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Artigos-->CONCEPÇÕES -- 26/10/2002 - 16:00 (Rose de Castro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CONCEPÇÕES





Passeei com os olhos pelas ruas. A sede aumentava. O trânsito por aqui está cada vez mais caótico – pensei enquanto procurava algum atalho para sair do sufoco do calor e das buzinas. O caos me fez desistir e estacionar. Encontrei uma lanchonete na esquina. Sentei com uma grávida ao meu lado. Olhei com ternura para seus olhos. Tão nova... De um olhar manso, porém assustado e infantil. Uma criança carregando outra criança para viver nessa terra. Viver?



Senti um imenso prazer na vida em forma de água abençoando meu corpo. Pessoas entravam e saiam. Numa corrida louca e eufórica. Crianças da Escola Pública do Bairro, com sorriso nos lábios pediam um copo de água. Água da bica. Muito calor. Água... As crianças suplicavam água.



Os gritos do gerente ecoaram. Um eco de um ódio que não gosto. Ódio de preconceito. Ódio de desprezo. Ódio também de negro. Ódio de louco. Ódio de não aceitar a realidade pobre. - Vão lá beber água na mangueira do Posto! Vão! Vão lá para o Posto de gasolina, cambada!



Imtempestivamente gritou mais forte a poeta e contradisse o moço: - As crianças sentam comigo! Traz copos e água bem gelada!



O olhar de espanto foi geral. E mais uma vez vi a tão conhecida indiferença humana/desumana. Seus trajes reluzentes. Seus olhos de lente de contato. Seus brilhos de cristais. Seus mundos iluminados de hipocrisia.



Preconceito...



O preconceito contra crianças que não tem com quem contar. Preconceito pelo Uniforme Público. Preconceito de um cheiro enjoado. Preconceito rotulado. Crianças. Apenas crianças que ainda com algum senso de humanidade, me agradeciam. Olhos saciados. Sorrisos largos e ainda um tanto inocente.



Vi seus corpinhos indo-se de repente. Deixando gargalhadas satisfeitas. Fiquei surpresa quando fui pega desprevenida pela menor de todas: “Qual é seu nome, tia? Sorri apertando-lhe o nariz e lhe respondi. “Rose, amor!”

Ela tocou-me o rosto com a mão de anjo e disse com uma naturalidade da idade: -“ Você é igual uma rosa”. Uma lágrima pulou do meus olhos que não fiz questão de disfarçar.



Seu rostinho se foi sorrindo. Em minha filosofia de poeta incorrigível, registro aqui minhas concepções:



Renegados são os pensamentos ainda retrógrados com suas concepções caducas e cheirando a mofo.



Elas só precisam de apoio, carinho e amor.



Eles são o amanhã: TUDO QUE VOCES NÃO QUEREM!



Saúde e Educação é um direito de todos!!!!!!!!!!



DIREITO HUMANO!!!







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rose de castro

A ‘POETA’

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