Recordar é preciso! Parodiando os navegadores que se aventuravam pelos mares desconhecidos, estou lançando para dentro de mim mesmo, numa viagem introspectiva, a campanha da recordação. E nem preciso de muito esforço para me ver moleque outra vez, empinando papagaio no vento solto do mes de julho, sem medo de cortes provocados pelo cerol das linhas; os passeios de bonde, as quermesses, as prendas do leilão, o leiloeiro que fechava o lance inopinadamente quando se dizia que a prenda era para ele; as "peladas" com bola de pano, os dedos esfolados nas pedras toscas da avenida tão deserta de carros e tão cheia de oitis maduros; as cadeiras nas calçadas; os rádios de cabeceira; o caldo de cana e os pastéis da "Leão do Sul"; os pães semolina da "Lisbonense";as pastorinhas; os vidros esfumaçados para ver os eclipses; os caleidoscópios fascinantes; as cartas de Papai Noel; as matinées do Cine Centro ou do Cine Rex...recordaçôes