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Artigos-->Existe Vida antes da Morte? -- 05/08/2002 - 11:37 (rodrigo guedes coelho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Existe Vida antes da Morte?





por Maurício Rebelo Martins







Em nossos dias, com o que nos preocupamos? Com o futuro? Com a morte? Com o sucesso profissional? Com o prestígio e com a beleza? Com o "dinheiro"? Será que estamos realmente vivendo? A verdade é que tudo o que fazemos é nos preocupar com uma folha de papel, chamada "dinheiro".



O "dinheiro" é sinônimo de riqueza, de prestígio, de beleza, de conquista, etc. Infelizmente não é válido mais o adágio popular que diz que "o dinheiro compra tudo menos a felicidade". Ora, se ser feliz é ter riquezas, carros, mulheres bonitas (ou homens bonitos), um belo trabalho, ter prestígio social e tudo mais, como podemos dizer então que o "dinheiro" não compra a felicidade?



Tudo o que queremos é "dinheiro". Não importa o meio que usarmos para consegui-lo. Importa ter "dinheiro", mais "dinheiro", mais "dinheiro" e mais "dinheiro". O "dinheiro" tornou-se sinônimo de felicidade. A violência que vivemos é fruto de quê? Ora, a maior parte os atos criminosos visam o "dinheiro". As pessoas matam, roubam, violentam com a intenção de conseguir o "dinheiro".



Sem falar na concorrência entre colegas de trabalho. Não há mais verdadeira amizade. O que importa é ser promovido ou sobreviver no emprego. Nos tornamos animais irracionais. Matamos uns aos outros para "sobreviver" e conquistar o dito "dinheiro". Podemos viver sem uma moeda de troca, sem o "dinheiro"?. Infelizmente não, mas podemos aprender a lidar com ele. E como aprender a lidar com o "dinheiro"? Só aprendendo a lidar consigo mesmo.



Claro, somos movidos por um desejo interior que é provocado por fatores externos. Como assim? Bem, faça agora uma experiência comigo. Quando você vai ao supermercado você compra sabão em pó ou "Omo"?; você compra lamina de barbear ou "Gillete"?; você compra esponja de aço ou "Bombril"? Bem, acredito saber a resposta que você deu.



É isso mesmo, somos totalmente dominados pela propaganda, pela mídia e por outros meios que nos influenciam e nos escravizam. Estamos acorrentados a tal modo que sequer percebemos. Não somos livres. Somos como um passarinho preso em uma gaiola, que só come e bebe o que o dono lhe dá.



Você deve estar se perguntado: o que esse doido escreveu até aqui tem a ver com o título do texto? Explico. Não consigo conceber esta realidade como uma realidade de vida. Estamos presos. Tão presos como aqueles que estão nas penitenciarias. A liberdade não existe em um mundo onde poucas pessoas controlam milhões. Somos escravos de um símbolo que virou divindade.



O culto ao "dinheiro" é tanto, que tudo se faz por ele. Até mesmo participar de programas do tipo "Big Brother", "Casa dos artistas" ou "Hipertensão". Quais os livros mais vendidos? Os de auto-ajuda, os que ajudam a conquistar o "dinheiro", ou, ainda, livros que contam histórias de homens que conseguiram ficar ricos.



Para mudar esta realidade só mudando nós mesmos. Temos que nos libertar. Temos que viver. Continuar prestando culto ao dinheiro é dizer não a vida. Ser escravo do dinheiro é deixar de viver. A maioria das pessoas se preocupa com o que virá depois da morte. Muitos tentam explicar a vida depois da morte. Sobre isso nada direi, pois, parafraseando Ludwig Wittgenstein, acerca do que não se sabe deve-se calar. O que realmente é importante para mim é o presente. Dos mortos resta os rastros que deixaram. E a nós resta inscrever nossos passos e viver, repito, viver na liberdade e na plenitude cada momento que se apresenta.



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Maurício Rebelo Martins é estudante de Filosofia.







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