Tenho recebido convites para falar, a adolescentes em escolas, sobre sexualidade e afetividade. Fico refletindo sobre que informações devo abordar na fala inicial.
Gosto de lembrar a precisão lingüística dos Gregos que tinham não uma, mas três palavras para designar amor. Agape era o amor universal, como o de Cristo pela humanidade. Filia o amor cuidar, como o das mães pelos seus filhos. Eros o amor sensual, daí derivando o vocábulo erótico.
Acho importante apresentar a visão de Sigmund Freud, criador da Psicologia e da Psiquiatria. Ele dizia: o que move o desenvolvimento desde o bebê até o adulto é a libido sexual. Falar das fases do desenvolvimento sexual, segundo a psicologia. Fase oral, no início, onde a área de maior prazer , no corpo, é a boca. A fase anal onde passa a ser prazeroso o controle de esfíncter de anus e da uretra, com os conseqüentes elogios que a criança recebe por não mais sujar ou molhar a roupa. A fase fálica, primeira descoberta dos órgãos genitais, com os complexos de Édipo e de Eletra ( acréscimo do Jung). Onde a criança se apaixona pelo genitor de sexo contrário e imita o do mesmo sexo. Criando assim sua identidade sexual. A fase de latência, um adormecimento da sexualidade, com o posterior desabrochar na adolescência.
Uma parte divertida é discutir o significado de cônjuge, como sob o jugo. O lembrar que na história de Dona Baratinha como na vida real o noivo morre no casamento para nascer o marido. A prendi que coloca-se a aliança no dedo anular esquerdo por que os antigos gregos acreditavam que um nervo o unia diretamente ao coração.
O ser humano precisa aprender sobre como se relacionar, e o faz imitando seus pais, o grupo social de que faz parte, e ocasionalmente na escola como nestas palestras.
Vejo com bons olhos as novas etapas que os jovens vem introduzindo nas etapas do relacionamento, Antes eram amigos, namorados, noivos e casados, Agora se introduziu o ficar. Que sábio! Ampliaram as fases com menos compromisso, uma etapa antes do namoro..
Considerar que a norma é se dividir a humanidade em sexo masculino e feminino, mas a opção sexual é escolha individual e deve ser respeitada.
Falar sobre a paternidade e a maternidade responsável. Em trabalho que realizei com nascidos vivos em 1975 encontrei quase 20 % de filhos de adolescentes. Será que os adolescente estão mesmo prontos para serem bons pais e mães ?
Poderíamos falar por analogia em sexualidade responsável. Até onde o afeto segue junto ao sexo ? A questão da promiscuidade dos contatos. O risco das Doenças Sexualmente Transmissíveis e principalmente da AIDS.
Lembrar o significado lingüistico de simbólico e diabólico. Simbólico é o que guarda correlação com seu significado essencial ou arquetípico. É o exemplo de sexo entre 2 pessoas que se amam como forma sublime e máxima de união entre dois seres. Enquanto Diabólico significa o que perde a conexão com seu significado arquetípico. Como o mesmo sexo no caso de estupro, algo vil e odioso.
Acho importante apresentar alguns poemas e a letra de algumas canções que falem de amor, pois um pouco de poesia sempre vale a pena. Ë através do coração (sentimentos) que se toca mais profundamente as pessoas.
De qualquer forma estou convicto que todos estes tópicos servem tão somente para introduzir o tema, o momento realmente importante da palestra ocorre no debate. Um debate franco e honesto sem falsos pudores ou moralismos estreitos, mas onde sexo seja visto como conseqüência do amor. Afinal a informação correta faz toda a diferença quando o assunto é sexo e afetividade.