar de não estarmos devidamente organizando a vida.
Como estamos atentos para os desenvolvimentos, para dar prosseguimento coerente aos comunicados, devemos também dizer que os amigos que não suportarem enfrentar os dizeres mediúnicos não estão ferindo qualquer princípio moral ou doutrinal. Basta depositar a obra na estante e ir em busca do trabalho de ajuda aos que sofrem, aos que se desesperam, aos que vivem na miséria. Qualquer reflexão forjada da parte dos seres humanos, sem contacto com a realidade da misericórdia e da benquerença, não produzirá qualquer resultado positivo, no sentido de oferecer pontos de acrescentamento moral para o devido aumento das virtudes, imprescindível para que se considere o encarne proveitoso do ponto de vista das diretrizes que lhe foram determinadas.
A afirmação do parágrafo acima parece colidir frontalmente contra a proposição inicial, segundo a qual o mundo espiritual está em completo desconhecimento, devendo permanecer assim se suspendermos o contacto com as produções mediúnicas. Bem observado, caso tenha sido essa a conclusão do amigo leitor. Ocorre, porém, que não estamos facilitando a vida a ninguém, já que a nossa mensagem provém do plano da espiritualidade, o que quer significar que damos como perfeitamente integrado tal conhecimento no manancial de sabedoria do amável leitor que vem percorrendo estas linhas com alvoroço intelectual. Sendo assim, um dos trabalhos, para que os humanos progridam na senda do amor e do conhecimento de caráter evangélico, é precisamente o da divulgação das obras da codificação e das demais que são apanhadas e publicadas pelos principais médiuns atualmente em atividade. Por isso, não nos assustamos com a acusação de estarmos sendo contraditórios. Quando afirmamos para se deixar o livro na estante, evidentemente, estamos referindo-nos aos que só estudaram até o presente momento, sem considerar que o trabalho socorrista é essencial para que todas as bênçãos venham a descair sobre o tarefeiro do Senhor.
Enfim, tornemos o espiritismo mais conhecido, para adquirirmos a certeza de estarmos trabalhando de maneira correta, em função do crescimento intelectual dos semelhantes.
Fiquemos todas nas graças do Senhor!







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O PÃO NOSSO DE CADA DIA





Costuma o escrevente, com razão, considerar a tarde psicográfica como o pão espiritual de cada dia, o qual roga ao Senhor lhe seja ofertado, para dar prosseguimento às tarefas que lhe foram atribuídas por força de sua aquiescência e desejo.
Quantas mais pessoas sabem solicitar igualmente ao Pai ofertas de trabalho com tamanha desenvoltura moral?
Está o amigo suspeitoso de que, de algum modo, haja, por detrás dessa manifestação de vontade, algo como que megalomania ou presunção de grandiosidade? Pode até ocorrer que sim, mas, após quarenta ou mais anos de trabalho, duvidamos que o requerente não esteja solicitando o serviço com inteiro conhecimento do que está fazendo, cônscio, portanto, dos deveres para com o plano da espiritualidade, que o vem assistindo e ao qual presta devotada ajuda.
Ainda para argumentar, vamos supor que o medianeiro esteja envolto em grande halo de egoísmo, de vaidade e de orgulho. Desde que os amigos do etéreo façam abstração dessa condição, o mais virá como acréscimo, em favor dos trabalhos que possam beneficiar a muitos que estejam necessitando de treinamento específico, para o aprendizado das técnicas da imantação e da mediunização, além, é claro, de receberem completas informações dos mestres, que se aproveitam das oportunidades dadas pelo encarnado para proferirem conferências elucidativas dos aspectos morais, intelectuais, sentimentais e materiais que importa saber aos socorristas, para bem desempenharem as missões.
Então, que o pão nosso de cada dia nos seja dado, para que possamos progredir, rumo ao objetivo por todos almejado, qual seja o do progresso contínuo rumo à casa de Deus.







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DESAFOGO





Quando os irmãos do etéreo chegam para atender aos compromissos para com a mediunidade, trazem consigo poderosa luz, que propicia aos médiuns e demais assessores dos trabalhos profunda tranqüilidade interior. Isso perdura enquanto se desenvolvem as tarefas junto aos obsessores e sofredores, de sorte a promover o menor distúrbio emocional possível para todos.
Caracterizar essa energia a que denominamos de luz é extremamente difícil para nós, que não temos conhecimento suficiente para esmiuçar os elementos de que se constitui. Entretanto, mesmo que fôssemos capazes de discernir-lhe todos os componentes, talvez fosse impossível traduzir a linguagem do etéreo para a mentalidade encarnada, já que a essência de que se forma a atmosfera ou o meio por onde transitamos e de onde extraímos todos os itens de que necessitamos para nos mantermos existentes e com os quais elaboramos os fluidos energéticos das comunicações é totalmente diferente de tudo o que o ser humano encarnado encontra no orbe em que vive.
Só para se ter uma idéia das dificuldades, observe os recursos de que lançamos mão para nos fazer entender em simples orientação de caráter bem geral. E olhe que o médium tem vocabulário farto e pronto.
Mas a verdade é que, assim que nos retiramos para as nossas plagas, desfazendo os vínculos que nos relacionavam ao grupo que nos atendia, muito do desafogo deixa de existir, voltando os amigos a sofrer o peso da densidade corpórea, que fora momentaneamente colocada em estado de suspensão.
Tais informações podem parecer por demais simplórias para quantos se entregaram já aos estudos da doutrina, em seus aspectos mais técnicos, mais mecânicos, mais automáticos, se assim podemos denominar a fase da mediunização que envolve as entidades de ambos os planos. Tais conhecimentos, não precisamos insistir, encontram-se amplamente desenvolvidos em O Livro dos Médiuns, de Kardec, e em diversas outras obras de caráter mediúnico mais modernas. Todavia, como pode ocorrer de pessoas menos sábias, mais ignorantes, mais simples, ficarem interessadas em conhecer algo do espiritismo através destas singelas mensagens da Turma dos Noviços, atrevemo-nos a deixar registrados alguns informes oportunos, para que se dê início ao estudo sério desse importante tópico da doutrina.
Justificada a dissertação, apenas temos a acrescentar que não devem os novatos assustar-se com a complexidade do mundo do relacionamento entre espíritos e encarnados. Nada há de mais premente na existência dos seres, nesta fase da jornada, de modo que, também aqui, caso a dificuldade da aprendizagem seja constante, dada a falta de costume da dedicação à leitura e à pratica da meditação, se deve utilizar o famoso recurso do conta-gotas, procurando ir, bem aos pouquinhos, aprendendo cada mínimo aspecto da mediunidade.
O que, contudo, não pode vir muito lentamente é a firme decisão de aceitar como boas as notícias que estamos divulgando, a respeito de que a bondade de Jesus e a exortação a ela devam prevalecer, desde logo, no coração de quantos almejem viajar pelos espaços etéreos, em harmonia com os dons da felicidade divina.
Vamos dar os parabéns a quantos, tendo apanhado este opúsculo na estante, permanecem atentos à leitura, ansiados por ver a revelação de mais e mais elementos, para a comprovação ideal de que devam fundamentar suas teses espiritualistas nos princípios emanados dos ensinos kardecianos. Tal atitude é perfeitamente compreensível, mas não deve estender-se por tempo muito amplo, já que existem inúmeros atrevimentos em subseqüência que se exigem de quem, definitivamente, reconheceu que deve seguir os passos a Jesus, palmilhando o caminho aberto pelo espiritismo, nos dois frontes principais de sua luta: o atendimento aos sofredores encarnados e desencarnados e a dedicada aplicação aos estudos, para que os conhecimentos se sedimentem e se integrem na maneira de ser de cada um.
Quem conseguir ultrapassar a hesitação e se compenetrar de que a estrada aberta pelos espíritos leva à felicidade prometida aos bons e justos pelo Senhor, irá obter um salvo-conduto da dor e do sofrimento, podendo sentir aquele desafogo a que nos referimos ao início perenemente, uma vez que a condensação energética dos protetores se manterá continuamente presente.
Sabemos que são poucos os encarnados que mantêm tal tônus emotivo-intelectual, mas acreditamos que não seja de todo impossível que, para breve, tenhamos muitos outros usufruindo a mesma regalia, bastando, para isso, que se apliquem com amor ao soerguimento de quanto irmãozinho se encontrar à beira da falência moral, qualquer seja a causa do distúrbio.
Graças a Deus, vencemos mais uma etapa da peregrinação, nós do etéreo, redigindo e transmitindo; o médium, esforçando-se por atender-nos do modo mais próximo possível de nossa concepção; o leitor, procurando sintetizar os apanhados que surpreendeu como novidade, como falha ou como implemento aos conhecimentos de seu cabedal.
Agradeçamos todos, pois, a ajuda do Pai, sem cuja misericórdia nada do que acima ficou dito teria chegado ao entendimento dos irmãozinhos encarnados.
— Pai nosso, que estais...







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COMUNICADOS PESSOAIS





Muitas mensagens parecem vir diretamente endereçadas a determinadas pessoas, seja o próprio escrevente, seja os amigos que as lêem em primeira mão. Todavia, tal impressão não deve ficar sob suspeita, pois o que ocorre, na realidade, é que o grupo se entrega a diversas pesquisas de opinião a respeito do que vem tratando, de forma que tudo o que se passa na mente dos leitores, no justo momento da leitura, é encaminhado aos autores, que buscam entender as razões profundas que levam os encarnados a se agradarem ou a criticarem os textos.
Não é que estejamos vasculhando os pertences mentais dos amigos, apropriando-nos de seus pensamentos e de suas meditações. O que acontece é que a vibração se transporta pelo etéreo, o que nos atrai irresistivelmente, dado o interesse que temos em saber se o que estamos produzindo está frutificando. Não é assim que fazem os escritores encarnados? Ou será que existe quem escreva indiferente ao resultado das elucubrações relativamente ao público? Talvez certos jornalistas não se interessem mais pela repercussão dos editoriais que produzem, acostumados já a entregá-los aos editores, como forma de trabalho remunerado, como se fossem meros padeiros a cozerem os pães que a freguesia vai adquirindo e consumindo.
Mas se alguém levantar a suspeita de que mesmo os padeiros desejam saber se os pães e confeitos estão tendo boa aceitação, aí se comprovará que não estamos muito fora da realidade psicológica, quando almejamos conhecer as opiniões, que nos são valiosíssimas, dos críticos e dos simpatizantes.
Pois a longa argumentação deve levar o amigo a refletir no quanto desejamos evidenciar que estamos com a verdade, já que, da aplicação aos estudos e da dedicação à confecção destas mensagens, é que brotará a nossa árvore, aquela que nos propiciará os frutos que nos alimentarão, para podermos subsistir entre os bons.
Não temos muito traquejo com as palavras, de modo que pedimos ao companheiro encarnado que torne o texto menos áspero, menos pueril, podando os ramos que não vicejem e não ofereçam nada de conveniente.
Não viemos para fazer poesia, mas devemos dizer que a parte emocional das transmissões sempre se sobrecarrega, de forma que são muitos os que se despedem do trabalho com os olhos marejados, dando importância incrível para a permanência que usufruíram ao lado do médium. Este dado deve acrescentar-se aos anteriores, para que se configure, com exatidão, o interesse que se tem de avaliar a repercussão das mensagens. É trabalho de muito amor e de muita fé em que o desenvolvimento que se pretende esteja sendo alcançado.
Por último, devemos advertir para o fato de que, mais dia, menos dia, todos deverão perpassar por estes belos e significativos momentos, quando terão oportunidade de sentir o deslumbramento que é estar sob o amparo incontestável das entidades de luz, sem as quais seria impossível, para estes pequenos seres que somos, trazer alguma notícia equilibrada aos amigos encarnados.
Pode alguém imaginar que seres perversos também conseguem furar os bloqueios das mentes, para deixarem impressas as notações de seu caráter. Sim, mas, para isso, precisam encontrar quem não esteja vigilante, a fim de que as vibrações deterioradas de ambas as entidades se conjuguem para o efeito. Em caso de dúvida quanto à procedência das mensagens, que se opere o sistema de imunização espiritual que todos conhecem: a prece comovida, a oração rogativa da presença dos protetores, para afastamento ou doutrinação dos possíveis representantes das trevas.
Jamais, entretanto, se devem afastar as intuições de que se esteja sendo acompanhado por seres do espaço espiritual, pois a simples reação de rejeição não quer significar que se irá conseguir o intento. É preciso que todos se compenetrem de que a espiritualidade envolve o orbe, e que tal envolvimento se faz acompanhado da presença de inúmeros seres, em todas as circunstâncias.
Que fazer, então, para se sentir seguro e tranqüilo? Agir em consonância com os ensinos de Jesus e segundo as normas de procedimento relacionadas pela doutrina espírita e que se encontram divulgadas por todas as obras sérias, a partir daquelas elaboradas por Kardec, sob a assistência do Espírito de Verdade.
Vamos suspender este simples comentário, pois os corolários que se seguiriam dariam para preencher todos os quesitos levantados por Kardec e respondidos pelos Espíritos de Luz.
Saibamos, pois, controlar as angústias de caráter espiritual, dando ao Senhor um voto de confiança em que a promessa da salvação valha para todos, em todos os tempos e lugares.







