Em Conferências e Debates do 3o Salão do Livro, realizado em Belo Horizonte-MG, sob o tema As Narrativas Breves e o Futuro dos Contos, Heloisa Seixas, Jeferson de Andrade, Luiz Vilela e Sérgio Sant Anna se apresentaram, oferecendo sólidos argumentos a favor desse gênero literário e de sua continuidade ao longo do tempo, principalmente em nosso país, em que os contos gozam de indiscutível prestígio.
Segundo esses renomados autores, o conto, apesar de breve, se comparado, por exemplo, com o romance, demanda verdadeira arte do virtuosismo para sua elaboração. Cada autor leu um conto da sua autoria, demonstrando estilos bem individuais, próprios e característicos. O conto dá margem, também, segundo eles, para experimentações e inovações diversas, de acordo com o talento de cada autor.
Heloisa Seixas leu um dos seus contos mínimos, publicados semanalmente na revista Domingo, no Jornal do Brasil, que falava da visão, em uma foto, dos restos descobertos na neve, após longo tempo nela enterrado, de um alpinista, o que a fez conjeturar sobre o que faz um alpinista escalar um monte, ao que um alpinista famoso respondeu apenas - porque o monte está ali - e daí, ela fez uma analogia com o ofício do escritor, que também, não sabe bem porque escreve, apenas aceita o desafio diário, e escreve.
Ela é carioca, formada em jornalismo, é autora de livros de contos, romances e novela, e organizou e traduziu três antologias de contos góticos. Trabalhou na Rio Gráfica, na agência de notícias UPI e no jornal O Globo. Foi assessora de comunicação da Representação da ONU no Rio de Janeiro.
Luiz Vilela leu um dos seus contos, sobre a discussão entre um proprietário de um apartamento e um engenheiro a respeito de um aumento na área da sala que implicaria na perda de parte da área do banheiro da empregada. O conto, apesar de toques de humor, apresenta, na verdade, uma contundente crítica social.
Ele é mineiro, de Ituiutaba, formado em Filosofia, morou em São Paulo e no exterior, possui diversos livros de contos, novelas e romances publicados, foi convidado a lecionar nos Estados Unidos e para ser jurado do Prêmio Casa de las Americas, em Cuba. Foi jornalista do Jornal da Tarde, em São Paulo, publicando em diversos periódicos os seus trabalhos literários.
Sérgio Sant Anna leu também um dos seus contos, Estudo para um Conto, demonstrando como o conto pode ser utilizado em diversas formas experimentais, que fala sobre uma dançarina de um dancing noturno, com suas ligas e sua pele branca, deitada em um sofá, em seu modesto apartamento, frente ao dancing, com a porta destrancada, exposta ao seu rufião ou a quem se dispuser a entrar, ouvindo passos de mulheres que sobem com homens pela escada, e suas gargalhadas e gritos de gozo.
Ele nasceu no Rio de Janeiro, é autor de livros de contos, que lhe proporcionaram receber o Prêmio Jabuti por três vezes, em 1982, 1986 e 1997. Iniciou sua carreira de escritor em 1969, com o livro de contos O Sobrevivente, que o levou a participar do International Writing Program da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos.
Jeferson de Andrade, igualmente, leu um conto da sua autoria, sobre um enterro, no qual, a mulher que mais chorava, que era filha do morto, foi aquela com quem ele se casou.
Ele é mineiro, de Paraguaçu, reside em Belo Horizonte, onde é o editor e o proprietário do jornal de bairro Folha do Padre Eustáquio, onde mora. Morou anteriormente em São Paulo por quatro anos, e no Rio de Janeiro, por quinze anos, onde conviveu com Carlos Drummond de Andrade, de quem recebeu os originais, entre outros, do livro Corpo, publicado pela Editora Record, quando ele lá trabalhava. É autor de livros de contos, novela, romance-reportagem, crônicas e reportagens e ficção-reportagem. Escreveu crítica literária e reportagens culturais para o jornal Estado de Minas. O seu livro Anna de Assis - História de um Trágico Amor foi best-seller e, adaptado à televisão pela TV Globo, virou a minissérie Desejo.
