Quem vê os movimentos pacifistas atuais, imagina que isso é coisa recente, e se relacionaria, talvez, com uma evolução da consciência humana. Mas, na verdade, nada disso é, de fato, novidade.
No período anterior à Segunda Guerra Mundial, esse sentimento de paz já se expressava em escala mundial. Milhões de assinaturas de pessoas que aspiravam à paz foram coletadas em enormes listas, na época, e apresentadas à Liga das Nações, organismo que foi o embrião da Organização das Nações Unidas-ONU. Povos de todo o mundo demonstravam claramente a sua opção inabalável pela paz. Chanceleres defendiam também o desarmamento, com convicção.
Entretanto, uma declaração de um diplomata polonês, seria uma definição bem objetiva da posição dos governantes e líderes mundiais, em oposição à esperança e anseio dos povos pela paz: -Cada país defende o desarmamento dos outros países, mas ele próprio não se mostra disposto a se desarmar.
A Alemanha fora submetida à condições tão humilhantes pelos Aliados, ao fim da Primeira Guerra Mundial, que entrou em uma crise social e econômica profunda, o que propiciou o surgimento de um líder carismático de extrema-direita, chamado Adolf Hitler. Ele galgou postos na hierarquia militar e política com muita argúcia, apelando para o nacionalismo, o racismo, baseando-se no conceito de que uma pretensa raça ariana seria superior às demais, e até para a magia pagã, considerando-se conduzido pelos "Superiores Desconhecidos". Também utilizou como símbolo maior do Nazismo, por ele fundado, a cruz gamada ou suástica, símbolo milenar há muito conhecido tanto pelas religiões indianas, como pelos cultos pagãos nórdicos, bem como pela Teosofia e outras ordens esotéricas.
Assim, ele montou um aparato e uma organização militar inigualável até aquela época. A Tchecoslováquia, que vivia um período de expansão e liberdade cultural, seria a primeira vítima da poderosa máquina de guerra germânica. Alegando que povos eslavos dominavam os germânicos na região do Sudeto, que já pertencera, no passado, a Alemanha, Hitler a invadiu com suas tropas.
O chanceler inglês foi ao encontro de Hitler, conseguindo dele um acordo, e, na volta, ao exibir, entusiasmado, o documento à multidão que o esperava, foi ovacionado pelo povo, que acreditava que assim a paz havia sido selada.
O chanceler francês também se dirigiu até Hitler, mas não voltou tão otimista quanto o inglês, e, ao ser recebido, igualmente, com uma eloqüente ovação pelo povo que o esperava, ansioso, comentou com um colega que não entendia aquela recepção e que as pessoas deveriam estar loucas...
Os povos que viviam no Sudeto e que não eram de origem germânica, foram obrigados, pelas tropas de Hitler, a abandonar os seus lares e propriedades, sentindo-se desamparados e abandonados pela Liga das Nações, a Inglaterra e a França, que não moveram um dedo para protegê-los e garantir os seus direitos.
Depois, as tropas nazistas invadiram a Polônia, e continuaram a sua trajetória esmagadora até a Inglaterra. Os veteranos da Primeira Guerra Mundial viram, com surpresa, que os seus filhos e netos estavam sendo convocados para uma nova guerra, e que todos os países envolvidos voltavam a se armar em grande escala e a preparar suas tropas, como se estivessem em um pesadelo. A lição não havia sido aprendida e as destruições de cidades, pessoas inocentes, fábricas etc, tudo se repetiria, para desespero de milhões de pessoas.
O restante da Segunda Guerra Mundial já é conhecido de todos, e só teve fim quando os norte-americanos, que, inicialmente demonstravam total desinteresse pelo que ocorria na Europa, e, depois, praticamente foram obrigados a ingressar na guerra, lançaram duas bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, ato até hoje bastante discutível sob o aspecto humanitário. Provavelmente, foi uma vingança contra os japoneses, pelo ataque inesperado dos seus aviões de bombardeio à frota de navios americanos ancorados na baía de Pearl Harbor, como se um ato insano justificasse outro...
