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Textos_Religiosos-->PALAVRAS QUE PRECISAM SER DITAS -- 27/02/2005 - 16:10 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
WLADIMIR OLIVIER







PALAVRAS QUE PRECISAM SER DITAS




TURMA DOS AMIGOS FIÉIS







Edição da CASA DO MÉDIUM

Rua Cinco de Julho, 1184
Indaiatuba — SP




ÍNDICE


Nota explicativa ..................................
Definições ........................................
1. Do amor ...........................................
2. Da justiça ........................................
3. Do perdão .........................................
4. Da bondade ........................................
5. Da caridade .......................................
6. Da gratidão .......................................
7. Da compaixão ......................................
8. Do pecado .........................................
9. Da salvação .......................................
10. Das deficiências orgânicas ........................
11. Das deficiências mentais ..........................
12. Das competências ..................................
13. Da semeadura e da colheita ........................
14. Dos frutos da terra ...............................
15. Dos atributos morais ..............................
16. Da verdade ........................................
17. Da busca ..........................................
18. Da angelitude .....................................
19. Da realidade ......................................
20. Do triunfo sobre o mal ............................
21. Do voluntariado ...................................
22. Do trabalho evangélico ............................
23. Do vigor físico ...................................
24. Das prerrogativas espíritas .......................
25. Das leituras e das discussões .....................
26. Da missão familiar ................................
27. Da violência ......................................
Comentário ...................................
28. Do retorno ao etéreo ..............................
29. Das intuições .....................................
30. Das necessidades cármicas .........................
31. Da felicidade terrena .............................
32. Da vida comunitária ...............................
33. Do medo da mediunidade ............................
34. Do jornalismo espírita ............................
35. Da literatura espírita ............................
36. Do desapego das coisas terrenas ...................
37. Da escolha profissional ...........................
Observação ...................................
38. Das falsidades ideológicas ........................
39. Dos direitos e dos deveres ........................
40. Da irreversibilidade dos ganhos ...................
Nota .........................................
41. Do trabalho diário ................................
42. Da convivência nos centros espíritas ..............
43. Das comunicações particulares .....................
44. Da pregação evangélica ............................
45. Das lições aprendidas .............................
46. Da prece ..........................................
47. Das virtudes ......................................
48. Das vicissitudes ..................................
49. Das exigências espíritas ..........................
50. Das profecias .....................................
51. Das tentações .....................................
Comentário ...................................
52. Do estilingue e da vidraça ........................
53. Da despedida ......................................







NOTA EXPLICATIVA






A Turma dos Amigos Fiéis compareceu para o trabalho por injunção das necessidades cármicas oriundas do desejo do progresso, na área do socorrismo. Pessoal muito afetado pelos distúrbios provenientes de passagens violentíssimas para o plano etéreo, era forçoso que se aplicasse aos estudos intensíssimos dos tópicos evangélicos mais elementares.
Quando do início das transmissões, em muito se haviam atenuado as vibrações prejudiciais, a ponto de se conseguirem elaborações de primeira categoria, tanto que se quis dar cunho jornalístico às mensagens. Não estamos insinuando que as obras sejam esplêndidas, mas têm alto significado para o grupo, tendo em vista as conquistas nos setores da intelectualidade e da afetividade.
Maiores informações seriam redundantes, mediante o roteiro inicial sob o título Definições e demais desenvolvimentos.
Cumpre a turma o dever de agradecer aos mentores da Escolinha de Evangelização, bem como ao mediador. Aos leitores, o nosso acendrado desejo de que a leitura se torne amena e os temas propícios às reflexões saudáveis que os irmãos espíritas costumam realizar. Vibremos juntos pelo amor do Pai.


Apanhamos os ditados de 21.10 a 18.11.92, conservando-lhes a ordem cronológica. Esta Turma dos Amigos Fiéis desenvolveu suas teses de forma absolutamente segura, sendo pouquíssimas as correções de texto, como se tudo estivesse formulado de antemão, restando somente o trabalho da imantação e da psicografia.
Deus nos abençoe a todos em mais este empreendimento!







DEFINIÇÕES





Causaríamos transtorno se disséssemos que estamos jubilosos por vir à presença de amigo da Escolinha de Evangelização, para nos aproveitarmos das oportunidades de aprendizado da mediunização? Pois é com extraordinária sensação de felicidade que nos pomos perante o trabalho de algumas semanas, para obtermos os conhecimentos que nos tornarão mais aptos ao manuseio dos aparelhos mediúnicos.
Pedem-nos os mentores para dizer que várias de suas equipes estão trabalhando eficazmente em centros espíritas do país, manifestando-se de acordo com as necessidades ambientais e pessoais. Sendo assim, não vemos a hora de iniciar as transmissões para valer, porque esta não oferece inteira satisfação, dado que estamos sendo por demais auxiliados pelos professores.
Cabe-nos, primeiro, revelar quem somos e o que pretendemos. Trata-se de turma de primeiríssimas letras, sem grandes conhecimentos prévios no campo da mediunidade. A maior parte dos componentes esteve muito presa aos horrores das guerras (entenda-se guerrilhas urbanas), na qualidade de vítimas, de sorte que tivemos de enfrentar inúmeros dissabores, em virtude de nem sempre nos condicionarmos adequadamente para a recepção das injustiças ou do que assim nos parecia.
Quanto à formulação das frases, não queremos que os parágrafos se constituam em obstáculos para os leitores, de modo que pretendemos orientar o padrão lingüístico no sentido daquele que se encontra sedimentado na imprensa. Eis que o bom mediador irá ter de sofrear os impulsos das grandes construções, para découper os torneios mais extensos. Entretanto, não pretendemos oferecer motivos para recriminações quanto ao sentido dos termos, de forma que as concessões se limitarão à frase como regime sintático e não semântico. Eis que o modelo de hoje ilustra à perfeição o que estamos pretendendo realizar.
Por outro lado, não se estimule o amigo exageradamente. Vá com calma, até mesmo para corrigir o que de imediato puder verificar como não exatamente de acordo com os propósitos. Sirva-lhe de exemplo este ditado, dadas as várias interrupções para reajustes vocabulares. Nós não teremos pressa e, por isso, não demonstraremos afoiteza. Sugerimos, pois, que o mediador vá apaziguando o espírito, evitando deslanchar à vista dos impulsos eletromagnéticos que lhe vamos transmitindo.
Não estamos exigindo perfeição, mas também não queremos que os textos fiquem demasiadamente expostos à crítica ferina dos adversários do espiritismo, os quais soem referir-se ao estilo deste povo como carente de qualidades, em especial se confrontado com o dos mestres da literatura.
Sabemos que estamos dando trela a quem não se satisfaz com a tarefa da reflexão independente das exterioridades. De qualquer modo, se conseguirmos eliminar os aspectos acessórios, talvez introjetemos, nas mentes mais teimosas, alguns conceitos essenciais para o desenvolvimento espiritual.
Pede-nos o médium que expliquemos o fato de termos feito referência às primeiríssimas letras, quando, conforme lhe está parecendo, temos tido cuidados extremos até com os aspectos lúdicos da metalinguagem, elaborando espécie de jogo interno terminológico, favorecendo a percepção de que temos conhecimentos muito acima do mediano, nesse setor da cultura humana.
Evidentemente, não nos referíamos ao campo lingüístico ou literário, mas ao dos ensinamentos evangélicos, que nos serão administrados tendo em vista havermos estado longo tempo afastados das lutas íntimas para a aquisição das virtudes, e que nos irão dar condições de cidadania angelical.
Isto posto, falta definir o teor do conjunto das manifestações. Não pretendemos trazer nada de importante que tenhamos descoberto. Menos ainda, há qualquer intenção de inovar, por meio de lucubrações imaginosas. Nossa proposta de trabalho foi delimitada pelos orientadores, segundo o programa de ensino que levarão avante. Tal projeto não nos foi dado conhecer inteiramente, mas, pelos indícios que extraímos das primeiras palestras, por certo muito próximo estará das lições levadas a efeito perante as turmas anteriores.
Se for importante atribuir-nos um nome, para facilitar o reconhecimento do grupo, então pode chamar-nos de Turma dos Amigos Fiéis, pois será na fidelidade, na comunhão dos anseios de vitória sobre as fraquezas e as viciações, que iremos basear as comunicações.
Quanto à identificação dos membros do grupo, tendo em vista a curiosidade natural de quem está a surpreender-se pela facilidade que demonstramos no trato das expressões lingüísticas, como forma superior de elucidar os pensamentos, estamos, infelizmente para os irmãos encarnados, impedidos — dizemos mais — proibidos, de referir-nos às nossas personalidades na derradeira passagem pelo orbe. Sendo assim, que fiquem atentos, não à correção, à fluidez, à elegância, à precisão, ao preciosismo dos fatores expressivos, mas à propriedade, à clareza, à lógica e à verdade das argumentações, que levarão ao fundo da consciência, onde repousa ou se agita a alma, dependendo do grau de lucidez de cada um.
Também nós somos partidários de se iniciar a obra por meio de sublime prece rogativa de auxílio divino. Por isso, incentivados pelos mentores, deixamos o nosso primeiro até logo, solicitando que nos acompanhem, suavemente, recolhidamente, em íntimo pai-nosso.







1

DO AMOR





Estimamos várias pessoas na vida. Por outras, manifestamos desprezo, antipatia, ódio. Há, contudo, quem mereça de nós sentimento mais reconfortante, isto é, algo que nos leve a considerar que somos imprescindíveis; ou que nos sejam: o amor.
Todavia, nem sempre somos capazes de caracterizar o amor. Mesmo pelas pessoas mais próximas, as que nos colocaram no mundo, ou as que foram por nós colocadas, muitas vezes não temos tremores de afeto, como temos em relação a certos indivíduos estranhos.
Para muitos, a definição das diferenciações dos sentimentos é realizada com extrema facilidade. Sendo assim, colocam os pais ou os filhos na condição de seres para quem se têm obrigações físicas de desenvolvimento, ficando os aspectos espirituais como que ofuscados. No caso do amor conjugal, os sentimentos se transformam durante a vida, passando de meras atrações sexuais para enternecidas manifestações de carinho, como se ambos se devessem sustentar existencialmente.
Em suma, há padrões de conceitos formulados, strictu sensu, conforme o aprendizado social condensado do pensamento coletivo. É como se houvesse consenso universal, a evidenciar que todas as manifestações do gênero se fundamentariam na verdade mais rigorosa.
Daqui nasce a importância da conceituação provinda do etéreo, especialmente daquela fornecida pelos espíritos de luz e colocadas à presença dos humanos pela psicografia. São outros critérios a serem considerados. São outras colocações, mais sutis, menos adensadas pela matéria rude que envolve o perispírito dos encarnados.
Por isso mesmo, não tememos contrariar os impulsos estratificados nos mecanismos psíquicos dos leitores, afirmando, de pronto, que, para a compreensão das formulações espirituais, haverá necessidade de se abstrair da realidade circunjacente. São os ossos, para quem deseja fartar-se nas bastas carnes da verdade.
Que haveremos, então, de falar a respeito do amor, que venha a se constituir em algo ainda mais sublime do que o espírito humano seja capaz de conceber? Bem pouco. Ou melhor, quase nada que não tenha sido referido pelo plano da espiritualidade em suas comunicações. Mas tudo, para quem se deixa mergulhar profundamente nos anseios carnais.
Vamos dizer que o amor é a mola que movimenta o universo, no sentido da perfeição. Será, então, o ódio o sentimento que trava os mecanismos da benquerença, impedindo que as criaturas de Deus deslanchem para as bem-aventuranças.
Desse modo, separar a natureza do amor aos pais ou aos filhos, distinguindo-a daquela do amor destinado ao cônjuge (vocábulo tomado aqui no lato sentido de todo ser que nos interessa, independentemente dos laços sangüíneos), não condiz com a realidade espiritual. Na verdade, são os familiares membros de ampla confraria espiritual. E é dessa família que, em geral, se extraem os que irão prosseguir dando oportunidade de reencarne aos demais. Desse modo, o amor que destinamos aos pais ou aos filhos, nesta encarnação, será transmudado na próxima, por ocasião da transformação de um desses seres em cônjuge.
Eis que o tema do amor, portanto, apresenta características específicas para quem o encare do ponto de vista espiritual. A isso é que estamos convocando os irmãos, do mesmo modo que o faremos com referência a todos os demais desenvolvimentos







2

DA JUSTIÇA





Quiseram os mestres, desde logo, fazer com que refletíssemos a respeito daquilo que nos parecia mais urgente adquirir. Como manifestamos incompetência no campo das reações diante dos fatos que nos pressionaram ao decesso, de pronto imaginaram que deveríamos cuidar de entender os processos pelos quais o Senhor faz sua justiça realizar-se.
Sendo assim, devemos dizer que muito envergonhados ficamos ao perceber que estivéramos totalmente errados ao nos considerar injustiçados. Se tivéssemos tido um pouco mais de calma, de serenidade, teríamos visto que todos os fatos relacionados ao descenso estavam intimamente atados às falhas de caráter e, conseqüentemente, a tudo que fizemos em desfavor dos semelhantes.
Desse modo, fomos levados a considerações rigorosas a respeito das virtudes, ou daquilo que julgávamos estar perfeitamente de acordo com as leis vigentes no âmbito da Terra. Alguns de nós, inclusive, raciocinávamos como juristas, baseando-nos nos códigos humanos, completamente esquecidos das leis superiores emanadas do Pai.
Não vamos insistir demasiado nesta linha de pensamentos, pois achamos que seja quase impossível, para os encarnados, deixar de raciocinar da forma pela qual o fazíamos, tanto estão eivados de preconceitos. Entretanto, prevenirem-se para desagradáveis surpresas é a finalidade destas advertências, tanto mais que nós mesmos não encontramos meios de entrar em contacto com o plano espiritual, no momento em que mais precisávamos de conselhos.
E, no entanto, ao chegarmos de volta para cá remetidos violentamente, fomos obrigados a reconhecer que estavam todos os protetores a postos. Nós é que não havíamos atinado com sua presença, tão grossas eram as camadas de materialismo que nos encobriam a alma. Foi preciso pedir estremecidas desculpas, não sem antes termos batido a cabeça nas regiões penumbrosas do Hades.
E como se dá a divina justiça? Do modo mais sensato que se possa pensar: a cada qual segundo as suas obras.
O que nos obscurecia o julgamento era o fato de não termos admitido a possibilidade de estarmos sobrecarregados de culpas de precedentes encarnes ou de ações deletérias no espaço espiritual. Se tivéssemos prestado atenção aos sopros de luz que nos eram infiltrados na consciência, talvez amenizássemos os arroubos corpóreos, atendendo um pouco aos prenúncios das contas que teríamos de ajustar.
Mas não vamos enfatizar as intuições como algo de fácil percepção. É-nos preferível recomendar a leitura das obras de Kardec e de outras muitas publicadas a partir do trabalho apostólico de diversos médiuns, as quais fazem um quadro geral bastante convincente da espiritualidade. Dessa forma, acreditamos, poderão os encarnados conceber outra realidade mais pura do ponto de vista moral, modificando o procedimento na iminência da falência das reações.
Vejam como é simples falar a respeito de temas absolutamente prioritários, quando se tem a experiência desagradável da necessidade do reconhecimento das fragilidades. É a partir dessa tomada de consciência da realidade íntima da alma — sempre no sentido de ver nela deficiências naturabilíssimas, mediante a condição humana — que deveremos investir corajosamente na formação de diretrizes morais superiores, as quais nos obrigaremos a cumprir, sob pena de não conseguirmos perfazer os deveres cármicos. Deixar para quando se esteja confortavelmente instalado no plano espiritual poderá gerar graves decepções e amargas frustrações. Pensem nisso.







3

DO PERDÃO





Basta compreender a inexorabilidade da justiça de Deus para se entender o porquê de nos ter Jesus recomendado que perdoássemos os inimigos. Justamente, já que ninguém ficará sem receber o tratamento conveniente para se adequar às condições de inferioridade que criou, não há razão para se cobrar de quem quer que seja que pratique a justiça contra os que infligiram as leis.
Há quem pense, enquanto encarnado e, por isso, também depois do desencarne, que, se não providenciarem o revide dos sofrimentos provocados pelos adversários, não terão sossego. Deveras, são muitos os que se debatem angustiadamente, acicatados pelo idéia fixa de que algo devem realizar para conduzir os desafetos à mesma estrada de dores que se viram na contingência de palmilhar. Não percebem que o peso insuportável ali está em virtude de se terem deixado embalar pelos pensamentos de vingança, o que significa dizer que não conhecem a lei de Deus nem a necessidade do perdão.
Eis que a recomendação que julgamos imprescindível é a da análise percuciente da consciência, para segura avaliação de como são as reações, à vista das provocações sofridas. Se conseguirmos, pelo menos, deixar de responder na hora, destinando tempo para justa reflexão sobre os acontecimentos, principalmente na busca dos motivos que levaram o irmão à agressão e dos que nos conduziriam ao revide, teremos vencido alguns péssimos hábitos que vetustas leis nos introjetaram na personalidade. Não estamos falando de outro código, senão da lei de talião, do olho por olho e do dente por dente, que, desde Moisés, perdura na psique, quer por cristalização subjacente, impossível de camuflar-se pelos mecanismos de reencarnação, quer por infiltração subliminar da cultura ocidental.
Conjeturemos, entretanto, que haja alguns leitores que não aceitem as teses espíritas da permanência, em estado latente, dos vícios mentais adquiridos em outras encarnações. Mesmo assim, é possível rejeitar o ódio, o revide, a vingança, através da simples configuração de que se trata de sentimentos ruins, que, no mínimo, consomem energias que seriam mais utilmente empregadas em favor do crescimento espiritual, além de representarem perigosos focos de degenerescências orgânicas.
Façamos por acreditar em que Jesus pudesse ter razão ao nos prevenir para o perdão e teremos já alguns bons motivos para atrair o auxílio sempre eficaz e oportuno dos irmãos protetores. Pelo menos, saberemos que não estamos totalmente inócuos para a pregação evangélica, o que se constituirá causa de justa alegria íntima.
Não queremos conduzir os pensamentos dos leitores para as áreas materiais do direito estabelecido no orbe. Poderá algum imprevidente raciocinar que estamos forçando a conclusão de que todos os crimes devam ficar provisoriamente impunes, até que se faça justiça cármica. Ninguém há de ficar indene de justo processo no campo do direito penal dos encarnados, já que se trata de sábio treinamento para a configuração espiritual dos deveres e obrigações perante a eternidade.
Se alguém se deixar levar pela imaginação, irá concluir que nada paga a pena fazer nesse campo. Não é isso que estamos pleiteando junto às consciências. Ao contrário, incentivamos até que se denunciem os atos em desacordo com a legislação vigente, dado que é preciso educar os indivíduos, respeitando-lhes os direitos, recompensando-os pelas boas ações ou punindo-lhes com severidade os atos falhos. Tudo isso é perfeitamente compreensível no campo da matéria e não seríamos nós quem iria oferecer resistências descabidas à organização jurídica dos povos.
Não obstante, recomendamos bastante prudência, para que, na ânsia de julgar e de cometer justiça, não se pratiquem atos contrários aos dispositivos das leis dos homens e de Deus. Se de todo for impossível caracterizar crime e criminoso, que se deixe para a consciência do verdadeiro culpado realizar o procedimento que o conduzirá, infalivelmente, à presença do juiz supremo, que ele representará da forma que quiser, mas que terá uma única forma de julgamento: a perfeição. E quem somos nós para argüir a perfeição?
Perdoemos, pois, a quem nos houver ofendido; relevemos as dívidas, as agressões, as palavras impensadas, os gestos acusatórios, as injustiças; desconsideremos os maus pensamentos, as vibrações negativas, as intenções da maldade; ouçamos a voz do Mestre e, reverentemente, acatemos as decisões superiores da divina justiça, crentes de que fizemos por merecer os transtornos que nos aborrecem; aceitemos as deliberações relativamente aos opositores, reconhecendo a sabedoria do Pai. A revolta será o contraponto da compreensão e demonstrará que estamos absolutamente ignorantes de todos os itens da divina justiça, a legitimar plenamente as vicissitudes e os sofrimentos. Acautelemo-nos, orando a prece dominical, ressaltando a passagem do perdão, para que recebamos as vibrações carinhosas dos orientadores, os quais tudo farão para que obtenhamos os conhecimentos e os sentimentos que nos faltam. É o que temos comprovado, a cada passo que damos nesta peregrinação através do currículo que nos foi proposto.







4

DA BONDADE





Mas, se devemos perdoar os inimigos, devemos ainda mais: fazê-lo com enternecimento, cheios de boa vontade e de bondade. De que valerá dizer: "— Tudo está esquecido!", e lá, no fundo do coração, ficar a resmungar: "— Você vai ver só quando se defrontar com o Pai!..."? Assim, é preciso limpar o coração, favorecendo a instalação ali dos sentimentos do amor ao próximo e aos inimigos, sem restrições ou condições.
Não será fácil, especialmente se considerarmos as pessoas carentes de compreensão, ignorantes, débeis, sentimental e mentalmente, inaptas para a percepção de gestos altruísticos, tendendo só para a consideração do medo e da covardia.
Não estamos recomendando que se engulam sapos, entretanto, se assim for necessário, que saibamos engoli-los sem engulhos, generosamente, na expectativa de que o tempo sanará todas as dificuldades de relacionamento.
O que não podemos disfarçar é a intenção de tornar irmão o desafeto, mesmo que para isso tenhamos de ficar expostos à execração pública. Quando se tem Jesus no coração, nada poderá afetar-nos. Ao contrário, iremos entender proficientemente todas as agitações emocionais ou intelectuais dos outros seres, capacitando-nos ao perdão de forma absolutamente elevada.




Comentário



Como se pode observar destas mensagens, o que estamos transferindo para o papel são as recomendações que temos recebido dos mentores, evidentemente sem o brilho intelectual de suas exposições perfeitíssimas, uma vez que voltadas individualmente para os alunos. Por essa forma, respondem de imediato a todas as indagações sutis que perpassam pelo cérebro de cada um, moldando-se a palestra conforme a necessidade de elucidação dos temas.
Para que conseguíssemos realizar façanha de igual porte doutrinário, seria preciso que fôssemos capazes de elaborar textos inteiramente coerentes em suas partes, priorizando os silogismos mais fortes, elegendo os melhores exemplos, coroando tudo com raciocínios lógicos em conclusão de irresistível arrastamento.
Como não temos tal desenvoltura, apesar dos esforços que fazemos, resta-nos inquirir dos leitores se não estão dispostos a aplicar, desde já, os conhecimentos que vão sendo passados, perdoando-nos as falhas, com grandeza de alma e muito amor. Eis o exemplo vívido que buscávamos para finalizar esta curta explanação.