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LEGITIMIDADE





Desde há algum tempo, temos tido o cuidado de trazer mensagens muito próximas das preocupações das pessoas que cercam o médium. Para tanto, precisamos ir ao encontro das vibrações que nos são emitidas, na formulação de dúvidas e de problemas. Evidentemente, muitas das questões que se propõem não têm caráter evangélico e, por isso, ficam, sem resposta, apesar de termos o cuidado de nos referirmos ao fato de que tudo deva ser realizado com muito amor e bastante fé em que se resolvam os anseios, conforme promessa não nossa, mas do Mestre Jesus, quando nos afirmou que encaminharia aos encarnados o Espírito de Verdade, para elucidação de todos os problemas morais, filosóficos ou religiosos que, em seu tempo, não era permitido analisar, por força da falta de receptividade do populacho inculto ao qual se dirigia.
Está claro que, hoje em dia, as coisas não mudaram muito, mas, se cotejarmos o volume populacional das duas épocas, será fácil de concluir que temos atualmente multidão muito maior de pessoas em condições de aprender os valores evangélicos do que todo o contingente da humanidade coetâneo de Jesus. Sendo assim, é bastante plausível que esperemos de muitos que não retornem para estas plagas terrenas, a não ser na condição de missionários, para o que deverão, desde a presente encarnação, ir dedicando parte do tempo ao aprendizado da doutrina espírita, a par de realizar muita benemerência.
Se reiteramos demasiadas vezes os mesmos conceitos, de forma que o leitor vai aborrecendo-se com a utilização repetitiva do conta-gotas, com os mesmos medicamentos, paciência! Ainda permaneceremos, por algum tempo, insistindo nesse duplo aspecto dos ganhos que propiciarão a oportunidade do progresso. Quais são mesmo? Serão os amigos capazes de repetir conosco? Pois lá vão: o primeiro é o estudo abnegado da doutrina, através da leitura e da discussão dos tópicos levantados na codificação kardequiana, sem esquecerem-se os ensinamentos de Jesus contidos nos Evangelhos; o segundo é a dedicada aplicação das virtudes aprendidas, no socorro de todos os necessitados com quem tenhamos ocasião de topar.
São estes princípios de atuação pessoal e comunitária que dão legitimidade ao desempenho de cada qual e que dão sustentação a qualquer mensagem mediúnica que se diga provinda de fontes não poluídas pelas maldades e pela ignorância.
Mas fiquemos por aqui nesta simples cortesia que estamos prestando para todos os que nos têm enviado solicitações de esclarecimentos. Para não onerarmos demais a turma de alunos-socorristas, devemos deixar claramente configurado que as respostas assinaladas por intermédio deste instrumento não serão abrangentes ou exaustivas, mas apenas abarcarão algumas questões, para evidência de que estamos buscando arregimentar um bom pessoal, de modo indireto. No entanto, o grosso das comunicações particulares deverá dar-se ao pé do ouvido, para que cada qual leve para a consciência as intuições a que derem guarida, uma vez que de cada um depende a maior ou menor facilidade da influenciação mediúnica direta.
Graças a Deus, temos tido a felicidade de encontrar muitos amigos, dentre os que vão tomando ciência dos comunicados da espiritualidade, e não estamos referindo-nos, evidentemente, tão-só aos apanhados do bom amigo que nos está prestando este inestimável serviço nesta oportunidade. Vamos prosseguir espraiando a atuação para, cada vez mais, atingir mais pessoas, quem sabe produzindo grande bola de neve, a arrastar muitos que hoje sequer suspeitam da necessidade cármica do progresso espiritual, para as realizações evangélicas mais nobilitantes.




Comentário



Pede-nos o amigo escrevente que redijamos mensagens mais longas, pois é de seu hábito deixar-se levar pelas suaves composições dos que se esmeram em apresentar comunicações de bastante força, recheadas de muita sabedoria. Entretanto, nem sempre os melhores perfumes se contêm nos maiores frascos, de forma que, se, por acaso, uma ou outra manifestação se apresentar com pequeno desenvolvimento, não deve, só por isso, ser rejeitada.
Se é para deixar o verbo rolar de maneira inexpressiva, então optaremos por sustar a participação, pois não desejamos ficar a aborrecer a ninguém, especialmente quando sabemos que a divulgação destas mensagens será mui difícil de ocorrer, dado serem elevadíssimos os custos do papel e da impressão, sem contar que, sem nome feito, ou dos espíritos que administram a Escolinha, ou do próprio médium, pouca chance terá qualquer obra de cunho mediúnico de obter sucesso editorial.
Se o amigo leitor estiver espantando-se com estas afirmações tão terra-a-terra, parecendo mais algum encarnado a discorrer, não se esqueça de que temos estudado muito o homem e o meio em que vive, para podermos produzir textos que se coadunem com seu modo de sentir e de pensar. Se compararmos com certos procedimentos de alguns séculos passados, poderemos fazer ressaltar com muita clareza a veracidade da argumentação. E se remetermos a atenção do leitor para épocas distantes, como as idades da pedra ou do ferro, ficará bem mais nítido o pensamento. Caso haja vontade de confirmação, basta procurar certas tribos de silvícolas muito atrasadas e levar-lhes o conhecimento das formulações que estamos passando. Verificar-se-á, talvez para espanto de muitos, que existe a percepção de inumeráveis fatos espirituais, pois não há ser humano ao desamparo dos guias e protetores, mas a maior parte das informações cairá no vácuo da mais profunda ignorância.
Eis o cotejo efetuado, para dar ao mediador a idéia clara do que estamos afirmando. Por isso, contente-se com o que está recebendo, para assegurar-se de sua legitimidade, uma vez que bastante a propósito das necessidades da média dos seres encarnados.
Fiquemos todos nas mãos do Senhor, esperançosos de mais uma vez havermos chegado a bom termo nesta iniciativa escolar.
Graças a Deus!







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PARTICULAR





Siga, caro escrevente, sua intuição e transforme o texto acima em dois, um com o título dado por nós e o outro como comentário. Quanto ao mais, estamos satisfeitíssimos. É claro que nos preocupa a insistência em solicitar nova mensagem, apesar de reconhecermos que haja muito tempo. Não é esse o fato, entretanto, que julgamos impeditivo, mas sim a preocupação de que tudo venha a ocorrer naturalmente, em dia cheio de atribuições inusitadas.
Não estamos querendo suspender as transmissões somente porque dissemos, ao início dos trabalhos com a turma, que haveria interrupções e hoje se perfaria o prognóstico com muita tranqüilidade. Mas não fique ansiado o irmãozinho por ver as predições realizarem-se. Se não acontecer nada que dificulte os ditados, será bem melhor do que acertarmos nas visões não inteiramente satisfatórias.
Fiquemos, portanto, atento para os fatos do cotidiano e não nos esforcemos para além da conta. Mesmo que este desenvolvimento transgrida o desejo de realizarmos a suspensão dos trabalhos, demorando-nos neste segundo tempo ainda mais que no primeiro, apesar disso, dizíamos, não será a transmissão nada que possa aparecer no conjunto dos ditados, a menos que tenha o amigo a intenção de exemplificar as anotações de caráter particular, para estímulo a alguns que desejam saber se deverão aceitar as comunicações deste naipe.
Além disso, qualquer coisa má que acrescentemos irá desembocar necessariamente em prece dita com muita emoção, dada a facilidade que encontramos para efetuar certos ditados, mesmo que totalmente improvisados, dentro, porém, das normas que constituem os mandamentos da turma.
Aliás, conforme já pescou o amigo, para todos os grupos, há momentos de liberdade, para que possam os instrutores aquilatar do espírito de iniciativa dos alunos. Por isso, estamos prolongando este comunicado, dando a oportunidade a vários irmãos de se apresentarem com suas idéias, para que tudo se desenrole de maneira o mais próximo possível da realidade do contacto mediúnico, sem que precisemos atiçar o mediador a utilizar de seus recursos anímicos ou dos conhecimentos que lhe são extremamente fluentes, mesmo porque a velocidade com que redigimos ultrapassa toda possibilidade de acompanhamento, para qualquer mente bem apaniguada pelas virtudes psíquicas das qualificações da lógica, da coerência ou da fluência verbais.
Eis aí, então, o que fomos capazes de realizar em tão pouco tempo, para dar oportunidade ao mediador de ir atrás dos interesses do dia, antes que se torne tarde.
Agradeçamos, pois, ao Pai esta última oportunidade e fiquemos absolutamente alegres com o desenvolvimento de que somos testemunha.
Graças a Deus!







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ESQUEMAS





Não desejaríamos comentar os acontecimentos de Brasília, envolvendo os políticos e demais homens de negócios acamaradados para o efeito do que se convencionou chamar de Esquema de Fulano de Tal. Os trabalhos da Comissão Mista Parlamentar de Inquérito transcorreram naturalmente, conforme as limitações morais e espirituais de que estão apetrechados seus componentes, de sorte que a nação não deve atemorizar-se com o desenrolar dos fatos, senão à luz dos conhecimentos materiais.
No que respeita ao plano da espiritualidade, todo esse affaire é similar a qualquer outra iniciativa humana, havendo altos e baixos de caráter cármico, pois tudo se realiza conforme o livre-arbítrio de cada qual. Entretanto, como as conseqüências podem desestabilizar vários setores da nacionalidade, muitos dos guias espirituais da pátria estão atentos, vigiando para que o socorro venha no momento mais propício, para se evitarem danos irreversíveis para muitos que se encontram inocentemente no centro dos acontecimentos.
Mais que isso, estão os mentores da nação especialmente voltados para os movimentos realizados pelas forças interessadas no caos, pois tirariam proveito, em ambos os planos da realidade, da conjuntura promovida pela instauração de diversos processos de deterioração não só de instituições, como de grupos definidos, em prejuízo da manutenção do equilíbrio vital da sociedade brasileira.
Aleatoriamente, poderíamos ir citando vários exemplos, mas nossa intenção com este escrito é responder a várias perquirições que estão sendo dirigidas a nós, muito particularmente por meio de temores ponderáveis, tendo em vista que há muitíssimos interesses em jogo. Contudo, a única observação válida que podemos levar aos irmãos encarnados é a de que devam prosseguir caminhando seguros, sob a tutela de Jesus e de seu roteiro de amor, perdoando os culpados, na medida em que desejam ser perdoados, uma vez que as dificuldades que encontrarão em seu futuro existencial estarão diretamente vinculadas a tudo o que decidirem fazer, em função do afastamento deliberado das normas morais vigentes, tendo em vista ainda os conceitos introjetados em suas consciências e que teimam em sufocar.
É preciso definir, todavia, o que venha a ser o perdão que estamos propondo. Pode parecer aos incautos que tenhamos o desejo de ver prevalecerem os faltosos, pois não estipularíamos, em seu modo de ver, qualquer penalidade, tendo em vista os atos criminosos que tiverem sido perpetrados. Não é absolutamente isso o que temos em mira. O perdão é íntimo, subjetivo, fruto do muito amor que se deve ter pela humanidade. Quanto aos aspectos objetivos, tudo deve ser feito para se regularizar o sentimento de justiça que se encontra abalado nos corações dos brasileiros honestos, pois a evidência dos atos desonestos está tornando descrentes da verdade muitos dos companheiros, o que pode prejudicar até a fé que se deve depositar na justiça de Deus.
A nossa palavra, pois, é de extrema serenidade mas de profundo compromisso com as leis de Deus, consubstanciadas nos mandamentos do decálogo de Moisés, estimuladas pelos profetas e sedimentadas pela palavras de Jesus. Por isso, não há que hesitar em tornar públicos os fatos em contraste com o que determinam as leis humanas, devendo haver a instauração dos competentes processos civis para apuração das responsabilidades, sendo de rigor a aplicação da lei vigente, para a punição dos culpados.
A purgação corpórea das culpas não isentará a ninguém das peripécias dos julgamentos conscienciais, antes e depois da morte, mas evitará série imensa de dissabores, desde que devidamente compenetrados os punidos de que fizeram por merecer as penalidades impostas pelos homens. Começar o resgate durante a estadia na carne é sempre ponto de muita importância para quem tenha a necessidade de enfrentar o encerramento nas trevas.
Assim, seguindo os sentimentos do Cristo, quando se dirigiu ao Pai, do alto da cruz, para implorar-lhe o perdão para os que o martirizavam, por não saberem o que faziam, do mesmo modo temos de ter condescendência para todos os que estão revelando-se agora aves de rapina em relação aos bens públicos.
Paz de espírito, tranqüilidade, apoio às manifestações pacíficas de repúdio da malversação do erário e da corrupção generalizada, são atitudes que preconizamos como de salvaguarda do interesse da população. Além disso, muita prece endereçada aos protetores de cada ser envolvido dramaticamente nos acontecimentos, para que ajam com segurança dentro dos limites estabelecidos pelos parâmetros evangélicos.

Caso não tenhamos atendido às solicitações na totalidade das questões propostas, remetemos o atento leitor às obras da codificação, especialmente a O Evangelho Segundo o Espiritismo, onde poderão ser encontradas inúmeras explicações a respeito dos procedimentos de caráter moral e religioso, em função das reações que devem sublinhar o alto desejo de ver todos os semelhantes em progresso espiritual.
Elevemos os pensamentos ao Pai e solicitemos-lhe forças para o enfrentamento condigno das adversidades que estão em vias de ocorrer.

