“Oxalá a infâmia contra o PT e Lula cobre pagamento ainda em nossos dias, aí sim a justiça poderá ser feita...”
Assim termina o artigo de Clóvis Luz da Silva, “Os infames críticos de Lula”, publicado em Usina de Letras no dia 6/8/2002. Como seria efetivada a ameaça de Clóvis Trevas? Com muitos paredões, no antigo estilo cubano? Por degola, cópia do ódio mútuo promovido por chimangos e maragatos durante a Revolução Federalista no RS, em 1893? Ou seriam recriados no Brasil os Gulags e os empalamentos da tirania soviética? Como seria feita essa justiça, Don Clóvis?
Clóvis Trevas cita alguns articulistas de Usina de Letras, além do filósofo e escritor Olavo de Carvalho, como Dom Kless, Siciliano, Daniel Fiúza de Mello e até este insignificante escriba que garatuja as presentes linhas (que honra!), que não rezam pela sua cartilha e que, por esse simples motivo, são dignos de todo seu deboche, desprezo e ameaças. Já que meu nome apareceu na lista negra de Don Trevas, cumpro o direito de exercer minha réplica, enquanto ainda temos uma Usina de Letras que não censura idéia alguma, graças a Deus, e, com a intercessão de Nossa Senhora Aparecida e de Santa Paulina, espero que isso nunca venha a ocorrer. Aliás, o leitor já deve ter percebido que o título desse artigo é falso, pois não se pode generalizar, afirmando que todo eleitor de Lula-laite seja infame. Porém, foi exatamente essa generalização infamante de Don Trevas, em seu artigo citado acima, que me inspirou o título. O título poderia ser outro, por exemplo, "A lista negra de Don Trevas".
Para Clóvis Tenebroso, ser crítico de Lula-laite é infame. Para ele, por certo, ser crítico de FHC ou Ciro ou Serra, já não é uma infâmia tão grande assim... Para Don Clóvis, a crítica pode ser feita a qualquer entidade ou pessoa, desde que não relacionada ao PT e à petezada. Vale dizer, o PT das vestais grávidas, como se pode comprovar ultimamente, em que o Partido dos Trabalhadores não tem pressa alguma de largar as páginas policiais da TV e dos jornais. Afinal, quais são exatamente as infâmias ditas contra Lula-laite? Faltou Don Trevas enumerá-las. Seria o fato de alguns exigirem explicações convincentes, pelo fato de Lula-laite ser o mais rico dos quatro principais candidatos, conforme sua própria declaração de bens? Essa honrosa posição teria sido alcançada pela dura labuta atrás de um torno mecânico?
As páginas de Usina estão livres (ao menos por enquanto!) para a manifestação das mais diferentes formas de pensamento, seja de ordem política, social, seja de ordem religiosa. Os freqüentes ataques de nervos sofridos por Don Clóvis deve-se ao fato de que no Brasil não temos ainda um Socialismo do estilo cubano, onde só há uma publicação permitida, o jornal “Granma”, dirigido pelo Partido Comunista Cubano. Como essa etapa ainda não foi implementada no Brasil, Don Clóvis tem constantes ataques epilépticos. Mas, pode ficar tranqüilo, Clóvis Trevas, essa etapa já se avizinha, pois a mídia está inteiramente nas mãos da esquerda. É só uma questão de tempo para fazer calar as últimas vozes discordantes que se ouvem na antiga Terra de Santa Cruz, hoje Terra de Gramsci, como a de um Olavo de Carvalho, de um Denis Rosenfield, de um Giusti Tavares.
No Rio Grande do Sul dois jornalistas da “Zero Hora” foram processados por “infames” críticas ao Partido dos Trabalhadores. O Prof. Giusti Tavares encara processo semelhante, por ser o organizador do livro “Totalitarismo tardio: o caso do PT”, em que são desnudados os embustes do propalado “orçamento participativo” (1) que o PT implantou nos pampas gaúchos, que nada mais é do que uma etapa da revolução leninista, conhecida como “dualidade de poder, com o enfraquecimento das ordens legais vigentes – no caso, da Assembléia Legislativa do Estado e da Câmara Municipal de Porto Alegre. No momento, a bola da vez da ferocidade petista atende pelo nome de Denis Lerrer Rosenfield, professor, filósofo e escritor.
Há críticos de Lula-laite. E há críticos de Ciro-harde, de Serra-softe e de Garotinho-daite. As críticas sempre são calcadas em algum tipo de fundamentação. Assim, se há críticos de FHC, e eles existem aos milhões, é porque colocou nosso País à beira do abismo, ao elevar a dívida interna de 80 para quase 800 bilhões de reais. A situação brasileira é tão feia que o FMI, semana atrás, pôs à disposição do atual e futuro Governo 30 bilhões de dólares. Sabem os mercadores globais que uma quebra do Brasil iria fazer um estrondoso estrago na Europa e também nos EUA. Por isso, a rápida ajuda financeira.
