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Artigos-->O ATAQUE ELEITORAL -- 14/08/2002 - 09:15 (rodrigo guedes coelho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O ATAQUE ELEITORAL





Laerte Braga





“Se esse for o preço a ser pago pela democracia, que assim o

seja”. A afirmação foi feita por Madeleine Albright, secretária de Estado

do governo de Clinton, a um jornalista que lhe perguntara sobre as duzentas

mil crianças mortas no Iraque por conta do bloqueio imposto pelos Estados

Unidos, desde a chamada “Guerra do Golfo”.

Os terroristas da Casa Branca, à época o Bush pai operava a organização,

chamaram aquela guerra de “Tempestade no Deserto”.

George Bush quer atacar o Iraque e tem rejeitado sistematicamente toda e

qualquer chance de negociação. Essa disposição tanto deriva da loucura

terrorista do norte-americano, como da cretinice, do oportunismo, da

disputa pelo controle do Império.

Bush enfrenta eleições em novembro/dezembro. Parte do Senado e a totalidade

da Câmara dos Representantes estão em disputa. A despeito dos

norte-americanos considerarem o governo terrorista do texano como ético, há

indícios que os democratas podem retomar a maioria no Congresso e, assim,

dificultar as operações da organização da Casa Branca.

É daí que decorre a pressão de senadores republicanos, candidatos à

reeleição, para que o Iraque seja atacado o mais cedo possível. É por aí

que o caráter doentio e perverso do grupo que opera os “negócios” em

Washington planeja a operação contra aquele país, tanto quanto sustenta a

política de extermínio de palestinos, posta em pratica por Ariel Sharon.

Bush sabe que os cidadãos de seu país têm a doença do patriotismo canalha e

acreditam, piamente, que a melhor forma do mundo alcançar o nirvana é

espalhar mariners e lojas de McDonnald’s pelo mundo afora. O que isso

significa de fato é o controle do petróleo, no caso do Iraque, afinal, o

homem é o “oil man”.

A ignomínia que é marca registrada das ações dos Estados Unidos, desde a

“eleição” de George Bush, manifesta-se de forma explicita e repulsiva, ao

contrário do jeito escondido e suave de Clinton. A própria imagem do ex

presidente, volta e meia tocando sax, em confronto com a do atual,

dirigindo um camioneta em seu rancho e pegando no batente, marca a

diferença entre os dois.

Um foi com vaselina, outro é com areia.

O governo da Arábia Saudita informou que não vai aceitar que os ataques

partam das bases norte-americanas em seu território. Como se isso fosse

problema. A semana passada, no desvario de “Napoleão do Texas”, George

Bush, através do Departamento de Estado, fez vazar um documento para a

imprensa, onde o governo saudita, tradicional aliado dos americanos, é

acusado de financiar o “terror”.

Fala explicitamente em combater os aliados, por sinal, sócios em muitas das

empresas petrolíferas dos Estados Unidos. E com fartos recursos em bancos

americanos.

O governo do Irã deporta supostos integrantes da organização Al Quaeda,

numa tentativa de evitar o terror de Bush. Saddam mostra-se disposto a

permitir a inspeção por parte de fiscais da ONU. Palestinos são

assassinados diariamente pelas SS de Sharon, enquanto a Gestapo israelense

mata de forma programada líderes ou meros suspeitos de

integrarem movimentos de libertação da Palestina.

Bush diz apenas e sistematicamente que é preciso acabar com o “eixo do mal”.

A perspectiva de guerra corre por conta da estupidez instalada na Casa

Branca. Serão milhares de pessoas mortas pelos norte-americanos, tal como

disse a ex secretária Albright, em nome da democracia. E dos lucros das

companhias petrolíferas dos Estados Unidos. Da indústria armamentista.

Na “Guerra do Golfo” os americanos destruíram uma fábrica de leite em pó,

afirmando tratar-se de uma “indústria de armas químicas e biológicas”.

Quando cismaram de combater o “terror” no Sudão, explodiram uma indústria

farmacêutica destinada à produção de antibióticos. Na antiga Iugoslávia

mataram inocentes durante todo o período da ação militar contra o governo

de Milosevic.

Foguetes inocentes que comemoravam um casamento no Afeganistão foram

interpretados pelas chamadas “armas inteligentes” como ação hostil e noivo,

noiva e parentes transformados em cinzas pela aviação da “Justiça

Infinita”, da “Liberdade Duradoura”.

Há notícias, denúncias, de tortura contra presos no Afeganistão e o uso da

base de Guantánamo para operações sujas.

A ação dos terroristas norte-americanos é orquestrada, organizada e

planejada para acentuar o domínio, o controle sobre o mundo inteiro. O

delírio de loucos criminosos, ou criminosos loucos, tudo terminando no dia

de Ação de Graças em torno de um peru assado.

E nas eleições de novembro/dezembro.

O pano de fundo é a multiplicidade de orgasmos patrióticos de cidadãos

imbecilizados pelo poder destruidor do seu país, os Estados Unidos. Serve

de escudo para ações violentas, estúpidas, no mais cruel de todos os

governos tirânicos nos últimos tempos.

Bush é ameaça à vida.

Se Saddam é um ditador, um corrupto, nesse momento isso quase nada importa.

Fosse um presidente eleito pelo voto, como o do Irã, o tratamento seria o

mesmo. O que existe é terror, pura e simplesmente terror. Escondendo

interesses do capitalismo no império norte-americano.

A tal “justiça infinita”, ou a “liberdade duradoura” estão manchadas de

sangue e de insanidade. São meros pretextos e denominações para o frêmito

patriótico de boçais que acreditam que, na hora agá, qualquer problema o

Superman resolve.

O alvo americano não é Saddam. Não é o Irã. É o mundo inteiro.



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