Não sei onde foi:
Portugal, Canadá, Itália...
Ou em país onde nunca fui.
Do ignoto, talvez, me apareceu
aquela flor sem perfume,
pétalas murchas,
feia, muita feia,
que eu nem mesmo sei
se era ou não era flor.
Mas, só sei que veio
às minhas mãos
e ali ficou como
se fosse
uma borboleta morta,
inerte, repelente.
Olhei-a com asco,
perguntando-me
de onde viera.
Tentei livrar-me
daquele contacto áspero,
desagradável,
mas, como visgo,
não saía de mim.
E eu fiquei pensando
que a gente corre atrás
de tanta coisa,
vive buscando ansiosamente
a felicidade, a alegria,
o prazer,
mas, como esta flor misteriosa,
coisas ruins se agregam
à nossa vida, trazem mágoas,
trazem sentimentos
desencontrados e a gente,
com certo desespero,
tenta e tenta se desvencilhar.
Olhei, muito depois, e a flor sumira
do mesmo modo que viera
às minhas mãos |