Se há críticos de Lula-laite é porque ainda vivemos em um regime democrático – o que não agrada a Don Clóvis Trevas, que preferiria que aqui vigorasse um governo ditatorial, em que só fossem permitidas louvações ao tirano de plantão, como Fidel em Cuba. Lá, em cada quarteirão, em cada prédio, existem dezenas, centenas de integrantes dos famigerados CDRs (Comitês de Defesa da Revolução Cubana) (2), para vigiar o vizinho e dedurar quem não foi à rua para ouvir mais um quilométrico discurso de Fidel e dar vivas e vivas ao barbudo assassino.
Mas, por que incluir Cuba no universo de Lula-laite? Ora, Don Clóvis e petistas em geral, não sejam cínicos! Todos sabem, vocês melhor que ninguém, que o PT e seu tetracandidato a Presidente têm uma simpatia fraterna pelo barbudo do Caribe. No ano 2000, Lula-laite ciceroneou uma troupe petista à Ilha, para um lambe-botas ao tirano mais antigo do planeta, regada a muito camarão e mojito (e, quem sabe, jineteras). Petistas percorreram cidades e praias cubanas com boinas à Che Guevara, com tal empolgação e felicidade que os próprios cubanos ficaram assombrados com o espetáculo. O que a alegre caravana petista foi fazer em Cuba, senão mais um ato de adoração ao regime comunista que lá existe? Nenhum comunista explicará isso em público, nem Clóvis Tenebroso, nem petista algum explicará um dia. Faz parte da estratégia socialista (= comunista) a arte da desinformação. A crítica contra Lula-laite, ao colocá-lo ao lado de Fidel Castro, seja feita por quem quer que o faça, é auto-explicativa. Não é uma infâmia, como quer fazer crer Don Trevas. Infâmia é manter o povo cubano naquela miséria, sem o mínimo direito de liberdade de idéias. E infâmia maior é achar que aquele regime cruel nos pode servir de modelo.
De modo geral, as críticas que se fazem são mais ao PT do que ao próprio Lula-laite. Isso se deve porque o Partido dos Trabalhadores não é um partido, mas uma frente, onde disputam pessoas com as mais variadas tendências políticas. Lá encontramos gente democrática, como Cristóvam Buarque, Aloísio Mercadante. Lá encontramos cristãos-novos, como José Genoíno, convertido à democracia depois do fracasso da Guerrilha do Araguaia (ao menos, é o que ele apregoa; dá para acreditar em tudo o que diz?). Mas lá encontramos também radicais como Olívio Dutra e Tasso Genro, que ainda não abandonaram a utopia da revolução comunista. Encontramos no PT, ainda, alguns bandidos do passado, como terroristas e assaltantes de bancos e do trem-pagador Santos-Jundiaí – caso de Diógenes do PT, o PC Farias de Olívio Dutra, que explodiu a dinamite um sentinela do Exército, Soldado Kozel Filho, no QG do antigo II Exército, em São Paulo, no ano de 1968. O PT é, portanto, esse saco de gatos vermelhos, pardos, pretos e brancos, que lutam internamente para cada um fazer valer sua visão particular de “socialismo”. E Lula-laite, dentro desse saco de intrigas, procura não se arranhar muito, e faz o que pode. Uma vez no poder, o quê Lula-laite faria? É essa a eterna dúvida que persegue 70% da população brasileira desde que o ex-metalúrgico botou na cabeça que quer ser Presidente.
Clóvis Trevas diz que se produzem infâmias e mais infâmias contra Lula-laite. No artigo “O PT de bunda de fora” eu citei algumas falcatruas cometidas pela vestal-mor do PT, Lula-laite, amplamente difundidas pela imprensa. As acusações, feitas pelo petista Paulo de Tarso não deram em nada, como já é comum nesses tempos em que o PT aparece na mídia para se defender de maracutaias sendo feitas no Rio Grande de Olívio Dutra e em Santo André do finado Celso Daniel, quando nada se apura e ninguém é punido. Recentemente, veio a público uma ladroagem do PT e outros partidos de esquerda, que meteram a mão no dinheiro da Asefe, no Distrito Federal, para beneficiar candidatos da canhota nas eleições de 1998 – falcatrua alcunhada pela população local de “bolsa-eleição”. Como sempre, nada se apurou, ninguém foi punido. Mas, tanto o petista Marcos Pato, que denunciou o roubo na Asefe, quanto Paulo de Tarso, que denunciou falcatruas de Lula-laite e de prefeituras paulistas comandadas pelo PT, foram sumariamente expulsos do partido das virgens vestais grávidas. Para o Partido dos Talibãs, só vale denúncia contra os adversários. Denúncia contra integrante do partido é a mais grave das traições...