Ao final dessa grande conflagração mundial, nada mais nada menos do que cinqüenta e cinco milhões de mortos marcaram, com o seu sangue derramado, aqueles anos de massacres, medo e violência desmedidos. E provaram que, a despeito da grande maioria dos povos de todo o mundo defenderem sempre, ardorosamente, a paz, isso não é suficiente para alcançá-la, pois não são eles que tomam as grandes decisões, que colocam em risco a vida de milhões de pessoas.
Depois disso, quantas guerras e conflitos! Na Coréia; no Vietnã; os conflitos entre sérvios, croatas e bósnios; a luta sem fim entre israelenses e árabes e, principalmente, palestinos; a guerra entre Iraque e Irã; a Guerra do Golfo; o conflito no Líbano; o conflito no Timor; a Guerra das Malvinas; as invasões do Afeganistão pela Rússia e pelos EUA; e, agora, a provável e nova invasão do Iraque pelos EUA...
A ONU foi criada no lugar da Liga das Nações, mas vem demonstrando que, apesar de bem mais aparelhada que a sua antecessora, ainda se revela impotente para encontrar reais soluções para os conflitos e guerras que vão surgindo, um após outro.
Se Bush resolver invadir o Iraque, e isto pode ocorrer a qualquer momento, a ONU não conseguirá detê-lo. O seu pretexto é que estão sendo produzidas armas químicas, biológicas e talvez nucleares pelo governo do Iraque. O Iraque decidiu que permitirá o ingresso dos inspetores da ONU no seu território para que realizem a inspeção e até já convidou congressistas americanos para que visitem suas instalações. A França, a Alemanha e os demais aliados dos EUA, além de China e Rússia, já demostraram seu interesse em que não ocorra essa invasão, mas Bush está obcecado. O Iraque declarou que, na verdade, Bush quer se apossar das suas imensas e ricas reservas de petróleo, e muitos concordam com ele. Independente da figura ditatorial de Saddam Hussein, é necessário que se esgotem todas as possibilidades plausíveis, antes que se parta para um novo conflito armado, principalmente, em uma região iminentemente explosiva, como é a do Oriente Médio.
A economia norte-americana vem mostrando pontos frágeis, já há algum tempo, apesar do fato incontestável de que, após a queda da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas-URSS, os EUA se tornaram a potência hegemônica mundial. O que, de qualquer forma, também não é um dado interessante para ninguém, a não ser para os próprios norte-americanos...
Bush foi apoiado, entre outras, pela indústria bélica, quando da sua eleição, na qual ele foi eleito pelo Colégio Eleitoral, apesar de haver perdido na votação dos eleitores. Muitos votos deixaram de ser recontados, o que deixou no ar um cheiro desagradável, de que "algo fedia no Reino da Dinamarca..." Grandes corporações financeiras norte-americanas faliram, recentemente, devido à monstruosas fraudes contábeis e financeiras praticadas por seus poderosos executivos.
Mas, apesar de toda a instabilidade psicológica e mental recorrentemente demonstrada pelos seus líderes políticos e econômicos, os povos de todo o mundo continuam, como sempre, ansiando pela PAZ! Manifestações de milhares de pessoas vêm ocorrendo em todo o mundo a favor da paz e de uma melhor distribuição das riquezas mundiais, e contra um novo ataque militar dos EUA contra o Iraque! Na Itália, um manifestante foi morto pela polícia, quando protestava contra uma reunião da Organização Mundial do Comércio-OMC! Manifestações ocorreram, também, quando das reuniões do G-7 ou G-8 ou quando da Reunião Rio+10, nesse último caso, a favor do desenvolvimento sustentável do planeta, à qual, diga-se de passagem, Bush não compareceu, para decepção mundial. Bush também não assinou o Protocolo de Kyotto, pois sabe que os EUA são os maiores poluidores do mundo.