5

DA CARIDADE





Se bem que tal virtude esteja na raiz de todas as demais, pois, sem espírito de doação, não há como concretizar-se nenhuma ação benemérita, ainda assim vamos destinar algumas linhas ao tema.
Todas as pessoas se julgam apaniguadas com o dom da caridade. Se nós as interrogarmos, até mesmo assassinos inconseqüentes são capazes de dizer que as hecatombes que têm praticado visam a sanear o mundo, dando, ao mesmo tempo, às vítimas, condições de encontro mais puro com o Senhor.
Raciocinando às avessas, se perguntássemos aos amáveis leitores se se consideram maus e intransigentes, porque muitas vezes negam a esmola que lhes é pedida, ou deixam de atender às solicitações de alimentos, duvidamos que alguém não tenha pronta resposta para refutar a sugestão, afirmando peremptórios que agem segundo plano formulado de antemão, de molde a proteger os próprios pedintes de virem a se tornar elementos prejudiciais ao ambiente social. E isto é o menos que diriam, já que a maioria juraria de pés juntos que suas contribuições para os órgãos previdenciários ou para as caixas de diferentes instituições de benemerência são suficientes para justificar a obrigação do dízimo.
Não viemos fazer acusações, mas não podemos deixar de referir-nos a tais pensamentos maliciosos, já que sempre haverá a necessidade de se fustigar a consciência, para a percepção dos ingredientes que azedaram e que precisam ser urgentemente substituídos. Não será outra a lição do Cristo quando disse do rico, do reino, do camelo e do fundo da agulha.
Muito embora pudéssemos discorrer fartamente a respeito da necessidade do dom da caridade, para que se possa adentrar as esferas seguintes rumo à casa do Senhor, vamos passar batidos por este ponto, na suspeita de que qualquer referência mais aguda poderá ferir as susceptibilidades à flor da pele daqueles que teimam em não querer ver que o espírito da doação deve ser natural no ser humano superior.
Mas se não vamos analisar, em maior profundidade, a natureza dessa superior conquista dos seres elevados, vamos fazer algumas referências a como se dá a aquisição desse dom de tantos méritos.
Em primeiro lugar, é preciso fortalecer o pensamento de que tudo o que ocorre na vida vem para justificar a prioridade dos aspectos espirituais sobre os materiais. Assim, desde o início, devemos considerar todos os bens como prescindíveis, se corpóreos, ou evidenciáveis, se morais. Em outras palavras: o que temos, no campo da matéria, não nos pertence verdadeiramente, visto que tudo aqui deveremos deixar no momento da morte; e o que nos pertence, no campo do espírito, nos está tão arraigado na consciência, na personalidade, no ser, que, por mais que distribuamos pelos irmãos, sempre haverá mais a jorrar do manancial perpétuo onde se cria. É por isso que insistimos em que nada representa a propriedade doada, mas tudo significa o gesto da doação.
Tal manifestação da caridade deve brotar espontânea, natural, para que se possa considerar o movimento em favor dos necessitados como proveitoso também para quem o realiza. Eis que a caridade se alimenta dos atos que promove, autofagicamente, em crescendo de altas realizações, possibilitando a quem assim age progredir em virtudes e demais qualidades inerentes aos seres superiores. Se se pensar que os anjos estão satisfeitos com serem anjos, é porque não se entendeu o que vem a ser a evolução para o plano espiritual.
Se os companheiros leitores souberem bem que haverá infinitos círculos para serem alcançados, através dos serviços realizados em nome do Pai, irão, sem atropelos, sem ânsias e sem precipitações, buscar entender e praticar a caridade, o instrumento evangélico mais seguro para cinzelar a personalidade dos seres superiores.







6

DA GRATIDÃO





Após termos reconhecido que tudo o que fizemos redundou em algo benéfico para nós e para os nossos irmãos, deveremos compreender que por trás de cada ato existe vontade superior a conduzir os que se estimulam para o bem, e essa mão oculta é a do Senhor.
Assim, nada mais justo do que agradecer a Deus a força que nos tem proporcionado, primordialmente porque, na carência, sabemos que temos o privilégio de contar com os protetores do etéreo e, na abundância, a sua presença se configura nas reações de júbilo sereno e apostólico.
Façamos por entender, portanto, que nunca estamos sós na vida ou no etéreo, por mais nos esforcemos por conhecer os limites de nossa possibilidade de decisão. Às vezes, julgamos que temos potencialidade muito superior à média humana; outras tantas, reconhecemo-nos fragílimos e dependentes de outras pessoas. Qual a hora em que temos razão? Tal é a questão que se põe a nosso espírito e, aí, tentamos decifrar o mistério, recorrendo unicamente ao descortino que adquirimos nos estudos doutrinários.
Entretanto, tal medida, que julgamos adequada para conhecer a força dos espíritos que nos rodeiam, freqüentemente nos desaponta, pois ficamos imersos em dúvidas ainda mais penosas, tornando-nos inconseqüentes para o progresso. Teria sido bem mais satisfatório se ficássemos simplesmente alheados do problema, mas agradecidos por termos tido a reflexão conduzida para a sabedoria da vida, porquanto sabemos conduzir-nos nos momentos mais dificultosos, evidenciando que aprendemos as lições.
Terra-a-terra, saltamos de um tema a outro, largando os compromissos sem terminar as obras, para efetuar outros dispositivos da vontade. Deveríamos oferecer resistência a essa conjuntura psíquica de pouca grandeza, para trazer ao plano de vida mais contextura, maior rigidez, melhor programação. Para isso, após efetuar séria análise dos compromissos já realizados, precisaremos deixar a vida transcorrer sem afobações, eivada de momentos preciosos de auxílio aos que sofrem, o que nos remeterá, incondicionalmente, ao favorecimento de todos os atos em consonância com os ditames evangélicos.
Por isso, devemos erguer os olhos para o alto e agradecer serenamente ao Senhor todo esclarecimento de suas luzes, mesmo que não consigamos perceber muitos itens, que nos ficam ocultos e sem significação explícita.
Sentimos muito não sermos capazes de palavras mais claras e objetivas. No entanto, para quem descobriu que errou muito mas foi capaz de conduzir-se sem perturbação, restará só reconhecer que obteve muita ajuda, como é o caso desta turma, em relação, é claro, não aos orientadores do grupo, mas aos protetores de cada qual, que ficaram em atividade junto aos diversos grupos familiares.
E como agradecer? Elevando os pensamentos em tranqüila prece ao Pai, que espargirá bênçãos de muito amor por todos os elementos que conseguiram efetuar as alterações de nosso caráter, à medida que subíamos, paulatinamente, os primeiros degraus evolutivos.







7

DA COMPAIXÃO





Muitas vezes, não sabemos ver o erro dos irmãos, nem nos compadecemos deles, por estarem tão afastados da lei. Sofremos quando pessoas que verdadeiramente amamos tomam decisões erradas. Mas, quando se trata de estranhos, o mais comum é termos reações de desagrado, oferecendo graves vibrações de caráter negativo. Sabemos que, a cada erro, corresponde uma penalidade coercitiva, para que o equilíbrio da lei se restabeleça, mas não sabemos refrear os impulsos da vindita, estimando que o pior ocorra para quem não soube conter-se.
O sentido da irresponsabilidade do irmão se estende em direção a nós, mas em plano diferente: o companheiro agiu no terreno material; nós transferimos a atitude falha para o campo espiritual. Quem terá pecado mais perante o Senhor?
Se estivéssemos cônscios dos mandamentos de Jesus, saberíamos que não deveríamos colocar as questões em tais termos, envergonhando-nos por tê-lo feito. Deveríamos, sim, evitar qualquer manifestação de julgamento, o que evidenciaria o grau de compaixão pelos irmãos equivocados. Vejam que não nos estamos aludindo a quem tenha mais luz do que nós, pois aí teríamos de ser qualificados como ignorantes. Estamos fazendo referência a seres que se situam bem abaixo de nós, incapazes de efetuar qualquer raciocínio, no campo da moralidade, tão avançado quanto os que estamos despejando nestas páginas e que estão sendo proficientemente traduzidos pelos leitores.
Mas se, para o irmão mais adiantado, não somos capazes de estabelecer rigoroso julgamento, dada a falta de base doutrinária de nossa parte, por outro lado, o julgamento dos que se situam em nível inferior evidencia que não aprendemos totalmente as lições evangélicas, preferindo dar curso a manifestações intuitivas, buscadas no manancial da animalidade que perdura no fundo do aparato psíquico.
Sabemos que os irmãos estavam esperando digressões moralizantes e não teses de duvidoso critério científico. Contudo, que nos perdoem o arremesso neste campo, pois não temos outro meio de atingir o cerne das questões, senão oferecendo algumas noções psicológicas para fundamentar os vários tipos de reações ou de impulsos psíquicos.
Assim, vamos terminar o tópico, examinando mais detidamente o nosso caso particular. Se estão lembrados, dissemos que havíamos sido remetidos de volta ao etéreo por injunções criminosas, uma vez que fomos atingidos violentamente por balázios ou cutiladas e outras formas criminosas de provocação da morte. Depois que aqui chegamos, recebemos muito mal as incumbências diversas que diziam respeito ao perdão das ofensas e acabamos sendo remetidos às profundezas do Hades. Se ali estivéssemos concordes com a necessidade de pagarmos os crimes de lesa-divindade, pois acusávamos Deus de injustiça, logo seríamos soerguidos. Mas teimamos em não compreender que o equilíbrio dos fatos deve prevalecer, para que todos tenham iguais oportunidades de regeneração.
Mas houve outro fato relevante para nos manter ali durante muito tempo: foi não termos compreendido que os que nos agrediram sempre foram merecedores de atenção. Se lhes tivéssemos bem analisado o procedimento, tendo em vista as causas que lhes produziram semelhantes aleijões morais, com certeza estaríamos mais propensos à compaixão, de sorte que iríamos conduzir os pensamentos de maneira muito mais próxima das condições estabelecidas pelo Salvador.
Para nós, é muito difícil conceber que estas palavras venham a significar algo valioso para os leitores, tendo em vista, principalmente, sabermos como agem os encarnados em situação de inferioridade cármica. Mas estamos cumprindo humilde obrigação escolar, na expectativa de que o exemplo venha a frutificar. Se, a partir desta colocação, os amigos em débito com os irmãos, por não pensarem deles senão que devam ser justiçados pelo Senhor, se tornarem mais maleáveis intelectual e sentimentalmente, permitindo que alguns pensamentos se façam infiltrar, no sentido de se aceitarem os males como resultantes de causas examináveis à luz da verdade e, por isso, passíveis de se sanearem, evidentemente terão dado seguro passo na direção do amor aos semelhantes e aos inimigos. Se conseguirmos fazer passar a idéia de que a compaixão precede os atos evangélicos mais importantes, teremos justificada esta tentativa de composição mediúnica.
Fiquemos por aqui, na crença de que muito mais ainda deveremos caminhar para atingir o término do curso.







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DO PECADO





Para se chegar à concepção de pecado, tal como se define na civilização ocidental, foi preciso que muitos séculos decorressem até que se formasse a consciência do bem e do mal e, portanto, do espírito de justiça. Espíritos primitivos não chegam a perceber a significação do termo e dos atos a que se refere, da mesma forma que as crianças não atinam com a realidade das faltas, até que tomem contacto com o resultado das atitudes, através das explicações dos pais.
Evidentemente, a própria natureza é bem capaz de delimitar as ações em seu campo, oferecendo resistências à vontade humana, mas tais barreiras são muito frágeis e a inteligência rapidamente supera as dificuldades, assimilando as reações mais drásticas, embora seja incapaz de avaliar as conseqüências finais de atos de vandalismo indiscriminado, o que só vem ocorrendo muito recentemente e, ainda assim, para cérebros privilegiados.
De tal modo é a irresponsabilidade dos que não conseguem observar que praticam atos danosos para com os irmãos, que são capazes de chegar ao etéreo plenamente justificados diante de si mesmos. E isto não serve somente para os não civilizados mas até para indivíduos cultos, que se fundamentam nas religiões em voga, com o intuito de se refugiarem mediante o cumprimento das diretrizes estabelecidas para a salvação.
Assim, muitos chegam a perfazer idéia muito próxima dos atos que se constituem em pecados, mas se desobrigam de maiores reflexões, argumentando metafisicamente que os sacerdotes são os responsáveis pelos desvios de conduta, uma vez que davam por encerrado o assunto perante o Senhor, tendo em vista o rol de orações que efetuavam à guisa de penitência.
Muitos da turma concordaram com o tema, espelhando-se nas próprias concepções religiosas durante o encarne. Mas também aceitaram a reflexão segundo a qual tinham noção aproximada de que pactuavam com o demônio, ao aceitarem tal estado de coisas, principalmente porque eram bem capazes de perceber que laboravam em erro doutrinal. O arrependimento, base para a contrição e para a promessa de não mais voltar a pecar, não se dava senão exteriormente, consubstanciando-se a hipocrisia, o que — reconhecem todos —, não estava nas propostas das respectivas religiões. Mas iam levando, e isso lhes foi fatal para o desenvolvimento das práticas evangélicas.
Assim, caros irmãos, é preciso que bem considerem as atitudes perante os valores eternos consignados nos mandamentos bíblicos e nas pregações de Jesus. É preciso que, a toda hora, conheçam as variáveis do procedimento, para bem caracterizarem os defeitos de cada uma, a fim de poderem optar pelo melhor. Assim, saber de cor os preceitos do cristianismo é básico para qualquer passo que se dê na direção do reino do Senhor.
E isto se dá como reflexo de ponderações avançadíssimas no campo da moralidade. Se o indivíduo se prende aos formalismos da vida social, pretendendo executar tudo exatamente consoante as premissas que jazem no fundo estrutural das organizações humanas baseadas tão-somente nas leis de caráter natural, irá ter enormes dificuldades até para decifrar o que estamos propondo, apesar da clareza das idéias consignadas. Agir moralmente, pelos princípios dos mandamentos das leis de Deus, conquanto antigos e ultrapassados pelos padrões modernos desta civilização em marcha, oferece um passo avante na concretização dos ideais cristãos.
Se alguém estiver extraindo do que dissemos alguma conclusão negativa relacionada com o modo de proceder dos homens atuais, não vá adiante. Não se deve generalizar. É preciso cuidar de compreender que cada indivíduo se situa num patamar evolutivo diferenciado, segundo o sofrimento admitido e transformado em vitória cármica de expressão. Se há setores sociais que fazem vigorar as leis das selvas, é preciso considerar que, no conjunto da humanidade, muitos códigos privilegiam a verdade como fonte perenal de justiça, inclusive social. Crer-se em que se está ainda distante da fixação universal de tal ordem de idéias dependerá do nível de desenvoltura intelectiva e moral de cada um. Quanto ao plano da espiritualidade, todas as concepções existem, uma vez que não se diferencia do humano em nada, dado que as categorias dos espíritos se compõem de infinitas possibilidades.
Por isso, a concepção de pecado é tão difícil de fixar-se como padrão para todos. Daqui a necessidade premente de cada um de nós examinarmos com rigor todos os atos e todos os pensamentos para descobrir neles o que de bom e de mau contêm, para o expurgo da maldade e o desenvolvimento das virtudes.
Se adquirirmos a certeza de não estarmos muito avançados na escala evolutiva, façamos por recompor os conhecimentos evangélicos e recolhamo-nos em prece rogativa de auxílio, para que não reincidamos nas falhas. Não era à toa que Jesus repetia aos que curava ou salvava:
— Vai e não peques mais!







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DA SALVAÇÃO





Ao encerrarmos a dissertação anterior, fizemos menção ao fato de que Jesus teria salvado alguns pecadores. Tal foi o caso relativo à mulher de Magdala, que ele livrou da lapidação.
Teríamos necessidade de examinar detidamente o passo evangélico, para fazer ressaltar a lição de que os pecados da mulher estavam compartilhados por todos os que a acusavam e ameaçavam de apedrejamento? Pensamos que a leitura do texto esteja fresca na memória de todos.
Haverá razões para suspeitarmos que nós também partilhamos das falhas dos irmãos, especialmente quando os recriminamos tão veementemente? Será que o espírito gregário, a que mais acima nos referimos, nos prende à sociedade humana tão arraigadamente, que somos incapazes de escapar à influenciação do meio, tendo em vista que, de todos os valores de que se servem os outros, nos servimos nós também?
A resposta será sempre positiva, quando ficar fortemente configurado que não abrimos mãos das vantagens e dos direitos que nos são dados pelos esquemas culturais vigentes, em contraste com os que negamos para os semelhantes que não têm de seu mais que os andrajos de que se vestem e os restos de alimentos de que se nutrem.
Sendo assim, parece-nos impossível deixar de concluir-se que a salvação de uns depende da salvação dos demais, especialmente no que diz respeito ao empenho que demonstrarmos pela efetivação das melhorias das condições existenciais dos irmãos. Daqui a necessidade de se conhecer a fundo todos os meios evangélicos colocados à disposição, para obrarmos em favor dos semelhantes, sejam eles, embora, muito arredios e ciosos de sua autonomia perante a vida.
O livre-arbítrio de que dispõem todas as criaturas é demasiado forte para que se pense que estejamos intentando tornar cada um dos amigos leitores em guardiães da verdade e poços de sabedoria, aptos a freqüentarem o martirológio das vítimas do cristianismo redivivo. Se nem Jesus requisitou dos apóstolos igual desprendimento, quem seríamos nós para oferecer o reino em troca dos sacrifícios, em nome de verdades tão distantes e tão pouco prováveis para quem se espoja neste mar de vícios e de crimes?
Estamos oferecendo a mão para erguer os que se afogam. Estamos estimulando o conhecimento das verdades evangélicas e o exercícios das atividades tendentes à salvação, segundo o modelo crístico e espírita. Para isso, enfatizamos, como norma da Escolinha de Evangelização, a aplicação da inteligência e do sentimento, para a aquisição dos procedimentos conformes com a pregação de Jesus, ou seja, no estudo das verdades evangélicas e no emprego das energias para a consecução de tarefas em favor do irmão desvalido.
Para tanto, cabe-nos a revelação mediúnica simples e direta, muitas vezes falha, mas nunca hesitante ou procrastinadora. Servimo-nos da boa vontade de um mediador dedicado e utilizamo-nos dos códigos lingüísticos mais eficientes para a transmissão dos pensamentos. Que cada irmãozinho considere o próprio papel diante da vida e execute também a sua parte. Dessa união de esforços redundará coletiva salvação, o que nos encherá os corações de intenso júbilo e profundo reconhecimento pelas dádivas superiores do Pai.







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DAS DEFICIÊNCIAS ORGÂNICAS





Muitas das recriminações contra a justiça divina advêm do fato de não termos o organismo absolutamente íntegro, corpos de Adônis ou de Afrodite, a maravilhar os circunstantes, perenemente. Dadas as imperfeições serem naturabilíssimas, deveríamos ater-nos ao aperfeiçoamento moral ou espiritual, estes sim suscetíveis de melhoria, por força da aplicação da vontade e do trabalho correspondente.
O que mais se vê, no entanto, são as academias de ginástica ou os institutos de beleza cheios de formosas criaturas, que intentam melhorar a performance no campo dos relacionamentos sociais. Se víssemos, da mesma forma, as bibliotecas e os centros culturais sendo procurados, teríamos idéia menos pessimista do desenvolvimento cármico dos humanos.
Mas deixemos as censuras de lado, para nos firmarmos nos pontos mais específicos das defecções que causam sérios desajustes, no campo da compreensão das doutrinas que elegeram a verdade como truísmo a ser conquistado por via do exame arguto da consciência.
Se tivéssemos o dia todo para discorrer a respeito de tema tão fascinante, poderíamos apresentar algumas teses mais consentâneas com as leis provindas do Alto, as quais obrigam todas as criaturas à consideração de que os desajustes de quaisquer tipos são decorrentes de injunções ajustadas entre os diversos elementos componentes das equipes familiares, com o de acordo do interessado. Freqüentemente, os acontecimentos restritivos se dão segundo deficiências que se esperam sanar, o que colabora para que haja desconhecimento da necessidade dos aleijões corpóreos e da desfiguração fisionômica. Assim, são muito poucos os que assumem as tristes linhas que não se coadunam com os ideais de beleza da comunidade, preferindo argüir a justiça divina, contra a qual se voltam intempestivamente, mesmo antes de se possibilitarem melhor discernimento, através dos estudos doutrinários espíritas ou meramente filosóficos, para melhor entendimento do que seja a natureza e os recursos que fornece para a correção que se pretende.
Agir com contrariedade, no embelezamento ou no reequilíbrio das deformações, é que pesa contra os indivíduos. Se tudo se fizesse segundo procedimento natural, para se evitarem choques ou ondas de antipatia entre os companheiros, aí poderíamos perceber a intenção de atração dos demais para o círculo das amizades indestrutíveis.
Não vamos levantar totalmente o véu deste mistério, para que não caiamos na irresponsabilidade de ofender a muitos que se vêem nas condições apontadas e que estão, justamente, procurando palavra de consolação nestas obras de caráter mediúnico, as quais, costumeiramente, oferecem lenitivos morais para os atrozes sofrimentos físicos. Insistir em que tenha havido falhas de procedimento, em anteriores encarnes, talvez possa vir a ser excessivamente penoso para os irmãos que não se compenetraram totalmente das verdades cármicas.
Por outro lado, é bom ressalvar que existe outra possibilidade, mais rara, mas inteiramente justificável perante as leis: a de que os defeitos que transparecem no físico são meros escolhos para favorecer o combate à vaidade ou para a aquisição de alguns valores em falta no campo da persistência e da lealdade. Nem sempre os aspectos negativos têm o condão de revelar graves deficiências espirituais. São, na verdade, provas bem determinadas, para que os seres se recomponham perante a verdade, no sentido de melhor assimilação das virtudes, com o fim de promover acréscimos de méritos visantes ao crescimento evolutivo.
Olhando para o espelho ou para as fotos de corpo inteiro, não vejamos deformidades espirituais, mas simples conseqüências naturais da formação genética correspondente aos cromossomas herdados dos ancestrais. Não tiremos conclusões apressadas, mas empreguemos o discernimento intelectual para melhor compreender as injunções das diversas circunstâncias, no aproveitamento do encarne.
Sejamos ingênuos, se essa for a expressão que estava faltando, mas nunca desenvolvamos raciocínios argutos para ofender a criação. Saibamos reconhecer, espiritual, sentimental ou intelectualmente, a perfeição divina, para que possamos justificar o alto interesse em sermos perfeitos igualmente. Coloquemo-nos incondicionalmente nas mãos do Senhor, que teremos a felicidade de, um dia, acordarmos em seu reino de amor, totalmente despreocupados em estarmos esplendorosos exteriormente. Haverá exterioridades no céu?