Pai querido, fazei com que vossos filhos saibam discernir os caminhos da verdade, reacendendo a fé em vosso poder e em vosso amor. Dai a nós, pequeninos seres sem importância diante do conjunto da nacionalidade, a paz de espírito mais adequada para superação deste período de incertezas político-econômicas. Acendrai as nossas intenções, de molde que não consigamos vibrar negativamente relativamente a qualquer dos companheiros diretamente acusados de tantas perversões. Antes, facilitai-nos a compenetração de que devamos emitir só boas correntes energéticas para dar forças aos guias da nação, para que consigam desempenhar à suficiência o seu papel socorrista, evitando que haja um desastre desproporcional em relação à falta solidária da população. Sabemos, Senhor, que muito do que se passa foi por culpa nossa, por evitarmos enfrentar os desafios que a busca da verdade nos impõe, preferindo, muitas vezes, omitir-nos relativamente à vida nacional. Não obstante, Pai, perdoai-nos a terrível falha e permiti-nos recuperar o equilíbrio político, para que todos os brasileiros voltem a ter esperança, agora sedimentada em reais valores e em pessoas perfeitamente capazes de comandar o progresso da pátria, principalmente no sentido de todos alcançarem condições para bem se assenhorearem dos valores eternos de Jesus, sem os desgastes intransponíveis da miséria absoluta. Resumi, Pai, esta nossa prece em uma única expressão de muito carinho e amor, abençoando-nos a todos, favorecendo-nos o reerguimento do espírito da nacionalidade. Assim seja!







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IDENTIFICAÇÃO





Ao se ler a mensagem anterior, poder-se-á ter a falsa impressão de que estejamos escondendo os verdadeiros nomes das personagens envolvidas nos atos descritos. Por certo, não seremos imprevidentes em declarar os nomes reais, apesar de estar na boca de todos, pois não nos cabe sequer mencionar as pessoas, para não corrermos o risco de influir mal a ninguém, a respeito dos sentimentos que se devem estabelecer em relação a elas. Assim, ficaremos sempre sem anunciar os apelidos, pois está escrito que, para cada qual, existe determinação específica de atribuições e de deveres, sendo que um dos nossos é o de orientar para o amor, para o perdão, para a tolerância, para o sacrifício, para a busca da verdade, para a fé no amor e na justiça de Deus e para o crescimento evolutivo consentâneo com as premissas evangélicas propugnadas pelo severo ensino do Mestre.
Não são estas as palavras que se desejam ver reproduzidas nas mensagens mediúnicas, para não se ferirem os princípios da modéstia, da solidariedade, do elementar cumprimento da obrigação de obedecer às diretrizes emanadas dos padrões espirituais determinados para esta forma de contato entre os planos e aplicada pelos próceres do espiritismo?
Não iremos nunca desatender aos reclamos dos que imaginam o etéreo como local de muita luz e de muita confraternização. Apenas devemos levantar outras hipóteses, para quem não tenha desempenhado com proficiência os trabalhos cármicos que levou para o encarne como deveres inadiáveis. Se ainda se onerarem com perjúrios, roubos, assassinatos, genocídios, não haverá que se esperar que sejam acolhidos por legiões de anjos com seus clarins de jubilosa recepção.
Eis que os desenvolvimentos se juntam para a advertência final de que todos os que têm culpa passada e registrada em cartório devam, desde logo, compenetrarem-se de que o amor irá superar as fases mais tristes do cativeiro no etéreo, desde que transformado em ação, em proveito da recuperação dos irmãos destinados à mais negra passagem pela carne. Muito embora a ação nem sempre possa ser praticada com facilidade, sempre resta a educação dos sentimentos, para que as vibrações se transformem em veículos fluídicos de ligação entre os semelhantes, para o efeito da confraternização espiritual. Nada se perde no mundo, principalmente no sentido da reparação que se tem de realizar para se despojar de saldos negativos.
Finalmente, sem renegar o direito de estender-nos mais um pouco, mas afirmando que tudo o que escrevemos é suficiente para demonstrar o nosso nível de adiantamento, vamos despedindo-nos, augurando muitas felicidades aos caros e pacientes leitores.
Fiquemos todos nas brandas e doces mãos de Jesus!







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FAMILIARES





Dentre os semelhantes, ocupam os familiares lugar de grande destaque. Por eles, portanto, devemos começar a campanha em favor do soerguimento da raça humana, com destino às esferas da espiritualidade superior.
Muitos irmãos, por julgarem conhecer de sobejo os parentes mais chegados, esquecem-se de que são tão carentes quanto qualquer outro ser encarnado, embora sob contínua assistência, em virtude da obrigatoriedade da presença, uma vez que a convivência se dá debaixo do mesmo teto.
Tal fato pode levar a atitudes de menosprezo, porquanto as fraquezas, em sendo conhecidas, permitem antever os resultados das solicitações, muitas das quais inteiramente camufladas por outras atitudes, conforme se pode perceber com quem sofre a desdita da bebida e fica por demais transtornado, desejando abater-se sobre os que deveria amar com maior benquerença.
Assim, não passará para outros quefazeres quem não resolveu de todo os problemas que se instalaram em casa, mediante os atos de desespero ou de ignomínia que alguns são perfeitamente capazes de realizar contra os outros.
Se estamos pintando cenas dramáticas na imaginação dos caros leitores, é para que bem possam perceber que todos estão intimamente vinculados, por força dos laços consangüíneos ou por afinidades bem demarcadas.
Claro está que nem tudo será permissível dentro do lar, só porque se deseja estabelecer rigorosamente o amor que se deve partilhar. Atitude bem firme em relação aos que desandam dos deveres é o que se pede a todos os que conseguem manter o equilíbrio consoante a proposição de Jesus. Haverá separação, todavia, sempre que os ânimos fervilharem, constituindo sacrifício tão-só para uma das partes, escravizada sob os caprichos da outra. Não seríamos cegos a ponto de não conhecer as Escrituras Sagradas, onde se registrou a palavra do Messias, segundo a qual ele não veio para unir mas para separar.
Outras equipes já discorreram à suficiência a respeito dessa passagem evangélica (Ver Pesadelos, in: Falando de Evolução, pela Equipe dos Amigos da Verdade, e Sublime alegria, in: Arejando a Mente, pela Turma do Despertar Consciencial, nesta coleção), de modo que nos limitaremos a enfatizar o fato de que o amor sobrepujará até o receio de ferir as susceptibilidades, uma vez que a separação será de rigor, quando os feitos dos litigantes estiverem incrementando os desvios de conduta, inclusive no aspecto da moral cristã. Mas, em havendo compromisso e em havendo possibilidade de reconciliação, é o que se pede para que se dê curso à programação estabelecida, por força dos resultados cármicos da união.
Por isso, desde o início, devem os cônjuges, como célula inicial da formação do tecido familiar, estabelecer, cuidadosamente, os limites de atuação de cada qual, com a certeza de que as atribuições não estejam sendo por demais onerosas para um e menos para outro. Desse sacrifício mútuo, deve brotar a afeição fundamentada na compreensão das necessidades de cada um, de forma que não se irá jamais permitir que haja sobrecarga a estimular distúrbios emocionais.
A partir dessa distribuição de tarefas, haverá também a divisão das responsabilidades, envidando-se o conjunto familiar para que se organize de modo que todos partilhem igualmente dos sofrimentos e das felicidades, de maneira a proporcionar ao ambiente aquele tônus de companheirismo, como se todos estivessem conscientes de estar diante de espíritos especialíssimos, resplandecentes, sapientíssimos, avançadíssimos.
Finalmente, os entretenimentos devem pressupor boa parte de atividades em conjunto, para que as pessoas saibam alegrar-se uns aos outros, favorecendo o progresso espiritual ou material, conforme as diretrizes impressas aos fatores em desenvolvimento. Em outras palavras, tudo deve ser feito rigorosamente sob o acorde dos demais, estabelecidas as prioridades, tendo em vista o que seja o mais importante, segundo os padrões evangélicos que devem embasar todas as decisões.
Raramente, contudo, existe perfeição nos relacionamentos domésticos, principalmente porque as faixas etárias induzem a diferenças bem demarcadas relativamente a interesses e a aspirações. Daqui ser oportuno estabelecer um dia por semana para o estudo da obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Kardec, o afamado Evangelho no Lar, de que nos falam os orientadores dos centros espíritas. Tal estudo visará à apreensão das virtudes emanadas da boa vontade e do amor, o que está de todo impregnado na obra acima citada, sendo fácil de assimilar pela clareza e objetividade das explicações do Codificador.
Em suma, por mais que tenhamos cuidado em elaborar roteiros, para que tudo transcorra em harmonia dentro dos lares, sempre ficará um pouco da tensão que se estabelece, enquanto houver conflitos de opiniões e de pontos de vista, principalmente quando ocorrem diferenças pronunciadas quanto ao nível de escolaridade e de cultura. Por isso, cada caso deverá considerar-se muito peculiar, evitando-se generalizar as soluções.
Claramente, estamos entrando em seara específica dos encarnados, embora jamais tenhamos tido qualquer intenção de determinar o quer que fosse que não se relacionasse diretamente aos aspectos espirituais envolvidos. Aliás, será esse o exercício de abstração que ensejaremos aos confrades, no momento em que nos predispusermos a abandonar o texto, incentivando a que cada qual saiba discernir onde se encontram os princípios da espiritualidade que formaram o fundamento desta dissertação.
Eis que, bem aos pouquinhos, estamos deixando a primeira gotícula de trabalho intelectual, como se fora possível transferir para a esfera da carne os ensinos que recebemos dos mestres da Escolinha. Mas acreditamos que não serão poucos os que aceitarão o desafio e iniciarão o gotejar dos ensinamentos evangélicos na alma, através da aplicação aos estudos.
Não nos queiram mal por estarmos insistindo no ponto da instrução, antes da dedicação ao trabalho socorrista. É como se passa também no âmbito da Terra, onde, primeiro, percorrem as pessoas os estudos primários, secundários e superiores ou técnicos, para, depois, se atreverem a apresentar-se a seus empregos, em caráter profissional. A comparação é extremamente válida e com ela encerramos o longo discurso, augurando bom sucesso a todos, nos empreendimentos de caráter espiritual. Boa sorte, amigos! Fiquem com Deus!







20

DESFECHO





Por ocasião do encerramento de mais um dia de trabalho, queremos registrar a alegria pelo fato de estarmos conseguindo enviar diversas mensagens, que imputamos bastante proveitosas para aqueles que não se iniciaram nos estudos espíritas, mas que têm muita vontade de fazê-lo.
Rigorosamente falando, os textos são paupérrimos, mas induzem à leitura de obras melhores, de forma que estamos absolutamente felizes por termos produzido algo pela mão do escrevente.
Este mesmo comentário pode até parecer ufanoso demais, dado que a equipe não está aqui há mais de quinze dias, e já se considera apaniguada pela atenção de muitos encarnados. A verdade, porém, é que não estamos referindo-nos, evidentemente, a qualquer possibilidade de publicação pelos meios convencionais, mas ao fato de que muitas de nossas inspirações estão sendo sopradas a diversos ouvidos, diretamente, por influenciação consciencial, uma vez que são muitas as pessoas que estão desejando contatar o plano da espiritualidade, mesmo sem darem divulgação às comunicações.
Eis porque nos rejubilamos nesta data, ainda mais porque conseguimos adentrar alguns aspectos muito importantes do relacionamento humano, sem ofender as susceptibilidades dos seres que acompanhamos nas peregrinações pela Terra. Isto, verdadeiramente, se constitui em trabalho socorrista de primeira linha, o que nos estimula a prosseguir trabalhando com maior afinco e abnegação.
Sendo tão importante para nós demonstrar alegria, hão de estar perguntando os amigos:
— O que os faz tão felizes, se se trata simplesmente do cumprimento de mera obrigação cármica, que todos deveremos enfrentar?
Acontece, queridos, que o vencer etapas é de suma importância para todos nós, que nos destinamos à angelitude, e o trabalho bem feito é o indício mais seguro e certo de que estamos caminhando confiantemente nas sendas indicadas pelo Mestre.
Por outro lado, esta participação aos encarnados deve ter o sentido do entusiasmo, pois pode indicar o rumo a seguir para o enfrentamento das dificuldades e das lutas de toda hora. Fiquemos, pois, disponíveis para a alegria, para a felicidade, esquecendo-nos dos reveses e das culpas, buscando haurir um pouquinho de tranqüilidade interior, para agradecer ao Senhor as benesses de sua misericórdia.
Sabemos dos sacrifícios de muitos e da dor de abandonar muitos sonhos longamente acalentados. Mas a verdade é que os benefícios dos resultados felizes do emprego de nossa determinação em favor dos necessitados coroam as aspirações elevadas do ponto de vista espiritual.
Não nos esqueçamos de que estamos sempre sendo testados nas decisões de caráter moral. Por isso, não hesitemos em palmilhar os caminhos dos sofrimentos, se preciso for, mas com o coração leve, sabendo, com convicção, que Deus não desampara as criaturas. Esse o maior louvor que podemos elevar ao Pai, pois é a configuração de insofismável fé em seu amor. É, finalmente, a demonstração inequívoca de que também nós estamos esforçando-nos por transformar os ensinos de Jesus em verdade inerente ao nosso ser.







