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Artigos-->Mídia Sem Máscara, um site mascarado? -- 20/08/2002 - 12:57 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
É muito interessante quando chegamos a compreender que a mentira apaga no espírito humano a capacidade de discernir entre a luz da razão e as trevas do comprometimento ideológico, ainda que revestido, para enganar os incautos, de uma filosofia pretensamente comprometida com a verdade.



Olavo de Carvalho, de cujas idéias se alimentam vários outros pretensos donos da verdade, como se auto-denominou Félix Maier, acaba de criar um site chamado “Mídia Sem Máscara”, para o qual colaboram os dois senhores citados e mais uma dezena de eminentes pensadores. Diz ele que o site é formado por patriotas sem rabo preso. E acusa um outro site, o Observatório da Imprensa, de não poder dizer o mesmo. Vale ressaltar que o próprio Olavo já enviou artigos para o OI, tendo sido publicados em respeito à liberdade de expressão. Oxalá a honestidade cobrada de outros e que arroga a si mesmo, permita que ele publique esse artigo na Mídia Sem Máscara.



O ponto comum entre todos os participantes do site se revela em uma agenda cujo item central é o desvelamento das mentiras apregoadas pela mídia nacional, comprometida, segundo pesquisa criteriosa feita pelo site, em 95% de seus profissionais com uma nada sutil propaganda socialista camuflada em números indignados, como por exemplo os famosos 53 milhões de pessoas que passam fome no país.



Da leitura dos artigos do site qualquer leitor que tenha o mínimo de inteligência logo percebe escapar um evidência: o objetivo precípuo dos seus idealizadores é contestar os números, as informações e toda notícia enfermada pela propaganda enganosa de esquerdistas desonestos que um dia juraram defender a verdade e a liberdade, no caso, os jornalistas.



Um artigo em especial me chamou a atenção. É o que traz a informação de que os palestinos morrem em maior número no combate com os israelenses em função da maior eficácia dos últimos. Diz ainda o artigo que os números dos soldados israelenses mortos são divulgados pelo Governo de Israel, enquanto os números pelo lado palestino são divulgados por jornais árabes e entidades de direitos humanos. No caso do números de mortos no conflito entre judeus e palestinos, estaria o site induzindo o leitor a concluir que há distorções a maior pelos jornais árabes e órgãos de direitos humanos, ao mesmo tempo que os números oficiais correspondem fielmente à verdade? Onde está há ingenuidade, e onde, a desonestidade?



Pois bem, à guisa de fanais dos desavidados, o mentor do site e seus fiéis colaboradores explicitam seu comprometimento com o engodo pela ignominiosa defesa de todos os pressupostos que revelariam como os ingênuos são facilmente manipulados por mentes perversas, que os convencem com falsos números, informações levianas e mentirosas, além de lhes impor uma camisa de força mental pela convicção de que detêm a verdade histórica, que os aprisiona e da qual não têm forças para fugir, ou não querem, exatamente pela ilusão de é a única pela qual devem lutar.



Tal estado mental é descrito por Olavo como doentio, agrilhoado por algemas ideológicas possíveis de se quebrar apenas no momento em que tais indivíduos, pela humilhação do reconhecimento do engano, cheguem à descoberta da verdade.



É esse o ponto crucial a ser discutido. O que é a verdade? Ou melhor, a natureza da verdade jornalística é a mesma daquela por que buscam os filósofos, os cientistas, os poetas? Se existe uma verdade única, qual é e quem pode conhecê-la? Conhecendo-a, de que forma alguém poderá revelá-la aos demais homens?



Ora, não de pode confundir o papel de uma ação intelectual circunscrita a um dado momento histórico, uma fatia específica da realidade, como a que caracteriza a função jornalística, com aquela típica de alguém que, como Olavo de Carvalho, um filósofo, põe-se a mirar as possíveis faces da verdade num espectro superior, mais profundo, supra-histórico, metafísico, espiritual. Nesse campo de investigação, o filosófico, cada aspecto daquilo que se julga ser a verdade jamais poderá ser posto, ou imposto, como irrefutável, visto que jamais nenhuma inteligência, por mais vigorosa e perspicaz seja, pode requisitar o atributo da onisciência, a perfeita consciência do conhecimentos de todos os elementos da realidade em sua essência e substância, fato unicamente atribuído a Deus.



A ação jornalística, sim, é presa unicamente à temporalidade dos fatos, à materialidade dos eventos, não podendo de forma alguma extrapolar o seu ângulo de abordagem, com o risco de cometer o mesmo erro de Olavo de Carvalho, qual seja, laborar intelectualmente como filósofo, aquele que questiona a natureza interna dos eventos, para a partir dela querer explicar suas manifestações externas, sendo o elemento filtrante uma lente comprometida com a “verdade” do filósofo. É como se um jornalista quisesse explicar filosoficamente a onda de seqüestros depois que sua mulher fora seqüestrada. Poderia tal análise se caracterizar pela isenção, pela “verdade” jornalística?



Se a ênfase do site Mídia Sem Máscara é a revelação da verdade, gostaria de perguntar a Olavo de Carvalho o seguinte: como saber que os cem milhões de mortos pelo comunismo correspondem à verdade. Quem os contou? Os regimes comunistas ou os seus adversários? No caso do oriente médio, quem fala a verdade, o governo israelense ou os jornais árabes? Não seria estupidez, idiotice ou canalhice consciente atribuir o maior número de palestinos mortos à maior eficácia de Israel? Pode haver nível de comparação entre pedras que atingem tanques e fuzis que perfuram os corpos?



Que tais questionamentos não sejam ignorados. Pois a indiferença com que Olavo de Carvalho trata seus opositores, mais por sua extrema soberba do que pela torpeza mental dos últimos dá a impressão de que Deus, ao distribuir dons aos homens, reservou a Olavo a maior inteligência de todos os tempos, pelo que ele julga os demais seres muito inferiores a si e indignos de sequer serem ouvidos.

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