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DAS DEFICIÊNCIAS MENTAIS





Em decorrência do desenvolvimento do tema anterior, vimo-nos na obrigação de trazer algumas explicações relativas aos problemas que se notam na organização cerebral.
Se os caros leitores conseguirem transferir os argumentos utilizados na mensagem acima, terão a chave para a compreensão dos defeitos que se apresentam no âmbito do entendimento e do relacionamento mundano.
As dificuldades mais sérias, como prejuízos graves no raciocínio ou deficiências estruturais irreversíveis no campo da memorização, podem, desde logo, contar-se como preparadas de antemão para servirem de barreiras específicas para determinados procedimentos que se almeja ver eliminados. Entretanto, é infinito o número de situações de debilidades mais ou menos extensas, a provocarem desconfianças de que algo não anda bem no aspecto espiritual.
Tal como afirmamos em função das deformações físicas, existem inúmeras causas a justificarem os desequilíbrios de caráter cerebral. Mas vamos excluir, desde logo, os desajustes do caráter, aqueles categorizados como esquizofrenia e demais formas de desvios de conduta. O que temos em mira comentar são as dificuldades no campo da aprendizagem, principalmente as que tornam as pessoas incapacitadas para as tarefas profissionais de maior exigência.
Neste campo, dadas as cobranças sociais não serem por demais estressantes, havendo até certa compreensão e comiseração, não se encontram muitos indivíduos revoltados contra os dispositivos genéticos, aceitando-se até muito bem os problemas de adequação, não tanto porque haja entendimento das situações, mas porque existe programa natural de ajustamento que realiza a defesa dos seres desprovidos de algumas qualidades reconhecidas socialmente.
Por exemplo, duvidamos que, ao chegarmos a este tópico das lucubrações, haja ainda alguém com graves distúrbios cerebrais tentando acompanhar as explicações. Escrevemos para seres dotados de razoável inteligência e alguma cultura, correndo, inclusive, o risco de sermos simplórios demais perante os melhor equipados. Por isso, não vamos desenvolver o que seria uma espécie de aconselhamento aos incluídos naquela faixa de preocupações.
Apenas temos de acrescentar algumas diretrizes para o tratamento de tais indivíduos, uma vez que todos temos de reconhecer, no Pai, o criador e, na vida, a oportunidade de melhoria espiritual. Para isso, havemos de estar atentos às questões levantadas pelas criaturas de mais difícil compreensão, tornando as explicações objetivas, em função dos problemas propostos e não de acordo com linha doutrinal, didática ou filosófica inamovível. Para tais formulações teóricas, haveremos de nos basear em exemplificação retirada do dia-a-dia das pessoas, buscando tornar todas as idéias bem próximas do plano do concreto, como se faz em relação às crianças bem novas. O que jamais poderemos é evitar os temas, como em atitude de menosprezo pelas criaturas deficientes. Se não tivermos bastante paciência para as elucidações que se fazem necessárias, saibamos ver na atitude sério percalço para o desenvolvimento. Aí a falha estará mais em nós do que no companheiro que nos acicata a perspicácia e a sabedoria da exposição.
Em suma, como não vemos de que modo ajudar diretamente os que não conseguem senão pobres aproveitamentos dos aspectos mais complexos dos conhecimentos, pleiteamos junto aos caros leitores que se estimulem a esse auxílio, especializando-se na transmissão das verdades evangélicas a quem ainda se arrasta com dificuldade na intelecção das coisas mais simples, tudo fazendo para que tais seres se ajustem, da melhor maneira, às verdades que sejam capazes de intuir, mesmo que seja para adiar para após o desencarne o entendimento de suas reais condições mentais.
Agir em nome de Deus, em plenitude de amor, será beneplácito de caridade a ser recompensado regiamente no campo espiritual.







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DAS COMPETÊNCIAS





Todos nós, perante a existência, desejamos bem caracterizar o que queda sob nossa responsabilidade, no conjunto das atribuições repartidas por todos. Nos eventos humanos, as diferentes capacidades até certo ponto definem as competências. Estarão perguntando os amigos:
— E no plano espiritual?
Pois bem, não podemos afirmar com segurança o papel de cada qual, dadas as infinitas possibilidades de obrigações, mas, certamente, a ninguém é dado praticar o mal em nenhum de seus aspectos. Sendo assim, resta elaborar roteiro de vida fundamentado nos Evangelhos e cumprir cada um dos tópicos, com muito amor e desapego pelas vaidades corpóreas.
Teremos a certeza do cumprimento do planejamento elaborado antes do encarne? Certeza antecipada, não. Mas o resultado das ações evidenciará até onde trabalhamos pelo próximo e pela própria evolução. Assim, é perfeitamente justo que nos preocupemos em aperfeiçoar a capacidade de avaliação dos recursos de que lançamos mão para dar curso aos trabalhos apostólicos.
Ao chegarmos ao plano da realidade espiritual, ficaremos conhecendo, intuitiva ou conscientemente, o ponto do progresso atingido, ou se ficamos a marcar passo inutilmente, acrescentando débitos aos débitos. Aí adquiriremos certeza desde já evidenciável: a compartimentagem das categorias espirituais e a conseqüente divisão das tarefas e responsabilidades, a definirem com propriedade as competências.
Não será preciso, então, muito esforço para perceber quem são os nossos pares e onde é que fomos parar, por causa das obras que realizamos. Tudo se contém na palavra sagrada do Senhor e isto nos guiará perfeitamente na compreensão dos dados disponíveis para a elaboração dos conceitos a serem praticados, em função do soerguimento ou do avanço irresistível nas sendas do Criador.
Compete-nos, portanto, sempre agir em consonância com os ensinos do evangelho de Jesus, para o que é dever inadiável conhecer os princípios morais, doutrinais, filosóficos e sociais, que fundamentam as pregações cristã e espírita.
Nada se encontra fora desses roteiros de luz. Havemos, então, de considerá-los o encargo mais precioso e necessário.







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DA SEMEADURA E DA COLHEITA





Há uma hora para plantar e outra para colher, no regime climático da Terra. Para a humanidade, entretanto, na semeadura do bem e do amor, o tempo se estende num eterno agora, como a época mais oportuna, da mesma forma que a colheita se dá imediata, como se nem se precisasse aguardar, para que a plantação venha a germinar, brotar, deitar flores e frutos etc.
No dia de hoje se concentra o universo. É tese antiga dos desencarnados enaltecer a hora presente como a mais importante para a confecção dos superiores roteiros evolutivos. Ao mesmo tempo em que elaboramos as peças do planejamento, deveremos também estar dando andamento e conclusão a todos os aspectos, como se fosse possível eliminar os processos tão demorados da compreensão, da assimilação e da aplicação responsável e consciente de todos os tópicos inseridos como necessários, para que possa haver progresso espiritual.
Se os irmãos estão julgando-nos por demais exigentes, não paguem para ver. Comecem desde já a desconfiar de que suas dúvidas é que estão defasadas relativamente aos princípios cármicos e iniciem o trabalho de restauração vibratória positiva, aceitando a vida como ela é, buscando fazê-la cada vez mais consentânea com a verdade, para o que exijam vocês mesmos de si que se façam até sacrifícios, para não se perder mais esta oportunidade preciosa.
Vejam como fazemos nós, impedidos que estamos de executar algo mais imperativo junto aos encarnados: lutamos com as armas de que dispomos, na tentativa de evidenciar as responsabilidades. Não estamos nunca completamente satisfeitos com o resultado do trabalho, de forma que vamos procurando aperfeiçoá-lo, para tornar as mensagens cada vez mais importantes, no sentido da pregação de que o Cristo representa a salvação.
Não iremos desesperar-nos jamais, principalmente porque compreendemos que Deus é pai de misericórdia e em suas mãos repousa a caridade e o perdão. Mas também não elegemos o ócio como a atitude mais propícia para Deus agir em nosso favor. Como nos disse Jesus, todos somos medidos pelas obras que realizamos, e é isto o que acontece a todo momento, segundo o que acima expusemos, como linha diretriz para o pensamento da semeadura e da colheita.
Façamos por merecer os galardões da vitória espiritual sobre as dores e sofrimentos, eliminando os vícios e afastando-nos dos crimes. Eis que os nossos olhos se abrirão para a verdade, facilitando a visão dos caminhos que nos conduzirão ao reino do Senhor.







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DOS FRUTOS DA TERRA





Muitos irmãos devem estar cismados com o encaminhamento que demos ao discurso, não compreendendo bem se o que vêm fazendo pode ser aproveitado positivamente, para apresentarem no etéreo como algo de qualidade, para proporcionar ganhos substanciais no campo evolutivo. Alguns são tão-só agricultores, que têm vencido, a duras penas, a luta contra as condições adversas de sua ocupação.
Se tiverem olhos somente para os lucros, desconsiderando os meios de adquiri-los, partindo para o emprego até de dispositivos técnicos prejudiciais à saúde dos consumidores, podem contar que a colheita lhes será profundamente danosa.
Outros perquirem a respeito de atividades muito restritas, sem conteúdo social de larga escala, como sejam meros burocratas fechados em seus escritórios poeirentos, não fazendo mais do que numerar, classificar e arquivar processos. Terão eles o que mostrar como prova de qualificação para o merecimento evolutivo? Se tudo estiverem fazendo com alegria, na íntima convicção de que estão respeitando os princípios evangélicos, não remetendo aos demais senão vibrações de muito amor e consideração, estarão amplamente justificados, no campo profissional, restando inúmeras outras atividades para serem avaliadas e valorizadas.
Ninguém está sozinho no mundo. Por mais isolado se sinta, sempre existem os parentes próximos, vivos ou mortos, que estimam julgar o familiar integrado em grupo coeso de seres, ao qual destinam o melhor dos esforços, no sentido do amparo e do consolo.
Não nos preocupemos com as concepções morais, doutrinais e filosóficas dos que não combinam seus pensamentos com os nossos. Deixemo-los agir da forma que melhor lhes pareça. Caso estejam praticando o bem, não haverá o que fazer. Se se destinarem ao mal, conforme evidência facilmente realizável, restar-nos-á pedir por eles em preces comovidas, indo em seu socorro naquilo que nos for possível, para amenizar-lhes os efeitos das realizações em descompasso com as recomendações evangélicas.
Eis que estaremos colhendo o fruto da terra, apesar de, às vezes, parecer que estejamos lamentavelmente frustrando as tentativas de soerguimento dos irmãos perdidos nos descaminhos funestos dos crimes e dos vícios. Jamais seremos responsabilizados pelas atitudes de acinte dos que se voltam contra o Pai, mesmo que nos firam diretamente em nossos interesses físicos ou espirituais. Não importa o que façam. É preciso considerar o que fazemos nós para a melhoria do ambiente em que vivemos, mesmo que seja apagadinho mas sorridente — Bom dia! —, a cada manhã.
O fruto colhido na terra será tanto mais saboroso e nutritivo quanto mais representar em vitórias sobre a perversidade, sobre a negligência, sobre a maldade, sobre a má fé, a hipocrisia e a malícia. Quanto mais superarmos as deficiências da personalidade, mais o nosso terreno estará apto a nos oferecer condições vantajosas para o plantio da benemerência, da caridade e do amor.







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DOS ATRIBUTOS MORAIS





Temos para conosco que a maior parte dos humanos conhece muito bem quais as qualidades essenciais para que mereçam ser considerados aptos à ascensão. Muitos, entretanto, confundem as conquistas psíquicas dos sacrifícios cármicos com a inevitabilidade das dores e dos sofrimentos e julgam que, só por terem estado sob o domínio das vicissitudes, já alcançaram os pontos necessários para a redenção.
Não haveremos de dizer que tudo o que faz sofrer não tenha o dom de amortizar outros pagamentos, entretanto, parece-nos claro que seja bem compreensível o fato de que, se não houver a conversão da dor em benefício moral, não se poderá dizer que se tenham purgado os males praticados, principalmente porque não houve qualquer compreensão da vinculação deles com os correspondentes padecimentos. Em outras palavras, se não se souber entender o sofrimento como conseqüência e não causa, ficar-se-á perenemente sem entender o porquê do fato de não conseguirmos progredir, tendo tanto sofrido.
Sendo assim, é preciso desenvolver os atributos morais, que embasarão todos os raciocínios metafísicos, forçando-nos a compreender os fatos da vida como longo encadear de conseqüências lógicas provocadas pelos desvios correspondentes à linha da lei maior do Senhor.
Por isso termos iniciado a pregação pelas qualidades maiores, para fundamentar as apreciações decorrentes no campo fenomenológico dos encarnados. O amor, a amizade, o perdão, a caridade, a fraternidade universal são ingredientes de um mesmo tempero para dar o sal da vida, ou seja, a alegria imensurável de se poder sentir a felicidade de compartilhar das esferas superiores, onde o bem é a norma e a bem-aventurança, a lei.
Como ficaríamos felizes se tivéssemos o dom de retratar ou de filmar os páramos celestiais, para oferecer à visão dos terrestres! Mas só temos capacidade para o estímulo à perfeição, seres imperfeitíssimos que somos. E isso deve contentar-nos sobremodo, à vista de tantos infelizes que são incapazes até de imaginar que possa haver regiões onde o bem predomina e o sofrimento só existe como influxo dos pensamentos relativos aos males que grassam por vastos setores galácticos.
Desenvolvamos a capacidade de reconhecer a necessidade dos atributos maiores, para que consigamos melhorar o desempenho em função do cumprimento das tarefas a nós designadas. O mais virá por via de conseqüência, à medida que formos compreendendo as verdades que até há pouco desprezávamos. Não sejamos intolerantes, partindo daí para a grande série de conquistas que nos possibilitarão receber os galardões da vitória sobre a dor.







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DA VERDADE





Não são muitos os que conseguem visualizar a verdade da existência. Kardec, auxiliado pelo Espírito de Verdade, pôde realizar obra de mérito, na qual estabelece com rigor série de comentários, a partir de diversas explicações espirituais, caracterizando várias facetas da realidade dos encarnados. Podemos até dizer que, para o homem comum, a decifração de outros pontos mais específicos ainda vai demorar para acontecer. Sendo assim, não seremos nós quem intentaremos trazer noções mais avançadas para o campo dos raciocínios humanos, especialmente porque falta muito ainda para que se venham a compreender os dispositivos assinalados na obra kardequiana.
Entretanto, não podemos fugir da necessidade do conhecimento e da sabedoria. Se julgarmos que estamos muito crus para o entendimento dos tópicos levantados pelo mestre lionês, restrinjamo-nos a entender que devemos prosseguir estudando e trabalhando pelo adiantamento moral e espiritual. Se a instrução é valiosíssima, é também muito importante saber determinar os limites de nossa capacidade de absorção dos conhecimentos.
Como não temos peias na língua, podemos dizer que muitos de nós somos retardados mentalmente, para a compreensão da maioria dos raciocínios postos em prática pelos mensageiros da Divindade, mui particularmente porque não temos interesse algum em desviar-nos dos procedimentos que nos estão dando legítimas satisfações no campo dos sucessos sociais e das regalias pessoais. — Fazer sacrifícios?... — Nem pensar!
Eis o mal a combater através da investigação da verdade psíquica, primeiro passo para estendermos os conhecimentos para além do pesado véu das incompreensões e do egoísmo, com a finalidade da decifração das verdades existenciais, com o fito de se avançar na direção da verdade eterna.
Somos, verdadeiramente, muito pequenos diante do universo, mas nossa capacidade de discernimento transcende o mero aspecto de massa ou de volume, pois as energias mentais e espirituais são capazes de ultrapassar os limites da matéria bruta, constituindo-se nos reais elementos de que somos formados intimamente. Se o essencial é invisível aos olhos, como nos lembrou Saint-Exupéry, não o é para a visão incorpórea da alma, que tem o dom de conhecer a verdade imanente, caso tenhamos tido o cuidado de desbastar as escuras matas das incompreensões, da maldade, dos vícios e demais produtos do egoísmo, vaidade e orgulho à frente, à guisa de porta-estandartes.
Desenvolvamos o senso de equilíbrio para nos submetermos à disciplina necessária para o aperfeiçoamento das qualidades. Só assim nos capacitaremos à descoberta da verdade. Caso contrário, ainda muito teremos de perlustrar textos como estes, para ver se conseguimos encontrar alguma luz que nos desperte para o caminho do reino de Deus.







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DA BUSCA





Se bem entendermos a vida, concentraremos a atenção na aquisição de todos os requisitos próprios para exercermos a cidadania no reino do Senhor. Essa busca da perfeição se fará em todos os momentos, sob os auspícios dos ideais cristãos e com a lúcida contribuição dos protetores espirituais.
Fazendo abstração das necessidades corpóreas, poderemos falsamente inferir que seja até bastante fácil de realizar os desejos de aperfeiçoamento, tomando como base, para a procura de nossas verdades, a consciência descarregada das culpas e das acusações. Entretanto, se para os que se debatem nas trevas do Hades já é difícil de realizar qualquer avanço significativo, dado que não se entregam verdadeiramente às tarefas regeneradoras, para os que suportam a densidade da matéria é ainda mais penoso, especialmente porque estão com as ações fortemente demarcadas pelos procedimentos sociais, que obrigam a decisões contraditórias, em função dos valores terrenos não baterem com os estimulados pelos pensamentos evangélicos.
Por essa razão é que temos tido a preocupação da ajuda extraordinária dos seres que voltam depois de graves desilusões e de tristes arrependimentos. Se é bem verdade que não nos dão ouvidos, pelo menos nos resta a esperança de deixarmos impressa na memória dos amigos alguma palavra reveladora, para possível meditação ulterior, talvez em momento oportuno para a recondução às fontes do conhecimento espírita.
Eis a busca maior delineada. Agora, será só seguir as orientações dos Espíritos de luz que ampararam os escritos sagrados da codificação kardeciana e aplicar os conhecimentos ao dia-a-dia de nossa aventura terrena.
Se pudéssemos, resumiríamos a doutrina ali contida, para facilitar o entendimento aos leitores. De qualquer modo, porém, não iremos deixar passar esta oportunidade, para lembrar que o lema de Kardec ainda tem prevalência sobre todas as idéias e filosofias que a mentalidade humana possa conceber: Fora da caridade não há salvação. E assim é, realmente, no plano espiritual. Pensemos nisso.







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DA ANGELITUDE





Depois da busca da verdade, encontrar-nos-emos frente a frente com os problemas inerentes à angelitude. Quem pensar que basta ser bom e virtuoso para merecer adentrar os páramos celestiais, para conviver com Deus no Empíreo das religiões cristãs, vai decepcionar-se com o Senhor, pois, após termos muito sofrido e muito peregrinado à procura da paz e do amor universais, deveremos demonstrar que aprendemos todas as lições, prestando relevantes serviços à causa do bem, em plena felicidade íntima, como se nada mais existisse além do trabalho evangélico.
Muitos pensam que as tarefas rotineiras da vida ou aquelas destinadas aos tarefeiros maiores do orbe sejam o que possa existir de supra-sumo em matéria de crescimento espiritual. Quão pobres são os que não desconfiam que está aí mero princípio das atividades, que terão transcurso em todas as esferas por onde vagarmos, na busca quase infinita da perfeição.
Quando merecemos o conforto de palavras ditas, com muita sabedoria e muito carinho, por elevados espíritos de luz, pensamos estar sendo amparados por anjos de excelsa linhagem, provindos diretamente do paraíso. Puro engano! A nossa pequenez é que não nos permite avaliar da grandeza do ser que nos auxilia, de forma que as palavras de orientação nos parecem provir das próprias tábuas das leis eternas. E, no entanto, muitos seres humanos têm condições de apresentar semelhantes conselhos, bastando que saibamos reconhecer-lhes a superioridade moral e admitir-lhes a responsabilidade pelos informes espirituais de caráter superior.
Para que não quedemos em mãos pouco habilitadas para os supra-referidos conselhos, evitando até sermos desviados dos caminhos do Senhor, temos de aceitar a necessidade do estudo ou da informação espirítica, o que iremos usufruir através da leitura dos livros da codificação kardequiana, conforme o exposto mais acima.
Por hora, saibamos que a angelitude é estágio superior da espiritualidade, mui difícil de conquistar diretamente no campo das vicissitudes terrenas. A Terra, é melhor considerarmos como a crosta das expiações e dos sofrimentos cármicos, para que possamos ter idéia mais exata das conquistas que teremos de efetuar para, simplesmente, podermos ultrapassar os limites desta esfera, fazendo por merecer avançar para o círculo seguinte. Eis que teremos mais compreensivelmente delimitado o campo de visão da angelitude, o que nos será bastante propício para o entendimento da verdade de nossa constituição mental e sentimental.
Fiquemos por aqui, enquanto não nos forem oferecidas condições de experimentação mais promissoras de avanços irrefragáveis. Acatemos as determinações que soubermos compreender mediante os arroubos de nossa imaginação criadora e abaixemos a cerviz para os desígnios que formos capazes de decifrar, tendo em vista as barreiras corpóreas que, a todo momento, se nos antepõem.







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DA REALIDADE





A compreensão do que ocorre no preciso instante em que estamos é que se constitui exatamente na realidade que temos por obrigação vivenciar. Tentar conhecer o momento presente como produto das atividades executadas anteriormente, como se tudo só pudesse ser mera conseqüência, segundo a lei de causa e efeito, é muito útil para sabermos delimitar as circunstâncias que deverão ser estabelecidas como coercitivas da ação. Entretanto, dedicarmo-nos exaustivamente à compreensão desse processo poderá impedir que ajamos convenientemente para romper o encadeamento das reações que encaminham para conclusões deletérias. É preferível, então, reconhecer que o futuro deverá coroar efetivamente as benemerências que estamos em vias de cometer, por força de que as maldades deverão formar como pano de fundo de distante e inócuo passado.
Mas as regalias que vislumbrarmos como recompensa obrigatória das boas ações, por sua vez, esbarram na necessidade inadiável de começarmos já a palmilhar as estradas do bem, do amor e da caridade, e isto é o que deveremos colocar como objetivo imediato, como realidade moral irreprochável.
Claro está que não nos iludiremos com a visão estreita de muitos seres totalmente programados para a execução de tarefas tidas e havidas como essenciais para a concretização da felicidade. Para tais criaturas, haveremos de fomentar a perspectiva do exame de consciência, em função de todos os atos da vida. Também não seremos tolos de propugnar mudanças nas programações daqueles que não têm formação evangélica adequada, sob o risco de fazê-los irresponsáveis ou, pelo menos, desorientados e perdidos, o que os levaria a considerar tudo contrário aos ideais que sempre mantiveram, porque ensinado lhes foi que tais ou quais atividades iriam redundar, inequivocamente, em ingresso no paraíso.
A realidade para cada um é, em essência, muito diferente, haja vista, por exemplo, as perspectivas de vida de um jovem estudante de primeiras letras serem absolutamente distintas daquelas que se põem diante dos que estão ingressando no campo profissional, após formarem-se academicamente. Sendo ainda mais drásticos, diríamos que a realidade para um bebê é totalmente estranha daquela que se apresenta diante da vetustez dos oitenta anos.
Assim, não há que se formularem receitas de panacéias que possam servir para todos os males. Haveremos, sim, de estimular que cada qual possa oferecer o melhor de si para a formação moral dos companheiros, principiando por lhes propiciar condições normais de sobrevivência física e mental. Em outras palavras, diríamos que o trabalho pelos irmãos necessitados é de rigor, para a transformação da realidade em algo favorável para o crescimento espiritual.
Se tudo que fizermos estiver embasado em moralidade superior, no desejo autêntico de cooperação e de soerguimento, o ideal de usufruir os momentos mais lindos da existência só será ultrapassado pela felicidade de ver que todos os seres em derredor também estão conseguindo conquistar o seu lugar ao sol.
Muitas vezes, para que se não pense que estejamos iludidos quanto às atividades que deveremos exercer para alcançar o ponto ideal acima referido, deveremos fazer sacrifícios e nem sempre a vida florirá em vergéis de alegria imensurável. Há lágrimas santas e dores sacramentais, as quais devem ser padecidas na fé, na esperança, na confiança de que Deus é pai de absoluta misericórdia, que saberá efetuar por nós exatamente o que estamos aspirando levar a efeito no favorecimento dos parceiros de existência.
Eis que a realidade que estamos vivenciando é a de ditar este modesto texto, na expectativa de cumprir as tarefas designadas pelos mentores que nos guiam por este jornadear de aprendizado. Fazemo-lo na inteira certeza de que estamos realizando o melhor que podemos, para facilitar a vida de todos os irmãos que contatarem a comunicação. Mas o nosso momento sofrerá profunda transformação no instante da leitura, de forma que todas as intenções subjacentes terminam por serem camufladas pelas palavras do humano linguajar em que se traduzem os pensamentos. O momento de realidade do leitor é o da decifração da mensagem, tendo em vista perspectiva pessoal, de forma que não poderemos imaginar quais vêm sendo, na hora da leitura, as reações de cada um. Esperamos, contudo, estar tornando a sua realidade, caro amigo, bem mais próxima daquela que descrevemos como ideal, caso em que a nossa alegria se condensará e se exteriorizará em forma de modulações vibratórias que o atingirão e o transportarão para áreas de satisfação e de felicidade muito elevadas. Eis que a nossa realidade tomará algumas colorações dos campos translúcidos da angelitude.
Deixemo-nos estar nas brandas mãos de Jesus!







