Enquanto o programa político continua na têvê, eu faço minha seleção musical e escuto o melhor da soul-music. Marvin Gaye, Aretha Franklin, Barry White, Isaac Hayes, Al Green, Jakson’s Five, James Brown, Stevie Wonder, e mais canções de Berry Gordin para a Motown.
Marvin Gaye vem com as clássicas Let’s get it on, Heard it through the grapevine, e Sexual Healing, enaquanto Aretha ataca de Say a little prayer for you, The house that Jack built, e Do right woman, do rigth man. Al Green chega de Let’s stay toghether e Sitting on the dock of the bay. Barry White vem em dose tripla com Never gonna give you up, Can’t get enough of your love baby, e You’re the first, the last, my everything. Isaac Hayes trouxe Never can say goodbye, enquanto Jackson’s Five com Ben, e James Brown com Think. Stevie Wonder vem com Stay gold, Superstition, e Boggie on the reggae woman, e ainda de lambuja Ten ton take e Have a good time dos novos artistas souls Brand New Heavies.
A seleção vai evoluindo e durante as passagens das músicas eu posso ouvir resquícios dos candidatos a presidência da republica regurgitando suas promessas pela têvê ligada em absoluto esquecimento. O vozeirão de Barry White sobrepõe-se a voz dos presidenciáveis.
A merda do recurso de auto-correção continua me atazanando, e pedindo pra ser instalado. Eu recuso na maioria das vezes, mas o recurso é persistente e continua insistindo, até quando eu, no calor da digitação, pressiono a tecla ‘enter’, e a instalação se inicia. O cancelamento é eminente e urgente. O recurso não passa de perda de tempo. As promessas continuam por pouco tempo, até a próxima música iniciar.
Aretha continua inigualável, abalando as estruturas da eleição. Gostaria de ouvir Aretha nas pistas de dança, embalando os jovens corações abandonados das crianças da noite. I’m a soul man...
As batidas na caixa da bateria, e a marcação do chimbal dominam o ritmo envolvente da canção. Let’s make love tonight... Get up, get up, get up, get up... Música de motel? Acho que não... È música soul da melhor qualidade...
Puta que o pariu! William Gates que se foda... Já disse que não quero instalar recurso algum, ainda mais de auto-correção... Tenho a impressão de que Jamiroquai se inspirou totalmente em Stevie Wonder em suas baladas pop-souls. Até mesmo a voz de J. Kay me faz lembrar o instrumentista cego.
Entre uma música e outra continuo escutando os candidatos, e o pior de tudo... Quando tudo acabar, ainda terei de agüentar a novela das oito... Não consigo entender por que chamam de novela das oito, se está mais para oito e meia, ou nove horas, do que oito em ponto. Me lembrei de um poema da adolescência que se chamava Nove horas, e não falava sobre novela alguma, ou nenhum ritual noturno após as nove horas.
O poema falava de um período de cabulagem, onde eu me trancava no banheiro da escola, arriava as calças, e esperava a vistoria do bedéu. Precisava fazer isso, para que o bedéu, durante sua vistoria, achasse que eu fosse apenas algum aluno com desinteria e desarranjo intestinal. Nove horas era o horário da vistoria do bedéu, e depois disso, a liberdade através do portão. Eu tinha ainda alguns obstáculos pela frente, como saltar do segundo andar, utilizando um apoio na pilastra. Nada de terrível nisso tudo, a não ser pelo fato de que o banheiro era exatamente em cima da sala do coordenador da escola. Era saltar no apoio da pilastra e cair ao chão, mantendo-me bem agachado. Depois de tudo isso era dar a volta na escola e sair pelo portão lateral, que possuía uma abertura por baixo.
Hoje em dia, a escola cresceu e o velho portão lateral não existe mais, talvez a sala do coordenado seja outra, já que dificilmente mudariam o banheiro de lugar. Mas imagino, que ainda não seja difícil cabular aula na escola, e como antigamente os alunos devem fazer fila no banheiro para esperarem a vistoria do bedel.
É justo também mencionar que nessa época eu era mais fã de Iron Maiden, Ramones, Toy Dolls, Deep Purple, Led Zeppelin, Black Sabbath, Jetrho Tull, Antrax, Mettalica, Megadeth, e até mesmo um certo Sepultura. Não me importando com a black music dos artistas da Motown.
Hoje em dia eu curto tanto um estilo quanto o outro, mas se fosse preciso escolher... Trocaria num instante a cabeleirametaleira, pelos cabelos black power e continuaria cabulando as aulas. Let’s get it on...