O presidente Fernando H. Cardoso, diz que o governo não tem dinheiro para reajuste salarial dos servidores civis da União, há 6 anos sem aumento. Enquanto isso, garante gratificações e vantagens salariais “cala a boca”, para o judiciário e legislativo pra que o mantenham no poder. Esses setores privilegiados, auto-reajustam seus salários, como querem e quando bem entendem – formando uma casta nababesca acintosa, revoltante. Só a gratificação mensal de Ajuda Moradia do judiciário, é de três mil reais.
Do outro lado o servidor público federal – a maioria – é desrespeitado, massacrado. Nunca lhe é oferecido cursos de reciclagem, formação. Daí, considerado incompetente (e boa parte é mesmo) – mas, quando necessário ao trabalho responde positivamente todas as expectativas, cumprindo suas funções. Mesmo ignorado, há seis anos com o pé do governo cravado no pescoço, pelo tratamento indigno, diferenciado e imoral. Mesmo assim, o servidor continua firme, acredita no fim do pesadelo Fernando H. Cardoso. E mais do que imbuído das responsabilidades, respeita as instituições e o país, porque tem compromisso com a cidadania.
Diferente dos apadrinhados, sem concurso, que estão no serviço público com autos salários indecentes, sem comparecer ao trabalho. Pior, incompetentes (apesar da maioria possuir diploma de curso superior) – essas pessoas só têm compromisso com o tráfico de influências e corrupção. Já o servidor civil concursado é desmoralizado – e sem perspectivas, perdeu parte da auto-estima. Ainda assim, massacrado e repudiado, o “Barnabé”, está no batente e é quem, de fato, faz funcionar a máquina pública.
E engana-se quem acha que o servidor é um idiota, um coitado abatido pela indiferença e discriminação social.
A maioria dos servidores é inteligente, tem consciência de sua importância junto à sociedade a que servem e que, sem essa força motriz o país não anda. É certo que, como todos os brasileiros, o servidor perdeu também a capacidade de indignar-se, divergir e de apresentar soluções políticas decentes para a formação de um país justo, onde a cidadania seja uma realidade. Aceita passivamente ser explorado por uma minoria prepotente e corrupta, que esbanja opulência aproveitando-se de privilégios e da miséria do povo.
Mesmo desvalorizado, sem incentivo e condições de trabalho dignas – o servidor é peça fundamental no progresso do Brasil. Portanto, para prestar melhor serviço ao cidadão exige, no mínimo, respeito como ser humano. No mais é esperar pelo fim desse governo fatídico que mergulhou a maioria da população na miséria absoluta. (rcarvalho@tba.com.br).
Roberto Carvalho, Jornalista e Escritor
*Membro da Associação Nacional de Escritores (ANE),