O articulista, Cláudio de Moura Castro, no seu Ponto de Vista, na Veja, edição 1.762, de 31 de julho último, em artigo intitulado «Livrai-nos dos crédulos» foi ao cerne da questão, ao tocar na raiz de um grande mal que padece a maioria dos seres humanos, que é a propensão a crer, falha psicológica, que produz o adormecimento temporário da mente.
A causa real dessa propensão a crer é própria da pessoa que não pensa.
Enfatiza-se no artigo «nossa sociedade deve preparar melhor as pessoas para que elas não tomem o falso pelo verdadeiro».
Essa é uma questão básica na formação dos seres desde a tenra idade, em vista da orientação defeituosa que a criança recebe quando não é iniciada no uso das faculdades de sua inteligência, para que possa discernir, por si mesma, o real do irreal, o verdadeiro do falso, o sensato do absurdo, consentindo-se, ao contrário, que sua mente seja tomada pelas crenças, de fácil assimilação.
Essa credulidade leva à insegurança e torna o indivíduo vulnerável, se constituindo numa presa fácil par os espertalhões que se valem da boa-fé alheia para tirar proveito próprio, muitas vezes, usando de técnicas espúrias como a promessa, a ameaça e a apresentação de soluções simplórias para os problemas.
Hoje, o número de informações que nos chegam de vários meios, como a tv, a internet, livros, revistas e jornais é enorme e cada vez mais difícil de se constatar a sua veracidade ou não, portanto, por questão de defesa e precaução, a mente tem que estar sempre alerta e atenta, para filtrar essa avalanche de dados que nos chegam, daí a necessidade urgente de pensar que também é refletir, raciocinar, selecionar, a fim de se separar o joio do trigo.
E esse preparo se consegue através do estudo, do desenvolvimento de um senso crítico, enfim, uma capacitação da inteligência para contrapor essa propensão.
Nossas escolas deveriam ensinar o educando a desenvolver suas potencialidades mentais, principalmente, a faculdade de pensar que lhe permitirá escolher dentre as coisas que lhe são oferecidas, a melhor, a verdadeira, a útil, a lícita e a justa.
O homem que pensa com liberdade não é vulnerável às fraquezas e se fortalece na busca do bem e no empenho de ajudar o próximo.
Haveremos, com o estudo e o saber, de debelar essa mazela e num curto espaço de tempo deixarmos de ser crédulos e nos tornamos seres que vêem no saber a solução real para os problemas humanos.