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Artigos-->PARTICIPAÇÃO FAMILIAR -- 25/01/2000 - 11:42 (Maria Angela C.Marques Pereira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


AUTORIA: Maria Angela Marques

Psicóloga – CRP 01/1274

Psicoterapeuta crianças, adolescentes , adultos

Professora de Biodanza IBF/BR9515)

Texto publicado em outubro de 1999, na Starmedia Estação Educação





PARTICIPAÇÃO FAMILIAR



Foi confirmado estatisticamente que o número de pais que não participam da vida escolar do filho é infinitamente maior do que os que participam. Para não ser injusta constatação, é necessário entender-se participação além do acompanhamento dos deveres de casa e competição de notas. Se bem que a primeira ação, quando feita com atenção pode levar o pai a querer acompanhar mais de perto o desempenho pedagógico da escola.

Observa-se que os encontros entre família-escola praticamente, se resumem nas tradicionais “reuniões de pais e mestres” , pautadas e conduzidas pela direção . Embora infinitos, cito dois exemplos dessas “reuniões”, em duas escolas do Distrito Federal: uma , pública , coloca os pais em fila , para falarem com os professores , a segunda, particular , coloca os professores no palco, em nível bem superior ao dos pais, que sentam-se perfilados nas carteiras estudantis. Observa-se também, que os poucos pais que comparecem (quase sempre os mesmos), raramente pronunciam-se quanto à precariedade do ambiente e menos ainda, aos desmandos pedagógicos que estejam sendo praticados . Raras são as críticas paternas e mais raramente , são encaminhadas para soluções coletivas.

Nas escolas públicas, sobretudo, estas reuniões giram em torno de eternos lamentos da direção e tímidas idéias de solução , por parte alguns pais.

Os problemas escolares mais sérios são abordados semelhantemente a um disco quebrado, que volta à vitrola, parando sempre no mesmo defeito. Nenhum deles chega a modificar ação da direção escolar, que prossegue do mesmo ponto de vista - “ falta de verba”, “ os alunos não respeitam , não se interessam”, “os pais não participam” , apenas preenchem verdadeiras sessões de culpabilização familiar e estatal .

É preocupante o fato de que indicações feitas por alunos e pais raramente cheguem a incentivar à auto-avaliação e novas ações administrativas e pedagógicas.

Até o ano passado integrei a diretoria de direitos humanos de associação em defesa do ensino público do DF. Tínhamos por prática fazer reuniões itinerantes nas cidades satélites de Brasília (grande Brasília) . Vi somar-se ao meu próprio, um grande volume de sofrimentos nas escolas , que revelava verdadeiras razões de alunos e pais se manterem distanciados da escola. Um grande veto nascia da profunda irascibilidade de professores e direção, à cada tentativa daquele pai humilde em participar ou apontar problema pedagógico com seu filho . Paralelamente, ouvi , e ouço , infinitas queixas dos estudantes.

Via nos enormes contingentes de pais e alunos , a indignação ultrapassar às injustiças pedagógicas e éticas desferidas contra eles próprios e estender-se à enorme engrenagem chamada Ensino Público , tão despojado dos mais importantes valores humanos , éticos e de cidadania.

O ESTADO TEM O DEVER DE “GARANTIR PADRÕES MÍNIMOS DE QUALIDADE DE ENSINO” (LDB/96):

O corporativismo tem subjugado tentativas de renovação e isentado a escola de suas maiores deficiências.

É muito vago esperar-se que a família do aluno participe, antes que o Estado decida verificar objetivamente , o dia-a-dia escolar e fazer correções estruturais e funcionais , de modo que “ensino” e relacionamento deixem de ser arbitrados e a aprendizagem seja fruto do diálogo.

A escola sem diálogo, sem projeto, sem paixão, sem familiaridade, sem arte , não fornece à juventude , referenciais de crítica , reflexão e renovaAÇÃO. Ao contrário, convence a todos que a vida é sem graça e de difícil compreensão . O resultado é imenso contingente de alunos desanimados , sem alternativas e tomados de forte irritação, que explode nas mais inesperadas formas. Por esta razão, a participação crítica da família, nas escolas, é urgente .

O responsável pelo aluno deve orgulhar-se em conduzir-se ao interior da escola, pela condição de parente ( pai, mãe, irmão, tio, avó , amigo), no exercício de responsabilidade e cidadania.

Humildade não é servidão . A consciência de que deveres e direitos paternos não se extinguem em nenhum lugar, ajudará a driblar jogos de submissão ou adesão cega.

Sua presença oferece benefícios visíveis aos jovens estudantes, que recuperam auto-estima, motivação participativa , melhor desempenho; a escola diminui riscos ambientais e pode vir a motivar-se para atualizar conhecimentos, métodos e sociabilidade.

No entanto, o tradicional corpo escolar necessita urgentemente APRENDER a viabilizar a Escola Cidadã , descartando o cabide psicológico implantado no portão de entrada, no qual o aluno sempre foi obrigado a deixar os seus e a comunidade, para pegar na saída (muitos esquecem, ao sair) , posto que, “ somente as lições da realidade podem nos ensinar a transformar a realidade “ ( Bertolt Brecht).

Pensemos que leis não mudam nada. Elas apenas ajudam na orientação e cobrança pela justiça. O poder transformador está nas atitudes pessoais e profissionais . Atitude transformadora se forma no interior de cada indivíduo. Quando isto não acontece, as mais promissoras leis são desrespeitadas ou caem em desuso.

Novas diretrizes para a Educação foram propostas ( Lei 9.394/96) logo , as antigas carecem de profundas mudanças . Cabe ao Estado promovê-las de forma mais objetiva e a nós pais , renovarmo-nos em coragem e paternidade , para participarmos mais criticamente nas escolas, pensando que as “desatualizações” pedagógicas e éticas sofridas quotidianamente pelo jovem ,provocam efeitos profundos em seu desenvolvimento humano.







Telefax: (61) 361.06.06, 245.66.99 Brasília – DF

E. Mail: angmarq@zaz.com.br conviver@zaz.com.br









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