Costumeiramente, em dadas situações, dizemos que estamos decepcionados com as pessoas:
- Fulano não podia ter agido assim. Sicrana não foi legal... E por aí vai.
Nos relacionamentos que travamos no nosso dia-a-dia, nem bem conhecemos os indivíduos, já nos metemos a construir uma imagem e a tecer uma personalidade para eles.
Ora, Beltrano é uma pessoa assim e mais assim, tem a conduta dentro do figurino tal.
E vamos nos convencendo de que aquilo que figuramos na nossa imaginação é a verdadeira pessoa.
Ora, ninguém se revela por inteiro no teatro da vida. Ademais, os nossos olhos só enxergam aparências e os nossos pensamentos e deduções são nossos pensamentos e deduções e não os pensamentos e as deduções das outras pessoas.
Por tal razão, quando a pessoa age de forma diamentralmente oposta àquela que concebemos nos nossos pensamentos, erroneamente, afirmamos que estamos decepcionados com a pessoa pois, no frigir dos ovos, a decepção é conosco mesmo, por não termos sabido utilizar a cautela, por querermos intuir uma previsibilidade comportamental inteiramente irreal.
Mas, é difícil aprendermos a lição, dois passos adiante e já estamos a dizer: Fulano é assim, Beltrano é assado, sempre presumindo que somos infalíveis nas nossas criações mentais baseadas em coisa nenhuma.