----- É mais que possível e não é de todo longínquo, se porventura me concederes os elementos para isso, que eu escreva um romance poético sob o título: "Os Amantes Virtuais de Musilene".
----- Claro que eu, além de ter todo o gosto em constar, não omitiria o tornitroante ciúme que abafo quando sinto os meus rivais a eriçar as penas, uns com delicada postura e outros em estranho e desalentado desnorte.
----- Que a atitude tomaria eu se, maugrado, Te decidisses fazer-me um teste, daqueles de queimar o entulho todo da alma?
----- Ena... Dava uns murros no teclado, lá isso dava, uns pontapés na cadeira quando fosse almoçar, lá isso dava, umas ferradelas no travesseiro, lá isso dava, e andaria decerto com cara de caso sem desabafar para ninguém, lá isso andaria... Só que, como já afirmei por dentro e publicitei por fora, réplicas nunca daria e indirectas muito menos. Limitar-me-ia a aguardar a postura dos astros. Só.
----- Não sou melhor nem pior do que os outros, mas, palavra, esforço-me por ser quanto possível humano estreito face às decepções da vida e ao querer dela que eu não quero. Que posso eu mais fazer? Posso: não virar a sorte em azar indo além do plausível, mas quando o azar se me depara sem mais... Paro, paro para meditar e medito em busca da melhor solução, aquela que menos favoreça a desdita.
----- Pois, Musilene, que culpa tens de ser a minha Musa e Amante dilecta sobre quem espraio o cordão aceso das minhas palavras? De mim ou seja de quem for, é preciso avisar as Musas que tenham cuidado com os eus-patéticos!
----- Um beijinho firme, Musilene e votos para que os deuses das letras se adocem e nos proporcionem este convívio com estímulo elevado.
De resto, para que servirá gostar e ter amor pelas letras?
----------------- Torre da Guia ------------------