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DO TRIUNFO SOBRE O MAL





Como acima dissemos, há quem esteja necessitado de vencer as tentações ou, mais ainda, as más tendências da personalidade, uma vez que não chegou a compreender a grandiosidade dos aspectos morais, em função da vida espiritual que aguarda por todos. Há pessoas que poderemos chamar de malévolas, de criminosas e através de outros adjetivos drásticos que lhes exprimirão, com realidade, o caráter. Há pessoas cujos pensamentos jamais elegeram a felicidade dos circunstantes como essencial para seu próprio bem-estar. Vivem no ódio, até parecendo que não se sentiriam à vontade se lhes fossem dadas condições de venturosa alegria junto aos demais seres. São pessoas que não conseguem irmanar-se, até mesmo quando completamente amparadas pela bondade alheia.
Acreditamos que os leitores não estejam em fase existencial tão negra, porque estão perlustrando estas páginas sem arrefecimento. Entretanto, como ninguém é perfeito, pedimos vênia para supor que a humanidade de cada um ainda prevaleça por instantes, de molde que haja momentos na vida de todos em que algo se manifeste como inferior aos elementos da pregação cristã. Caso se reconheça, às vezes, em tais condições, pode o irmão prosseguir na leitura, pois iremos trazer sugestões úteis para que se vençam as más tendências morais.
A primeira recomendação é a prece, para que se dê a compreensão da extensão dos males e para a rogativa de auxílio dos protetores.
O passo seguinte está no entendimento de que todos somos seres humanos, portanto, sujeitos à falência, agindo muitas vezes por força da obediência, que exercitamos durante milênios, aos instintos que jazem adormecidos no fundo da consciência, erigindo a convicção de que o erro se faz consentâneo com a natureza da personalidade terrestre.
Em terceiro lugar, vem a necessidade do reconhecimento de que temos substâncias morais suficientemente poderosas para vencermos as dificuldades, precisando tão-só um pouco de boa vontade e bastante espírito de cooperação com as entidades que se esforçarão por nos darem as diretrizes para a superação das deficiências caracterizadas.
Se não obtivermos sucesso desde logo, recaindo constantemente nas mesmas falhas de procedimento ou de julgamento, aí será necessário que estabeleçamos vínculos estreitos com outras pessoas igualmente carentes de esclarecimentos e de apoio, sob a orientação de alguém mais experiente, capaz de nos favorecer a apreciação da vida à luz das benemerências de Jesus.
Não estamos recomendando que se escolham pessoas ao acaso, nem que se procure assistência psicológica especializada, pois muitos dos percalços são extremamente subjetivos e os tratamentos muitíssimo caros. O que aconselhamos é a aproximação de algum centro espírita, para que se trabalhe pelos irmãos, na medida das forças, sem grandes sacrifícios e sem perder a identidade. Afinal de contas, o que temos em mira é a cura das afecções morais, através da medicação mais propícia à obtenção de resultados rápidos, qual seja o aprendizado da caridade e do espírito de desprendimento.
Entretanto, é preciso não levar as nossas palavras muito ao pé da letra. Esta mensagem constitui-se de alguns tópicos mal alinhavados, na esperança do despertar para o desejo de se ver mais próximo dos ideais cristãos de vida. Não vá pensar-se em que estamos resumindo toda a filosofia e toda a doutrina, na expectativa de encontrar-se, no texto, o exato tratamento de todos os casos. É a partir de exame individualizado que cada um chegará a triunfar sobre o mal.







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DO VOLUNTARIADO





Este tema pode não repercutir significativamente no pensamento dos leitores, tendo em vista que todos os que se dispuseram a perlustrar os ensinamentos destas páginas certamente estão sôfregos por participar de alguma forma, se já não o fazem, das atividades de casa espírita de benemerência, integrando-se voluntariamente nos serviços. Entretanto, não vamos menosprezar o sentimento de adesão, que começa a partir da firme convicção de que o juízo de valor mais alto é justamente aquele que se fundamenta na necessidade do progresso, o qual só se consegue após assimilar-se condignamente os princípios evangélicos.
Com certeza, estaremos jogando baldes de água fria nos ânimos férvidos dos que se consideram próceres do espiritismo, só porque trabalham afincadamente em prol do bem-estar físico ou emocional dos companheiros ou dos assistidos, quer no plano material, quer no espiritual. Mas isto é muito pouco para que nos sintamos à vontade para galardoá-los como beneméritos.
O voluntariado para o serviço do Senhor não deve passar pelo crivo da razão nem do sentimento. As pessoas devem agir tão naturalmente quanto o fazem para saciar a sede, mitigar a fome ou acalmar o sono. Enquanto houver qualquer pequenina sombra racional ou emotiva de que o que se está fazendo tenha de ver com decisões que contrariem dispositivos da vontade, havendo, portanto, alguma forma de resistência íntima, nada se contará em favor do interessado em ascender ao plano da angelitude.
É preciso compreender que voluntário é aquele que vê não a necessidade de ajudar mas a própria ajuda como essencial para qualquer desenvolvimento de caráter espiritual. Saber-se com dons de virtudes será o reconhecimento da fortaleza moral com que se pode contar para o efeito dos estímulos para a incorporação na instituição de benemerência onde se vai trabalhar. Mas querer compreender que o fato dessa disposição possa constituir-se em apanágio de superioridade espiritual será, com certeza, ferir os princípios da humildade e do espírito de submissão ao Senhor, qualquer seja o ponto de vista que se queira impingir como sadio para o raciocínio de mais valia.
Sabemos que, de certo modo, estamos até que desdizendo dos incentivos que até aqui houvemos por bem inserir nos textos, no sentido de impregná-los de verdadeira pregação apostólica. Mas a verdade é que a deliberação do procedimento conforme as diretrizes de Jesus deve vir precedida da convicção de que a palavra do Senhor esteja vívida e atuante na consciência.
Se dissermos que, além da decisão pela cooperação humanitária, deve haver alegria e felicidade, provavelmente estaremos exigindo, de meros encarnados passíveis de falhas imensas, que se superem quanto à sua natureza e se santifiquem, até mesmo antes de iniciarem o trabalho que os conduzirá à salvação.
Mas não levem tão a sério as recomendações. Atenham-se à essência do pensamento, para não descaírem na incompreensão dos sacrifícios acima da capacidade de obrar. Para que tal raciocínio se complete, é preciso ter presente na memória haver o Senhor assegurado que jamais teríamos para carregar peso superior à nossa força.
Sejamos voluntários sempre, mesmo que sintamos algum fiozinho de hesitação ou de malícia. Será preferível realizar algo em favor dos semelhantes a permanecer estáticos, imobilizados pelo horror da descoberta de nossas fraquezas e imperfeições. Saibamos compreender que somos bastante atrasados, para darmo-nos o impulso que nos falta para o início das atividades benemerentes. O mais virá com o tempo e com o trabalho; e com a convivência feliz com os demais seareiros do bem; e com o influxo de amor dos instrutores e mentores espirituais. Sejamos capazes de efetuar a crítica que for, entendamos o sentido mais profundo do tema em pauta e recolhamo-nos, humildes, ao regaço do Pai.
É assim que se contam pontos para futuro espiritual de realizações superiores.







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DO TRABALHO EVANGÉLICO





Pelo caminhar do andor, já devem estar a suspeitar os amigos que iremos solicitar-lhes que transformem o mero trabalho em favor dos irmãos necessitados em serviço apostólico digno dos discípulos mais diligentes do Messias. Verdadeiramente, aplicar-se, automaticamente, às tarefas exigidas pelos roteiros de assistência dos centros espíritas jamais irá constituir-se em verdadeira missão evangélica.
Quando a pessoa integra algum setor missionário, deve imbuir-se dos atributos especiais que se exigem, para que o trabalho venha a ser computado como meritório e digno de favorecer o recebimento dos galardões espirituais evolutivos.
Haveremos sempre de insistir na necessidade da compenetração de que o real obstáculo a vencer são as resistência psíquicas oferecidas pelos hábitos que se arraigaram no proceder de toda hora. A transformação que se exige dos tarefeiros do Senhor é a mais sublime do cristianismo, ou seja, a doação incondicional do ser às premissas do evangelho.
Não há meio-termo, não há indecisão, não há hipocrisia mascarada: a verdade do despojamento tem de poder ser colocada sob o crivo de qualquer perquirição de caráter espiritual. O bem só se pratica com amor. A ajuda do voluntariado mais ou menos profissionalizado pode repercutir favoravelmente no seio da comunidade como fator de enriquecimento coletivo, mas não terá o mérito de favorecer o doador com o engrandecimento de atributos ou de virtudes.
Fazer o bem sem olhar a quem é princípio de superior moralidade, só compreensível pelos que se ajoelharam diante do Pai e afirmaram, compungidos, que perceberam que o amor de Deus se reparte por todos os filhos, determinando-se a ver no ato da benemerência não o fruto a ser colhido pelo irmão necessitado nem a bem-aventurança a ser conquistada pelo semeador, mas tão-só o Bem, como se fora possível admitir para ele existência autônoma, sem causa ou efeito.
Exercitar o amor como regra perenal de vida, eis o apanágio maior de quem se compenetrou de que o trabalho evangélico não é exigente, não é sacrificial, não é recompensador nem forçoso. Trabalhar vanguardeiramente na seara de Jesus significa tão-só dedicar-se integralmente às tarefas como sendo as que se destinaram a nós espontaneamente, como reflexo irretorquível da natureza de nossas individualidades.
Eis que é necessário respirar. Eis que é natural trabalhar pelo soerguimento dos irmãos. Isto nos forçará a estudos intensíssimos? Certamente, a partir do momento que bem compreendermos que estamos nas mãos dos Senhor, que nos exige o cumprimento de suas sagradas determinações, as quais nos são oferecidas na forma de mandamentos, de ensinos evangélicos e de normas doutrinais espíritas. O mais é condimento para dar sabor à vida.







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DO VIGOR FÍSICO





Todos precisamos manter-nos sadios, naturalmente dispostos a oferecer o máximo da competência muscular e fisiológica para a realização dos planos estabelecidos para os trabalhos redentores. Entretanto, como nos afirmou o Mestre, a carne é fraca e, por isso, sujeita às vicissitudes dos climas e dos agentes perniciosos que infestam a atmosfera. Daqui a necessidade do estabelecimento de padrões de conduta capazes de levar-nos à prevenção das infiltrações microbianas, bacterianas, viróticas e de outras espécies não conhecidas do homem.
Que roteiros nos levarão a posturas idôneas?
Seríamos tolos em definir programas de exercícios físicos, alimentares ou de restrições de atividades prejudiciais à higidez. Mas não nos furtaremos à obrigação de manifestarmo-nos a respeito da necessidade da morigeração em todas as realizações que envolvam os aspectos do desempenho físico.
Deveremos, sim, voltar às normas dos catecismos, onde se encontram consignadas as diretrizes do bom procedimento relativamente ao corpo, que utilizamos para a concretização em nós dos eventos espirituais decorrentes das carências que nos caracterizam a personalidade.
— Iremos até o fim na busca da realização dos projetos de vida? — Eis a pergunta que todos os encarnados devem fazer, ao consultarem as energias que estejam armazenando e o quanto de vida resta para a consecução dos ideais cármicos.
Mas a doença não se caracteriza, evidentemente, como intransponível barreira. Há aquelas que perturbam o andamento dos trabalhos, contudo, devem ser motivo das perquirições íntimas dos amigos, pois podem ocorrer como pontos de apoio para o crescimento. Outras se constituem em verdadeiros motivos de júbilo para muitos que se afastavam, irresponsáveis, da missão evangélica.
Assim, a preservação do vigor físico deve ser preocupação de toda hora, não havendo, todavia, razão para temores, caso falhemos neste aspecto. Saibamos transformar evidentes derrotas físicas em vitórias expressivas no campo moral e espiritual. Derreamos e caímos. Não soubemos conter o avanço dos elementos nocivos, por ignorância, por iniqüidade, por fragilidade carnal. Saibamos reconhecer as debilidades dos seres humanos e vençamos as moléstias e a morte, com o vigor espiritual adquirido através dos exercícios das virtudes. Eis que carrearemos, para o acervo de conhecimentos, a sabedoria de administrar a existência carnal, princípio basilar de termos sido remetidos para esta vida na crosta.
Resumindo: em função do trabalho missionário empreendido, é de obrigação tudo providenciarmos para que a saúde se preserve; quando, porém, estivermos em baixa no setor, haveremos de reconhecer que todas as ações e reações podem ser canalizadas para a conquista de bens espirituais, que serão amealhados e guardados junto aos que se entesouram no escrínio da consciência.







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DAS PRERROGATIVAS ESPÍRITAS





Não são poucos os que se filiam às associações de assistência espiritual para poderem usufruir a convivência declarada dos espíritos orientadores da casa, bem assim para tratarem de quantos se apresentem enfermos e necessitados de apoio.
Tais fraternos auxiliares da obra caritativa quase sempre têm a noção exata do dever, que cumprem com muito carinho e espírito de solidariedade. Entretanto, há quem se arvore em autoridade perante a sociedade comum dos mortais de outras concepções religiosas, de forma que assumem postura um tanto engrandecida pela proximidade que sentem do amparo dos instrutores e demais assistentes espirituais.
É útil que tal sentimento seja exercido em prol da configuração de melhor sistema de segurança emocional ou racional. Havemos, porém, que entender que não é porque as demais criaturas estejam afastadas dos centros espíritas que não tenham igualmente a proteção dos guardiães familiares e demais entidades que as conduzem pelas sendas do bem e da fraternidade.
Não existe qualquer prerrogativa para quem age segundo as recomendações doutrinárias. Aliás, bem pensando, é até com muito maior rigor que são analisados os procedimentos dos que tiveram a possibilidade do contacto com a Terceira Revelação, já que conheceram a luz e os requisitos da angelitude. Ninguém sairá incólume das pregações espiríticas, mormente quando realizadas diretamente pelo plano da espiritualidade. Qualquer defecção, nessa hora, correrá por conta da necessidade de se revestir de autoridade sobre os demais, o que anula as qualidades da humildade, da benquerença e do amor.
Trabalhemos, sim, junto às mesas da recepção dos doutrinadores e dos sofredores, mas façamo-lo imbuídos da fé em que de nós é que depende o progresso da equipe, para o que não devemos jamais carrear para os trabalhos qualquer sensação menos pura de supostos apanágios ou de favorecimentos especiais.
Mantenhamo-nos, por assim dizer, eqüidistantes do bem e do mal, como prerrogativa da formação do caráter, nunca pretendendo parecer mais do que somos. Simplesmente, dediquemos o melhor dos esforços em favor dos irmãos, bastando isso para que sintamos os eflúvios benéficos das correntes energéticas dos companheiros do plano espiritual encarregados da preservação da carga vibratória positiva do ambiente mediunizado.
Sejamos humildes no reconhecimento das qualidades que nos amparam no serviço desprendido, virtudes que nos sustentam trabalhando e que nos dão a certeza de estarmos no caminho certo. Mas não façamos deste conhecimento nada tão importante que qualquer outra atividade venha a ficar em segundo plano. Antes, apliquemos a força de nossa vontade, sempre que estivermos exercitando o direito da prestação responsável de serviços no campo da benemerência espírita.
Aceitar não ter prerrogativa alguma é dom de superior virtude, especialmente se condensarmos as ações no auxílio incondicional aos que sofrem.







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DAS LEITURAS E DAS DISCUSSÕES





Entramos no âmbito das atividades que se exercem junto aos demais integrantes dos grupos de seareiros do bem das instituições fundadas sob a inspiração do movimento espírita. Contudo, bem pouco podemos oferecer de nosso, para que os amigos se orientem, havendo inúmeras obras que resumem ou explicitam todas as tarefas dos centros de assistência fraterna. De qualquer modo, vamos trazer algumas considerações à guisa de permitir aos leitores que estabeleçam comparações a respeito de como encaram os temas que propusermos.
Por exemplo, no campo das leituras e conseqüentes debates a respeito dos temas doutrinais ou técnicos relativos à mediunidade, julgamos que ninguém discordará de que todos devamos conhecer as obras básicas da codificação kardeciana.
Como levar a efeito tal estudo? Haveremos de enaltecer a leitura em conjunto, para que todos tenham iguais oportunidade de conhecer o teor das obras, segundo a colocação original estabelecida pelo Codificador. O ideal seria que todas as pessoas pudessem preparar os temas em casa, para oferecerem ao grupo o resultado de suas meditações, quando não as dúvidas suscitadas pelos textos. Mas sabemos ser impossível para muitos amigos menos dotados de escolaridade atingirem esse ideal. Assim, mesmo que se gaste tempo com a leitura durante a sessão, sempre haverá proveito nela para os que não se conscientizaram do valor do estudo solitário.
O que não pode ser deixado de lado, em hipótese alguma, é a apresentação das dúvidas e hesitações. Quantas vezes estamos descrendo das assertivas mas não nos pronunciamos por medo de ferir susceptibilidades. Outras mais, sentimos vergonha de nossa ignorância e nos propomos a ficar calados, por nos parecer que os companheiros vão ridicularizar-nos.
Nada mais falso do que chegar-se a tais conclusões no ambiente sagrado do templo espírita, pois, se ali não exercitarem os confrades as virtudes fundamentais do amor, da compreensão e do perdão, onde mais encontraremos pessoas mais comprometidas com a pureza dos sentimentos?
Caso mantenhamos postura arredia, irá ser preciso sério exame de consciência para se saber se não se trata de inferioridade nossa, fruto de excessivo egoísmo e profundo amor-próprio.
Uma vez organizado o programa de estudos, segundo a possibilidade de todos, aí é firmar compromisso com o grupo e evitar dissensões inoportunas, que somente irão trazer desconforto moral para os que se prestam de boa vontade ao auxílio dos neófitos e dos mais ignorantes. A seriedade dessas atividades é tão grande quanto qualquer outra que se estabelece sem o correspondente emprego da intelectualidade.
Sabemos que nem todos estão em condições de acompanhar as explicações dos mais doutos e mais experientes. Mas tudo deve ter um início e esmorecer, neste ponto da caminhada, será perder excelente oportunidade de acrescentamentos positivos na área da teoria. De resto, basta começar a conhecer as idéias trazidas a Kardec pelo plano da espiritualidade, para verificar-se que, a par do trabalho caritativo — fundamento da doutrina —, haveremos todos de instruir-nos, para podermos justificar todos os atos de nosso procedimento.
É fundamental que aprendamos a nos conhecer para podermos emendar o que estiver incorreto e completar o que estiver lacunoso. E isto só será possível se tivermos amplo conhecimento de todos os aspectos da doutrina espírita, quer morais, quer científicos ou técnicos, doutrina que nos fornecerá os elementos de que nos serviremos para crescermos em qualidades.
Estávamos certos quando dizíamos que bem pouco acresceríamos ao cabedal dos amigos. Restou-nos, por isso, incentivar a firmeza da deliberação e enaltecer a importância do conhecimento, na tentativa de tornar a decisão dos irmãozinhos férrea e irremovível, no sentido de partilharem espontânea e lealmente das discussões doutrinais. Assim é que se vai aumentando o poder de participação nos labores espiritualizados.







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DA MISSÃO FAMILIAR





De nada adiantará o trabalho evangelizado junto à comunidade, se não fizermos brotar, no coração dos estimados amigos da esfera familiar, as mesmas virtudes para cuja conquista nos empenhamos. Claro está que não iremos propugnar que se exercitem as benemerências em nome dos outros, ainda porque estamos referindo-nos aos amigos leitores como seres de alta inteligência e compreensão. Todavia, temos de adverti-los para a falsidade da idéia encontradiça entre os mortais de que haverão falhado os que não conseguiram tornar todos os membros da comunidade familiar espiritistas convictos.
Como houve um tempo para nós, deveremos aguardar que se dê oportunidade mais justa para os próximos. Um dia ou outro, encontrar-nos-emos diante dessa conjuntura favorável para a pregação da verdade doutrinária e aí, com o coração leve e feliz, iremos exercer os atributos que desenvolvemos através da dedicação aos estudos e às tarefas junto aos irmãos dos centros espíritas.
O que não podemos desconsiderar é a necessidade que todos temos de progredir, de forma que jamais devemos relegar a segundo plano a necessidade do exemplo da conduta mais sadia e mais sábia. Não sejamos intolerantes nem maliciosamente injustos em relação ao desapego familiar que os mais renitentes demonstram. Quem sabe estejam somente procurando seus caminhos, inconscientes para a prática evangélica mais elementar!
Em caso de profundos desvios de conduta, restar-nos-á rogar a ajuda dos benfeitores espirituais, sem desespero, sem angústia, sem a intenção de distorcer os mandamentos do Senhor, para a enérgica pregação dos deveres em falta. Todos os seres humanos devem exercer o direito do livre-arbítrio e reconhecer tal prerrogativa é já acatar uma das leis universais mais importantes.
Mas não vamos restringir as palavras ao âmbito das defecções. Volvamos generoso olhar para os lares bem constituídos e saibamos extrair das observações lições exponenciais, para aplicação junto aos seres que recebemos em nossas corporações familiares. Embora não devamos sentir-nos responsáveis pela conduta deles, devemos saber que existe responsabilidade em nos dedicarmos com afinco e amor, serena e pertinazmente, ao trabalho da instituição da moral cristã como dogma de fé e princípio existencial de caráter superior.
Ajamos de acordo com as premissas evangélicas e jamais erraremos junto aos entes que nos são caros. Retribuamos todas as atitudes com profundo amor e saibamos oferecer a outra face, sempre que atingidos pelos que deveriam estimar-nos candentemente. O amor será pago com amor, mais ou menos dia e, finalmente, encontraremos a felicidade no regaço de Jesus.
Em suma, não será impacientemente que chegaremos a cumprir nossas missões. Será com muito carinho e afeto. Atendamos às súplicas silenciosas dos que se ensimesmam e sofrem calados, e realizemos todos os atos com extremada solidariedade. Enfim, não é à toa que estamos reunidos sob o mesmo teto.







