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Professor Marcelo Guido Noronha
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🔥 AUTORRETRATO DE UM HOMEM MAGOADO… SOFRIDO… — DELUXE EDITION (1977–2025)
 
Nasci em 29 de março de 1977, às seis e meia da manhã, em Camanducaia, em berço
gelado, serrano, onde Monte Verde sopra seu vento frio e onde aprendi que a vida não
dá aviso prévio. Cheguei ao mundo sem festa nem ternura: minha mãe, afogada no
alcoolismo e nas sombras da própria dor, tentou por três vezes apagar minha
existência. E três vezes fui salvo pelas mãos firmes da minha tia, a mulher que se
tornou, na prática, o colo que eu nunca tive.
 
Cresci com um trauma tatuado na alma: amar, pra mim, sempre foi também temer.
 
Oscilei entre Camanducaia e Guarulhos. Entre ser o “aventureiro” que meu corpo pedia
e o “gênio” que os Oliveira esperavam. Entre a liberdade e o peso. Entre quem eu era
e quem o mundo queria que eu fosse.
 
No fim, entendi: meu caminho jamais seria simples.
 
Ainda jovem, descobri que a vida não entrega beleza física como escudo. Eu não a
tive. Mas me deu outra arma: a palavra. E com ela conquistei mais do que imaginava,
inclusive três títulos mundiais no Circuito Cultural Lírios de Madrid, quando o
mundo, pela primeira vez, me aplaudiu como alguém que valia a pena.
 
Em 1998, Patrícia apareceu. A crente de sorriso doce, minha revolução espiritual. Mas
veio também o que acompanha a ignorância: preconceito religioso e racial, a barreira
que destruiu o amor antes que ele tivesse chance. Fui esmagado por aquilo. E caí no
pior tipo de labirinto: o da própria fuga.
 
Farras, excessos, descartáveis emocionais. Até que João Pedro nasceu como fruto de um
lance casual que se transformou em responsabilidade real. Ele fez 10 anos em 2010;
hoje, ele é homem feito, maior de idade e carrega meu sangue, meu nome e um tanto do
meu silêncio.
 
Em 2001, conheci Kely. Rápido. Apressado. Impetuoso. Em seis meses estávamos casados.
A decisão precipitada, mas sincera. Larguei tudo, vim para Itapeva e escolhi a vida
adulta: boletos, trabalho, rotina, maturidade à força.
 
Meu pai morreu em 2004 — e ali perdi meu herói.
 
No ano seguinte, 2005, conquistei o título de MESTRE no Mundial do Uruguai e encerrei
uma fase competitiva no CCLM. Fui cuidar da família, da casa e da carreira pública.
Em 4 de abril de 2006 nasceu Leon Guido, meu filho sonhado, planejado, amado. E por
ele, sempre, eu viveria tudo de novo.
 
Mas o casamento, marcado por brigas, ciúmes e baixa entrega afetiva, começou a ruir.
E então veio ela.
 
Grasielly Machado.
25 de junho de 2007.
Recanto das Letras.
Amor imediato. Digital, mas intensamente real.
 
Eu, casado.
Ela, namorando.
Dois acenos e a vida virou tempestade.
 
Abdiquei à união estável em 10 de julho de 2007. Ela terminou um mês depois.
Prometemos o encontro no feriado de 7 de setembro...
 
Minha mãe — novamente tragada pelo álcool — entrou em crise e precisei correr para
salvá-la. Ela disse entender… mas a carência virou traição. Duas vezes. Perdoei.
 
No dia 28/09/2007 nos vimos pela primeira vez.
E ali começou o namoro mais intenso — e mais cruel — da minha vida.
 
A família dela não me quis.
Primeiro por ser mineiro.
Depois por ser “do Recanto”.
Depois por religião.
Depois só por preconceito mesmo.
 
Voltei a Santa Catarina três vezes: 15/11/2007, Réveillon e 15/02/2008. Em duas, fui
tratado como peso. Na outra, como ameaça. A tia dela — capitalista, fria, implacável
— me proibiu de voltar. Eu queria morar lá. Ela não quis enfrentar ninguém. E o amor
não resiste quando um luta sozinho.
 
A história desabou, ironicamente, no dia do meu aniversário — 29/03/2008.
 
Perdi a mulher, o Recanto, o grupo, o respeito dos que antes me aplaudiam. Diogo, o
novo namorado dela, articulou minha expulsão do site em abril de 2009. Fui humilhado,
escorraçado, silenciado. Migrei para a Usina de Letras.
 
Continuei lutando por ela até onde o homem ainda respirava. Mas no fim de 2009,
quebrou. E 2010 começou com a sensação de que eu tinha sido destruído por dentro.
 
No dia 24 de março de 2010 a versão base texto nasceu.
Um homem só, magoado, quebrado.
O ponto zero.
O epicentro da dor.
 
Mas o tempo — esse teimoso engenheiro — reergueu meus alicerces.
 
Vieram anos duros, sim.
Existiam as perdas devastadoras:
Axel, Katrina, Kelly Messina em 19.11.2007
Ocorreram mortes que arrancaram pedaços de mim: José Guido, Josmar, Íris, Daniel
Siqueira, Sílvia Mitiê Tamura.
 
Vieram culpas, recomeços, rupturas, recaídas emocionais, madrugadas em silêncio
absoluto.
 
Mas vieram também as reconstruções:
 
– A fase Mitiê e o salto filosófico (2010-2019)
– As publicações de dez livros pela Filos Editora (2020–2025)
– A consolidação como escritor com participações em diversas antologias poéticas e
afins
– Os mundiais culturais em 2010, 2012, 2016 e 2020.
– O retorno do nome Van Lyra.
– O renascimento e nova aceitação no Recanto das Letras.
– O reconhecimento internacional do CCLM em 2025.
– A Academia Independente de Letras – Cadeira 311.
– O casamento civil com Kely Beker em 8.4.2022.
– O marco de mais de 100 leituras no Recanto das Letras (2025).
– Minha presença histórica nas Bienais de São Paulo (2022/2024), Taubaté (2022) e na
Expo de São Lourenço (2025).
– Os prêmios literários nacionais e internacionais.
– E finalmente, a consolidação pública de que meu nome não só sobreviveu aos
escombros, mas que ele se ergueu acima deles.
 
De 2010 até 2025, eu não apenas sobrevivi. Eu me tornei escritor, mestre, referência,
memória viva. O Cavaleiro do Fogo.
 
Ainda carrego dores? Claro. Quem viveu o que vivi não zera o contador.
 
Mas aprendi que solidão também é ferramenta.
Que ferida também é matéria-prima.
Que amor também é risco calculado.
E que poesia, no fim das contas, é meu modo de conversar com Deus.
 
Hoje, novembro de 2025, olho para trás sem medo.
 
Aquele homem magoado, sofrido e só — de março de 2010 — não morreu.
Ele evoluiu.
Ele renasceu.
Ele virou obra.
Virou legado.
Virou história documentada.
 
Se existe um recado final para a versão mais jovem de mim, é simples e direto: - Você
foi quebrado várias vezes, mas nunca destruído. E foi justamente por ter doído tanto
que você se tornou quem é hoje.
 
 
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