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CURRICULUM VITAE





Ao se apresentar para qualquer emprego, devem os seres humanos apresentar, formalmente ou não, histórico relativamente às habilitações que possua, para poder desempenhar com proficiência as tarefas que lhe serão requeridas.
Da mesma forma ocorre no etéreo, junto às entidades organizadas para prestação de serviços socorristas de quaisquer espécies, apenas com a diferença de que os mentores das instituições ou seus prepostos têm condição de medir, de imediato, a capacidade do adventício, sendo-lhes tão-só impedido observar o que vai no íntimo da consciência, resguardada por divinas disposições à simples curiosidade.
De resto, apenas para orientar o desenvolvimento desta dissertação, devemos dizer que, se, por acaso, se apresentar algum ser mais evoluído do que o examinador, este saberá definir o nível da superioridade, deixando de exercer o seu mister de análise, para se submeter às apreciações de quem, com tanta humildade, vem oferecer os préstimos à instituição. Mas isto não acontece sem prévio aviso aos mentores, de sorte que se pode dizer que nunca ocorreu que qualquer ser de categoria superior se tenha apresentado de surpresa.
Quando, entretanto, o requerente não conseguirá exercer o cargo pleiteado, o examinador tem condições, sempre, de conhecer as dificuldades impeditivas, encaminhando o espírito solicitante para setor mais adequado à sua possibilidade de resposta.
Quais são os quesitos que se requerem, para que o trabalhador seja admitido? Aí varia muito, segundo a natureza do serviço a ser prestado. É como se passa na Terra, com a diferença essencial de que a parte moral prepondera sobre os conhecimentos objetivos, e a lista de benemerências realizadas, sobre os cursos freqüentados.
Se, por acaso, o adventício é aprovado consoante os aspectos morais, mas não tem desenvoltura para o exercício das funções, necessariamente, lhe será indicado monitor que o conduzirá, durante certo tempo, aos diversos setores da instituição, para ensinar-lhe o serviço. Caso consiga assimilar os ensinamentos, é logo admitido, passando a exercer regularmente as tarefas que lhe forem designadas. Se, por alguma razão bastante específica, não obtiver êxito, irá ser removido para algum curso de reciclagem, onde será orientado, no sentido de repassar por diferentes análises de comportamento, para que se detecte o fator que está constituindo-se em óbice para o aprendizado.
Em suma, é com extremo cuidado que são aceitos os novos participantes dos diferentes grupos de trabalho.
Uma vez dentro e trabalhando normalmente, o acesso a novos postos se dá por mérito, segundo a aplicação e o desprendimento demonstrados. Caso o desempenho seja considerado notável, tendo em vista o progresso geral, é logo guindado a funções cada vez mais importantes, pois, no etéreo, não se admite que os melhores não estejam em posições condizentes com sua aptidão.
Aí o curriculum será acrescido das novas habilidades, de sorte que, ao perpassar por todos os setores, terá condições de galgar outros planos com bastante facilidade.
A descrição destes fatos pode levar os incautos a concluírem que tudo decorre de forma muito plana e tremendamente monótona. Mas não é bem assim a realidade. Muitos se deixam envolver por vibrações deletérias, de sorte que se impregnam de sentimentalismos prejudiciais, transtornando-se, o que é detectado assim que os fatos vão acontecendo, de modo que o assistente se transforma em assistido, necessitando partir para temporadas de recuperação dos bens em suspensão.
É aqui que se deve levar em consideração aquele aspecto que ficou encoberto, pois, por princípio, ninguém pode ser considerado de visu perfeito, mas perfectível, carente de estímulos próprios para prosseguir em escala evolutiva ascendente. Por isso, existe compreensão da parte de todos os que ocupam posições gerenciais ou administrativas, por assim dizer.
Resta referir que os curriculi vitarum — permitam-nos o plural latino — devem ser acrescidos de muitos pontos positivos a cada nova encarnação, o que quer dizer que tudo o que se faz na carne vai para o texto, que se configura como verdadeiro salvo-conduto para ingresso nas diversas casas de socorrismo. São poucos, todavia, os que chegam de volta ao plano da espiritualidade ostentando currículos melhorados. A maioria precisa depurar muitos aspectos negativos que se lhe infiltraram na personalidade, mercê de atuações precárias, incentivadas tendenciosamente pelos maus pendores que carregavam na constituição psíquica.
Uma recomendação se faz necessária neste ponto da digressão, qual seja a de que tudo o que estamos relatando não deve servir para mudança radical de procedimento, senão para a configuração de que os ensinos devam ser assimilados e colocados em prática. Simplesmente alterar o comportamento, por saber-se em débito, tendo em vista desempenhos fragílimos, não irá adiantar nada. O importante é compenetrar-se de que as virtudes devam ser o alvo final das conquistas terrenas, mediante eficaz aplicação ao trabalho e ao estudo.
Os bons observadores devem estar aguardando a referência ao que se constituiu em nosso leitmotiv, ou seja, o célebre conta-gotas da perseverança, da paciência e do amor, também no que se refira a todos os melhoramentos tidos como indispensáveis para a aquisição dos valores evangélicos da salvação espiritual.
Mais do que isso, iremos referir-nos aos aspectos religiosos que devem fundamentar as atitudes, pois não se compreende qualquer avanço, no campo evolutivo, sem que se atribua à doce misericórdia divina todas as prerrogativas pessoais. Por isso, o incentivo às preces de agradecimento e aos pedidos de luz para a compreensão dos deveres e dos acontecimentos que, aparentemente, estão a prejudicar-nos o desenvolvimento.
Dentre as preces, as mais importantes são as que brotam do coração confrangido, na compreensão mais absoluta das verdades que somos capazes de operar. Caso haja muita dificuldade, recomendamos que se repita o pai-nosso, não mecanicamente, mas de modo que cada palavrinha venha a ser entendida como a verdade mais rigorosa de que alguém já lançou mão para oferecer ao Pai a sua vida, a sua existência. E que esse espírito de sublimidade, de catarse, se transforme em apanágio do crente, favorecendo-lhe o progresso, dada a profunda honestidade de propósitos que denuncia.
Assim se progride na vida e se preenche, de forma categoricamente positiva, qualquer curriculum vitae.







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UMA QUESTÃO DE EMOÇÃO





Desconfia o bom amigo escrevente de que, se nos deixar, para ir a outras ocupações, esteja sendo incivilizado. Por isso, se propõe a prosseguir escrevendo, mesmo sem que retire muitas emoções desta aplicação ao trabalho.
Certamente, temos bastante experiência para compreender o que lhe ocorre no íntimo da consciência, principalmente porque é bastante sincero para conosco, à medida que nos aponta, de forma muito clara, quais são os sinais que o levam a considerar a psicografia como realizada, principalmente por saber que os amigos da Turma dos Noviços têm com que trabalhar neste dia, já que inúmeros fatos estão ocorrendo no território da pátria.
Mas nós somos só meros aluninhos, sem possibilidade de guiar-nos nas tarefas do socorrismo. Por isso, estamos aproveitando-nos de sua boa vontade para demonstrar, claramente, que, se nos dedicarmos com afinco, conseguiremos imprimir à psicografia alguma emoção, já que o encanto das fases iniciais está totalmente suplantado, constituindo-se o que se passa agora em trabalho sacrificial.
Contudo, estamos muito contentes pela preocupação demonstrada pelo irmãozinho e pela alegria de verificar que estamos progredindo em nossas monografias, uma vez que estamos discorrendo com muita facilidade sobre temas que lhe parecem bastante complexos, com facilidade acima da média, conforme ainda parecer seu.
Por outro lado, esta velocidade que conseguimos imprimir ao ditado vem ao encontro de sua expectativa, pois não quer ele outra coisa que não seja assumirmos total responsabilidade pelas comunicações, desconfiado que fica de animismo, quando o pessoal vai excessivamente devagar.
Pois saiba, camarada, que o resultado dos escritos, sejam apanhados com extrema velocidade, sejam tomados de forma bem cadenciada, sempre será um texto impresso, de forma que os que se consagrarem à leitura não terão como conhecer aqueles aspectos tão efêmeros.
Prenhe-se de emoção e verificará que não irá arredar pé do computador, até que consideremos encerrada a comunicação. Não é exatamente assim que você mesmo está considerando? Pois, então?! Vistamo-nos com a pele de cordeiro, em sendo leões, ou apresentemo-nos tal qual somos, sempre estaremos dando prioridade aos exercícios, que foi o que contratamos de forma irrefragável, segundo todos os indícios que se deixaram marcar desde a época do início de sua mediunidade.
Esperando ter trazido seguro roteiro para mais uma de suas reflexões, vamos encerrando a participação desta data, augurando-lhe felizes emoções diante dos eventos que se lhe porão à vista.
Fique, serenamente, na companhia do Senhor, pois é o que lhe desejamos com muita alegria, por termos podido avaliar que tudo o que se passa se encontra perfeitamente sob inteiro domínio. Até mesmo esta espécie de pós-escrito está sendo bem recebida, apesar de termos declarado a intenção de abandonar o posto.
Agora, sim, definitivamente, até breve! Fique nas graças do Senhor!







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PARÂMETROS





Bem entendido, o tema se refere a toda e qualquer medida que se possa tomar a partir dos princípios evangélicos. Assim, quando o indivíduo deseja sentir o quanto de desenvolvimento irá consignar relativamente a determinada ação, irá confrontar o empreendimento com os relatos bíblicos, para avaliar o quanto Jesus fez em semelhante situação. Claro está que nem tudo se pedirá que ocorra exatamente da mesma forma, principalmente porque o Mestre é espírito de luz superior e os viventes estão em fase muito rude de aprendizagem. Todavia, contrariar frontalmente os exemplos do Salvador não configurará nenhuma ação condigna.
Muitas vezes, as pessoas se vêem em situações dramáticas que envolvem a figura da dor, do desespero, da doença e da morte.
— Como agiria Jesus na mesma situação? — eis a pergunta de rigor.
Nosso amado orientador se condoía com o sofrimento dos irmãos e buscava quase sempre amenizar-lhes a angústia, curando ou ressuscitando. Evidentemente, há que se compreender o que exatamente significam tais atitudes, pois pode ter havido exagero ou falta de entendimento da parte dos evangelistas, ao se referirem a tais eventos como miraculosos. Para isso, remetemos à leitura de A Gênese, os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, onde se encontram tentativas muito válidas de explicação dos fatos à luz dos conhecimentos espíritas.
De qualquer modo, deve o amigo superar o êxtase do sobrenatural e ficar a meditar a respeito dos sentimentos que moviam Jesus em suas atitudes de benemerência. Assim, dar-se-á com maior facilidade a aceitação do que ali se deixou registrado, pois a muitos espíritos mais positivistas repugna pensar em que, para alguns apaniguados, possa ter havido a suspensão das divinas leis, em evidente injustiça em relação ao restante da humanidade.
Mas, além de meros leitores passivos das obras, também podemos constituir-nos em sujeitos das ações, através das vibrações em favor dos irmãos, propiciando aos elementos guardiães que manipulem os fluidos para efetuar o socorro possível, diante da fragilidade das personagens envolvidas. Não era assim que Jesus fazia? Não é verdade que solicitava ao sofredor que manifestasse fé para poder receber os benefícios? Pois muitos de nós, talvez sem saber, possuímos dons especiais e capacidade de magnetização e de cura; apenas não estamos preparados para enfrentar psicologicamente as atividades correspondentes, necessitando estudar bem as nossas forças espirituais, para podermos reconhecer aqueles aparatos particulares.
Devemos lembrar-nos de que Jesus oferecia os remédios fluídicos plenamente convicto de sua natureza superior. Será que, para chegar a esse resultado, teve algum mérito além de muito estudo e de muito esforço no reconhecimento da capacidade espiritual? Teria recebido tudo pronto ou, mercê de tremendos esforços, conseguiu vencer as deficiências naturais a todas as criaturas, trabalhando muito para ascender na escala das perfeições possíveis?
Não iremos discutir aqui o caráter divino do Mestre nem caberia em obra mediúnica satisfazer o ego daqueles que não querem admitir que Jesus possa ter sofrido para poder fazer jus ao progresso, achando muito mais fácil que todo o padecimento por que passou tenha, como conseqüência direta, salvar os carolas, que se julgam apaniguados pelo espírito de sacrifício de outrem. Para encerrar o tópico, devemos lembrar que Jesus pedia aos sofredores que mantivessem viva a fé em Deus e nos poderes espirituais. Não será isso conquista que se alcança depois de muito pelejar contra as adversidades do meio e as agruras das imperfeições íntimas?!
Assim, os nossos parâmetros vão conduzindo-nos, inexoravelmente, para os procedimentos do Nazareno, sem, contudo, chegarmos ao extremo de enviar os pobres leitores ao martirológio dos entes que se viram na necessidade de testemunhar com a vida a realidade da vinda do filho de Deus como o Enviado da Salvação, por imitação sagrada do sacrifício total do Mestre.
Não há mais condições para que se ergam muralhas tão fortes à crença e às atitudes cristãs. Mesmo que haja forças muito poderosas a barrar o advento do espiritismo como doutrina filosófica e religiosa de caráter universal, não se pede a mais ninguém que chegue ao extremo do oferecimento da vida em prol desse ideal. As coletividades estão por demais envolvidas em sobreviver segundo prismas muito próximos do individualismo, para temer que o espiritismo possa constituir-se-lhes em ameaça para os lucros e pregações.
Assim, nesta época de muitas aspirações contraditórias, agir em consonância com os exemplos do Cristo vai parecer mais extravagante do que simplesmente a afirmação da personalidade, em função da aquisição das virtudes evangélicas. Por isso, bom amigo, não fuja da necessidade de ter parâmetros e não se iluda quanto a eles: são os que se consignaram nos atos do Mestre.
Se, finalmente, a civilização se constitui em tentação, lembre-se de que Jesus recebeu inúmeros assédios das forças do mal, para as quais teve resposta muito digna, sem oferecer resistência acima da capacidade de entendimento dos seres malévolos que o molestavam. Viver é sério problema, quando se tem a noção exata da necessidade do progresso. Sendo assim, é bom ir bem devagarinho, ganhando muitos pontos para merecer avançar de esfera em esfera, utilizando-se dos recursos da inteligência e da contumácia, para não se ser acoimado, pela própria consciência, de teimoso e tacanho. Vençamos o medo do enfrentamento e deixemos fluir em nós as verdades espirituais, que nos propiciarão triunfar em mais esta etapa da existência.
Fiquemos alegremente na companhia de Jesus e dos espíritos guardiães!







