Alma Impermeável
Chove e, no entanto,
Por inverso meio,
Não chove em mim.
Enquanto lá fora
Predominam o cinza
E os espaços molhados,
No meu interior,
Radioso e faiscante,
Brilha um sol,
Um claro sol de estio...
Chove, a música serena
Da chuva mansa
Lembra um acalanto
E eu, olhar anidro,
Vendo, pela clarabóia da janela,
O jardim borrifado de neblina,
Tão belo quanto
Deve ser um jardim
Em plena chuva.
Chove, mas minh’alma
Parece impermeável...
|