Algo estranho revela aquela cena. Todos ali transbordavam emoções confusas, risos nervosos, cara de orgulho ou medo de alguma rejeição.
Tudo típico de um usineiro. Todos cheios de si assistindo a cena e a espera de um aplauso para a obra terminada.
Madalena estava morta com um sutian enrolado no pescoço e os lençóis puídos acolhiam seu corpo como nenhum outro homem havia.
Kilandra em uma gargalhada funesta não entendia a morte. Dizia que era triste morrer daquele jeito e que já estava “precisada”de mais uma dose qualquer para não pensar naquilo.
Ela repetia que morrer em um bordel e com a calcinha não combinando com o sutian era demais.
Domingos já no conto passado não entendi os chiliques da D. Kad. Perguntava o que tinha dado nela, mas corriam os olhos cobiçando Madalena na cama.
Com a tal minuta na cabeça, Domingos não perdeu a chance de exibi-la perguntando se a cena o crime havia seguido as regras.
Bruno fora do seu controle de homem sério e racional explodia com Domingos sobre que diabos de regras para matar eram aquelas.
E orgulhoso Domingos narrava que na vigessima quarta linha, exatamente no parágrafo seis estava escrito como um homicida/ suicida deveria proceder para um bom andamento da história.
Ayra parecia confuso e bêbado pelo álcool não tomado, dizia frases quebradas e não acreditava que Madalena estava morta antes de te lá consumido.
E Klaus delirava como uma louco em dia chuvoso dizendo que o cara havia “endoidado”por não ter traçado a puta gostosa.
Félix nos altos dos seus muitos anos não revelados, encolhia a barriga ao passar perto das lindas moças e seriamente dizia para que todas se afastassem e que por misericórdia tirassem a mão “debaixo” dele.
Félix contou aos presentes no mezanino que uma moça chorosa havia descido dizendo que uma tal Manuela ou Madalena, ele não recordava bem, estava morta.
Vendo a cara de todos que cercavam o corpo, Félix ajeitava as calças e lembrava de uma história bíblica onde uma mulher também chamada Madalena e por acaso com a mesma profissão, havia sido apedrejada em praça publica pela falta de democracia ou talvez pelo excesso ou que sabe pela época.
Descendo as escadas ele declarava aos presentes que até segunda ordem ninguém poderia deixar o bar.
Na verdade aquela noite com certeza ultrapassaria mais de 24 horas de estrelas e batons borrados. As putas escorregavam pelas paredes sujas. As damas mediam as doses para evitarem qualquer sorriso “monalisa” que desse asas as imaginações alheias.
Rodava entre as moças da casa que ELA não perdoaria e que já fumava seu ultimo cigarro de uma erva nova e que apagaria-o com prazer em rostos mimosos.
E Félix nesse momento, já denominado investigador mor, postava-se frente aos usineiros para dar a notícia.
Tudo em vão.
Afinal usineiros só olham para os números dos próprios textos.
PATROCÍNIO. Essa foi a palavra mágica para que todos olhassem para ele.
Uma voz rouca soou do canto do bar dizendo que todos ali eram egoístas e que não erraria em dizer que todos eram narcisistas.
Com o silêncio no bar, fora a intervenção do ZPA convocando todos para um truco, Félix disse que madalena havia morrido e que todos deveriam restar no local até que tudo fosse esclarecido.
Denison acendendo seu último charuto reclamava que deveria estar em Paris com as putas gostosas e ligeiramente peitudas. Dizendo que democracia só aos diabos.
Lúcio num ímpeto de rebeldia só por ser rebelde, berrava aos quatro cantos que nem morto passaria mais um minuto naquele puteiro. E que ele sairia sim, pois tinha DIREITOS.
Félix calmo pela ajuda de uns drinques, concordou com Lúcio e completou que o talzinho estava certo. Que todos nós temos o direito de ir r vir e da livre expressão. Mas resalvou que se por acaso os indícios caíssem sobre ele, os deveria responder prontamente.
Lúcio puxou a cadeira e sentou sem reclamar.
Um silêncio paira no encontro até que todos foram acordados por um berro de Contrera que até então tinha se mantido mudo no bar: _ EURECA
Contrera em um surto benéfico dizia ter descobrido o que todos tanto procuravam. Aquilo que havia levado todos para aquele encontro.
A DEMOCRACIA. Em gargalhadas ele dizia que tudo já estava escrito na “maledeta”Constituição já existente. E o que não havia era a efetuação dela por todos ou quem sabem uma boa interpretação. Educação seria a palavra.
Silêncio novamente no bar.
Movimento
_ Grande Contrera! ZPA já não era mais o mesmo.
_ Quem vai pagar a minha conta??? Gritava Klaus.
_ Cadê a Kilandra? Perguntava Denison.
_ Fiúza! Te quero. Berrava Torres.
_ Milene, acorde. Pegue seu casaco que eu a levo para casa. Diz Dom Kless.
_ Quero ir embora!!! Coro coletivo.
_ Como faço para sair daqui?? Perguntavam todos.
_ Siga pela rua das... Explicação confusa.
A voz rouca vinda novamente do fundo do bar dizia para todos manterem a calma. E em forma de charada dizia que era muito fácil sair dali. Que só bastava beliscarem/ acordarem o AYRA.
E “a voz” ficou bestificada ao perceber que a essa altura do conto muitos ainda duvidavam da sexualidade DO AYRA.
Félix confuso por não ter sido efetivamente o descobridor do caso, perguntava para ‘a voz’ vinda do fundo do bar por qual/ que cargas d’água o Ayra.
A ‘voz rouca’ mais paciente explicava que tudo havia começado em uma noite em que depois de ingerir várias doses de cuba livre só de álcool, Ayra já com algumas entrada na net e graças a grande imaginação fértil...
Sem deixar que a “voz” explicasse por inteira a história, TODOS – já de saco cheio – pularam em cima de Ayra.