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COMPROMISSOS





Evidentemente, damos de barato que todos conheçam como de obrigação eleger certos compromissos para serem saldados durante o encarne, o que se faz previamente, de forma a que da reunião decisória participem todos os interessados, uma vez que a cada ação individual correspondem, necessariamente, várias reações de quantos estejam diretamente vinculados àquele indivíduo.
Assim, não há eleição de tarefas que tenha sido realizada tão-só pelo próprio sujeito, em função dos resgates que tenha em mira. Isto torna a responsabilidade de cada um muito maior, uma vez que se intensificam os deveres, por envolverem larga sociedade. Imaginar que isto valha para todos é compreender o quanto extenso se torna o comprometimento individual. Por isso, a cada evento de presumível nascimento, acorrem os representantes das diversas entidades e das famílias, para que se configurem os principais acontecimentos cármicos.
Eis denunciado, portanto, que não existe simplicidade na colocação das entidades espirituais em corpos densos. Se raciocinarmos tendo em vista as ocorrências que se dão no plano da matéria, seremos capazes de concluir, falsamente, que nenhum compromisso deva ter existido para determinados indivíduos que se tornam sujeitos de muitos crimes, onerando por demais os relacionamentos, ao suprimirem do convívio familiar certas pessoas importantíssimas para o equilíbrio dos grupos em que estavam inseridas.
Por outro lado, há quem ultrapasse todos os limites da irresponsabilidade. É quando se juntam os representantes dos elementos em vias de serem prejudicados, para a importante decisão do retorno ao plano da espiritualidade daquele que está ferindo os direitos de cidadania existencial de inúmeros companheiros.
Ninguém vem à carne com a presunção de tornar-se pior ou mais compromissado com a malignidade. Entretanto, não há como negar que existem desperdícios de muitas encarnações, prejudicadas por radicalizações extremamente severas em relação a antigos e novos desafetos. Por outro lado, incidem, sobre as mentalidades, más formações congênitas e outras tantas adquiridas. Quanto às primeiras, quase sempre estão consignadas na estrutura somática, por força de a organização ter sido elaborada para o efeito que se pretendia. Quanto às últimas, nem sempre puderam ser previstas, dadas conjunturas especialíssimas que se formaram, sem que pudessem ser evitadas, por força das deliberações dos indivíduos, que mantêm o poder do livre-arbítrio.
Se existe muito cuidado na confecção dos arcabouços físico e intelectual de que irá utilizar-se o ser durante a vida, também deverá haver muita precaução da parte de quantos obtiveram a possibilidade de conjecturar a respeito desse fato, pois nem sempre as pessoas conseguem argüir a natureza para saber o que se passa na intimidade dela. Portanto, conhecimentos como estes são importantíssimos para que os seres encarnados possam vigiar as atitudes, não dando oportunidade a que acontecimentos deletérios venham a prejudicar os compromissos assumidos.
É pena que não tenhamos o poder da palavra universal, para poder advertir a todos os mortais e aos que estão em vias de assumir um papel no mundo denso da matéria. Que este pequeníssimo aviso possa adentrar o coração dos leitores, que se colocarão na posição de multiplicadores do conhecimento, oferecendo assistência doutrinal aos irmãos interessados em saber a verdade de sua encarnação, sem que, contudo, detenham qualquer poder de reflexão, no sentido que estamos fazendo derivar a dissertação.
Claro está que não vamos eleger os discípulos pela facilidade maior que tenham em compreender o significado do que estamos colocando. Não temos autorização para nos constituirmos em mestres de quem quer que seja. No entanto, não vamos perder esta augusta oportunidade para fazer nossa a pregação do Cristo, quando deixou bastante claro que os homens deveriam seguir-lhe os conselhos e diretrizes, para fazerem jus a adentrar o reino de Deus. Não bastasse Jesus ser o Caminho, a Verdade e a Vida, ainda por cima teve o desprendimento de oferecer a vida em holocausto da humanidade, não como figura de retórica a englobar todas as gerações, mas concretamente, em função daqueles que estavam pleiteando a salvação por meio dos esclarecimentos evangélicos. E quando fazemos referência à doação da vida por parte do Mestre, não estamos lembrando o martírio da cruz mas o do encarne doloroso para espírito de tão elevada linhagem.
Querem compromisso mais glorioso e melhor cumprido?
Pois que sirva o exemplo do Salvador para que nos compenetremos de que nós também estamos presos, se não à humanidade inteira, pelo menos a diversos grupos bem definidos de entidades que dependem também de nós para seu progresso.
Do mesmo modo que estamos requerendo dos irmãos leitores que atentem para esta verdade cármica, também eles poderão solicitar dos demais o cumprimento das promessas, exigindo que ajam de acordo com as leis e regulamentos morais, carnais, se não tendenciosos ou maliciosos, e espirituais, conforme o que se declarou no decálogo e nos mandamentos enaltecidos pelo Nazareno.
Oremos contritamente para que tudo se realize o mais próximo possível dos planos cármicos, o que significará para todos, encarnes frutuosos e alegrias inefáveis. Quedemos nas mãos do Pai, nunca nos esquecendo de rogar, de maneira peremptória, que tudo se faça segundo a vontade dele e não a nossa.







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O SENTIMENTO DA CULPA





Dentre os encarnados, existem muitos que não aceitam o cristianismo ou o espiritismo por incrementarem o sentimento da culpa, sempre que se ache o indivíduo capacitado a realizar auto-análise e autocrítica, de forma a bem conceituar os atos que praticou, em função dos ditames evangélicos ou da legislação divina e até mesmo humana.
Se coubesse a nós desprestigiar o sentimento que remete a essa sensação desagradável de desconforto perante as autoridades siderais ou espirituais, é certo que despojaríamos a mentalidade das criaturas de tão triste condição consciencial. Mas não há fugir à verdade dos fatores que formam o conjunto dos sentidos morais, dentre os quais avulta a necessidade de se apropriar da verdade, o que, de certo modo, inexoravelmente, conduz à percepção das mentiras e do que a ela conduziu.
Assim, tudo que tiver sido praticado contrariamente às determinações dos mandamentos, em outras palavras, tudo o que tiver sido feito em detrimento de direitos dos semelhantes, ou para engrandecimento próprio, ou para enriquecimento de terceiros, de forma que dos eventos tenham resultado prejuízos para alguma criatura, tudo irá repercutir na mente como sendo ato falho que não poderia ter sido realizado. Em outros termos, a pessoa se julga em falta, principalmente porque tem a convicção de que estava elaborando em erro, advertida pela consciência e pelos conhecimentos práticos de que se prevalece a todo momento, para fazer valer o próprio direito, impedindo-se de ser esbulhada por outrem. Essa tendência natural impressa na psique dos indivíduos (há exceções que servem para a confirmação da regra) leva ao arrependimento e ao remorso, que apenas significam o sentimento da culpa, quanto mais tiver a pessoa condições de rastrear as conseqüências deletérias dos procedimentos em exame.
Mas o sentido que tem a culpa não deve ser o de tornar o indivíduo eternamente em débito para com os demais e, ainda menos, para que se suponha absolutamente inferior dentro da sociedade em que subsiste. O sentimento da culpa deve ser considerado o de grave advertência para a superação dos males ou das inclinações malévolas, a fim de que venham a ser superadas as condições que impediram os bons sentimentos de livre manifestação. Uma vez dadas por compreendidas as causas que conduziram às perversões do comportamento, deve a consciência retomar o ritmo normal do progresso, rumo ao aperfeiçoamento contínuo das qualidades e ao despojamento integral das imperfeições.
Ajuda muito, nesse sentido, a reflexão de que todos estamos definitivamente no mesmo barco, devendo conjugar os esforços, harmonizando as remadas, para que todos alcancemos o porto seguro da bem-aventurança.
Restaria, neste final de dissertação, levantar alguns exemplos elucidativos da teoria, mas vamos deixar para os bons irmãos aceitarem a tarefa, de forma que nos auxiliarão sobremaneira a enfeixar os ensinamentos contidos neste tema, muito mais importante que a simples rebeldia de quem acredita que é a religião de Jesus ou dos espíritos que forçam as pessoas a se magoarem muito, por não terem progredido o quanto tinham em mente.
Se bem nos lembrarmos do pai-nosso, prece sublime deixada a nós pela superior visão do Mestre, teremos o remédio mais eficaz para suplantar qualquer desgosto provindo do sentimento da culpa: devemos perdoar-nos da mesma maneira que perdoamos os nossos inimigos, se nos permitirem parafrasear a excelsa expressão. Mas o perdão jamais poderá ser gratuito, só para evitar o sofrimento provocado pelo desespero do reconhecimento de que não somos tão perfeitos quanto desejáramos. O perdão nascerá da compreensão do estágio atual do desenvolvimento moral e espiritual, em função do avançar para outros patamares mais elevados, onde não poderão ocorrer os atos resultantes de tais falhas de caráter.
Se não houvesse meios de superação desse terrível sentimento, ninguém jamais teria podido progredir na existência, rumo ao reino de Deus. Que sirva esta diretriz de primeiro consolo basilar sobre que apoiar as reflexões, para quem deseja de vez abandonar as idéias de que esteja eternamente estigmatizado por, um dia, humanamente, ter praticado algum ato desonroso.
Modestamente, poderemos resumir a tese levantada, repetindo o conhecido refrão popular segundo o qual errar é humano, perdoar é divino, mas persistir no erro é diabólico.
Que esta seja mais uma pequenina gota a acrescentar-se no mar de conhecimentos dos irmãos. Que tudo na vida de cada qual possa acontecer sem que haja qualquer sentimento de culpa, por estarmos todos nas mãos de Deus!







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O REGRESSO





Ao se despedirem do encarne, voltam os espíritos para as plagas que haviam abandonado para o ingresso no mundo denso, mas nem sempre aqui chegam recordados do que deixaram anteriormente.
Será que as lembranças um dia voltarão? Certamente, segundo o poder de rememoração que só as virtudes adquiridas podem oferecer. À medida que a pessoa vai enriquecendo o primitivo cabedal de conhecimentos com os fatores dos progressos conquistados através do trabalho e da aplicação aos estudos, vai recuperando a memória e vai permitindo à consciência reassumir integralmente as qualificações, agora acrescidas de outras vocações para a perfeição.
E se o indivíduo desperdiçou a encarnação? Aí a existência no etéreo prossegue como se não tivesse havido qualquer interrupção. É penoso? Sim, extremamente, especialmente porque se sabe que houve um passado mas que queda perfeitamente oculto sob os escombros das malversações próprias de quem se tornou ainda mais mesquinho, deixando de aprofundar-se nas verdades, para contribuir mais intensamente para a fixação das más inclinações do caráter. Não se lembram tais pessoas dos fatos, dos amigos, das circunstâncias que precederam o encarne, mas fica-lhes expressivamente consignado que tudo decorre das falhas da personalidade.
Hão de querer saber os amigos se tais recursos pertencem à lei de causa e efeito, uma vez que as figurações mentais se coadunam exatamente com as perversões estimuladas por uma vida de crimes ou de gozos imprestáveis, porque fundamentados no egoísmo ou no aviltamento dos seres do seu relacionamento.
A resposta só poderá ser afirmativa, uma vez que nada sucede que não seja a exata reação a cada ação. É no plano da matéria que os atos bárbaros muitas vezes ficam sem punição, até mesmo através da inconsistência consciencial, dadas as muralhas que se erguem dos racionalismos que justificam qualquer atitude.
Na espiritualidade, porém, as coisas não ficam totalmente nos domínios das criaturas, pois aqui os argumentos da força, da superioridade, da riqueza, da idade, da prioridade etc., não têm valor corrente, a não ser na formulação das entidades que se espraiam pelas profundezas das cavernas, onde existe perfeito simulacro de certas sociedades desajustadas quanto aos padrões evangélicos. Mas tudo aí ocorre como realidade virtual, uma vez que a súplica dos arrependidos sinceros os arrebata de tais sofrimentos, deixando os demais sem compreender por que, de um momento para outro, não conseguem atingir aqueles com quem satisfaziam as ânsias da perversidade.
Cuidar, pois, do regresso é de rigor, para se subtrair das torturas resultantes dos malfeitos.
Mas o presente desenvolvimento é extremamente cansativo e deveras se encontra repetido por toda a literatura espírita. O que iremos evitar, suspendendo aqui a dissertação, é o incentivo cego ao sentimento de culpa, para o que remetemos à leitura do texto anterior. Para seu melhor aproveitamento, devem os amigos deixar o coração leve, por meio do imenso desejo de superar todas as deficiências porventura detectadas no caráter.
É chegada a hora da utilização, em proveito próprio, do conta-gotas do amor, da paciência e da perseverança, pois a só dedicação ao trabalho de recuperação dos semelhantes não bastará para a redenção. É bom que recordemos a palavra de Jesus, que nos recomendou que amemos o próximo da mesma maneira pela qual nós nos amamos a nós mesmos. Amar os semelhantes, odiando-se a si mesmo, fere, portanto, o preceito evangélico.
Eis que o discurso toma ares de subsídio para a aplicação dos dizeres do texto anterior, já que o colega que discorreu a respeito da culpa esteve mais propenso a falar em caráter genérico, sem relacionar com os aspectos mais práticos do emprego dos ensinos diretamente sobre a consciência em descompasso com a realidade cármica superior.
Fiquemos todos nas mãos do Pai, que teremos a certeza de que o nosso regresso será vitorioso.







