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Artigos-->SINTO MUITO - EXISTENCIALISMO BORGIANO -- 24/03/2001 - 01:09 (denison souza borges) |
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Sinto Muito
Vivo e vivo, apenas; existo;
De que me serve querer mais que isso?
De que me serve a complexidade dos teóricos?
Dos doutores
Dos Espíritas e Católicos?
Por que buscar algo mais do que o óbvio?
Eles foram longe demais.
Por que o poeta perdido diz:
Desta turbulência tranquila
Desta minha convergência diversa?
Acaso há turbulência quieta, pergunto eu agora?
E algo que se afunile que divaga?
De que me serve esta Dialética?
De que me serve esta Estética?
Apenas me basta o Grão
O grão é o óbvio
E o óbvio é o que é
Ou não teria que ser nada
Mas o é
Mesmo que você não queira, é
Não é Deus, não é Religião, não é nada
Não é idéia ou qualquer instituição
É o grão
O grão que não há como fazer confusão
Como fazem os templos, as câmaras, os salões, os gabinetes
A escrivaninha do poeta
Então uma árvore é apenas árvore, apenas isso. Uma flor, uma flor
Vocês querem que seja Natureza
Mas o que é Natureza senão a confusão entre o que árvore e o que é flor?
Pior ainda, pássaro;
De que me serve misturar pássaro e flor, árvore e Lua
Num só conjunto?
De que me serve juntar o feio e o bonito?
Chamam-me de preconceituoso
Mas o preconceito é minha defesa
Sem o preconceito alguém é volúvel
De que me serve aceitar tudo e ser liberal?
Dizem que de médico e de louco, todo mundo tem um pouco
Eu não entendo nada de Medicina e nem quero
E não sou nem um pouco louco
Conheço muitos que não são
Aliás custa-me lembrar de alguém que o seja
Por ser preconceituoso eu não perco tempo
Com loucos, com estúpidos e vazios
Às vezes derramo este sangue branco que é o pranto
Derramo este sangue pelos que tem fome, pela dor, pela ignorância
Todavia não faço muito para mudar isso
Sou preguiçoso
E isso também me faz não perder tempo
Porque quero apenas contemplar o grão em minhas ações
Até mesmo escrever meu pensamento, às vezes, me parece perda de tempo
Mas eu quero falar, gritar e gemer
Senão eu borbulho, se não me afogo
E eu quero xingar os viados e putas
Quero manifestar minha simplicidade voando de um continente a outro
Atravessando sempre o velho oceano louco, borbulhante
Ah, o grão
E não me venha dizer que isso é complexo
A praia é complexa; o grão, não
Um homem é um homem. Uma mulher é uma mulher
O homossexual não existe
Eu sinto muito
Só entendo o grão; não entendo um punhado de areia no ar
Eu sei que se pode viver sem o grão
É até mais fácil
Mas o Homem não quer nem saber o que seja fácil
O grão é a essência do Nada
O tudo é uma confusão
Vai prá um lado, vai pro outro...
Eu quero o nada na minha frente
O básico, o desnudo, o limpo, o higiênico, o pingo, o grão
O grão sem teto, sem chão, sem chão, sem textura
Que minhas ações absorvam este caroço que é o grão
Que não tem nada com panelas, clubes, times, epítetos
Procuro não ser tão desagradável
Mas não dá para não ser preconceituoso e preguiçoso
É apenas o que me resta
Contra os meus inimigos
Quem eu não posso passar nada, não me interessa
Já quero encontrar pronto ou meio pronto
Não dá prá alfabetizar
Sou preguiçoso
Eu sinto muito
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