Há certos momentos da vida em que somos postos cara a cara com nossa própria fragilidade. Não a fragilidade de sentimentos, de “Oh, não me magoe, eu sou frágil”, mas a fragilidade da vida mesmo. A sensação de que agora se está vivo, mas daqui a um minuto pode-se não mais estar. Que agora estou aqui, em frente a esse computador, mas que daqui a um minuto posso estar caída no chão de ardósia, semimorta. Semiviva. Sei lá.
O fato é que quando somos postos cara a cara com nossa fragilidade a vida parece ter mais gosto e mais valor. Quando percebemos que estamos correndo risco de morte o tempo todo, o ato corriqueiro de encher os pulmões de ar dá mais prazer. Ao percebemos que nossa vida está por um fio, dá vontade de aproveitar mais cada minuto. Dá vontade de telefonar para o namorado, para o pai, para o vizinho e dizer: “Ei, te gosto, viu?”.
Não precisamos correr risco algum para percebermos como somos frágeis. Presenciar um acidente, perder alguém querido, ver um gato estraçalhado na rua já é o suficiente para nos levar à reflexão, e induzir a valorizarmos mais a vidinha corriqueira que levamos.
Agora, se me dão licença, eu vou aproveitar minha vidinha corriqueira, subir até o mercado e comprar um chocolate. Gastar meu pouco dinheiro e engordar alguns gramas, afinal, de que me valerá o dinheiro e um corpo em forma se eu morrer nos próximos minutos?