A fraternal benquerença entre os homens está subordinada ao arbítrio que cada qual pode exercer sobre as atitudes e procedimentos morais. Se o homem atende a princípios sadios, ouve badalarem sinos de glória, que enaltecem o amor; caso ouça planger em dobre o bronze cinza do luto, é porque sua alma vaga dissoluta pelos prazeres mundanos, esquecida das ardentes solicitações de fervorosa oração em favor dos entes queridos, encarnados e desencarnados. E o sino toca para todos, segundo o procedimento de cada um.
Enaltecer o bem cometido é sinal de mérito no campo espiritual. Quem tiver o coração em desassossego, que principie a luta contra as maldades que comete quotidianamente. É preferível ganhar poucos pontos todo dia, a permanecer no charco das ilusões comodistas que a vida atual proporciona.
Homens de bem, despertem desse marasmo e vivam no Cristo a felicidade de auxiliar os dissidentes da fraternidade humana. É preciso criar sociedade mais pura, fundamentada nos princípios evangélicos. Quem tiver discernimento, que saia à luta. É imperioso que se dissequem as mazelas morais que agrilhoam o homem aos “pecados” da carne. É vigorosa a força de quem tem o coração pleno do amor de Deus. O Cristo fala pelo Pai. Absorvam suas palavras. Leiam O Evangelho Segundo o Espiritismo. Assimilem os ensinamentos que se carrearam para aquelas páginas sagradas. Não se prendam a minúcias desprezíveis do comportamento amoral. Realizem em vocês as promessas do Cristo e terão aberta a estrada da vida.
É preciso sacudir a poeira da inveja, do ciúme. É preciso desataviar-se dos luxos, mesmo os que são produzidos pelas fábricas, em série, as quinquilharias douradas, as lantejoulas físicas e morais. Os homens são ensandecidos com facilidade. O brilho fugaz da pedra atrai os olhares como se fosse a riqueza de Deus. É claro que Deus tudo fez. Mas por que o homem se detém nas coisas materiais incessantemente? A riqueza maior é a da alma. Reajam, por amor de Deus. Desataviem-se desses desatinos morais, que carregam como se fossem os bens superiores da redenção. Cruzes em ouro! É ignominioso! Não se deixem cair em tentação. Arrependam-se de “ter pecado”. Estudem e procedam com correção. Atenuem os fogos de sua paixão produzidos pela egolatria.
O homem se considera o mais perfeito ser da criação. Pura ilusão de momento de insensatez! Tudo que faz provém de força superior que tudo ordena e tudo disciplina. Fugir a essa força é cair no precipício moral mais profundo, de onde sair é difícil. Reneguem o seu “padrão de vida” e aprendam a ser mais simples. Desse modo, as forças vivas do trabalho serão carreadas para o campo e a fome será banida da face da Terra. É vergonhoso saber que irmãos morrem de fome. É ignomínia sem termo.
A fraternidade universal está esquecida nos sonhos antigos do planeta. O egoísmo grassa, massacrando inúmeras intenções de amor fraternal. Pôr cobro a isso é dever inadiável. Registrem bem em seus corações: todo aquele que ama o passageiro, o fútil, o inútil, o efêmero, será do mesmo modo considerado; mas todo aquele que erguer monumentos de amor fraterno será amado e exaltado de igual forma.
A paz do homem é efeito. O que promove a paz? É o amor. Sem amor, há ódio, aversão, esquecimento; há guerra. Evitem agir por egoísmo. Sejam altruístas e de vocês será o reino de Deus.
SÓ O AMOR CONSTRÓI. Este “slogan” foi ditado para que ficasse gravado nas mentes, mas as frases se confundem e ninguém mais sabe analisar com propriedade o valor intrínseco do que ouvem. A vulgarização pela propaganda torna efêmeros a frase e o sentido espiritual nela contido. Os bens morais passam a ser tratados como artigos de consumo e, passada a data e a exploração comercial que dela se faz, esquece-se tudo. A fraternidade está tornando-se produto de compra e venda.
O Natal se aproxima. Ainda uma vez os homens irão improvisar remorsos, atitudes de amor fraterno. Darão presentes. Sentir-se-ão honrados com os que receberem. Achar-se-ão perfeitamente integrados com a Divindade e com a sociedade humana. Alguns poderão até pensar que se santificaram por se terem desprendido de algumas moedas. Ilusão comprada da mesma forma que compraram os bombons e chocolates com que adoçaram os lábios por algum tempo. Compra-se a felicidade no empório da esquina por alguns vinténs e consome-se ela em dois ou três dias de euforia.
A verdadeira felicidade, aquela que tem suas raízes na alma, aquela cujo tronco se ergue frondoso para a eternidade, essa é cortada a machadadas, é vilipendiada. Dendroclastas, vocês destroem os benefícios que Jesus lhes trouxe! Não percebem os males que praticam? Cegos! Abram os olhos para a vida, para a verdade, para Deus, antes que seja tarde demais. Não arruínem sua expectativa de vida e não arremessem as esperanças de salvação de seu irmão no lodaçal de sua egolatria.
Sempre é tempo, irmãos. Sempre é tempo. Abram os livros sagrados e abeberem-se nas fontes da sabedoria. Renunciem a esses disparatados desejos de conforto e de pequenas satisfações carnais. Estendam as mãos aos que sofrem. Mitiguem-lhes a sede de conhecimentos e a fome de amor. Rejuvenesçam para a vida no Cristo. Conheçam o que é dar para poderem receber de Deus sua redenção. É dando que se recebe; é fazendo o bem que se é beneficiado. Atendam com sua fé aos reclamos de Deus e serão benditos entre os homens.