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DA VIOLÊNCIA





Queríamos furtar-nos a apreciar este tópico do currículo, pelo menos perante os encarnados, mas os amigos professores insistiram para que trouxéssemos o nosso testemunho e as nossas considerações a respeito de tema tão forte nos dias que correm.
Evidentemente, não há como se justificar qualquer forma de violência, até mesmo quando impressa nos regulamentos oficiais, os quais se devem cumprir sob o rigor da opinião pública.
Imaginemos, se for possível, que nos rebelássemos contra a imposição desta dissertação, julgando que estaríamos sendo vítimas de violência moral. Aí iríamos partir para o confronto com os orientadores da turma, pois teríamos de forçar a nossa concepção como sendo mais consentânea com a verdade psíquica dos leitores.
Longe de nós estarmos a censurar os programadores do curso. É que nos estimulamos para o exemplo, tanto que aqui estamos envolvidos com as explicações do que seria a violência no relacionamento meramente intelectual, tanto nos assusta o tema. Que dizer, então, relativamente à violência no campo físico, onde os mortais imprimem aos atos em sociedade, o cunho da perversidade e da imoralidade?
Sabemos ser bastante difícil para a compreensão humana buscar entender a violência como fruto do egoísmo, do orgulho, da vaidade e da ganância. Existem outros sentimentos que incidem em reações extremamente violentas, como o ciúme, o desejo de vingança em revide a tratamentos de inferioridade ou de injustiça, ou assim, entendidos, a insatisfação socioeconômica, o ócio etc. Existem também as viciações a incentivarem posicionamentos de absoluto desprezo pelos irmãos, quaisquer sejam suas posturas morais ou sociais.
Olhar para o orbe e não perceber que grassa a violência, a gerar toda espécie de crimes, é estabelecer para si mesmo nível exagerado de ingenuidade, como se fosse possível compreender que tudo decorre normalmente, como injunção de premissas absolutamente fundamentadas na lei de ação e reação, independentemente da vontade soberana estabelecida por outra lei universal: a do livre-arbítrio.
É bem capaz o ser humano de entender o que se passa no íntimo dos companheiros. Talvez seja por isso mesmo que tantos busquem fazer prevalecer seus desejos, em detrimento até da boa convivência social. Não se compreende mais o espírito humanitário, e o evangelho de Jesus só serve para que tais indivíduos estabeleçam um como círculo de força religiosa em torno de seus templos, local sagrado onde se encontram defendidos das vibrações deletérias dos que os perseguem. Fora dali, reina a lei da selva, onde o mais forte prevalece.




Comentário



Eis que nos desincumbimos deste penoso papel de fazer acusações contra certas pessoas inconseqüentes. Como se pode notar, não fomos bem no papel de promotores de justiça, pois preferimos, sempre, exercer o de defensores públicos. Entretanto, quanto melhor for a capacidade de julgar, mais evidentes vão tornando-se os atos em desacordo com as normas apostólicas, o que nos permitirá estabelecer com rigor quais as necessidades de auxílio de cada irmãozinho envolto nessa densa neblina de crimes e de vícios.
A lição de Jesus sempre vem em ocasião oportuna para o esclarecimento de nossas colocações. Citam-nos os mestres a passagem em que o Ungido, ao se defender do farisaísmo cego dos perseguidores, nos revela que, sem entrar na casa do doente, não poderá o médico exercer a Medicina.
Eis que nos atrevemos, enfim, a recomendar aos amigos que não se deixem enganar pelos maus. Antes, que se previnam contra eles, impedindo-os de se tornarem algozes de inocentes; nunca, entretanto, repudiando-os ou lançando maldição. Que se formem grupos assistenciais capazes de, especializadamente, partir em socorro de quantos estejam iludidos quanto às diretrizes morais impressas em suas vidas, fornecendo-lhe ideário mais consentâneo com a formulação evangélica.
Queiram desculpar-nos a violência que acabamos exercendo contra nossas disposições intelectuais e sentimentais, forcejando por dar seguimento ao curso, por estarmos, até certo ponto, constrangidos pelo roteiro de estudos. É que pensamos ser suficiente a constante luta dos encarnados contra os desatinos dos violentos, para que nós também venhamos para lembrar a necessidade do trabalho e do perdão.
Querem os mentores deixar assinalado que apreciaram a formulação do texto, conquanto tenham algumas restrições que nos declararão em particular. Quanto aos leitores, que agucem o pensamento, para que possam compreender, exatamente, o que levou a turma a efetuar mensagem tão díspar em relação ao conjunto das anteriores.
Fiquem, irmãozinhos, nas graças de Deus!







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DO RETORNO AO ETÉREO





Muitos de nós regressamos da vida coagidos por atos de vandalismo, inocentes, a maior parte das vezes, em relação aos que agiram para tal fim. Alguns foram assassinados em assaltos, outros receberam balas perdidas, a maioria perseguida por inimigos gratuitos que endereçavam mal sua sede de vingança. Há até quem tenha sido remetido de volta por protegidos que não entenderam o papel dos que os assistiam, como é o caso de dois ou três pais, vítimas dos próprios filhos.
Não haveremos de indicar os caminhos cármicos que redundaram nessas circunstâncias infelizes. Cada caso deverá ser analisado particularmente, segundo os dramas individuais e a maior ou menor carga de anteriores atos em desacordo com a lei. Contudo, não nos pode falecer o direito de conjecturar que tenhamos de soerguer os que exerceram contra nós sua violência, fato que deverá ocorrer uma hora ou outra, logo após termos perlustrado todos os pontos programáticos deste curso de socorrismo.
Eis por que ficamos indecisos quanto à apresentação do roteiro precedente, pois julgamo-nos muito brutalizados pelos acontecimentos, para podermos raciocinar com isenção a respeito dos que nos atingiram em momentos de realização cármica superior. Esperamos estar readquirindo as premissas do desenvolvimento, à medida que vamos tomando consciência da necessidade do aperfeiçoamento moral, para suportarmos, evangelicamente, as vicissitudes morais que nos conduzem, irresistivelmente, a culpar certas entidades pelo muito sofrer da primeira hora após o trespasse.
Recentemente libertados dos liames dos sofrimentos pungentes do espírito de revide e de desforra, ainda não soubemos assimilar em profundidade, apesar dos discursos anteriores, a verdade das benesses evangélicas, especialmente no que respeita às leis do perdão e do amor aos inimigos. Análise percuciente dos textos em que tratamos de tais assuntos poderá elucidar o quanto de referência fazíamos a nós mesmos, quando dávamos conselhos a espectros de leitores que se formam diante de nossas vistas.
Mais uma vez temos de vir à presença dos amigos reais que estão a decifrar estas páginas de muito amor e consideração, para solicitar-lhes seu perdão mais incondicional para as fraquezas desta turma. Pelo menos, que saibam extrair da leitura algum conhecimento das reações psíquicas decorrentes de fatos ocorridos na Terra, mas só consignados na consciência no etéreo.
Já fizemos algumas incursões pelas mentes de desencarnados em paz com o mundo e pudemos observar quão diferentes são as reações dos que só conseguiram amar, na vida e após ela. Fazemos fervorosos votos de que os leitores venham a integrar tão sagrado time.







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DAS INTUIÇÕES





Em conseqüência das sugestões que se vão infiltrando nas comunicações mediúnicas, surgem, nas mentes dos amigos, muitas idéias que lhes parecem fantásticas, impossíveis, irreais ou, simplesmente, absurdas. São pensamentos degenerados a respeito dos atributos da alma, como se todos pudessem estar com graves débitos, por terem de pairar na densidade atmosférica do planeta.
Desse modo, pensam os leitores que devem realizar pungentes sacrifícios, para removerem as nódoas que estão a obscurecer-lhes as consciências.
O grupo se sente um pouco responsável por tais lucubrações inconsistentes, pois vem, muito assiduamente, forçando as idéias a se concentrarem nos é preciso, é forçoso, é necessário e outras expressões que levam a considerações pejorativas.
Evidentemente, todos estamos sempre diante de titubeios, de falhas, de indecisões, de intuições, enfim, de que algo não esteja de acordo com os ideais evangélicos aceitos ou propugnados pela consciência. Mas devemos evitar que tais impulsos psíquicos se assenhoreiem de nossa vontade de atuação para a melhoria das condições morais que estabelecem as diretrizes de comportamento que empregamos costumeiramente. Afastemos a idéia de que somos inconseqüentes ou irresponsáveis, orando fervorosamente para que os amigos da espiritualidade venham em nosso socorro.
Por outro lado, havemos também de repudiar a desconfiança de que são seres perversos do etéreo que se infiltram até a intimidade dos pensamentos, para aí deixarem pesado lastro de incoerências e insatisfações. Ainda aqui o melhor remédio é a prece, através da qual convidamos os orientadores a nos auxiliarem.
Como se vê, nem sempre as intuições estão dirigidas para a verdade, como quando suspeitamos que desgraças estão para acontecer e, na realidade, tudo não passa de falsidade premonitória.
Há quem diga que a prece, nesses casos, é que foi capaz de obstar que os males se concretizassem, através dos desforços dos protetores chamados por nós à ação. Não vamos confirmar nem negar, pois pode ter sido bem assim. Mas, na maioria das vezes, é nosso espírito mesmo que elabora as visões dos desastres, tanto estamos imiscuídos em mundo de atrocidades de todas as espécies. Por isso é que não há mãe ou pai que, no atraso dos filhos, não ficam a imaginar os piores acontecimentos.
Mas haverá também boas intuições, sugeridas pelas entidades que têm o compromisso de velar por nossa segurança e conforto espiritual? Certamente, mas não têm o condão da adversidade, até mesmo quando há mortes e acidentes envolvidos. É que se trata de bênção de superior procedência, pois nos preparam para a comunicação da dor e do sofrimento, favorecendo-nos a compreensão dos atos como resultantes da aplicação da lei do carma, impedindo-nos a revolta e a conseqüente acusação de possível injustiça da parte da Divindade.
Saibamos reconhecer, nos impulsos que nos chegam do etéreo, aquele abraço amigo e solidário dos que conosco pretendem evoluir para Deus.







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DAS NECESSIDADES CÁRMICAS





Para se conceber que não somos perfeitos, basta conhecer o suplício da carne. Muito embora, para muitos, a vida transcorra em sereno mar de rosas, mesmo assim sempre haverá instantes de tristeza, de dor e sofrimento, pois não há quem não perca entes amados, levados pela morte.
Ora, o fato de estarmos jungidos por tais presilhas indica claramente que estamos absolutamente limitados em nossa liberdade, havendo inúmeras necessidades a serem satisfeitas, como o ato de respirar, o de se dessedentar, o de se alimentar, o de se agasalhar, só para referir-nos às obrigações individuais de conservação da saúde e manutenção da vida.
Da mesma forma, podemos supor que existam, para todos, necessidades cármicas, pelo simples fato de se estar encarnado.
Vamos realizar ligeira incursão pelos pensamentos decorrentes dessa premissa, considerando alguns aspectos bem gerais que possam ter determinado o ingresso na carne.
Em primeiro lugar, o sistema moral deverá estar claudicante, de forma que precisamos considerar que os ganhos no setor sejam obrigatórios. Sendo assim, desde a mais tenra idade, ficamos nas mãos de outros seres, que se ajustam à realidade para nos darem conforto e carinho, além de proteção contra a violência do meio ambiente. Criança recém-nascida, abandonada aos próprios recursos, não tem oportunidade alguma de sobrevivência.
Dessa forma, a aprendizagem da dependência se dá irretorquível, desde que saibamos compreender que de nós dependerão outros seres igualmente indefesos e carentes do mesmo tratamento.
Este receber e devolver é um dos aspectos fundamentais dos princípios cármicos. Se não tivermos aprendido corretamente a receber, jamais iremos retribuir com a devoção propugnada pelas diretrizes evangélicas. Por isso, um dos compromissos cármicos mais importantes é o de conhecer a lei da benemerência ou da caridade, para que possamos exercer amplamente o direito de restaurar todos os setores falhos da personalidade.
Mais tarde, quando tivermos plena consciência das obrigações impostas pelas convicções adquiridas através do estudo e da prática das virtudes, iremos perceber que a vida é que se constituiu em campo de aprendizagem, como se fora o orbe terráqueo o local mais propício para os exercícios iniciais do bem que iremos cristalizar em nós, como algo inerente ao ser.
Assim, além da necessidade de regeneração, há também a de aperfeiçoamento, de forma que nem sempre aqui estamos apenas para uma finalidade específica, como se tudo girasse em torno de programações demasiadamente simplórias. O planejamento cármico é extraordinariamente dinâmico, possibilitando reajustamentos diários, toda vez que as metas colocadas são cabalmente cumpridas.
Mas nada é aleatório ou ocasional. As oportunidades evolutivas vão sendo propiciadas a todo instante, na justa medida das possibilidades do desempenho de cada qual. O importante é aprender a perceber que elas existem e que estão sendo oferecidas como desafio, já que devemos estimular-nos para ultrapassar as limitações próprias de nosso campo vibratório. Em outras palavras, o que estamos tentando passar para os confrades é a idéia de que nem tudo se perde quando malbaratamos as oportunidades de crescimento, havendo outras tantas quantas forem necessárias, até atinarmos que temos de decidir-nos ao enfrentamento das misérias, para que possamos soerguer-nos perante a espiritualidade.
São essas premissas que soem trazer ao encarne as entidades em débito com a vida ou com os companheiros de outras encarnações. Mais raramente, incorporam-se na matéria seres de maior excelsitude, carentes de demonstrar aprendizado superior no campo das virtudes evangélicas, em missões de desprendimento exemplar ou para promoverem consideráveis avanços em diversos ramos dos conhecimentos, sejam científicos, sejam no âmbito dos relacionamentos humanos (políticos, religiosos, morais etc.).
Que os amigos consigam vislumbrar cada qual a sua condição vital é o que desejamos lhes aconteça o quanto antes, para que possam definir-se evangelicamente perante os acontecimentos. Caso, entretanto, apesar de profunda meditação, não se decifrem os enigmas intrincados da personalidade, que seja utilizado o recurso do trabalho em prol dos amigos e demais pessoas do convívio social, que sempre a boa vontade terá o condão de suprir as deficiências da percepção consciencial.
Saibam os queridos irmãos que tudo transcorre sob a assistência dos protetores espirituais, de forma que não há temer graves desvios de conduta, a menos que se desconsidere in totum a presente informação, arvorando-se o indivíduo em fautor exclusivo do próprio destino, em contraste absoluto com todas as premissas colocadas nestas páginas.
Fiquemos atentos para que não haja resquício desse tipo de cogitação, para que os procedimentos se pautem, cada vez de maneira mais acentuada, segundo as normas ditadas pelos mentores que estabeleceram os princípios para a codificação espírita. Eis que, nos tempos atuais, nesta sociedade ocidental, a aplicação dos conhecimentos cristãos se integra, irreversivelmente, entre os tópicos mais importantes das necessidades cármicas, especialmente quando vamos tomando conhecimento de tantos fatos relativos ao plano da espiritualidade.
Saibamos incorporar aos hábitos mais estas manifestações de carinhoso afeto dos espíritos do etéreo pelos companheiros encarnados, para superarmos diversos percalços de outras encarnações, incrustados na personalidade na forma de incontinências e de sutis desejos de grandiosidade material.







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DA FELICIDADE TERRENA





Em decorrência do encaminhamento que demos ao tema anterior, foi-nos proposto, como trabalho obrigatório, desenvolvermos o tópico relativo à felicidade que se pode gozar no âmbito do orbe terráqueo.
Já dissemos que a vida passa, para muitos, em esplêndido mar de rosas, como ainda fizemos referência ao fato de que sempre haveremos de sofrer perdas de entes queridos, ligados por laços de parentesco ou de profunda harmonia vibratória. Tais pessoas, se conscientes da necessidade de perpassarem por momentos de angústia, acatando a sorte como determinada pela lei de causa e efeito, criarão fortaleza de fé capaz de suplantar os mais duros embates do destino, de forma a colocar, da melhor forma, tudo nas justas e benévolas mãos do Criador.
São seres dotados dessa catadura moral que ousam considerar-se felizes, conquanto nem sempre possam dizer que tudo lhes tenha transcorrido exatamente da forma que desejaram ou que imaginaram. O mais, na Terra, não pode basear pensamentos de absoluta tranqüilidade, especialmente porque a revolta ou o descaso, a negligência ou a desfaçatez, são sempre vitupérios que acabam forçando os indivíduos a voltarem-se contra si mesmos, por causa da inoperância diante das necessidades alheias. Haverá um momento em que tudo o que se deixou de providenciar para o amenizar dos males do próximo irá faltar também para quem assim tiver deliberado proceder. E isto está dito e registrado nos anais evangélicos.
Fonte aparente de felicidade para os encarnados é a abundância de riquezas materiais. Há quem lute muito para conseguir ou manter fortunas, que lhes trazem comodidades ímpares. Quando tais indivíduos não tendem para a usura e para o desequilíbrio psíquico provocado pela preocupação das perdas, quase sempre se impermeabilizam contra as infiltrações da piedade, criando pesadas crostas de egoísmo, de vaidade ou de ganância. O mais comum é encontrarmos os ricos pretendendo conseguir o aumento das riquezas, esquecidos totalmente de que tudo o que possuem vem de empréstimo, não do Pai, como se costuma dizer, mas da coletividade, que, consciente ou inconscientemente, transfere maior soma de bens para uns poucos, em virtude de haver maior interesse cármico em superarem-se os males introjetados na personalidade, em estado de pobreza, uma vez que é corrente no mundo espiritual ser mais fácil um camelo passar pelo fundo da agulha...
Escolham os amigos os caminhos, pois cabe a cada um a responsabilidade da criação de seus roteiros de vida. Esperamos nós, contudo, que não se esqueçam de eleger a felicidade espiritual como a meta mais importante a atingir, o que incidirá, inevitavelmente, em maior soma de sacrifícios do que de prazeres, em maior cópia de atos caritativos do que de acúmulos de propriedades. Evitem fazer tudo sozinhos, mas procurem atrair os companheiros para a área das decisões, de forma a extrair da existência o máximo de felicidade, mediante a consciência de que o seu desempenho responda, na maior parte, ao encaminhamento de vida proposto pelo Mestre Jesus. E que os amigos envolvidos por esse halo de felicidade não se restrinjam ao setor carnal, mas que venham das esferas espirituais mais elevadas, para congraçamento frutuoso no setor das realizações de caráter superior.







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DA VIDA COMUNITÁRIA





Partindo das observações que fazemos no âmbito do companheirismo propiciado pela fraternidade da Escolinha de Evangelização, em confronto com as lembranças das últimas passagens pela carne, somos obrigados a concluir que falta muito ainda aos encarnados para sequer suspeitarem do verdadeiro espírito de comunhão que se poderia haurir dentro da sociedade dos seres humanos.
No plano espiritual, é evidente, nem todos os ambientes são propícios para a mesma solidariedade que usufruímos neste abençoado educandário, verdadeiro lar, onde todos os componentes agem em favor do engrandecimento de todos como criaturas de Deus. Há regiões até muitíssimas vezes mais infelizes do que as piores zonas de purgação sobre a crosta, onde o suplício menor transtorna até aqueles que deles tomam conhecimento. Não obstante, os seres que ali jazem são todos portadores da mesma flama divina que caracteriza todas as criaturas.
Mal comparando, podemos transferir, para cotejo, as observações desses campos de dor para o orbe terrestre. Assim se poderá entender a desvantagem dos que se alvoroçam na espiritualidade, uma vez que não têm a possibilidade de virem a ser integralmente auxiliados pelos protetores. Na Terra, salvo em casos de tragédias em que se atingem irreversivelmente setores orgânicos essenciais, haverá sempre condições de socorros que minimizem os sofrimentos, dado que a assistência material já inclui medicamentações muito positivas no arrefecimento dos espasmos dolorosos. Isso sem contar que existem órgãos oficiais ou particulares de benemerência, de caráter mundial, capazes de enviar ajuda humanitária a qualquer parte do globo.
Partimos de considerações bem gerais para podermos chegar ao restrito setor social da comunidade em que se vive. Se os homens tivessem a capacidade ou o discernimento de aplicar a mesma dedicação com que amparam a família para assistir aos problemas dos concidadãos, por certo estaria, de há muito, instituído dentre os hábitos comunitários o do acompanhamento das dificuldades de cada companheiro, no sentido de tornar a vida de todos mais próxima dos ideais cristãos. E isto não estamos pregando para que haja paz entre os homens, na ânsia de se evitarem os confrontos, os crimes e os vícios. Mas sim para que se possa oferecer a todos padrão existencial condizente com as provas estabelecidas nos roteiros cármicos.
Está claro que, se a vida comunitária se reger pela objurgatória cristã, todos os males serão eliminados. Não seria esse um objetivo a ser perseguido, para que pudéssemos desvencilhar-nos das tarefas de forma absolutamente coerente com os prismas evangélicos?
Fique no ar a pergunta, meramente retórica para quem já conhece todas as respostas. Unicamente, gostaríamos de deixar ressaltado que os ideais do Cristo estão, a todo momento, sendo alcançados por seres que vencem as provas a que se submetem, os quais são remetidos para esferas superiores, onde a vida comunitária transcende a todos os quesitos que nossa inteligência possa formular. Seja esta a aspiração dos amigos que vicejam para o amor e para a caridade!







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DO MEDO DA MEDIUNIDADE





Não são só as pessoas que se sentem propensas a receber comunicações espirituais que se atemorizam com o procedimento mediúnico. Há muitos dirigentes de centros espíritas que vêm, na mediunidade, dom de segunda categoria, dentre os eventos que se podem realizar entre as quatro paredes dos sagrados recintos. Cresce mais o receio quando os companheiros propugnam que o trabalho se realize em particular, nas casas dos médiuns.
Somos de parecer que a prudência com que se trata de tais temas é exagerada. Se é bem verdade que existe a possibilidade da falsidade, da mentira, da mistificação e do animismo, também há completa facilidade de julgamento do teor das mensagens escritas, ou do controle dos médiuns psicofônicos. Nunca se deve suspeitar de que os mentores da instituição vão deixar o grupo ao desamparo, principalmente quando existe real desejo de que tudo se faça no sentido de dar oportunidade de doutrinação dos sofredores ou de manifestação dos protetores, para comunicações evangelizadas.
Compreendemos o sentido de pureza doutrinal que se quer resguardar nos templos espíritas, mas nem por isso as pessoas que ali adentram podem ser obstadas de manifestar o pensamento, menos ainda quando sob a guarda prestimosa dos severos doutrinadores do etéreo.
Imaginemos hospital para onde só fossem convidadas pessoas sãs. Haveria sequer motivo de manutenção de tal instituição? Da mesma forma devemos proceder relativamente às mesas de recepção das comunicações dos irmãos desencarnados, como junto aos grupos de estudos dos tópicos da doutrina.
O que, deveras, precisamos providenciar é alta dose de paciência e de responsabilidade, para não nos deixarmos impregnar dos erros interpretativos dos mais argutos. Em último caso, se não nos sentirmos firmes diante da avalancha dos argumentos falaciosos com que se queira ferir-nos a sensibilidade e a convicção, sempre restará o recurso da prece aos amigos, no sentido da solicitação de esclarecimentos oportunos ou de proteção providencial.
Não podemos, contudo, rejeitar, in limine, como pecaminosas, todas as apreciações evangélicas, só porque não trazem a chancela de Kardec, ou de algum outro nome de considerável importância nos meios espíritas. Seres como nós, meros aluninhos, seríamos desprestigiados, ou melhor, desprezados e impedidos de qualquer manifestação, se levados os conceitos de pureza às últimas conseqüências.
Estamos sendo impedidos de ir avante, já que tudo pode concorrer para a suspeição de que estejamos reclamando por não estarmos tendo oportunidade de publicação. Então, é bom deixar esclarecido que tal faceta do desenvolvimento dos trabalhos não é de responsabilidade dos grupos de alunos, que apenas se estimularam para a confecção de textos com roteiros estabelecidos pelos mentores da Escolinha.
Por outro lado, prosseguiremos dando às mensagens o aspecto que nos parecer o mais adequado para a divulgação dos tesouros do conhecimento espiritual, pois poderá ocorrer alguma inesperada oportunidade de virmos a ser publicados. De resto, esta é a luta de todos, agora muito mais facilitada pela propagação de inúmeras comunicações de indiscutíveis méritos, e pela multiplicação dos periódicos.
Cremos que, com os comentários acima, pudemos trazer maior tranqüilidade aos médiuns que se deparam com imensos volumes de mensagens, sem saberem exatamente o que fazer com elas, dados os percalços editoriais. Confiemos em que o tempo sanará todas as dificuldades. Enquanto isso, trabalhemos afincadamente, propiciando aos amigos da espiritualidade amplas possibilidades de se corrigirem e evoluírem.