As últimas denúncias contra o PT envolvem o Governador do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT. Logo no início de seu governo, Zeca passou a ser considerado o rei do nepotismo. No momento, há denúncias de que Zeca “gasta em média R$ 200 mil mensais em viagens e até em despesas de sua residência, utilizando ‘verba secreta’ para evitar licitações e comprovantes. Documentos reservados revelam como Zeca do PT torrou R$ 2 milhões em dez meses”. Seria mais uma infâmia, Don Trevas, dessa vez cometida pelo Tribunal de Contas do MS?
É, Clóvis Trevas. Como dizia um velho amigo: há ex-prostitutas e ex-bichas, só não há ex-comunistas. Vá em frente com sua ideologia criminosa, assassina, responsável pela morte de 110 milhões de pessoas no século passado. E que, em pleno século XXI, continua matando gente na Coréia do Norte, na China e em Cuba. É esse tipo de regime, Clóvis Tenebroso, que você sonha um dia ser implantado no Brasil?
Notas:
(1) Orçamento Participativo - Mecanismo de manipulação política, através do qual o Partido dos Trabalhadores (PT) busca aprofundar a estratégia revolucionária leninista conhecida como “Dualidade do poder”. As organizações sociais e de bairro, à primeira vista voluntárias, com representantes ritualmente eleitos, são na realidade cooptadas pelo Partido-Governo. As decisões do “Orçamento Participativo” são tomadas não pela população das regiões em que se dividem a Capital e o Estado (caso do Rio Grande do Sul), mas pelos ativistas do Partido e pelos “quadros políticos do governo”, municipal e estadual, remunerados com dinheiro público, que também “monitoram” os debates, sob controle do Partido. Com isso, os ativistas do PT buscam progressivamente solapar e esvaziar a autoridade dos corpos legislativos. Tarso Genro reconheceu que o “Orçamento Participativo” foi concebido para operar uma “transferência de poder para a classe trabalhadora organizada” e substituir gradativamente “a representação política tradicional, vinda das urnas, pela democracia direta”, acrescentando que esse mecanismo político havia sido constituído sobre “princípios gerais, originários da Comuna de Paris e dos sovietes” (TAVARES, José Giusti (org.); SCHÜLLER, Fernando; BRUM, Ronaldo Moreira; ROHDEN, Valerio. “Totalitarismo Tardio – o caso do PT” Editora Mercado Aberto Ltda, 2ª Edição, Porto Alegre, RS, 2000). Pelo conteúdo do livro, Tavares está sendo processado pelo PT do Rio Grande do Sul. Segundo dados oficiais, apenas 1,3% da população comparece às assembléias do “Orçamento Participativo” de Porto Alegre, RS. Com esse número reduzido de petistas, que se reúnem com qualquer número, debatem e decidem sem qualquer regra fixa, o PT pretende substituir a democracia representativa municipal de 33 vereadores, cujos mandatos foram obtidos com o coeficiente eleitoral de 22.750 votos. A Constituição do Estado do Rio Grande do Sul enuncia, no Art 5º, Parágrago 1º, o princípio de que “é vedada a qualquer dos poderes delegar atribuições”.
(2) CDR - Comité de Defensa a la Revolución (Comitê de Defesa da Revolução Cubana). A partir dos 14 anos de idade, todos os cubanos são obrigados a aderir ao CDR. “Cerca de 8 milhões de cubanos são membros do comitê de defesa da revolução de seu quarteirão, dirigido por um ‘presidente, um responsável pela vigilância e um responsável ideológico’. Além de seu papel de vigilância ‘dos inimigos da revolução e dos anti-sociais’, os cerca de 120 mil comitês que controlam o país ‘constituem uma grande força de impulsão para mobilizar o bairro por ocasião das reuniões e desfiles para defesa da revolução’, afirmam os textos oficiais” (CUMERLATO, Corinne; ROUSSEAU, Denis. “A Ilha do doutor Castro – a transição confiscada”. Editora Peixoto Neto, São Paulo, 2001 (Tradução de Paulo Neves – pg. 55). Não é de admirar que o povo cubano vá em massa às ruas para apoiar Fidel Castro; ninguém teria coragem de contestar “el comandante”. Nas eleições para presidente, Fidel costuma ter 100% dos votos dos delegados – uma marca que, certamente, nenhum Papa teve até hoje.