À luz da razão ou do dogma?



A explicação da orígem da vida e, especificamente, do homem segue duas linhas de raciocínio completamente dicotomizadas, "a priori". São as correntes do materialismo (fundamentado na experimentação) e da lei divina (seguindo a fé religiosa).

Agora, será que não existe algo uniforme, isto é, comum entre as duas faces desta aparente moeda? Como se pode descobrir o material constitutivo de ambos os lados? A verdade é ou não uma só?

Dando prosseguimento à exposição de idéias, a hipótese científica (experimental) mais aceita é a da biogênese, principalmente no que se refere ao caráter heterotrófico. Essa tese parte do pressuposto de que o Sol originou-se de uma "bolha" gasosa extremamente quente e, a partir dele, formaram-se os planetas. A camada mais externa do planeta Terra, por exemplo, constituía-se de moléculas como a do hidrogênio (é a menor e a mais simples existente). A partir delas, devem ter se formado compostos mais complexos que deram orígem aos primeiros seres vivos. Além dessas MOLÉCULAS BÁSICAS, existiam, na atmosfera primitiva, violentas TEMPESTADES e radiações ultra-violetas, havendo, posteriormente, uma evolução gradual dos compostos químicos.

O hidrogênio é, ainda, fundamental na formação do aminoácido, daí para a célula e, mais tarde, evoluiu para os organismos pluricelulares (incluindo-se o homem, sendo este com um estágio superior de desenvolvimento).

Já a corrente religiosa prega, segundo a Bíblia, no Gênesis, que Deus criou o Mundo em seis dias e no sétimo descansou. No Capítulo I, Versículo 7º, escreve: "Então formou o Senhor Deus ao homem do PÓ DA TERRA e SOPROU-LHE nas narinas o fôlego da vida, e o homem passou a ser alma vivente."

Percebe-se que tais palavras são parábolas dependentes de uma forma incontestável da hermenêutica (interpretação).

Assim, com o espírito altamente franquiado à criticidade e ponderações, constata-se que existem dois pontos convergentes nas duas explicações.

Destrinchando, na hipótese (se é que deve ser assim chamada) religiosa, diz que o Senhor Deus formou o homem proveniente do PÓ DA TERRA. O pó nada mais é que o barro ou argila. Estes são compostos abundantes na Terra, com grande gênero ou noção de simplicidade. Também, a palavra argila é relacionada diretamente com a BASE da alvenaria de tijolos de obras provisórias. Essa "obra" não poderia ser aquela mais complexa, perfeita, inteligível e incomparável de todas? Fazendo a comparação com a hipótese científica, a molécula do hidrogênio é a molécula MAIS SIMPLES e, também, aquela que poderá ter originado as outras moléculas maiores e mais complexas (é, portanto, uma molécula BÁSICA).

Ainda, seguindo a luz religiosa, cita-se "...SOPROU-LHE nas narinas o fôlego da vida e o homem a ser alma vivente.". A palavra SOPROU não haverá consonância, extrapolando-a, com algum vento ou TEMPESTADE? Não seria este o ambiente propício ao desenvolvimento de outros compostos químicos mais complexos, tanto defendido pelos cientistas?

Depois dessa explanação de motivos, as coincidências resumem-se em: barro com hidrogênio; e tempestade com o sopro de Deus.

Lançada esta "semente" no receptáculo cognitivo do leitor, resta, agora, progredir através do seu poder da razão, proporcionando outras possíveis elocubrações importantíssimas da orígem da vida e, em última instância, do ser humano.



Adalberto Jr.

Jabssouza@hotmail.com