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DO JORNALISMO ESPÍRITA





Ao iniciarmos as transmissões, demos instruções bem claras ao escrevente, explicando-lhe que nos utilizaríamos do estilo jornalístico, impedindo-o, contudo, de restringir a terminologia, conforme norma corrente nesse meio de comunicação. Já estamos em condições de efetuar alguns comentários a respeito dessa solicitação, tendo em vista que nem tudo se fez exatamente, rigorosamente, conforme os manuais de redação editados pelas diversas empresas jornalísticas.
É que não tivemos o cuidado de burilar todos os períodos conforme os ditames daquelas recomendações, principalmente porque percebemos, após as primeiras mensagens, que a repetição de tantos textos somente em ordem direta iria acabar por oferecer aos leitores a falsa idéia de que tudo no plano espiritual é excessivamente simples, conciso, sóbrio e descolorido.
Não. O mundo em que estamos está cheio de alegria e de sabedoria. Os eventos sucedem-se de forma a proporcionar a todos, condições de sucesso evolutivo. Em nossa Escolinha, temos o privilégio de vivenciar todas as virtudes, mesmo que sob a disciplina rigorosa dos programas escolares, e isto promove esfuziante felicidade em quem vai compreendendo que está libertando-se das acusações conscienciais, bem como compenetrando-se de que os males que se praticaram contra nós são explicáveis e perdoáveis, à luz das verdades evangélicas.
Sendo assim, coibir a escrita para dar aos terrenos noções mascaradas por processos técnicos demasiado simplistas será burlar-lhes a expectativa do esplendor da vida nos páramos celestiais, idéia, aliás, assaz corrente entre os que ironizam o céu como retiro de ociosos harpistas.
Vamos adotar a linguagem jornalística, sim, mas no que possa oferecer-nos de facilidade para a transmissão correta, clara, objetiva dos pensamentos, sem olvidar que existem outros critérios que devem nortear a escritura das comunicações espirituais, como sejam a elegância, a beleza, a emoção estética e os apanhados primorosos da retórica a serviço do estilo e da sensação de plenitude que deve enlevar o leitor ao término de cada texto.
Sabemos que tudo transcorre de forma muito arrevesada, às vezes, dado que a complexidade dos pensamentos se transfere para a frase, quase sempre porque não temos qualificação superior para a confecção de comunicações perfeitas. Entretanto, não podemos perder de vista o fato de que os leitores não se constituem em massa homogênea de pessoas. É preciso que saibamos considerar que existem noções de extrema dificuldade que exigem cabedais intelectuais de boa contextura.
Se nos permitirem exemplo bastante conhecido, poderíamos dizer que para os porcos não se atiram pérolas, da mesma forma que, para espíritos de sublimidade evidenciada, não podemos oferecer a grosseria dos jargões da linguagem da marginalidade.
Por isso, é com todo respeito que nos propomos a escrever de forma consentânea com o nível mental dos confrades espíritas, forçando até um pouquinho, na expectativa de que, se não for pelos elementos doutrinários, pelo menos pela fraseologia e pela terminologia poderemos trazer-lhes algo com que se entreter.
Estarão os amigos a perguntar:
— Como conciliar o título desta comunicação com o teor?
Simplesmente generalizando estes dados para as leituras que se fazem dos jornais espíritas, no sentido da avaliação das qualidades comunicativas dos diversos jornalistas ou mensageiros. Se estivermos diante de quem se tenha esmerado para produzir algo de valor, não importa que consignemos falhas de elaboração, segundo as normas do jornalismo comum. Façamos a leitura, procurando obter do conteúdo o melhor de suas informações, relevando as imperfeições dos que, a maioria das vezes, estão trabalhando com extremado espírito evangélico e apostolar. Eis que aqui também precisamos exercer o dom do perdão, sem descabidas exigências. Deixemos estas para as publicações cuja moralidade esteja deixando a desejar.
Eis que estamos puxando a sardinha para a nossa brasa. Mas não haverá outra maneira, pois estamos na dependência de inúmeros fatores absolutamente incontroláveis. Se é de todo louvável que nos especializemos na transmissão das notícias e demais informes doutrinários, também é de rigor que os leitores se especializem na compreensão das falhas humanas.







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DA LITERATURA ESPÍRITA





Vamos declarar, de início, que bem pouco conhecemos a respeito das obras de caráter doutrinal: não mais do que uns trezentos títulos.
Interessa-nos, sobretudo, comentar uma espécie de produção terrena que sói ser publicada de quando em quando, principalmente diante da projeção de alguns próceres do movimento espírita, no intuito mais do que sagrado de cobrir as despesas de diferentes casas de assistência fraterna.
Se existe severo policiamento para as produções mediúnicas, havendo excesso de rigor na apreciação dos trabalhos, particularmente no temor do engano e do desvio da busca da verdade, muitas vezes, os encarnados deixam passar verdadeiros absurdos doutrinais, só porque trazem a assinatura abonatória de alguém de nomeada.
Foi assim que constatamos que animais lêem os pensamentos humanos, sendo, inclusive, capazes de reproduzi-los e de comentá-los. Foi assim que presenciamos o estabelecimento de paralelos de extraordinária coincidência entre terráqueos e marcianos ou jupiterianos. Foi assim que passeamos pela profundeza do Hades, conhecendo o sofrimento dos seres mais devedores para com a divina justiça. Foi assim que assistimos ao transporte luminoso de amantes incorruptos para o etéreo, na cauda de elétrico cometa.
Não estamos autorizados a fornecer indícios de autores vivos, entretanto, não será preciso buscar muito para encontrar algumas idéias pessoais sendo passadas como se fora o resultado de comunicações particulares de seres de excelsa luminosidade intelectual e moral.
É preciso não dar guarida a nada que contrarie o dístico inscrito pelo Espírito de Verdade e que se acha reproduzido em O Evangelho Segundo o Espiritismo: "Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo".
Por outro lado, evitando permanecer nesta linha de recomendações que sentem a ranço de má vontade, devemos esclarecer que existem obras sublimes escritas por encarnados e por desencarnados, impossíveis de permanecerem descansando nas prateleiras das bibliotecas. Se é bem verdade que devemos recomendar a leitura de todas, porque o conhecimento é multifacetado e complexo, também devemos exaltar a sabedoria dos que principiarem pelas obras de Kardec, conforme consignado em exposição anterior. A partir daí, o engenho dos diversos autores que elegeram Francisco Cândido Xavier como intérprete para suas comunicações serve para abrir-se em leque a possibilidade dos contactos com as idéias que devem dar embasamento filosófico à nossa postura diante da existência.
Há teatro, há cinema, há pintura e há escultura e outras formas de manifestações em favor da divulgação do pensamento e do sentimento espíritas. Todavia, é na literatura que se poderá encontrar, com maior força, a doutrina, através das exposições, das discussões e dos testemunhos. Não percamos mais tempo lendo obras de introdução aos temas, como esta mesma que se encontra nas mãos do amigo. Enchamo-nos de coragem e inscrevamo-nos em cursos mais adiantados, onde encontraremos conteúdos mais substanciosos e verdades melhor esclarecidas.
Antes de finalizar, queremos esclarecer que não pretendemos menoscabar a nossa produção. Apenas, sutilmente, estamos tentando caracterizar o melhor posicionamento dela nas estantes da biblioteca espírita.







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DO DESAPEGO DAS COISAS TERRENAS





Envidemos os melhores dos esforços no sentido de prescindirmos de muitos dos petrechos da mais moderna tecnologia, simplesmente delimitando a utilização deles ao mínimo necessário. Não fiquemos dependentes dos aparelhos, como se não fôssemos capazes de sobreviver com os recursos naturais. Vejam que não estamos dizendo para que apaguemos as lâmpadas, dando preferência para as luzes das estrelas ou para os reflexos da Lua. Seria um absurdo diante das conquistas do homem civilizado. Mas não atribuamos a tais dispositivos valores mágicos ou eternos.
Seria até muito bom que, uma ou duas vezes por ano, nos víssemos completamente às escuras, para podermos sentir o quanto estamos viciados nas comodidades do século. Restrinjamos, pois, inteligentemente, o uso de tudo que nos possa facilitar o trabalho, com o fim de estabelecermos rigorosamente o quanto a vida está sendo influenciada por padrões materiais. Se não formos capazes de nos afastar um instante sequer desses avanços civilizatórios, é hora de meditarmos profundamente a respeito do que somos na realidade de nossas vicissitudes.
Dessa mesma forma, conquanto de maneira muito mais complexa, podemos reconhecer o quanto o pensamento deve às diversas manifestações ideológicas dessa maneira de viver com fundamento nos bens da carne.
Em primeiro lugar, devemos saber caracterizar de onde provêm os dados culturais que se nos incrustaram na personalidade e pelos quais nos habituamos a raciocinar. Assim, é preciso saber o quanto de preconceitos haurimos das campanhas publicitárias em favor da aquisição dos bens de consumo. Além disso, é bom avaliar as idéias que nos são passadas pelas histórias veiculadas nos filmes e novelas, para conhecer a filosofia da resistência aos padrões evangélicos.
É hábito, entre os mortais, restringir os momentos de reflexão, preenchendo todos os momentos de lazer através da satisfação de se ter a possibilidade de ir acompanhando os principais eventos de massa, o que vai alienando os indivíduos do verdadeiro círculo espiritual onde deveriam atuar preponderantemente. Não é raro de se encontrarem sessões espíritas esvaziadas, em determinados dias de fechamento dos campeonatos de futebol ou de encerramento das novelas.
Não haveremos de ser nós quem irá atirar a primeira pedra nos pobres espíritos enlevados pela tecnologia, principalmente pela beleza e pela ilusão de vida superior que criam. Não cairíamos no excesso de determinadas seitas religiosas que proíbem aos adeptos assistirem às programações televisionadas. Mas é preciso estar vigilante para não incidirmos no oposto, ou seja, na dominação integral da atenção por aquilo que se determina através do écran luminoso das telas.
Afinal de contas, seríamos injustos se procedêssemos com extrema severidade, principalmente porque os que se deixam estar em casa não ocupam o tempo na maquinação de atos desonestos em detrimento dos irmãos encarnados. São pessoas pacíficas, que mais gostariam de ficar alheias aos processos de degenerescência, ao invés de correrem em busca de sensações que lhes trariam pesados tributos cármicos.
De qualquer forma, contudo, são pessoas que bem poderiam estar trabalhando pelo ideal cristão da doutrina espírita, mas que ficam ausentes dos locais de aplicação da caridade e da benemerência.
Eis que o conforto dos lares, neste século, carreou consigo verdadeira carga de entulhos morais, a sedimentar a imobilidade, o ócio e a preguiça como normas para as horas de devaneio e de lazer. Vejam que não estamos ainda preocupados com os acontecimentos das horas de aplicação ao trabalho através do qual se ganha o pão de cada dia. Estamos evitando entrar em questões de maior envergadura, para não termos de ferir susceptibilidades, de acordo com o maior ou menor envolvimento evangélico de cada profissão. Limitando-nos a examinar os momentos de folga e da aplicação livre das sobras energéticas, vamos concluir, finalmente, pela necessidade de fugirmos dos fortes vínculos criados pelos laços materiais que nos obrigam a ir descansar ao final do dia, sem termos entendido que estivemos sob a influenciação deletéria de pensamentos extremamente dirigidos pela mídia.
Saibamos reagir e envidemos esforços no sentido de nos livrarmos, o mais possível, da escravidão eletrônica. Poderá parecer piegas de início, mas, quando compreendermos que o trabalho em favor dos necessitados estiver dando resultados positivos, para a melhoria das condições de vida desses irmãos infelizes, haveremos de reconhecer o quanto perdemos ao estarmos dando trela, inconseqüentemente, às fantasias e aos sonhos.







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DA ESCOLHA PROFISSIONAL





Escolher a atividade remunerada, no fundo, é postar-se a serviço de alguém ou de alguma instituição. Quase sempre, as pessoas são levadas a efetuar a escolha por razões íntimas de habilidades que descobriram e que foram desenvolvidas através de atividades que proporcionaram satisfação e sucesso. No entanto, nem sempre esse envolvimento psíquico leva em conta os aspectos evangélicos do amor ao próximo e do espírito de caridade, favorecendo-se a opção por algo em que se ganhe mais dinheiro e mais facilmente.
Outras vezes, os indivíduos não são favorecidos por oportunidades outras senão aquelas do estrito meio em que vivem, de forma que são coagidos a aceitar o que lhes é oferecido, ao sabor das circunstâncias e da maior ou menor aptidão que demonstrem. Isto ocorre, inevitavelmente, com a maioria, que se vê às voltas com o trato rudimentar da terra, da construção ou da limpeza pública.
Pessoas com mais habilidades têm o sentimento da oportunidade, de forma que sabem criar para si condições onde possam demonstrar que estão aptas a oferecer melhor desempenho em áreas onde se exige mais inteligência e conhecimento.
Uns poucos são capazes de resolver por si mesmo onde melhor devem aplicar-se, para exercerem ofícios ou misteres conforme um conjunto de habilitações que foram bem capazes de assimilar.
Fração mínima da sociedade se alheia dos padrões vigentes, para criar novos setores dentro das diferentes ocupações, promovendo verdadeira revolução no campo a que se aplica, estabelecendo para si mesma o roteiro profissional que irão seguir.
Dentre os diversos aspectos enunciados, nada se contaminou de ideologia. Então, é preciso que os diletos confrades se conscientizem dos valores éticos de cada emprego ou função, e façam o confronto com as diretrizes evangélicas, estabelecendo até que ponto a dedicação ao ramo da atividade selecionada esteja de acordo com a moral cristã, para, em seguida, optarem definitivamente pela profissão.
Não queremos causar cansaços inúteis aos leitores com exemplos simples de enunciar. Mas, se for preciso citar algumas profissões apostolares, podemos referir-nos ao magistério, à medicina, à enfermagem, à advocacia, à magistratura, à engenharia, inclusive, agrícola, etc. Vejam que fizemos questão de extrair do conjunto as profissões de nível médio ou primário, uma vez que as escolhas mais livres se dão entre as de formação acadêmica.
Entretanto, se é preciso enaltecer tais profissões, como de caráter superior do ponto de vista evangélico, também não podemos esquecer-nos de que o exercício delas poderá vir a ser completamente desvirtuado, como, de resto, ocorre em qualquer setor ao qual se apliquem indivíduos mal formados moralmente. De longa data já sabemos que o hábito não faz o monge e, por isso, não vamos cair em nenhuma armadilha.
Para encerrarmos o tópico, não poderíamos deixar de fazer referência ao fato de que profissões existem que são abonadas pela sociedade mas que trazem no bojo alta carga de responsabilidade perante as forças que guardam os destinos humanos. Umas ferem diretamente o organismo dos praticantes, encurtando-lhes a vida. Outras atingem pessoas que manipulam produtos fabricados por terceiros, sem a devida qualificação ou cuidado. Há as que, insidiosamente, induzem multidões a praticarem atos em desconexão com os padrões morais. E assim por diante.
É imperioso, pois, examinar detidamente os valores envolvidos, para que a escolha eleja algo de que se possa desvencilhar vitoriosamente.




Observação



Fizemos questão de não citar qualquer profissão que onere o carma dos praticantes, para não ofendermos aqueles leitores que já desconfiam de que sua ocupação venha a lhes causar desassossego consciencial.
Às vezes, a vida já vai adiantada, para que as pessoas tomem drásticas decisões que envolvam mudanças radicais de procedimento. No entanto, se nos lembrarmos da orientação de Jesus, haveremos de ver que nunca é tarde para assumirmos outra postura diante da existência, principalmente quando nos são oferecidas tantas opções perante o mundo da espiritualidade.
Saibamos agradecer ao Senhor o discernimento ainda em tempo de regeneração e alteremos desassombradamente o rumo da vida, para favorecer o nosso ingresso em esfera mais adiantada.
Após termos deliberado que novos rumos dar à vida, caso seja necessário modificar alguma coisa, é preciso saber de quais atributos somos possuidores, com a finalidade de não nos enganarmos quanto à decisão tomada.
Evidentemente, o caminho está aberto à nossa frente e temos de fomentar os pendores da personalidade, no sentido do acatamento das restrições que se impõem, segundo as viciações e maus hábitos. Não se trata bem de defendermos rigorosas atitudes de coação ou de proibição, já que tudo tem de vir com naturalidade, como se fosse o fruto da árvore a pender durante a época da maturação. Caso tenhamos de forçar algo, haveremos de reformular as diretrizes, investigando o ponto exato em que a nossa psique esteja refreando os impulsos mais nobres da vontade. Não podemos jamais aceitar enjôos ou repulsas, quando se trata de efetuar algo em favor dos amigos ou dos necessitados.
Claro está que a doação de algo por que tenhamos apego sentimental ou que nos custou muito para conseguir pode constituir-se em embaraço. Mas não devemos preocupar-nos exageradamente com essa deficiência. Aí deveremos guardar o de que nos está sendo difícil despojar-nos, para que, mais tarde, venhamos a reconsiderar a atitude e reformular o sentimento em relação ao objeto em pauta. Não serão os sacrifícios que oneram as pessoas que irão favorecer-lhes o ingresso nos círculos de luz.
Uma vez estabelecida a convicção da necessidade da mudança, ficará bem mais fácil de relacionar os atributos a serem conquistados para o exercício das novas atividades. E tais atributos se encontram entre os propugnados desde o início destas comunicações, quais sejam, o amor ao próximo, o espírito de caridade, o facilidade do perdão, a compreensão das falhas, a necessidade do aprimoramento moral, o despojamento relativo aos bens materiais, a eleição de vida espiritualizada e assim por diante. Cada qual há de perceber exatamente o que mais lhe cabe desenvolver.







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DAS FALSIDADES IDEOLÓGICAS





Muitas considerações que fazemos a respeito dos fatos da vida vêm eivadas de falsas interpretações provocadas por posicionamentos inconscientes, por influenciação direta dos pensamentos públicos que se infiltram diretamente para o fundo da consciência, sem que tenhamos percepção do acontecimento. Este é fenômeno conhecido dos estudiosos, de forma que não se constitui em novidade.
O que devemos fazer para suplantar tais tendências íntimas à anuência à cultura? Somente restringir-nos aos conhecimentos hauridos diretamente nos Evangelhos, como leitura básica inalienável, não nos proporcionará a segurança do arrojo, mediante as solicitações do Cristo. Será preciso introjetarmos os melhores procedimentos, através da sustação das reações de acordo com o mundo, buscando atenuar os efeitos daquelas influenciações subjetivas, aprimorando o desempenho na área do amor e da caridade.
Jesus argüiu Nicodemos, afirmando não ser coerente que, sendo mestre em Israel, não soubesse bem interpretar o renascer do espírito e da água. O mesmo podemos dizer referentemente aos atos praticados em desacordo com os postulados espíritas, que se amparam nos ensinamentos do Mestre.
É por isso que muitas vezes vemos seguidores de determinadas seitas evangélicas protestantes estarem bem mais firmes em suas atitudes de repúdio ao mal, pois desconsideram completamente as infirmações sutis da vida mundana, para só admitirem a vida coerente com os mandamentos bíblicos. Mas, se estamos determinando que se saiba descascar a banana, nem por isso estamos afirmando como é que se deve comê-la. Ou, por outra, não estamos dizendo que tais adeptos daquelas tendências religiosas conheçam, proficientemente, as noções evangélicas puras, de forma que não estamos propugnando que tudo se faça pelo roteiro deles. Mas são exemplares em muitos conceitos que vimos preconizando como ideais no cristianismo redivivo.
E onde estão as verdades espíritas que deverão servir de base para o procedimento? In totum, n O Livro dos Espíritos, organizado por Allan Kardec, sob a assistência das entidades espirituais sob o comando do Espírito de Verdade.
Ali estão consignadas as leis maiores que devem reger o comportamento dos bons e dos justos, ou seja, de quantos se filiarem às diretrizes emanadas dos ensinos de Jesus. Reafirmando o Mestre, quando asseverou que quem não for por nós será contra nós, se ali não se contiver o verdadeiro apostolado que se requer dos bons e dos justos, em nenhum outro local se achará.







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DOS DIREITOS E DOS DEVERES





Todo ser deve esperar da natureza uma série de direitos e outra correspondente de deveres. Do equilíbrio desses princípios, é que têm de sobreviver os organismos vivos, dando as características ecológicas a cada pequenino sítio.
Na vida comunitária humana, foi preciso inscrever indelevelmente os benefícios e as restrições à liberdade individual, delimitando uns e outros pelo dever máximo do respeito aos direitos de cada um. Na prática, a todo momento, o que mais se vê são os indivíduos tentando o acréscimo dos lucros, através dos prejuízos impingidos aos demais. É naturabilíssimo que assim ocorra, quando existe primitivismo a nortear os procedimentos dos encarnados, já que muito próximos estão dos instintos da preservação e da defesa contra os predadores do meio ambiente.
Entretanto, quando se trata de pessoas absolutamente cônscias dos ideais cristãos, é inconcebível que ainda se deixem envolver pelas leis da selva. O que se deveria esperar de seres civilizados, segundo os padrões de comportamento, morais e espirituais divulgados por Jesus e sedimentados nos códices doutrinários do espiritismo, é exatamente o contrário, ou seja, que as pessoas abram mão de certos direitos, onerando-se com carga maior de deveres, com a finalidade de se possibilitar aos demais manterem em equilíbrio as forças, uma vez que são incapazes de conceber a sociedade como o reflexo da espiritualidade superior. São os chamados sacrifícios, que caracterizam o apostolado do amor e da justiça.
Muitos deverão surpreender-se com a postura deste grupo, argumentando que a tendência dos ensinos de Jesus é a transformação dos males em bens, de sorte a aplainarem-se as diferenças existentes pela lei do amor universal, tornando a sociedade mais igualitária e mais feliz.
Não discordamos de tal colocação, mas, enquanto esse ideal de suprema equanimidade não se realizar, vai ser necessário que convoquemos os apóstolos da evangelização, da mesma forma pela qual o fez Jesus. Não é verdade que houve sacrifícios pungentes, nos primeiros tempos, para a fixação do caminho do reino de Deus? Pois, o menos que podemos solicitar aos irmãos que estão sendo apaniguados por compreensão de caráter superior é que se estimulem ao favorecimento do crescimento evolutivo dos menos poderosos intelectual e moralmente, o que só se logrará através de muito trabalho verdadeiramente sacrificial.
Vejam que elevamos os deveres diante dos direitos, à proporção que se acentuam as responsabilidades mediante o conhecimento das virtudes. Mas tudo isto se dá no plano da matéria, onde as premissas das provas e da expiação se impõem como roteiros de vida. Após o desenlace, serão verificadas as marcas deixadas nos ombros pelas cargas transportadas e a cada qual será dado segundo as obras, restabelecendo-se o princípio do equilíbrio entre deveres e direitos, havendo um instante sublime em que serão recompostos muitos dos direitos alienados, momento da graça perante o Senhor.
Que sejamos todos merecedores de perpassarmos pela glória do reconhecimento divino!







