De tanto sucuri ver
em minha televisão,
uma visão pude ter
de grande aplicação:
todo pelotão de choque
uma sucuri teria;
se levada a reboque,
muito intimidaria.
Usada de preferência
em campos de futebol,
ou em quaquer emergência,
é polícia de escol.
De seis metros e com fome,
seria bem carregada
pelos soldados "de nome"
a sucuri dominada.
Cobra de linha de frente,
bastaria ser jogada
contra a plebe ingente,
já de bote bem armada.
Gás lacrimogêneo, não!
Sucuri do Pantanal!
Sem agredir a visão,
melhor é bote fatal.
Ela prende meliante
com sua boca bem larga,
enrola o traficante,
que entrega sua carga.
Os soldados desamarram
a cobra do elemento,
todos nela se agarram
pra evitar seu intento.
A multidão furiosa
vendo como se dá nó
usando cobra briosa,
de uma pegada só,
espalha-se e dispara
a correr do pelotão,
pois ninguém quer por a cara
pra sofrer tal abração.
Esse modo é legal;
sucuri não tem veneno,
não chega a ser letal
o machucado pequeno.
Leva-se o elemento
até o pronto socorro,
que pode ser, no momento,
o que fica lá no morro.
Outro bom uso da cobra
é como um cassetete;
se houver poucas de sobra,
a clonagem as repete;
um metro cada filhote,
bem domada pelo tira,
apontada pro cangote
do elemento em mira,
fica fácil pro soldado
recolher o elemento,
depois do bote bem dado
pela parceira ao vento.
Se o batalhão de choque
tem uns seis bons pelotões,
deve levar o reboque
fazendo as previsões:
uma cobra de reserva
há de ficar na espera;
quem tal cobra bem conserva
sabe usar essa fera.
Em caso de uma baixa,
por ferimento ou morte,
a reserva não agacha,
há de ter o mesmo porte.
Vendo a sucuriesca
cena de enrolação,
quem tiver memória fresca
sai logo da multidão.
Também, nas grandes prisões
de máxima segurança
sucuris são soluções;
qualquer fuga se amansa.
Basta fosso construir
contornando a prisão;
a cobra lá vai dormir
e impedir o fujão.
A despesa serpentária
é menor que com cavalo;
numa penitenciária,
então, é que eu me calo:
pode ser feito leilão
de calçados já sem donos,
em qualquer ocasião,
as cobras ficam sem ônus.
A carceragem menor
pode ser justificada:
o preso é de maior,
"fugiu" sem dizer nada.
Com o planeta mais quente,
e bichos já sem abrigos,
cuidemos do ambiente,
da cobra somos amigos.
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