Ciro Gomes (PPS) será a bola da vez do imperialismo para as próximas eleições?
O candidato do ex-Partido Comunista (PCB), hoje PPS, Ciro Gomes, já ponteia as mais novas "pesquisas" eleitorais, assim como em uma projeção para o 2º turno venceria com certa folga o candidato do PT, Lula, até então imbatível tanto no 1º como no 2º turno. A burguesia monta o tabuleiro político das eleições e começa a "brincar" com seus "peões", os "bispos" e as "torres". A vertiginosa ascensão de Ciro, passando do último para o primeiro lugar, inclusive no 2º turno, é parte da "brincadeira" montada pela burguesia no tabuleiro eleitoral. Não há nenhum fato ou circunstância política que determinasse a disparada de Ciro, nem sequer teve início o horário eleitoral gratuito nas TV´s, tampouco sua campanha assumiu qualquer afluxo popular. Então o que justifica o fenômeno Ciro, batendo a candidatura da frente popular, que já se preparava para receber a faixa de FHC?
Com o naufrágio da candidatura da ex-governadora Roseana Sarney, seu partido, o PFL, iniciou um processo de barganha com o governo FHC, tentando preservar os interesses que representa junto ao aparato do Estado burguês. Frustrada em suas pretensões de manter os mesmos níveis de acesso às benesses estatais, a oligarquia do PFL desembarcou com todo peso na campanha de Ciro Gomes, levando na bagagem o controle dos mesmos "institutos" de pesquisa que fizeram catapultar Roseana no início do ano.
Mas a reação das camarilhas nordestinas de ACM, Sarney, Tasso etc. tem fôlego curto. Mesmo representando o setor mais entreguista e submisso ao imperialismo, já há muito tempo que Washington escolheu o PSDB como sua representação direta no país, tanto pelos seus laços com a burguesia industrial e financeira de São Paulo, como pela sua amistosa relação política com a oposição burguesa, encabeçada pela frente popular.
CIRO, O NOVO COLLOR SENIL
O "Projeto Ciro" não é novo. Iniciado desde as eleições passadas, foi gestado no interior do PSDB, com toda uma ala de descontentes com a hegemonia absoluta do próprio FHC sobre o partido. Tasso Jereissati, comandando o grupo descontente e pelo seu peso político regional, tratou de comprar uma legenda oca, no caso o PPS, para alocar seu companheiro e elemento de barganha junto à cúpula do PSDB. Ciro foi testado em 98, como balão de ensaio do próprio governador do Ceará para aferir sua viabilidade em 2002. Como FHC impôs com mão de ferro a indicação de Serra, alijando Tasso, este investiu maciçamente recursos financeiros e políticos no "Projeto Ciro". Desde o ano de 1999, todos os assessores de Ciro são pagos diretamente pelas empresas de Tasso, inclusive o ideólogo do "Projeto Ciro", o filósofo ianque-baiano Mangabeira Unger, é funcionário do grupo Jereissati. Até mesmo uma atriz global foi contratada especialmente para fazer o papel da namoradinha "light" quebrando a rusticidade e a grosseria do "novo coronel" nordestino. Tudo pronto para Ciro entrar em cena surge Roseana, a filha do ex-presidente, para roubar-lhe o papel principal. Ciro despenca e cogita-se que concorreria ao governo do Ceará. Mas a máfia do Planalto abate Roseana no início do vôo e Ciro ressurge das cinzas, para protagonizar agora o "anti-Lula".
O "novo" Collor (o PPS apóia Collor ao governo de Alagoas), que já foi da ARENA, o partido do regime militar e agora integra o ex-partidão, é um projeto "furado". A conjuntura que pariu o "velho" Collor em 89 não é mais a mesma. A burguesia e o imperialismo não precisam mais de um "anti-Lula", pelo simples fato que o PT hoje é um partido "nacionalista" burguês que integra o receituário econômico e político do FMI e de todos os organismos imperialistas. É muito provável que Ciro, assim como Roseana, seja abatido em pleno vôo ascendente ao Planalto. A burguesia não repetirá o erro de empossar um presidente com escassa base social e política, apoiado por um arco partidário que se fragmentaria logo no primeiro mês de um possível governo Ciro.
Enquanto agonizar a campanha de José Serra (PSDB) que carrega o pesado ônus de representar a continuidade de um governo corrupto e que levou o país ao caos social e econômico, a burguesia e seus institutos de pesquisa, com a cumplicidade da grande mídia, continuarão "brincando" no tabuleiro eleitoral, com o objetivo de embolar a disputa para manipular a fraude com o menor nível de exposição possível. Para a frente popular tem início a sensação que um mero "golpe de mão" nas pesquisas eleitorais, incluindo a própria pesquisa de "boca de urna", pode tirar o "pirulito" da boca do PT. A urna "roubotrônica", apoiada tão entusiasticamente por Lula e Dirceu, poderia ter o computador servidor (mestre) nas próprias sedes do IBOPE e da ABIN.
A crise econômica mundial dificulta enormemente a subida de Serra, candidato que mais concentra as condições para dar continuidade ao atual "modelo" ditado pela Casa Branca. Se o quadro internacional não se alterar qualitativamente, o candidato de FHC, Serra, será empossado; mesmo que o resultado seja produto de uma eleição muito "disputada". A palavra final nestas eleições continua sendo a do imperialismo e não a do povo brasileiro.