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DA IRREVERSIBILIDADE DOS GANHOS





Têm os encarnados a tendência de raciocinar ao inverso, pelo fato de estarem em constante contacto com a degradação e a degenerescência. Assim, nada mais fácil de verificar-se do que a decadência dos organismos vivos e da paulatina destruição dos minerais. Cálculos físicos chegam até a conceber o momento exato em que se desfarão os granitos e os mármores, podendo-se chegar-se ao cúmulo da percepção da decomposição dos mais nobres minérios pela irradiação dos eletrões.
Eis que é muito comum a idéia de que a robustez moral, tal como a muscular, a óssea, a orgânica, enfim, vá transformando-se em vã tentativa de subsistência, terminando os mais impolutos por configurarem-se decadentes, quando principiam a fraquejar em suas veementes increpações contra os vícios e os crimes. À vista dessa transferência de conhecimento, chega-se à intuição de que os fatos que nos engrandeceram um dia se apagam totalmente, oferecendo ao indivíduo tão-só distante lembrança, sufocada, a maior parte das vezes, por sérios problemas de ajustamento à realidade demudada.
Todavia, nenhum real ganho de caráter espiritual desanda, como a maionese que se insistiu em bater além da conta. A cada novo proceder em harmonia com as verdades evangélicas, mais se firma o comportamento como norma psíquica, de sorte que a felicidade de se saber no caminho certo jamais irá apagar-se da memória de ninguém.
Havemos, contudo, de ponderar que nem sempre existem ganhos provindos de procedimentos corretíssimos. Isso acontece quando, matreiramente, a pessoa tenta vestir a pele da ovelha, sendo feroz lobo, na verdade. É que é muito comum os seres humanos suspeitarem de que está na hora do arrependimento, passando a agir menos agressivamente em relação aos demais, sem a convicção firmada de que os atos que praticam são realmente os mais condizentes com os cânones evangélicos. Agem por malícia, hipocritamente, conforme Jesus acusou que faziam os fariseus, os saduceus e os escribas.
Ai, portanto, de todos aqueles que não tenham entendido que o amor e a caridade brotam no coração, amparados pela justa reflexão de que tais ações são as que verdadeiramente devem pautar todas as atividades humanas!
Se forem evangélicas as premissas do procedimento, não haverá qualquer perda de caráter moral ou espiritual, podendo os que agem com sinceridade aguardar, para a próxima realização de caráter cármico, algo bem mais reconfortante e recompensador.




Nota



Eis que se fecha o círculo das palestras de caráter didático. Esperamos ter contribuído eficazmente para que os leitores intensifiquem as reflexões a respeito do que são na realidade, formando conceito mais próximo da verdade de suas existências e de suas consciências.
Haveremos de prosseguir junto a esta mesa, com outras manifestações voltadas para as discussões de caráter teórico de certas dúvidas muito comuns entre os mortais.







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DO TRABALHO DIÁRIO





A maioria dos mortais acha que o trabalho profissional é suficiente para preencher os requisitos da caridade e da fraternidade. Esquecem-se de que tudo o que produzem o fazem sob o direcionamento do lucro, no sentido da obtenção dos recursos para a sobrevivência. Fica desbotada a intenção de realizar algo em favor dos semelhantes, mas o argumento de que já doam de si para a comunidade será lembrado toda vez que se solicitar deles que dêem sua contribuição para a assistência fraterna. Não estamos, evidentemente, referindo-nos às espórtulas com que muitos se desincumbem das necessidades impostas pelo espírito da caridade. Falamos de trabalho extraordinário, apostólico, além dos limites do dever profissional.
Pode parecer estranho que estejamos endereçando-nos a leitores que, por certo, não têm qualquer dificuldade em interpretar a sabedoria da benemerência como resultante do desforço e da aplicação energética muscular e intelectual, uma vez que o que dizemos é tremendamente simples. Entretanto, como estamos interessados em demonstrar as idéias que correm pelas consciências, não nos furtamos a vir sapecar um pouco de indignação naqueles que se julgam hábeis tarefeiros do Senhor, mas que tudo fazem sob pressão psicológica e moral, sem o empenho real da vontade e da capacidade.
Eis que somos obrigados a comentar o trabalho que vem exercendo o escrevente. Pode parecer-lhe que dedica muitas horas para o apanhado dos ditados, para a correção dos textos e sua transcrição, na expectativa da divulgação, através de alguma editora interessada. Realmente, devemos a ele, integralmente, as mensagens colocadas no papel e passadas a limpo. Mas não estamos dando-lhe inteiro crédito por trabalho tão mecânico. Se é bem verdade que despende várias horas diárias, ele o faz com inteira compreensão de que tudo lhe chega com algum sacrifício, uma vez que não corresponde nunca aos próprios anseios, pois os textos refletem a vontade espiritual, o que o torna mero participante das tarefas dos diferentes grupos.
Se o escrevente quiser fazer real trabalho apostólico, deverá entender que os benefícios de suas atividades deverão, lidimamente, envolver os irmãos carentes de socorro, em ambos os planos da realidade. Aceitar trabalhar mediunicamente é atitude de excelentes méritos, mas pouco producente quando concretizada tão-só nos domínios do serviço prestado às forças da espiritualidade. Receberá o bom amigo o agradecimento estremecido de todos e ficará sob a proteção de cada membro dos grupos agraciados por sua dedicação, mas nem por isso se verá definitivamente isento de prestar socorro às vítimas das vicissitudes que estiverem ao alcance de sua voz e de sua ação.
Se alguém estiver pensando que estamos afirmando existirem tais limites para a atuação dos amigos médiuns, porque queremos protegê-los do orgulho e da vaidade, pode ficar desenganado desde já, pois o que nos move não tem esse sentido subliminar. O que pretendemos é esclarecer definitivamente o tema, do ponto de vista de quem se coloca a cavaleiro da situação, já que não existem, no etéreo, códices para registro de méritos excepcionais para os tarefeiros da mediunidade.
Se, para o desempenho mediúnico, os amigos tiverem de fazer sacrifícios especiais, necessitando deixar de lado atividades que lhes dariam lucro material, aí a recompensa poderá ser acrescida de alguns louvores, sempre em correspondência à lealdade com que se dão às tarefas. Qualquer resquício, contudo, de que existe peso moral no exercício da benemerência, será totalmente perdido como missão evangélica.
Eis que o trabalho diário há de ter seu suporte na honestidade das intenções, na probidade das realizações e no amor ao próximo. E quando estamos falando em trabalho, estamos fazendo referência a todas as atividades próprias dos seres humanos, seja no apanhado deste ditado, na transcrição posterior, seja ao se lavar as roupas da família, ao se preparar os alimentos, ao se limpar a casa, ao se ir às compras etc.
Quando cumprimos todas as obrigações, sejam materiais, sejam profissionais, sejam espirituais, sejam apostólicas, devemos fazê-lo imbuídos de que as noções evangélicas é que devem pautar todas as atitudes e todos os pensamentos. Caso contrário, ficaremos à mercê dos desejos esdrúxulos de meras satisfações pessoais.
Saibamos plasmar no rosto o sorriso de felicidade de quem se sabe amparado pelo Senhor.







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DA CONVIVÊNCIA NOS CENTROS ESPÍRITAS





Quando todos os integrantes dos vários departamentos dos centros espíritas conseguirem tornar-se cônscios de sua responsabilidade, para que o trabalho comunitário evolua de acordo com as programações, aí teremos a certeza de que todas as ações e reações, dentro desse ambiente sagrado, se pautarão pelos ensinos de Jesus. Assim, amar-se-ão uns aos outros, independentemente das falhas humanas que demonstrarem, em sublime harmonia de sentimentos e de pensamentos.
Mas o ser humano não é perfeito, o que favorece o aparecimento de pontos de atrito, uma vez que as opiniões se dividem e não são poucos os que se recolhem em mutismo e ressentimento, quando não vêem suas idéias preponderarem.
Aqui entra a maior responsabilidade dos dirigentes, que devem estar atentos para a ocorrência de embutidas discussões, porque muitos temem ofender os doutrinadores e instrutores espirituais, que sabem estarem vigilantes. De qualquer forma, será tolo manter dissensões entre os auxiliares da obra comum, para o que será preciso instituir o hábito da naturalidade das críticas, as quais nunca poderão ser feitas isoladamente, sem que o criticado se inteire do teor das apreciações que se fazem relativamente à sua pessoa ou às suas atitudes.
Sabemos ser extremamente dificultoso compor grupo de trabalhadores tão altamente desprendidos de amor-próprio. Mas incentivar as susceptibilidades, esquecendo-se de que a finalidade das tarefas não é a de melindrar os ajudantes mas de proporcionar conforto material e espiritual aos assistidos, será prestar tremendo desserviço à comunidade. Por isso, há de se cuidar dos relacionamentos de caráter social, momento em que as amizades se solidificam e os conhecimentos se tornam mais abrangentes, ficando bem mais fácil o perdão e o esquecimento das falhas praticadas.
Excelente exercício para a purificação desse intercâmbio de idéias e de atitudes é a realização de constantes reuniões de avaliação dos resultados e dos meios aplicados, expondo-se o dirigente máximo da reunião às primeiras e mais contundentes críticas, fazendo por assumir completamente os aspectos negativos dos eventos, até mesmo quando houve pública altercação entre dois ou mais elementos da equipe. Na verdade, permitam-nos dizer, quase sempre essa responsabilidade existe por deficiências de organização.
Sabemos que, como ocorreu com o tema anterior, tudo o que estamos dizendo é de mui fácil intelecção, sendo do conhecimento rotineiro dos que pelejam por manter suave clima de alegria no ambiente espírita. Contudo, não iremos jamais deixar de evidenciar alguns recursos de alta moralidade, para que os problemas se amenizem e as dificuldades desapareçam, uma vez que é do interesse do plano espiritual que os humanos estejam dispostos a bem aplicarem os esforços no sentido de se possibilitarem as manifestações espirituais pela mediunidade.
Eis que, para isso, a magnetização ou imantação do centro não irá jamais prescindir de uma boa convivência entre todos, pois o tom das transmissões se vinculará fortemente ao ânimo de cada trabalhador. Em havendo harmonia entre os mortais, transcorrerão os trabalhos com serenidade e terão o cunho de serem proveitosos para a doutrinação dos sofredores. Em caso de guerra, de mágoa, de ressentimento, de raiva e de ódio, dificilmente os instrutores conseguirão convencer os assistidos do plano espiritual que devem respeitar os socorristas.
De resto, o mesmo pode-se dizer em relação aos que lá estiverem para receber as doações de alimentos e de agasalhos, acompanhadas de palavras de incentivo e de consolação. Sem que haja ascendência moral, o resultado estará sempre comprometido pela incidência de maus pensamentos e de más vibrações.
Oremos ao Senhor para que jamais estejamos em situações de tão tristes conseqüências.


Pai, queremos rogar-vos vossa nunca desmentida assistência, para que nossos atrevimentos beneméritos possam concretizar-se segundo os roteiros evangélicos. Dai-nos força, para que suportemos os nossos desvios de conduta, as nossas aleivosias e incompreensões, favorecendo-nos a calma, a tranqüilidade, o descortino da realidade como resultante de mal-entendidos facilmente contornáveis. Possibilitai-nos a aceitação das críticas, mesmo quando injustas, para que contribuamos com nosso amor para o crescimento apostólico da casa espírita. Fustigai-nos a inteligência, para que encontremos soluções para todos os problemas, fazendo com que consigamos extrair de cada acontecimento a lição subjacente que nos faltava aprender. Enfim, Pai amantíssimo, abençoai-nos as iniciativas em favor dos irmãos sofredores e transformai os mentores da casa em verdadeiros amigos e protetores de todo o grupo. Aceitai a nossa prece coletiva e acendei no coração de todos o acendrado desejo de ver a semeadura prosperar e dar frutos a cem por um, conforme as sagradas orientações de nosso Mestre Jesus. Graças a Deus!







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DAS COMUNICAÇÕES PARTICULARES





Não são poucos os que desejariam receber comunicações especiais de certas entidades espirituais. As mais comuns são as de pais e avós ansiosos por saber se os filhos e netos que partiram precocemente, quase sempre de forma trágica, estão bem e sob o amparo dos protetores familiares.
Entretanto, são relativamente raros os que alcançam a graça desse tipo de comunicação, mormente porque interferem nas manifestações orientações de caráter superior, que determinam quando as mensagens podem considerar-se de utilidade para quem recebe e até para quem transmite. Não poucas foram as vezes em que houve distorções das palavras e dos sentimentos, de forma que muitos médiuns de elevada fidedignidade foram acusados de mistificação, porque as noções recebidas não se coadunavam com a expectativa dos consulentes.
Será preciso, pois, ter muito cuidado para conclamar os amigos da espiritualidade, para que tragam notícias do etéreo. Haveremos, antes, de nos preparar para o recebimento de anotações não inteiramente satisfatórias, existindo até a possibilidade de virmos a ser enganados, se nosso orgulho se sobrepuser à humildade dos que se predispõem para as informações, tomando o lugar do protetor familiar algum ser de igual ou pior freqüência moral que a nossa.
Vejamos o caso do amigo escrevente, que constantemente recebe informações a respeito do próprio trabalho, uma vez que é preciso que conheça os dispositivos de que os espíritos lançarão mão nas transmissões. Freqüentemente, aparecem críticas profundas, não no sentido da acusação de maus pendores, mas com o intuito de melhoria do desempenho. Se o amigo não estiver devidamente pronto para os choques emocionais que as instruções podem representar, irá ficar insatisfeito e, provavelmente, se desligará do serviço, magoado. Ao contrário, se se dispuser a compreender que o trabalho e tudo o que a ele se refere é impessoal, poderá agir profissionalmente, levando tudo para o terreno dos aperfeiçoamentos ou revidando, bem humorado, a cada observação, para manter o clima de extrema cordialidade entre os orientadores e o servidor.
Se todas as coisas forem aceitas como determinadas pelo Pai, em sua sapientíssima legislação, só poderemos consolidar os conhecimentos, aumentando o cabedal de recursos, na oferta generosa do trabalho apostólico. Em todos os lugares, em qualquer situação, prevalecendo os valores evangélicos, tudo se fará de acordo com a verdade e a vontade de Deus.
Oremos para que sejamos atendidos nas reivindicações particulares, mas saibamos admitir a ausência das notícias como algo que nos diz respeito, de forma positiva e construtiva, pois jamais poderemos imaginar que os protetores estejam negligenciando as funções. Sempre haverá explicação plausível e sábia para as atitudes dos que receberam a responsabilidade de nos acompanhar. O que temos de evitar a todo preço — e isso é comuníssimo em casos de frustração e de desespero — é a queda da freqüência vibratória, para que não fiquemos vulneráveis aos ataques fluídicos dos perversos.
Não deveríamos repetir, mas a verdade é que sempre o melhor remédio é a oração compungida, a prece emotiva e reconhecida, o recolhimento à meditação sadia, sob o embalo dos ditames evangélicos. Espraiemos o nosso amor pelas esferas, que receberemos a graça das bênçãos do Senhor.







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DA PREGAÇÃO EVANGÉLICA





Para que o indivíduo se atreva a falar a respeito das virtudes e dos meios de consegui-las, haverá de, necessariamente, sentir no coração a presença de Jesus. Para isso, irá desenvolver as qualidades do amor e da caridade, no mais elevado grau que puder, esforçando-se por aplicar às realizações de cada hora todos os conhecimentos hauridos nos textos sagrados. Sendo assim, não hão que se atrever aqueles que se tornaram dirigentes dos centros espíritas por força das eleições, muitas vezes de candidatura única, mas os que assumem as responsabilidades doutrinárias, por saberem os limites de suas atribuições.
Entretanto, dirão alguns mais realistas, como conciliar a humildade com o reconhecimento de que se esteja em condições ideais para manifestações doutrinárias de tanta importância? Simplesmente, colocando-se, a todo momento, na situação de ser bastante carente de evolução, jamais falando como se fora autoridade no assunto, mas dando a si mesmo os conselhos que deseja passar aos demais. E isso terá de fazer sem hipocrisia, realmente convicto de que esteja necessitado de melhorar o desempenho apostólico e se aprofundar nas diretrizes evangélicas.
Os que conseguirem colocar-se nas condições de professores, ou seja, de alguém que passa a matéria que também está sofrendo para aprender, terão o apoio dos mensageiros do Alto, formando-se então corrente fluídica que irá submeter o auditório à compreensão de que os dizeres não estão sendo ditos ex cathedra, mas que provêm do fundo do coração do pregador.
Se não fosse assim, com que ânimo nos atreveríamos nós a debater tantos temas importantes, dando a impressão de que os tenhamos vivenciado a fundo, para dominá-los e expô-los?! Nada disso. O que mais fazemos é treinar socorrismo, na ânsia de podermos influenciar positivamente nas decisões de alguns encarnados em vias de deslizes no campo da moral. Eis que trabalhamos, simplesmente, sempre prontos a oferecer aos irmãos um braço onde se apoiarem. Pode ser que não compreendamos ainda os fundamentos divinos de cada virtude pregada, mas, com certeza, estamos dando o que de melhor existe em nós, sem vaidade, sem orgulho, sem egoísmo, ou, pelo menos, na tentativa de que venha realmente a ser assim.
Fazer o bem será o mais importante na iminência da queda do irmão sofredor. Posteriormente, poderemos até inventariar os pruridos sentimentais e os estremeções intelectuais que podem ter deslustrado o serviço, para oferecer as reflexões aos orientadores, com os quais iremos debater para avaliarmos os recursos necessários para a suplantação das deficiências.
Se soubermos deixar que as coisas aconteçam, na confiança de que o Pai está a nos dar amparo, jamais iremos errar.







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DAS LIÇÕES APRENDIDAS





Existe, no espírito humano, como que a necessidade de tudo o que aprendeu passar imediatamente para as pessoas do círculo familiar ou de amizades. Assim que a pessoa se dá conta de que algo novo lhe chegou à compreensão, vai correndo contar aos outros, na tentativa de demonstrar que está progredindo naquele setor ou de fazer os demais maravilharem-se dos novos conhecimentos, adotando-os também, solidariamente. No entanto, muito melhor faria se deixasse essa divulgação para momento mais azado, quando os entes queridos ou os colegas fraternos estejam em condições ideais de assimilação das verdades conquistadas.
Está claro que não estamos declarando que os amigos não possam levar ao conhecimentos dos demais aquilo que os deixou boquiabertos, estupefactos. É que um pouco de prudência poderá evitar muitas frustrações, tendo em vista que os trâmites intelectuais, para a aquisição do conhecimento, nem sempre estão desimpedidos, obstando que os parceiros possam usufruir em plenitude as benesses das novas em pauta.
Em palavras mais simples, diríamos que as pessoas precisam estar preparadas para a recepção ou a percepção dos novos conhecimentos, o que não ocorre sempre, já que o mais comum é estarem interessadas em temas que lhe dizem respeito mais diretamente.
Por outro lado, a afobação da retransmissão poderá tão-somente demonstrar alguma deficiência grave, uma vez que não se deu tempo hábil para que todas as facetas do aprendizado venham a ser devidamente consideradas, na composição da realidade que se há de criar a partir daí. Na verdade, não há nenhum ensinamento que deva ficar solto no cérebro, mas tudo deve integrar-se em todo harmonioso, o que a precipitação poderá, inclusive, obstar, dado que novos sentimentos, a partir dos ressentimentos de quem não foi bem recebido, poderão obscurecer até a luz que principiava a fazer-se.
Que seja esta a pequenina lição a ser aprendida e assimilada antes de que se possam cobrar os resultados oriundos da aplicação dedicada da atenção a estes escritos mediúnicos. Eis que estamos propondo aos irmãos que deixem de ser intempestivos, para se tornarem altamente reflexivos, meditativos, no sentido de se propiciarem melhores condições de progresso.
É preciso esclarecer, finalmente, que esta dissertação não condiz muito com a realidade dos encarnados, pois é a reprodução aproximada das lições que os mestres no etéreo estão ministrando aos aluninhos da Escolinha, os quais estão a necessitar de tais aconselhamentos. Fiquem, pois, bastante tranqüilos, que lhes há de chegar o dia em que estarão diante da mesma situação, momento em que se recordarão de terem lido certa vez algo neste sentido. Mas se for possível, desde já, ir treinando a contenção de infantis euforias diante das descobertas, façam-no sem medo de estarem sonegando preciosas informações a seus pares. Como para tudo existe um tempo certo, haverá de chegar a hora da revelação daquilo que tanto entusiasmo lhes está proporcionando. Oremos para que esse momento seja iluminado pelos amigos do Alto!