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PERTO DO FIM





Quando o homem atinge idade provecta, começa a suspeitar de que está bem próximo do fim. Entretanto, há muitíssimos mais que entregam a alma a Deus em idades as mais variadas possíveis, sem a percepção de que estaria chegada a sua hora.
Que recomendação se poderia esperar deste grupo, a não ser aquela de que todos devam considerar a hora presente como a mais próxima, até o momento, do término da peregrinação? Pois será exatamente essa a exortação desta mensagem, pois é chegado o tempo de não mais titubearmos, principalmente quando já avançamos nos diversos temas discutidos, particularmente o dos desgostos, dos sofrimentos provocados pelo sentimento da culpa e o da necessidade de cuidarmos do regresso à pátria espiritual.
Então, podemos todos afirmar que nunca antes estivemos tão perto do fim e isto é verdade verdadeira. Além disso, a cada instante que passa, ainda mais próximos estaremos. São afirmações bastante pueris, contudo, são pouquíssimos os que atentam para o fato, deixando-se embalar pelas ilusões do mundo, sem considerações mais sérias a respeito de que o preço a ser cobrado foi fixado, desde a eternidade, pelo Pai.
Aqui vão, pois, as recomendações mais ponderadas que a sabedoria espiritual poderia fornecer aos encarnados: tomar a precaução de pautar todos os procedimentos pelos mandamentos de Jesus, na idéia de que antes tarde do que nunca é o que deve nortear as atitudes de assimilação dos valores evangélicos.
Sabemos que muitos leitores estão de há muito engajados na luta pelo aperfeiçoamento das qualidades morais superiores, através de honesto estudo e diligente aplicação dele nas tarefas do socorrismo fraterno, quer no atendimento aos irmãos necessitados de conforto moral ou material, quer na doutrinação intensa de amigos do etéreo trazidos às mesas da fraternidade mediúnica.
Pois que não haja, para tais abnegados confrades, desestímulo ou hesitação possível. Que o nosso reforço tenha chegado no justo instante das primeiras dúvidas, por força das querelas que se travam no âmbito dos relacionamentos humanos, nem sempre perfeitos. Que nossa palavra de exortação encontre os amigos fortalecidos em seus desideratos de amor, constituindo-se ela em forte incentivo para seguro prosseguimento no campo das benemerências. Que a nossa participação esteja coerente com as razões que necessitavam ser ouvidas por quantos tivessem alguma sombra de vontade de deserção, mediante fortes indícios de que a vida estaria sendo desperdiçada, em virtude de muitos programas estarem em vias de falência. Que nosso forte empuxão para a frente se dê no exato momento em que as últimas forças estejam apagando-se diante da iminência da passagem para o outro plano existencial.
Qualquer seja a circunstância de nossa presença, que tenha o condão de favorecer os bons amigos na decisão que deverão tomar, sempre no sentido de tornarem os encarnes substanciosos, para que não precisem, de novo, perlustrar os caminhos da Terra, tendo inscritos nos roteiros das existências os mesmos dispositivos cármicos de agora. Que a próxima volta ao recinto denso da matéria se dê na augusta condição de missionários do amor, para que suas atuações se constituam na alavanca que soerguerá os irmãos de dentro dos escombros da malignidade e dos vícios.
Estamos trazendo palavra de profundo respeito pelas figuras dos irmãos, especialmente porque sabemos que todos o que mais preservam é a importância que atribuem à possibilidade de se guiarem livremente pelo próprio arbítrio, em harmonia com o grau de responsabilidade que todos devemos assumir perante a vida e os protetores. Se estivermos absolutamente cônscios dos deveres e dos compromissos assumidos de condução do encarne pelas vias do amor e do desprendimento em favor dos que nos são caros, então que nossa vontade soberana consagre os princípios evangélicos como os mais propícios para a consecução integral daqueles objetivos.
Graças a Deus, não temos a pretensão de trazer a solução para todos os problemas tomados particularmente, indicando tão-somente as diretrizes gerais que devem orientar as determinações de cada qual. Todavia, se formos consultados na intimidade dos lares, através de súplicas endereçadas ao Senhor, iremos ficar absolutamente felizes em poder contribuir para a erradicação dos males e para a fixação das virtudes. Para tanto, será necessário recorrer à fé de que todos os nossos dizeres estejam vazados nos cânones estabelecidos na espiritualidade para os liames possíveis entre encarnados e desencarnados.
Caso não haja firmeza nessa postura diante do espiritismo como fruto da naturalidade das leis de Deus, recomendamos que se leiam as obras principais publicadas pelo Codificador, eximindo-nos de repetir-lhes os títulos, por sobejamente conhecidos. A começar das informações seguras dos espíritos até os comentários preciosíssimos de Kardec, tudo deve ser lido e meditado proficientemente, quer em sínteses individuais, quer em análises junto às equipes que se reúnem com essa precípua finalidade.
Existem inúmeros compêndios editados, mercê da boa vontade de espíritos de inconteste sabedoria, conforme o apanhado seguro de diversos médiuns eminentes. Tais obras são meramente subsidiárias, próprias para quem deseja aprofundar os estudos das diferentes teses como pontos de doutrina merecedores de aguda reflexão. Mas isto só os mais entusiastas e os mais capazes procurarão realizar e, para estes, não seremos nós que traremos qualquer novidade, nestes comentários pobrezinhos de alunos de primeiras letras.
Os demais saberão reconhecer que terão muito para assimilar dos conhecimentos trazidos aos encarnados e é a estes irmãos menos aquinhoados pela capacidade intelectual que estamos dirigindo-nos, conforme a nossa própria condição vibratória nos permite. Sendo assim, que estes conselhos encontrem a boa vontade de todos; sobretudo, que achem os leitores dispostos a ouvir, como disse o Mestre, com ouvidos de ouvir.
Terminando a arenga, para não se dizer que esquecemos de elevar os pensamentos ao Pai, vamos rogar juntos que nos assista nas decisões mais importantes, encaminhando-nos para as pegadas de Jesus, conforme a mais sábia deliberação possível e segundo as nossas qualidades, na presente conjuntura de nossas existências.
Pai nosso, que estais ...







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PARCEIROS





Temos percorrido a sociedade atual e encontrado a figura dos parceiros em substituição ao que denominávamos, no último encarne, de amantes ou amásios. É a instituição do casamento que está a sofrer diversas modificações importantes, de acordo com a proposição que, no século XIX, alguns próceres do espiritismo estabeleceram, evidentemente para firmar a doutrina diante do poderio das igrejas institucionalizadas.
Caso os amigos não estejam recordados, lembramos a postura de Camille Flammarion, em seu romance Estela, no qual faz o casal de protagonistas unir-se tão-só pelo amor que os atraía.
O princípio do casamento, entre os espíritas atuais, está configurado exatamente da mesma forma, não se sujeitando os nubentes a qualquer vínculo, segundo os ritos religiosos. Basta-lhes firmar compromisso perante a sociedade, solicitando a um juiz de paz que consagre o matrimônio por meio da legislação vigente.
Não teria qualquer importância o nosso comentário se nos ativéssemos a examinar a situação do ponto de vista dos encarnados. Para justificar a exposição mediúnica, é preciso considerar os dramas íntimos que quase sempre se despertam no seio das famílias, muitas das quais firmemente presas aos dogmas das diferentes religiões cristãs, notadamente a católica. Assim, se o casal quiser tornar os pais menos infelizes, não vemos óbice algum em se deixarem abençoar, em cerimônia íntima, por algum sacerdote esclarecido, conhecedor do problema consciencial dos familiares. Não haverá, de modo algum, qualquer deslustre para as convicções filosóficas dos noivos, especialmente se consagrarem sua meditação ao fato de que a solenidade tem preponderante aspecto social, não requerendo qualquer juramento que possa desviar da postura moral requerida de quem sabe que a verdade se encontra nos ensinos de Jesus, sob a luz das explicações de Kardec.
Serão os jovens, parceiros, no enfrentamento das vicissitudes da vida. Serão parceiros, nas alegrias e nas tristezas e demais situações que de costume são lembradas nas solenidades para o enlace matrimonial. Que cada qual saiba respeitar os direitos do outro, da mesma forma que deseja ver respeitados os seus, é o que mais se pede, para que haja harmonia perenal, de forma que se constitua sólida família, a propiciar ambiente propício para a criação e educação dos filhos.
Sendo assim, não há por que não seja abençoada a união, mesmo que distante dos altares e dos cartórios. Que prevaleça o amor, compreendido como a mais sublime virtude, conforme a pregação cristã, e a felicidade se estenderá até o final dos dias, predispondo as almas para serem recebidas em festa pelos companheiros do etéreo.
Que melhor forma haverá para se preparar convenientemente para o fim dos nossos dias?







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O CAMAREIRO DO REI





Desde há muito, os ideais monárquicos estão restritos a uns poucos países, mas existe ainda o fascínio pelas histórias que possam envolver as figuras míticas dos tempos medievais.
Dentre as personagens mais irrisórias que nos ficaram dessas narrativas, está a figura do camareiro real, lacaio de alta libré, a serviço do mais alto dignitário da nação, mas de linhagem obscura, apesar dos domínios muitas vezes largos que conseguiam amealhar, mercê dos favores especiais que conseguiam oferecer ao monarca.
Mas o nosso relato não vem para resgatar a excelsitude dessas mesquinhas figuras, antes para ressaltar o quanto estão incorporadas, nas mentes das pessoas, as atitudes da subalternidade altiva daqueles que se julgam muito próximos dos poderosos, sem, contudo, terem qualquer possibilidade de desempenhar papel de relevância. Assim, existem pessoas que não alcançam os objetivos dos patrões mas que estimam estar ao lado das figuras preeminentes, talvez para usurpar-lhes um pouco da glória.
No campo das religiões, isto acontece institucionalizadamente, uma vez que há encargos definidos de compromissos pessoais em relação aos mais categorizados, não devendo os serviçais ultrapassar em astúcia a qualquer deliberação a que tenham a prioridade de assistir. Devem silenciar, como se surdos fossem para todas as palavras e intenções. E assim, se espojam diante dos protetores, evitando dar-lhes conselhos que bem poderiam representar algo útil no encaminhamento das soluções dos inúmeros problemas que soem assoberbar a mente aos que têm postos de comando.
Mas as investidas nos campos do conhecimento não lhes estão vedadas definitivamente, de forma que todos os que se situam genericamente nas condições de camareiros do rei vão aprendendo a deliberar de modo bastante resguardado, valendo-se da necessidade de estarem calados, o que vai constituindo-se em hábito muito saudável, a evitar que se precipitem nos julgamentos e deliberações.
Há um lado mau, qual seja o de que muitos, numa desforra íntima, bastante compreensível, se voltam contra os subalternos, exigindo deles o mesmo respeito e consideração que devem demonstrar relativamente aos seus superiores. Mas, se o encadeamento se der perfeito, ninguém ousará clamar contra as falsidades que se evidenciarem, de forma que muitos serão aquinhoados com paciência e prudência. Se juntarmos a isso algum afeto provindo da admiração e do reconhecimento dos serviços prestados, poderemos ver crescer o sentimento da benquerença, que poderá evoluir para o amor que todas as criaturas deverão um dia sentir entre si.
— Mas a que vem tal desenvolvimento? — estarão de há muito interrogando-se os amigos leitores. — Será que o grupo desandou da costumeira postura de judiciosa demonstração da necessidade do procedimento evangélico?
— Não, caros amigos, não estamos ficando loucos nem o escrevente está tendo alucinações. Estamos tão-somente desejando expor, de forma muito clara e bem pausadamente, que as pessoas devem agir como reais camareiros, isto é, deixando passar o tempo sem tomar decisões que possam constituir-se em empecilhos para o desenvolvimento, mas não postergando jamais a deliberação de meditar profundamente a respeito de todos os temas morais e espirituais que se colocam sob suas vistas. Quando vier a hora da resolução dos problemas, deverão estar bem definidas as variáveis controláveis e as que se situam fora do âmbito da vontade, para que todas as atitudes possam fundamentar-se nos conselhos evangélicos, conforme o que explicitamos nas mensagens anteriores.
Devem estar os amigos imaginando-nos bem velhinhos, de extensas barbas brancas, prontos para, prudentemente, resguardar-nos perante os desafios da existência. Não é verdade. Somos seres muito sofridos, que não desejamos mais cometer os inúmeros deslizes com que, repetidamente, por vários encarnes, tivemos o desprazer de ferir a vários irmãos, onerando por demais os nossos destinos. Uma das qualidades do bom conselho é que sirva eficazmente para o próprio conselheiro e isto é o que desejaríamos ouvir dos superiores, bons camareiros que pretendemos ser. E tais virtudes, que se constituíram para nós em alvo essencial, são as mesmas que colocamos diante dos amigos como padrões de procedimento da mais alta categoria.
Pedimos ao emérito companheiro médium que nos releve os titubeios, nos corrija as falhas e apresente aos leitores texto escoimado de tudo quanto possa significar algo perigoso para suas reflexões. Para isso, é preciso voltar ao início, sob o amparo do grupo. Sendo assim, a formulação que se encontra diante dos amigos perpassou pelas devidas alterações, o que significa que, se outras falhas estão sendo detectadas pelos irmãos, que sejam comunicadas de imediato para esta turma, por força de séria introspeção das razões que estão a justificar-lhes os argumentos.
Eis que terminamos com a costumeira exortação de que os encarnados se atrevam a perquirir do plano espiritual os conhecimentos que lhes parecem estar merecendo restrições de caráter conceitual, especialmente se houver, mescladas ao assunto, razões de caráter moral, a enfraquecer sobremodo a autoridade que pretendemos ter sobre os nossos camareiros, uma vez que nos colocamos na condição de seres mais adiantados, dado o atrevimento de estarmos a redigir textos, mostrando-os em seguida aos que pelejam, muitas vezes, com problemas de caráter bem mais chão.
Enfim, para que haja integração entre todos, que sejamos capazes de demonstrar todo o nosso amor ao Pai e aos semelhantes, através de sincera e expressiva prece de agradecimento pela possibilidade que nos foi dada de podermos refletir a respeito de temas de caráter tão abstrato.


