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Artigos-->Os Espólios do Armagedon -- 20/09/2002 - 22:37 (José Flávio Pinheiro Vieira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
OS ESPÓLIOS DO ARMAGEDON

JFLAVIO



Esta semana ,quando a mídia global nos bombardeou novamente com imagens terríveis do aniversário do fatídico 11 de setembro, pairou no ar a pergunta inevitável. O mundo inumado dos escombros do World Trade Center, apresentou-se melhor ? A humanidade aprendeu alguma coisa com a catástrofe que se abateu sobre a outrora intocável mais poderosa nação do planeta ? Infelizmente as notícias, passados 360 dias, não parecem alvissareiras. Sei que o sábado é dia de conversa mole, de cerveja e filosofia de botequim, mas, permitam-me os ouvintes, antes de liberá-los para farra ( no Brasil, destino final de todos os mais prementes problemas) , permitam-me, meus raros ouvintes, algumas reflexões sobre este ano que indelevelmente marcou ,a ferro e fogo, a história deste início de milênio.

Em primeiro lugar, parece-nos que fica definitivamente provado : violência só produz violência , que é impossível usá-la de forma pedagógica, com o intuito de arrancar do seu ventre sanguinário, alguma forma de paz. Além de tudo, ela se reproduz por partenogênese, sem que haja, inclusive, necessidade de fecundação. O mais importante : a violência embota toda a humanidade, fechando todos os canais possíveis de diálogo e negociação e passa a ser a fórmula única dos homens resolverem seus impasses e suas diferenças. Não basta observar o acréscimo da mortandade mundial como a luta fratricida na Palestina, o massacre da população civil do Afeganistão, a guerra do tráfico no Rio, multiplicou-se também a violência doméstica, aquela mascarada , que envolve as mais íntimas e simples relações humanas.

Um outro ponto a ser lembrado: a forte e justa consternação internacional com a perda de mais de 3000 vidas no atentado do ano passado. Os Estados Unidos pararam, por todo mundo houve cerimônias contritas em lembrança às vítimas. Até na tragédia, porém, a desigualdade é visível. A mesma vida humana tem peso diferente nas diversas e desiguais partes do mundo. As 100.000 vítimas de Hiroshima, bombardeada pelos EUA, não são pranteadas na mesma intensidade. As 30.000 mortes de argentinos no regime militar tutelado pela CIA são velados apenas pelas mães da praça de maio. Os vietcongs chacinados no Vietnam são apresentados como bandidos sanguinários nos filmes de Hollywoood. Uma vida norte-americana vale quantas vidas do terceiro mundo , na bolsa de valores do terrorismo internacional ?

Uma outra reflexão , antes que vocês desliguem o rádio e liguem a radiola, diz respeito à arrogância despudorada do Golias ferido pelo pequeno David. Os Estados Unidos da América, o maior poder militar do planeta, tomaram para si o cargo de juiz e xerife do mundo: não dão ouvidos a qualquer organismo internacional. Criam barreiras protecionistas terríveis, acossam imigrantes numa xenofobia poucas vezes vista, prendem e julgam estrangeiros sem critérios constitucionais. Não bastasse tudo isto, invadem o Afeganistão( um país já auto-destruído), matam civis, tomam posse de um território que não lhes pertence, sob a amarela justificativa de capturar bin Laden : campeão mundial de esconde-esconde.Por trás de tamanha sanha vingativa, pairam, certamente, interesses geopolíticos, estratégicos e econômicos. Bin Laden acabou sendo apenas um pretexto.

Deixem a cerveja gelar um pouco mais e permitam-me uma outra intervenção. O mundo foi dividido pelo Bush entre amigos dos EUA e cúmplices do terrorismo. Agora, ameaça o Iraque e Sadam Hussein. Usam acusações muito parecidas com aquelas que na fábula de La Fontaine o lobo impingia ao cordeiro. A grande maioria dos países civilizados se pôs contra a invasão, inutilmente. Os todo poderosos do planeta se julgam donos da verdade. Mas, por trás do pretenso véu do terrorismo, encontra-se despida a motivação maior dos novos senhores da guerra : as grandes reservas de petróleo do Iraque, imprescindíveis aos norte-americanos que produzem menos da metade do que necessitam.Quem sabe nesta luta , não estarão em confronto, coincidentemente, a primeira grande civilização da terra ( os sumérios que habitaram o Iraque em torno do IV milênio A.C.) e a última, antes da derrocada final da nossa civilização : os EUA?

Enquanto se divertirem neste sábado, caros e pacientes ouvintes, pensem um pouco nisto. As melhores soluções para os problemas da terra saíram sempre das mesas de bar. A raça humana poucas vezes se encontrou numa enrascada tão grande, desde que desceu das árvores e se tornou bípede.É impossível fazer uma reserva de mercado da felicidade para uma pequena casta de afortunados e distribuir-se a miséria eqüitativamente para 90% da população. As armas, por mais modernas e destrutivas que sejam , não poderão conter a avalanche dos órfãos de subsistência. Ou trilhamos os caminhos da compreensão e solidariedade, lutando por uma felicidade planetária ou caminhamos para o caos e a treva, matéria prima do universo. Talvez mesmo , antes que o ouvinte, possa abrir a segunda cerveja que( em traje de noiva) dorme no congelador...

Crato, 12/09/02

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