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DA PRECE





Eis tema do qual fugiríamos, se pudéssemos, pois não só não nos sentimos com autoridade para falar a respeito, como ainda não temos formada profunda convicção de que tenhamos bem compreendido os valores da prece. Mas, como estamos sendo solicitados ao desenvolvimento, vamos falar com o coração na mão, antecipadamente desculpando-nos, se, por acaso, não soubermos exprimir com desenvoltura o pensamento ou o sentimento.
A nossa introdução se dá no sentido da mais profunda modéstia. Não é assim que se sentem os bons amigos leitores diante de assuntos para os quais não conseguiram dedicar a atenção requerida, dada a complexidade intrínseca dos relacionamentos das idéias, dos argumentos e das noções? Pois que tal modéstia se transporte para o momento da oração é tudo o que se requer dos que solicitam bens das forças espirituais. Falar com o Senhor, com lealdade, sem malícia ou hipocrisia, pondo em cada palavra o sentido da emoção mais profunda, é já meio caminho andado para que se venha a ser ouvido.
A outra metade da estrada se contém na própria formulação dos pedidos, pois até preces de agradecimento contêm embutidas solicitações várias, no mínimo de que sejam aceitas pelo Pai como a expressão mais legítima e verdadeira dos sentimentos mais elevados de que sejamos capazes.
Se não estivéssemos sendo instigados pelos mentores, suspenderíamos aqui a peroração. É que nos cabem ainda alguns comentários a partir de diferentes preces que fomos levados a testemunhar.
Deveras, existem muitos humanos que solicitam ajuda em campos materiais impossíveis de serem satisfeitos sem que se prejudiquem irmãos menos apaniguados pela fortuna (mundana ou espiritual). No entanto, tais criaturas se fazem de desentendidas, como se fora possível enganar os protetores. Agem tentando esconder as verdadeiras intenções, na pressuposição de que, ao virem a ser cobradas, terão suficiente esperteza para safarem-se dos encontrões do destino. É evidente que erram nos pedidos e erram na conformação energético-vibratória que emitem sub-repticiamente, sem se aperceberem de que estão laborando em profunda falha evangélica.
Falta apenas dizer que os termos que revestem as idéias não necessitam ser rigorosamente apanhados no rol dos mais perfeitos e propícios para a manifestação do pensamento. Há até quem solicite dos humanos que não emitam palavra alguma, pois os sentimentos devem exprimir a verdadeira contextura moral do suplicante. Entretanto, como não há a possibilidade de o ser humano expressar-se intimamente sem a formulação frásica dos conceitos, que os vocábulos sejam os mais modestos, os mais simples, os mais próximos da realidade intelectual da pessoa. Buscar produzir orações com o dicionário ao lado irá trazer para o campo energético em formação sérios percalços de caráter emocional.
Em suma, resguardemo-nos no fundo de nosso quarto, conforme a propositura de Jesus e reproduzamos a prece dominical, decorada embora, mas que contêm todos os ingredientes de oração de superior inspiração. Mas façamo-lo buscando bem interpretar os dizeres, traduzindo-os para o nosso mundo pessoal, designando o a que fazemos referência a cada pequenino pedido orientado pelo Mestre. Assim, ao nos referirmos ao pão nosso de cada dia, saibamos declarar de que pão se trata: pode ser o trabalho, pode ser a palavra esclarecedora, pode ser o sono e a perambulação sonambúlica proveitosa etc. Se se trata de perdoar os pecados, façamos referência exata ao fato que nos preocupa e assim por diante. Jamais deixemos, entretanto, de rememorar os acontecimentos mais importantes do dia, para agradecer os que nos favoreceram ou para receber encaminhamento nos que falhamos. Tudo haverá de resolver-se pelo melhor, quando estivermos totalmente livres para o contacto frutuoso com os instrutores e guias espirituais.
Eis que chegamos ao fim, tremendo de emoção por percebermos que fomos capazes de construir algo no sentido de trazer aos amigos encarnados as noções que estamos tão-somente assimilando. Não é preciso dizer que esta mesma sensação de vitória e de reconhecimento é que deve coroar as preces que se dizem.
Fiquemos todos nas suaves mãos de Jesus!







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DAS VIRTUDES





Estamos voltando ao tema preferido dos encarnados, pois sabemos que não existe ninguém que não deseje estar perenemente em estado de evolução. Realmente, é muito difícil de se contentar moralmente quem conseguiu vislumbrar a excelsitude dos sábios e dos santos. O exemplo dos apóstolos torna-se sublime alvo dos que sabem que, para se achegarem a Jesus, hão de passar por inúmeras fases de crescente amor e caridade.
Assim, não olvidaremos tão importante tópico, fazendo o possível para indicar certos caminhos que irão facilitar o acesso às etapas seguintes do progresso espiritual.
Em primeiro lugar, devemos renegar todos os males e todos os vícios, buscando compreender os maus hábitos, para erradicá-los de vez. Ajuda muito, na conquista dessa vitória inicial, o desejo de realizar o bem aos que sofrem. Na busca do melhor para os demais, vamos compreendendo bem quais os defeitos que necessitam eliminar. Ora, simples transferências são fáceis de realizar para a inteligência daqueles que chegaram a entender que a vida espiritual é que está eivada dos valores mais importantes.
A partir dessa análise perfunctória — sem qualquer interesse crítico ou de julgamento, mas apenas para facilitar o acesso à mente dos que se pretende encaminhar —, estaremos habilitados a oferecer o que de melhor somos apaniguados, para benefício dos irmãos. Daí advém a maravilhosa virtude do desprendimento, a sedimentar passo decisivo para o crescimento moral, uma vez que nos afastamos da vida material, relegando os bens mundanos à sua condição de teste ou prova, para que possamos compreender as vicissitudes da carne, em comparação com os males maiores do espírito.
Sabemos que, se continuarmos explanando nessa direção, iremos esbarrar, com certeza, em inúmeros desenvolvimentos textuais de conhecimento dos leitores. Sendo assim, abreviemos — como Jesus o fez inúmeras vezes —, remetendo os amigos à compreensão de que são as virtudes tudo aquilo que promove a satisfação moral das criaturas.
Quando a pessoa mantém contactos felizes com a comunidade familiar e social, poderá exigir qualquer outra coisa? Pois aí vai receitinha bastante fácil de aviar, ou seja, se os amigos estão em luta contra os semelhantes, como é que hão de conceber que chegarão a este lado com vantagens ponderáveis, a ponto de se virem alçados a esferas mais adiantadas? Como nos disse Jesus, corramos para o restabelecimento dos vínculos rompidos, antes que seja tarde demais.
Não vamos, pois, estender-nos em tópicos tão evidentes e tão divulgados. O mais que podemos fazer é recomendar calma, para se efetuarem os devidos exames de caráter, e muita devoção, para o contacto salutar com os protetores. O resto virá de per si, para complementar o que nos esteja faltando.







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DAS VICISSITUDES





Estamos sempre dirigindo-nos a possíveis leitores totalmente afeitos às programações espíritas, de forma que pensamos que compreendam exatamente o valor de cada prova, tirando de letra os sérios problemas da sobrevivência, sabendo os motivos cármicos que levam ao desemprego, os que conduzem parentes e amigos à morte, os que estropiam as pessoas, os das doenças, das dores e dos sofrimentos.
E se os amigos são infelizes porque perderam os bens, porque lhes faleceram os filhos, porque se viram abandonados pelos cônjuges, porque não encontram apoio nos companheiros, porque passam fome?... Será que todos os males, perdas e frustrações, sejam materiais, sejam morais, não são mais do que acontecimentos que assim devam ser entendidos? Ou será que há algo mais por detrás de cada ocorrência, a significar que temos de passar por determinadas crises, correspondentes a outras tantas que provocamos, nesta ou em outras encarnações?
Vejam que colocamos os dizeres em forma de interrogações, pois não haveremos jamais de ter certeza, em vida, do que verdadeiramente se esconde debaixo de cada desgraça. Aqui caberia perguntar ainda se é importante conhecer a natureza das causas, para melhor podermos sanar os defeitos.
Para bons entendedores, já deve ter saltado para diante dos olhos a perspectiva da superação, na confiança de que as causas virão a ser demonstradas em momento oportuno. Diante das vicissitudes, é agir como se tudo fosse — e na verdade é — naturalíssimo, fruto de acontecimentos em desajuste com as leis maiores. Reequilibrar as balanças da justiça eterna é, em última análise, o trabalho cármico de cada existência na carne.
Volvamos olhos benignos para tudo que nos esteja obrigando a refletir a respeito da vida, mesmo que os impactos dolorosos cheguem quase a nos cegar. Exemplificando rudemente, podemos lembrar certas dores e condições de mal-estar penosíssimas, que obscurecem a mente e impedem o livre raciocinar, tão opressoras são. Mas aí tem de sobrelevar-se a habitual confiança no Senhor, no aguardo de que tudo venha a recompor-se, momento em que exultaremos de alegria por não termos desesperado.
Em suma, para que a dissertação não fique por demais no campo material, que se habituem os amigos a orar, sempre dando razões ao Senhor, as quais, em absoluto, a mente não consegue imaginar.
Se estivéssemos endereçando-nos aos amigos desencarnados, diríamos que era chegada a hora da reflexão, para aceitação plena do carma, o que lhes daria condições favoráveis para receberem ajuda superior. Na carne, tal compreensão irá favorecer enormemente a serenidade, o que nos fará progredir diante de nós mesmos, pois não há nada mais frustrante do que perdermos as batalhas contra a nossa voluntariedade.
Estejamos, pois, atentos, para nos servirmos dos momentos de infelicidade, buscando surpreender as razões íntimas que nos levam à rebelião. Qualquer dia chegaremos a conquistar inteiro domínio sobre as vicissitudes, conforme aqueles leitores apaniguados que nomeamos de início.
Aprendamos a controlar-nos, que isso é parte importante do treinamento cármico.







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DAS EXIGÊNCIAS ESPÍRITAS





Muitos são os amigos que, inteirados da fenomenologia espírita, passam a reconhecer as melhores comunicações, desagradando-se das que não têm o sinete dos grandes escritores. Assim, textos como os nossos são censurados e não passam pela rigorosa vistoria que empreendem.
Outros desejam a assinatura abonatória de alguma entidade pública ou do relacionamento familiar, opondo terríveis obstáculos para considerarem fidedignamente mediúnicos textos que tratem de temas gerais, incontroversos.
Imaginam tais amigos que as forças do mal estejam diuturnamente atentas para os deslizes dos médiuns, de sorte que, à menor contrariedade dos protetores, já se aproximam para explorarem a boa fé daqueles que se habituaram a ceder a sua pena para a psicografia.
Ora, incorrem em duas falhas grosseiras.
A primeira, em não desconfiarem de que os médiuns estejam constantemente protegidos, mesmo porque, quando desandam e cometem erros, têm mais facilidade em receber as instruções pertinentes.
Em segundo lugar, sempre estão a conjecturar que os seres inferiores estão constantemente preparados para infiltrarem textos apócrifos, que contenham ensinamentos dúbios e falsidades doutrinárias.
Será que não desconfiam de que o sofrimento dos inferiores é tal que os obriga a se reconhecerem em débito, especialmente quando estão diante de agrupamentos organizados para a assistência universal, como no caso das mensagens psicografadas?
É claro que existem casos célebres de médiuns obsidiados por conjuntos de espíritos astuciosos, que os levaram a cometer inúmeros deslizes morais de caráter doutrinário. Mas tais médiuns são facilmente reconhecidos como dominados por criaturas moralmente inferiores, dado o conjunto de sua obra apresentar-se terrivelmente coesa nesse sentido.
Não são poucos os amigos que se deixam envolver por péssimas influenciações, mas esses não produzem nada de valor, revelando, desde logo, a tendência à malícia, à maldade e à ruína dos postulados espíritas. Se escrevem isolados, não obtêm êxito diante dos doutrinadores do centro. Se se deixam envolver nas sessões de desobsessão, recebem a carinhosa advertência dos instrutores espirituais.
Não há, pois, que se desconfiar de todos os escritos, senão com a benevolência dos santos e com a boa vontade dos sábios.
Restar-nos-ia perguntar, nesta altura dos nossos escritos, como estão sendo recebidos pelos amigos, mas não vamos fazê-lo, pois esperamos que todos já se tenham manifestado críticos o bastante, para bem situarem-nos como peças fracas de grupo de alunos, em fase inicial de aprendizado. Que esse pensamento conduza os amáveis leitores para obras mais substanciosas, plenas de conhecimentos do mundo espiritual, capazes do despertar da moralidade superior que se requer dos seres que almejam a angelitude. Que seja essa a aspiração de todos!







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DAS PROFECIAS





Não há muito tempo atrás, um grupo de alunos desta Escolinha (Grupo do Reforço — Ver Conhecendo o futuro, in: Novas Gotículas de Amor, nesta coleção) se dispôs a orientar os encarnados a respeito de como encarar os eventos que foram alvo de predição e que se realizaram conforme o prognosticado. No entanto, o que ficou bem determinado nas explicações é que só dão certo as profecias que tenham o apoio dos luminares da espiritualidade, de sorte que se permitem que se façam tais previsões porque existe a possibilidade de se concretizarem, mediante a conjugação de vários fatores, mesclando-se a eles a força de determinação cármica impregnada aos fatos pelos companheiros designados para tal mister. Em palavras mais simples: arma-se o acontecimento segundo as palavras anteriormente ditas, as quais, por sua vez, tiveram a autorização dos maiores.
Estas explicações servem tanto para ocorrências particulares, como meros pressentimentos de fatos corriqueiros, quanto para grandes catástrofes, caso em que a espetaculosidade chama a atenção para a existência de forças de caráter espiritual muito além da possibilidade de compreensão dos encarnados, a despertar-lhes para a realidade de além-matéria, para não dizermos a perigosa palavra (para o sobrenatural), que muitas falsas idéias tem sugerido.
Como fazer para superar a supersticiosa crença de que os eventos estejam predeterminados, o que as "falsas" previsões trazem como prejuízo? Evidentemente, procurando entender os mecanismos do livre-arbítrio conjugados com as leis de causa e efeito. Como resultado idôneo da aplicação silogística a esses dons especiais de que são dotados os seres, teremos de chegar a conclusões bem próximas da verdade, ou seja, de que os fatos acontecem em virtude das circunstâncias que se somam, originadas do desencadeamento forçado pelas diferentes atitudes dos indivíduos, em harmonia com as leis que regem os fenômenos.
Eis que, se soubermos controlar tais variáveis — como o fazem os espíritos de elevada moral, dados os seus estudos e suas indiscutíveis qualidades —, poderemos, também nós, submeter diversos tópicos à nossa vontade, avisando os demais dos resultados que se alcançarão. É questão extremamente simples, que não oferece qualquer complicação quando sabemos alguns pontos doutrinais importantes.
Se quiserem um exemplo, podemos referir-nos ao fato de que os cães encontrarão ossos enterrados no quintal. Assim, se, previamente lá depositarmos os ossos, não haverá qualquer dificuldade para que o evento se realize tal qual foi predito. Vejam que aí não há nada de espetacular. Alguns poderiam dizer que, se outros animais desenterrassem os ossos antes, os nossos cães não os encontrariam. Eis aí outra predição de facílima concretização.
Não nos iludamos, pois. Tudo o que ocorrer na vida deverá encarar-se como o resultado de vários dispositivos controlados ou controláveis pelos encarnados. Poderão acontecer acidentes imprevisíveis, mas isto só confirmará que nem tudo está sob a nossa mais irrestrita responsabilidade. Aí, o que se espera de nós é que compreendamos os fatos como testes, como provas ou como expiação de males a serem resgatados. O que não podemos fazer, jamais, é concluir pela deslealdade das desgraças que nos atinjam, ou pela irreversibilidade das condições de inferioridade de que fomos vítimas.
Se o essencial queda invisível aos olhos, não serão pernas amputadas ou amigos cujas vidas se ceifaram antecipadamente que nos irão fazer descrer de que tudo pode vir a ser reparado. Para isso, basta que confiemos na justiça do Pai.
Quem quer apostar conosco de que somos capazes de prever estarmos todos, um dia, no reino de Deus?







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DAS TENTAÇÕES





Para seres tão imperfeitos quanto nós, reserva-nos o destino inúmeros percalços absolutamente impossíveis de serem evitados. Estamos prevenindo os irmãos, para que não se percam diante das culpas pelos sucessos desairosos em que se empenharam, tomados por fantasias mundanas estimuladas pelos fascínios carnais.
Entretanto, se somos capazes de reconhecer que temos pela frente alguns despautérios morais para cometer, também temos de saber que todas as medidas devem ser tomadas para que se evitem tais acontecimentos, alguns facilmente previsíveis, outros inesperados completamente.
Além da prevenção e de todos os atos morais concernentes, também temos de saber evitar a repetição das falhas, pois, se não tivermos aprendido diretamente nas fontes da verdade, que ergamos muralha protetora a partir dos erros cometidos. Queimar o dedo na água fervente, desde que se saiba que isso não ajuda a saúde, será mero descuido, mas não evitará que o castigo pela má ação seja acionado imediatamente. Assim também ocorre com os fatos morais, de forma ainda mais premente, pois as reincidências, como nos crimes julgados pela sociedade humana, incrementam penalidades, onerando os compromissos para com a existência.
Como gostaríamos de poder exprimir-nos de forma concisa e clara, a ponto de se fazerem aceitos todos os argumentos relativos à necessidade do procedimento harmonioso, equilibrado, pautado pelas leis do Senhor e justificados pelos mandamentos cristãos!
No entanto, são tantas as tentações que nos cercam que até simples concentração em leituras tão fáceis, embora cruas e pedregosas, se tornam completamente impossíveis. Quão mais ameno é ligar o aparelho televisor e ficar a contemplar as imagens prontas, que ali se mostram no auge da tecnologia! Não está aí poderoso elemento captador da atenção, a nos impedir que nos dediquemos a mais sérias reflexões?!
Claro está que nem todos têm, nos programas da televisão, derivativos para o apanhado dos tópicos doutrinais em falta. Aliás, nem todos têm tempo para aplicar a esse moderno conceito de lazer, preferindo outras diversões ou distrações. De resto, contam-se por milhões os que não possuem sequer pequenos aparelhos descoloridos, embora, para estes, os problemas que se põem também não são aqueles da superação das tentações, tanto se deixam envolver pelos eflúvios alcoólicos e tabagísticos, pelas influenciações merencórias dos parceiros comprometidos com o crime e outras formas de se criarem condições de inferioridade moral.




Comentário



Resta-nos dizer que estes desenvolvimentos estão, invariavelmente, remetendo-nos à compreensão dos valores cristalizados na sociedade humana, podendo afirmar com certeza que estamos muito próximos de decifrar as razões pelas quais fomos para cá enviados bem antes do que nos parecia a melhor hora.
Esperamos que nossas apreciações estejam revigorando as esperanças dos irmãos, no sentido de fazer com que sintam um pouco melhor a própria contextura psíquica que os conduz pelas sendas das atitudes em desacordo com as programações cármicas.
Eis que as duas pontas destes escritos estão prestes a se unirem, para a competente ligação entre os campos da matéria e da espiritualidade, finalidade última das meditações que estamos levando ao conhecimento dos amigos. Vençamos a tentação de considerar que estamos fazendo o melhor possível e, humildemente, reconheçamos que todo este trabalho nada mais significa que pálida tentativa de comunicação de conceitos absolutamente estranhos para a maioria dos mortais. Tenhamos fé em que tal situação possa ser ultrapassada em breve, para o que devemos rezar pela comiseração do Senhor.







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DO ESTILINGUE E DA VIDRAÇA





Pode parecer aos incautos que estejamos acusando alguém de não suportar galhardamente as vicissitudes da vida e, por isso, não se dedique ao aperfeiçoamento espiritual com a consciência que estamos desejando demonstrar da nossa parte.
Se estamos dando a impressão de estilingues, podem estar certos de que somos também a vidraça, pois tudo o que dizemos que os homens fazem de mau, de irresponsável, de absurdo, mediante o conhecimento possível do reto proceder, foi o que fizemos em nossas peregrinações pelo chamado orbe de expiação e de provas.
Sendo assim, dedicamos esta mensagem ao esclarecimento de que nos tem valido demais estarmos a perambular de novo pelas plagas por onde caminhamos outrora, na condição de encarnados. Mais ainda, estamos muito felizes por estarmos tendo a ilusão do crescimento moral, em virtude de virmos, atrevidamente, penetrando pelas sendas do conhecimento moral superior, como se fôssemos exímios em reconhecer onde se situam as principais falhas e como se dará o conserto delas.
Eis que, porém, tememos sobremodo volver à carne em condições de inferioridade social ou orgânica, sem atinarmos de imediato com as verdades cármicas da adoção de tais medidas preventivas do egoísmo, da vaidade e do orgulho, debatendo-nos inutilmente contra a justiça do Pai, agravando os males que portamos.
Se este nosso temor servir de advertência aos irmãos em iguais condições, já estamos ficando satisfeitos por nos termos arriscado tanto perante os amigos.
Vocês — permitam-nos o tratamento amistoso —, vocês não sabem o quanto de sofrimento tivemos de enfrentar até postarmo-nos nesta banca, na qualidade de emitentes! Vocês não sabem o que de responsabilidade representa estarmos a desenvolver tópicos que reproduzimos das explanações que nos são ministradas pelos mentores! Vocês não sabem a alegria de podermos avaliar algumas conseqüências positivas do nosso esforço, ao constatarmos que estamos progredindo, tendo em vista a facilidade cada vez maior das transmissões, por força da maior adaptação às condições vibráteis do mediador, conforme as alterações de freqüência fluídica, que realizamos sob a assistência dos mestres! Vocês não sabem a felicidade destes encontros diários, onde o menor pensamento compreendido pelo médium significa pequena vitória do grupo, sempre unido em função da aprendizagem comum que estabelecemos como ideal para esta fase de nossa escolarização! Vocês não sabem o quanto de satisfação nos dá a perspectiva de que alguém mais possa estar a ler os nossos modestos dizeres, pensando que talvez um dia venha a estar nesta mesma condição intelectual, propiciando comunicações mais sérias e mais proveitosas! Vocês não sabem o que significa estar prestes a receber as orientações dos bondosos professores, sempre prontos ao esclarecimento dos pontos fracos e ao incentivo de novas perquirições nos campos estudados mas não inteiramente dominados!
Eis o estilingue que gostaríamos de ser, ou seja, aquele que arremessa as pedras do saber, a destruir as vidraças das incompreensões, da ignorância, das resistências espúrias promovidas pela maldade e pelas objurgações contra a vida. Eis os sentimentos que nos movem neste instante magnífico de realização mediúnica, apogeu para a espiritualidade que se vê interessada em emprestar seu concurso para que a vida dos amigos possa decorrer mais conforme às aspirações cármicas.
Fiquem, queridos irmãos, na companhia dos familiares e amigos, crentes de que Jesus está bem pertinho, a assisti-los com sua proteção de amor!







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DA DESPEDIDA





Muito nos congratulamos com o médium, por nos haver servido com tanta dedicação. E com os leitores, que tiveram a coragem de nos acompanhar até aqui.
Agradecidos ficamos, com extrema ternura, aos mestres incansáveis, sempre desejosos de nos verem progredindo, aconselhando-nos, quando hesitávamos, e amparando-nos, quando descaíamos desesperançados de alcançar as metas propostas.
Realmente, se nos dermos ao trabalho de reler os textos, poderemos verificar todas aquelas falhas acima apontadas, sutilmente impregnadas, como se nem tudo se desse no estrito campo da consciência. Mas são águas passadas e aqui estamos prontos para receber novas ordens, na tentativa de avançarmos nos cursos da Escolinha.
Sabemos da curiosidade natural que deve estar atiçando o interesse dos amigos em conhecer o que aguarda por nós, em futuro breve. Mas não temos sequer idéia de qual possa ser o próximo passo. Qualquer que for, corresponderá exatamente às nossas atuais necessidades.
Somente para aliviar a água na boca dos leitores, podemos dizer que existem outros cursos mais avançados de moral apostólica, certas tarefas junto a categorias de entidades espirituais em defasagem relativamente ao adiantamento dos demais componentes familiares, atribuições de benemerência junto aos encarnados, estágios avançados, na qualidade de auxiliares de socorristas encarregados de espinhosas missões, etc.
Se nos fosse dado solicitar, iríamos requerer mais um período junto a outras mesas, para aperfeiçoamento das técnicas de mediunização, o que poderá vir também a ocorrer.
Aguardemos em Deus que a Turma dos Amigos Fiéis permaneça coesa sob a liderança dos mesmos mentores.
Finalmente, o grupo irá recolher-se em prece de agradecimento ao Pai, por tanta assistência e tanta misericórdia. Se o bom amigo quiser acompanhar-nos, bastará evocar a nossa presença, que aí estaremos dando cobertura fluídica, para que as nossas vibrações se confraternizem e possamos entrar em comunhão com o Alto. Bastar-nos-á, para tanto, que reproduzamos, comovidos, o pai-nosso.
Que Jesus nos acompanhe em todos os empreendimentos que realizarmos em seu nome! Graças a Deus!

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