Pai, eis aqui vossos súditos que se pretendem fiéis, que vêm solicitar-vos que lhes abençoe a ousadia de terem erguido a voz perante os irmãos, buscando incentivá-los à prática dos ensinamentos de Jesus. Não considereis a nossa fala, mas as nossas intenções, de modo que possamos tranqüilizar-nos por termos exercido o difícil papel de conselheiros. Aceitai esta humilde petição e elevai os pensamentos dos leitores, no sentido da compreensão dos próprios deveres para com a existência, o que os fará crescer em virtudes. Atenuai os efeitos deletérios da pregação e fazei com que os amigos consigam vislumbrar, por detrás do discurso, os sentimentos que estão a nos impulsionar para o efeito da corajosa peroração. Recebei esta prece benevolamente e perdoai-nos os arroubos da eloqüência. Assim seja!







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PRESTE ATENÇÃO!





Esta mensagem poderá ser frustrada a qualquer momento pela vontade do irmão médium. No entanto, se ela está aqui por inteiro, quererá isto forçosamente significar que o amigo deu curso à sessão mediúnica, propenso a aceitar o ditado como bom. Sendo assim, não há negar que a influenciação magnética está vigorosa e os irmãos da equipe atentos para tudo o que possa ocorrer, mediante as proposições que vêm da parte dos instrutores.
Não vamos escrever por escrever. Vamos solicitar ao leitor que preste atenção ao teor do texto, para poder tirar algumas conclusões preciosas a respeito de como se dá o mecanismo da mediunidade.
Fique atento para as razões aparentemente distorcidas que nos trazem perante o escrevente ao estimulá-lo para a escrita. Quase sempre os espíritos são obrigados a alguma demonstração de força vibratória ou argumentativa, para que o médium não venha a considerar como de animismo a produção que vê criar-se diante dos olhos. Não é difícil para o etéreo decifrar as tendências das vibrações do amigo de que se serve, evitando que ocorram desvios ponderáveis, capazes de anular o esforço da equipe que se reuniu para o efeito da aprendizagem do manuseio do instrumental à disposição.
Se o bom leitor não estiver conseguindo enxergar a intenção do grupo de fazer com que reflita a respeito das próprias condições intelecto-afetivas, no sentido de capacitar-se para a escrita psicográfica pela mesma forma que está o escrevente traduzindo-nos as idéias, que se satisfaça com as outras qualidades que, por certo, estão a lhe apaniguar a contextura da mente e do coração.
Cada ser é um ser, completo em sua formação e em sua manifestação. Há os que têm mais aperfeiçoados certos traços do caráter, mas nunca por terem recebido de graça. Por conquista, sim, através do muito esforço com que conseguiram vencer os aspectos mais infelizes de suas cataduras, exigindo de si mesmos que viessem a superar as dificuldades mais evidentes e mais prejudiciais, contornando, freqüentemente, as ambições que se punham frontalmente contra o desiderato da razão.
Existem muitas pessoas que têm medo, outras que são imprudentes, outras ainda que não concebem a felicidade desvinculada dos bens materiais, os quais arrebatam dos irmãos, completamente inconscientes dos males que praticaram contra eles. São todos seres muito inferiores na escala humana, mas perfeitamente corrigíveis, se se aplicarem com denodo à compreensão do que seja a vida e, mais ainda, a existência, como algo que se perpetua eternamente, embora fique absolutamente impossível de sofrer qualquer controle.

Pensamos ter respondido a algumas questões que vemos chegar de diversas partes, pois há muitas pessoas que se sentem profundamente frustradas por não conseguirem realizar os mesmos feitos dos companheiros. Não se trata de inveja, propriamente dita, mas de desestímulo diante das façanhas que se julgam incapazes de reproduzir. Assim, existem pessoas que mal conseguem solfejar algumas notas mas que aspiram a dar concertos em grandes recintos. Outras, capazes das realizações mais perfeitas no campo profissional onde conseguem o sustento de cada dia, ficam imaginando sua incompetência para administrar, por exemplo, hospital de grande porte.
Há crises nervosas que não se justificam aparentemente, a não ser que obtenhamos informações íntimas, mas nem todas as pessoas conseguem demonstrar o que realmente são, derivando suas reações para campos absolutamente dissociados dos reais problemas que as afligem. Por isso, a recomendação para que se preste atenção em tudo adquire suma importância diante dos fatos mentais ou psíquicos.
Vamos refrear os maus hábitos, vamos crescer na confiança de que o Pai é benigno para com todos, vamos crer em que algo existe por trás de cada falha pessoal, perfeitamente superável quando depositamos plena fé na divina justiça. Saibamos esperar os melhores dias, não medindo jamais os fatos pelas circunstâncias que os envolvem, mas dando a cada um o aspecto do absoluto, que sempre existe a formar o âmago das coisas. Em outros termos, saibamos compreender que tudo se une no universo para o efeito do aperfeiçoamento final dos seres, mesmo até o que nos esteja parecendo como a mais frustrante tendência de caráter pessoal.
Vamos evoluir serenamente, pretendendo conquistar todas as virtudes sem precipitação, através do desapego às grandezas materiais e do entendimento de que existe ampla possibilidade de se atingir o ápice de todos os atributos, se não em uma única vida, em diversas passagens obrigatórias e outras tantas missionárias. Deixemo-nos estar confiantes nas severas mas indulgentes mãos de Deus.







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FALSA REALIDADE





Pode parecer aos menos advertidos que o que iremos afirmar contrarie tudo o que já se disse a respeito da realidade. É que iremos dizer que, tal como a verdade espiritual representa o ideal das concepções mais realistas, a realidade espiritual é a que significa a verdade final a que todos deveremos curvar-nos.
Evidentemente, enquanto estivermos sob o jugo da carne, muitos dos raciocínios vão basear-se na aparente concretude dos eventos que ocorrem sob as sensações de que estamos dotados enquanto seres terrestres. Todavia, quando estivermos meditando, portanto, à medida que adquirimos o poder de abstração das circunstâncias, igualmente como Platão colocou na célebre passagem do mito da caverna, iremos configurando que a nossa realidade se constitui apenas de sombras, havendo um mundo de perfeição bastante claro para quem tem a capacidade de penetrar fundo nos conceitos filosóficos, ultrapassando o acidental e chegando ao absoluto.
Contudo, como o plano imediatamente seguinte ao carnal é bem próximo deste, não se espere que, em seguida à morte, já seja o indivíduo imerso nas realidades perenais. Ainda terá de muito purificar-se para adquirir o direito à contemplação e ao usufruto das verdades mais abrangentes, devendo perlustrar inúmeras estradas do conhecimento e do aperfeiçoamento espiritual, para poder vislumbrar o rumo que deverá tomar para a perfeição.
Teríamos de suspender aqui a dissertação, pois não há mais avançar nesse sentido. A conclusão de que o homem e tudo que o cerca é imperfeito é de obrigação. A dedução de que existem planos mais elevados e mais puros também é obrigatória para quem admite a existência da realidade e da possibilidade da ampliação dos conceitos, no sentido de seu melhoramento, conforme se pode verificar que sucede quando passamos os líqüidos por sucessivas depurações, o que é exemplo muito rudimentar mas categórico para aquilo que temos em vista demonstrar. Finalmente, a indução de que, desde que se partilhe da crença de que existem outras realidades, onde estaremos após a morte do corpo físico, deve levar-nos a compreender o sentido do aperfeiçoamento. Eis que se fecha o círculo dos raciocínios, em função dos objetivos mais elevados a conquistar.
Mas nada do que escrevemos até aqui poderá significar qualquer acrescentamento ao que todo homem é capaz de inferir, se se atrever a pensar um pouquinho a respeito da vida e da existência. O que queremos acrescentar aos silogismos é o fato de que a realidade em que se vive é falsa, até o momento em que a nossa vontade deliberar que deva prevalecer em tudo que fizermos. Em outras palavras, se vivermos somente para a realização de ideais a serem completados no campo da matéria, não avançaremos um passo no sentido de levar a alma ao aperfeiçoamento que se aguardava ao ser internada no corpo. É preciso compreender os ideais superiores, mas não só isso: é preciso passar a pautar os atos da vida em função deles, esquecendo-se de que existem falsidades, buscando penetrar mais fundo no conhecimento das intricadas leis que regem a composição ou o arranjo dos acontecimentos, em função de nossa atuação na vida.
Não estamos, absolutamente, brincando com as palavras. O que estamos desejando deixar totalmente esclarecido é o fato de que as coisas, na matéria, guardam íntimo relacionamento com os ideais que se situam fora dela, tendo cada indivíduo de bastar-se a si mesmo para consagrar-se à percepção do que representa para si tudo o que o cerca. Existe, portanto, um ponto de interseção ou de junção, onde se encontram as essências espiritual e material, e tal conjunção se realiza de modo diverso para cada indivíduo, segundo seu grau de adiantamento.
Por isso, não será de imediato que todos os homens se curvarão à evidência de que devem sofrear muitos de seus impulsos meramente carnais, para compenetrarem-se de que existem outros ideais superiores, uma vez que nem todos estão igualmente aptos a considerar o quanto existe de falso na realidade circunjacente.
Mas os mais adiantados, espiritual e moralmente, não podem desprezar o fruto de suas reflexões, para se deixarem embalar pelos gozos fáceis das sensações que o organismo é capaz de proporcionar. Tudo o que gera dependência física ou mental deve ser rigorosamente analisado, até que se descubram os elementos de perniciosidade que contenham, para o fim de sua completa eliminação.
Não estamos pleiteando a ninguém que eleja a vida dos ascetas como a que melhor fará cumprir os objetivos cármicos. Longe de nós sequer sugerir semelhante desequilíbrio. O que estamos incentivando, desde o começo das pregações, é, ao contrário, que o indivíduo se volte para si mesmo, desde que mantenha lúcido relacionamento com os demais seres humanos, os quais formam a paisagem moral onde se devem aplicar os ensinos evangélicos e a quem se deve dar total amparo, especialmente quando estamos a observar que são muito poucos os que verdadeiramente conseguem viver sob as luzes dos mandamentos cristãos.
Vencer a displicência, a morbidez, o fastio, o tédio, a má vontade, superando os estados mais deprimentes provocados pelas noções do fim de tudo com a morte ou pelas revoltas contra as injustiças supremas, que apaniguam certos indivíduos em detrimento da maioria avassaladora dos miseráveis, é talvez o ponto de toque de nossas exortações, pois a alegria de viver em harmonia com a natureza, entendida aqui como o fulcro das atividades intelectuais, morais e espirituais que deverão reger o procedimento exterior, será o apanágio maior a ser exibido por ocasião do reingresso no plano da espiritualidade.
Não temeremos a morte, se soubermos compenetrar-nos de que cumprimos os deveres da vida e isto só conseguiremos quando estivermos absolutamente convictos de que tudo o que realizamos serviu para enaltecer a criação, porque respeitamos e atendemos as criaturas. Que esta busca do infinito nos encha o coração de amor por tudo, porquanto esse sentimento servirá para camuflar a acidentalidade dos eventos e do mundo, tornando-nos a vida, desde já, completamente adequada à existência futura, quando os valores que se infiltrarão em nosso ser tiverem o condão da eternidade.
Sabemos que é extraordinariamente difícil de se conceber a vida sob tais condições de grandiosidade, contudo, se conseguirmos transformar as ânsias em serenos apelos, teremos como retorno, em resposta às preces, gota a gota, as inefáveis graças das bênçãos do Senhor.







