O Brasil recorreu na semana passada ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para solicitar uma ajuda de US$ 15 bilhões a serem injetados imediatamente na economia brasileira. O acordo deverá ser assinado já na próxima semana e prevê a liberação dos recursos através de parcelas mensais.
Trata-se de uma nova injeção de ânimo na economia brasileira. Em 1998, no começo do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, o País contraiu uma dívida com o FMI que entraria em vigor um ano mais tarde. Desta forma, o Brasil ainda está nas mãos do organismo internacional e quer continuar sobre seu controle.
No entanto, existe um grande problema que ainda trava a assinatura do acordo de agora. Atualmente, o País vive uma grande crise financeira que sente, como qualquer outra nação, os solavancos da frágil economia mundial. O pedido de socorro ao FMI vem para salvar a economia brasileira que necessita de uma resposta ágil por parte do fundo.
O Fundo Monetário Internacional quer que o acordo se estenda até o final do próximo ano. O atual governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), por sua vez, vê com maus olhos os anseios do FMI e solicitou uma ajuda válida somente até o final deste ano. É a era FHC chegando ao fim com a ajuda do FMI.
O impasse pode estar longe de ter um fim. As constantes pesquisas para sucessão presidencial empurram as negociações que buscam nos resultados eleitorais, mesmo que incertos, um possível retrato do futuro político do Brasil. Aqui, entra em cenas os presidenciáveis Lula, Serra e Ciro que têm opiniões totalmente divergentes em relação ao acordo do Brasil com o FMI.
O Fundo Monetário Internacional reconhece o caráter de urgência das negociações, mas necessita de um entendimento entre todos os presidenciáveis em relação ao dívida a ser contraída pelo Brasil. Serra quer que o acordo se estenda somente até o final de 2002. Ciro e Lula pouco falam sobre o assunto.
Enquanto o acordo não sai, a economia brasileira vai vivendo na espectativa de uma solução mais rápida para seus problemas. Ontem (01/08), o dólar caiu quase 10% e interrompeu uma escalada de aumentos que estava mexendo com os nervos do mercado financeiro desde o começo da semana passada.
As declarações favoráveis do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O Neill, sobre a economia brasileira motivaram a queda da moeda norte-americana. Além disso, a informação de uma possível ascenção de Serra nas pesquisas sobre a sucessão presidencial também acalmou o mercado.
A solicitação de sucessivas ajudas ao FMI demonstra que a economia brasileira, mais do que nunca, sempre irá ficar presas à interesses internacionais. Foi assim no começo do governo FHC e, agora, estão querendo mais uma ajuda, somente por mais cinco meses. É uma ajudinha de nada, mas muito importante para a economia.
No entanto, o FMI ajuda, mas impõe uma regra. O organismo internacional quer o País se comprometa com seus interesses até o final de 2003, fato que irá trazer uma série de restrições à economia brasileira. Para cumprir o acordo, o País irá comprometer investimentos na área social e também deverá limitar seu crescimento econômica. É uma ajuda que pouco ou nada resolve.
Com certeza, a economia brasileira irá sentir os impactos deste acordo. Hoje, a nação já sente os impactos de último acordo que, juntamente com as crises mundiais, sacodem o povo brasileiro que já não mais acredita em uma recuperação milagrosa da economia nacional. A situação é crítica e o Brasil se vê em uma encruzilhada.
De um lado, um mundo disposto a ajudar, mas que libera algo em troca de uma "escravidão sócio-econômica". Do outro, uma crise interna que tira o sono de todos os brasileiros, sejam eles ricos ou pobres. É o fim do mundo para a terra tupimambá. É o FMI que chegou para ficar.
(*) Reginaldo Faria é jornalista em Divinópolis (MG)