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SOLDADO DO CRISTO





Após termos exaustivamente revelado a necessidade de cada qual esmerar-se ao máximo para o aperfeiçoamento das qualidades naturais de que seja portador, aumentando gradativamente o rol das virtudes evangélicas com que passará a adornar a alma, temos de enviar o sôfrego leitor para as considerações de caráter missionário, as quais, forçosamente, um dia ou outro irá desenvolver, servo que será do Senhor dentro de alguma instituição de benemerência.
Se é útil emprestar o nosso valor para as obras da caridade material, muito maior mérito teremos quando nos enfronharmos nos árduos caminhos da evangelização, tornando-nos humildes representantes do Cristo perante a comunidade, mercê do muito progresso que tenhamos adquirido, por via dos estudos intensíssimos que realizarmos.
Eis bandeira que honra a qualquer cristão desfraldar no ponto mais alto da personalidade.
Saibamos, pois, reconhecer a hora em que de nós dependerão muitos outros seres menos aquinhoados de recursos, que se encontram na expectativa de receber alguma palavra orientadora e estimuladora. Partamos para tal mister bem preparados, através do concurso amigo daqueles que, antes de nós, souberam que a hora era chegada do ministério do grande amor universal.
Ao nos filiarmos a qualquer instituição de caráter benemérito espírita, encontraremos em desenvolvimento ou plenamente instalado o departamento de evangelização e ensino dos principais tópicos da doutrina. Aí, após reservados estudos coletivos, adquiriremos as condições essenciais da pregação tête-à-tête e nos tornaremos, inicialmente, os primeiros baluartes da moralidade com que se depararão os adventícios. Se formos bem capacitados para as entrevistas que estarão sob nossa responsabilidade, estaremos aptos a estabelecer sadio interesse na aquisição dos conhecimentos, de forma a atrair novos companheiros para a seara do bem e do amor.
Um pouco mais tarde, estaremos treinando a palavra diante dos auditórios, a iniciar pelos da própria comunidade, em reuniões preparatórias, para podermos atingir públicos heterogêneos, nas várias situações em que se agrupam os indivíduos, muitas vezes sem que tenham recebido qualquer aviso de que estarão sob os impactos das formulações teóricas do espiritismo.
Não será preciso esmiuçar aqui todos os cuidados que deverão os amigos ter para esses momentos de imensa significação, dado que nosso interesse é só o de incentivar para as futuras responsabilidades, quer no âmbito da matéria, quer no etéreo, seja nesta, seja em próxima encarnação.
Eis a importância de dar ouvidos às colocações dos amigos da espiritualidade em seus discursos mediúnicos, uma vez que não se conseguirá passar adiante, rumo aos pontos mais adiantados dos níveis evolutivos possíveis neste atual estágio existencial, sem que se tenha assimilado, integralmente, todos os recursos oratórios fundamentados nos conhecimentos da doutrina espírita, segundo o que nos foi e será revelado pelos mentores encarregados do aperfeiçoamento dos espíritos, neste setor galáctico do Universo.
Que sérias palavras estamos a deitar sobre o papel, bem diferentes das agradáveis tertúlias do começo das transmissões! Ainda bem que soubemos bem dosar as palestras, levando paulatinamente o amigo leitor a ir decifrando os diferentes aspectos das iniciativas que lhe são requeridas para poder usufruir, em glória, a presente travessia cármica. Mas a vida prosseguirá integérrima, eternidade afora, segundo as determinações contidas nas diferentes leis emanadas do Senhor, no ato da criação. Somos criaturas, o que quer significar que temos de cumprir todas as etapas determinadas, para podermos alcançar, em plenitude, todos os objetivos existenciais. E os pontos ressaltados fazem parte da programação obrigatória. Sendo assim, o quanto antes admitirmos a necessidade de nos integrarmos em algum núcleo de assistência fraterna, mais cedo estaremos dando curso ao nosso destino superior.
Eis que chegamos ao fim dos apelos. Daqui por diante, caberá ao irmão decidir-se pela estrada do bem, evitando ficar-lhe à margem, como o soldado que suspende a luta, pretendendo ter esgotado a sua quota de sacrifícios em prol da pátria. Nesta luta, jamais haverá término, como não existirão vencidos, apenas vencedores, pois todos temos de suplantar os inimigos mais ferrenhos, quais sejam a ignorância, os vícios e o azedume íntimo de tudo considerar sob suspeita, a impedir que nos perfilemos, em formação de ordem unida, nos batalhões do Senhor.
Eia, avante, soldados do Cristo! Sus, vençamos a indolência, a má vontade e aceitemos caminhar lado a lado com os missionários do amor. Eis que é chegada a hora da batalha, para honra e glória do Senhor!







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A POESIA DO BEM





Realizar o bem com muito amor é algo que provém dos sentimentos mais puros, próprios dos espíritos angelicais. Somente quem está verdadeiramente desprendido de toda sorte de bem material consegue forças emotivas para suplantar qualquer movimento interior de menor envergadura moral, para se vincular somente às vibrações quintessenciadas dos seres mais perfeitos em condições de entrar em contacto com os encarnados.
Não é preciso dizer que tal pureza de sentimentos promove a aspersão dos benefícios por todos os que se aproximarem das pessoas assim apaniguadas, quer no sentido de evitarem-se maus fluidos perturbadores da ordem e do progresso, quer no de tornar os semelhantes afeitos ao recebimento dos ensinos mais sábios, na trilha dos que Jesus deixou palmilhados pelos caminhos por onde peregrinou, conforme se pode avaliar através da leitura dos Evangelhos.
Se o caro leitor não tiver o condão de situar-se junto aos demais como anjo provedor, consoante a descrição acima realizada, que saiba observar nos companheiros as qualidades excelsas que os tornaram seres com a superior missão de trazer consolo e conhecimentos aos irmãos menos aquinhoados de virtudes. Dessa sutil avaliação, deve brotar profundo sentimento de respeito e simpática emulação, para que mais pessoas se sintam no dever de prosseguir na luta de auxílio a todos os que se vejam em dificuldades diante das misérias de encarnação frustrada, qualquer seja o sentido das malversações das energias.
Aos poucos, a inveja, o ciúme, os pruridos de mal-estar, por se perceber que os mais adiantados estão à frente no campo evolutivo, vai cedendo e as pessoas conseguem ir verificando que tais conquistas se fizeram mercê de lutas ponderáveis para o aperfeiçoamento. Não fora assim e ninguém poderia ostentar qualquer virtude, pois não há beneficiário inoperante quanto aos deveres da aquisição dos bens através do trabalho, da lágrima e do sangue.
Muitas vezes, os mais venturosos parecem sorrir de satisfação, apresentando os resultados das conquistas, dando a impressão de que tudo lhes adveio aos domínios sem quaisquer esforços. Não é assim que vemos os herdeiros ou os felizardos vencedores das loterias? Não é assim que, freqüentemente, encaramos o sucesso de quem adquire grandes propriedades em virtude de se terem lançado nos negócios, suplantando muitos outros que intentavam vencer os mesmos obstáculos? Pois os exemplos que citamos estão todos dentro dos limites estabelecidos pelo campo material.
No quadro das aquisições de caráter moral ou espiritual, não há possibilidade de se citar qualquer exemplo de alguém que tenha tido facilitada a luta. Às vezes, hesitamos diante de certas pessoas que parecem estar na posse de suavidade natural desde a mais tenra infância, demonstrando vigor físico, inteligência, beleza, faceirice e tratamento condigno às criaturas melhor aquinhoadas, através dos elementos mais sedutores do relacionamento social. São seres que têm o poder da atração e da manutenção magnética do brilho que prende e arrebata. São entidades muito desenvolvidas e aparentemente nada fizeram para merecerem portar tão distintas qualidades.
Mas a nossa perspectiva deve afastar-se um pouco do desempenho que se nota na presente encarnação. Talvez — e nossa dúvida é meramente retórica — tenham vindo para a Terra com missões bem definidas, pois não têm necessidade de errar pelo orbe das provas e das expiações, no aguardo dos sofrimentos revigorantes. Passam a vida toda como se flutuassem por sobre nuvens de regalias, sem conhecerem o áspero e rude caminhar pelas pedras e pelos espinheiros. Caberá, então, responder a uma única questão:
— Não terão tais seres maravilhosos tido outras aventuras na face da Terra, nas quais sofreram as mesmas agruras que nos afetam atualmente, tendo superiormente enfrentado todos os males, suplantando as vicissitudes com o espírito evangelizado, respeitando as leis do Senhor e os mandamentos do Cristo?
Eis que chegamos ao ponto extremo das reflexões a respeito do que se espera de cada qual, não na corrente encarnação, mas nas sucessivas voltas aos domínios da carne, até que estejamos preparados para receber a felicidade como algo absolutamente natural, em conseqüência da aplicação integral ao bem dos irmãos.
É, pois, preciso ficar muito atento com o desenvolvimento de todos os recursos disponíveis, não perdendo ocasião de oferecer à consciência condições de se sentir completamente satisfeita, por haver dominado os baixos instintos, permitindo ao coração pulsar livremente, sem o perigo de qualquer sensação de arrependimento ou de remorso. Para isso, há a necessidade de se sentir absolutamente seguro quanto aos valores que devem constituir-se nos fundamentos de todos os atos; e tais valores serão fornecidos pelas atitudes mais frementes provocadas pelo desejo de acertar o passo pelos exemplos de Jesus.
Sentir o bimbalhar dos festivos sinos do Natal, na expectativa da reunião familiar mais promissora da felicidade ao alcance de nossas concepções existenciais, enquanto seres encarnados, deverá ser o marco inicial das venturas que se acrescerão de inúmeros outros sucessos, todos hauridos do amor que de nós se espargirá por todas as criaturas.
Que tais sentimentos de perfeição moral sejam a antevisão dos deleites que nos estarão à espera quando transpusermos os umbrais da vida, para a definitiva confirmação de que soubemos viver, tendo crescido espiritualmente, capacitando-nos a freqüentar círculos mais elevados, onde o bem é a moeda corrente e os sentimentos se expandem com naturalidade através da música e da poesia, mercê do muito de fé e de esperança que se nos terão infiltrado no coração. Não mais a torpe malícia dos raciocínios egoístas, mas sentimento de confraternização, de camaradagem e de solidariedade, a presidirem todos os empuxos das ações, na configuração superior do pensamento equilibrado pela doce presença íntima de Jesus.
Eis o programa indefectível de todos os seres, quer queiram ou não, quer deliberem aceitar ou não a necessidade cármica da evolução espiritual, quer julguem ou não oportuno iniciar as reformas a partir deste exato instante. Não viemos para desestimular, mas para incentivar até o grau mais elevado possível a que todos se unam em torno dos ideais cristãos, que se revelam a cada instante na consciência sempre alerta, embora freqüentemente sufocada.
Vivamos desde já a poesia do bem, pois para isso estamos perfeitamente preparados pela espiritualidade, que nos tornou suficientemente sábios para a compreensão da verdade.
Oremos a prece maior em agradecimento por todos os bens que estamos constantemente recebendo e saibamos atribuir ao Senhor as oportunidades que temos de conhecer o nosso verdadeiro e definitivo destino.
— Pai nosso, que estais...







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PÁGINAS ESQUECIDAS





Tantas são as manifestações superiores dos espíritos de luz que se encontram ao alcance dos olhos dos humanos, que nos atrevemos a suspeitar que os nossos escritos devam ficar totalmente esquecidos no fundo de alguma gaveta do amigo escrevente.
— Então, por que escrever?
Parece-nos ter deixado claro que se trata tão-somente de exercícios escolares, levados a cabo por alunos da Escolinha de Evangelização, durante os cursos de treinamento de contacto com a realidade dos encarnados, a chamada mediunização, parada obrigatória de quanto socorrista tenha o objetivo de ajudar os viventes, no encaminhamento das decisões íntimas, principalmente no sentido do cumprimento das deliberações tomadas por ocasião do implante carnal.
— Mas — exclamarão os leitores —, se estamos diante desta publicação é porque falhou a programação, tendo vencido os mentores as resistências materiais ou doutrinais dos editores!
Neste instante em que produzimos a mensagem psicográfica, não estamos sabendo do destino final dos escritos, de forma que a suspeita do esquecimento se dá mediante os inúmeros compêndios espíritas de caráter mediúnico ou não que estão sendo oferecidos à curiosidade dos irmãos encarnados. Somos bem capazes de autocrítica, a ponto de reconhecermos que os nossos méritos se situam em faixa bastante inferior, até porque não temos o dom da palavra fácil, nem insiste o escrevente em tornar os textos menos pedregosos. Sendo assim, dificilmente passarão às mãos dos irmãos, de forma que a poeira dos armários será o destino mais plausível para os nossos atrevimentos.
Queira Deus possamos romper os obstáculos, tornando as mensagens acessíveis a muitos leitores, de forma a podermos avaliar até que ponto os nossos dizeres conseguem dissuadi-los de prosseguir em suas carreiras de malversação dos bens espirituais ou comovê-los no sentido de possibilitar-lhes integrar-se em equipes de benemerência. De qualquer forma, que nossas vibrações se condensem neste trabalho, de sorte que possamos tirar o melhor proveito dos esforços dos mestres e do escrevente, dando-nos a oportunidade de realização das tarefas que nos estão sendo determinadas.
Como o exercício está concluído, resta-nos agradecer a todos pela paciente atenção com que nos seguiram os raciocínios, esperando se dignem perdoar-nos todas as falhas que, involuntariamente, acreditem, estamos cometendo, inteiramente alheios a elas, por absoluta falta de conhecimento da estrutura superior que devem constituir-se no apanágio das boas comunicações. Valha-nos o treino para melhorar-nos a performance. Entretanto, se, apesar de tudo, julgarem os amigos que algo de valioso pode ser extraído destes escritos, alcem ao céu seu pensamento mais amoroso e agradeçam ao Senhor a benemerência de sua luz.







PALAVRAS DE ADEUS





Estamos despedindo-nos, tendo encerrado a participação nesta mesa. Gostamos demais das reações do escrevente e da cara esposa, bem como dos demais que tomaram conhecimento destas modestas comunicações.
Que estes dizeres se resguardem de alguma possível publicação, não figurando entre os demais textos. Por isso é que vamos tomar a liberdade de falar bastante desabridamente, anotando alguns comentários pessoais.
Saiba, bom amigo, que, ao nos referirmos, na abertura dos trabalhos, ao fato de que haveria prováveis suspensões, não estávamos predizendo nada de concreto mas sim a possibilidade de nos retirarmos algumas vezes para estudos mais práticos, junto a outros aparelhos mediúnicos, de forma que iríamos deixar o irmãozinho distraído com os próprios pensamentos. Tal não foi necessário, de forma que podemos dizer, alegremente, que tudo transcorreu de modo bem acima das expectativas.
Quanto à filhinha, que se encontra doente, não temos outra informação a dar, senão que estamos todos juntos nas preces que se fazem em favor de seu pronto restabelecimento.
Queira aceitar o nosso mais sentido agradecimento e de todos os mentores que nos auxiliaram sobremodo a nos tornarmos um pouco menos noviços.
Fique com Deus, na companhia dos filhos e da esposa querida.
Salve Nosso Senhor Jesus Cristo!

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