Se você pagou R$ 100,00 para assistir a um show de consagrado cantor de samba, não vai se contentar em chegar ao local da apresentação e encontrar uma placa avisando que o artista em questão está levemente rouco e que em seu lugar vai se exibir um jovem vencedor de um concurso de rock realizado no interior do país. Vai pedir redução do valor para assistir a este evento ou vai exigir o dinheiro de volta e vai procurar outra diversão. E com direito a cobrar as despesas com o transporte.
Se você compareceu a alguns jogos e guardou os canhotos (raramente o consumidor guarda documentos que possam lhe servir para futuros processos – é questão de cultura e relaxamento) ou se pagou por um pacote de tv a cabo para assistir aos jogos do campeonato brasileiro de futebol de 2002, deve ficar preparado para entrar com uma ação no Procon (ou direto na Justiça comum) contra a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) por propaganda enganosa. Tal atitude deve ser conduzida pelo torcedor (consumidor) em função de um fato singular mas que representa uma falta de consideração profunda contra todos os torcedores brasileiros. Os produtores do referido campeonato, estabeleceram entre outras regras, que:
a) somente os oito melhores colocados seguirão adiante até que se conheça o campeão da competição do ano de 2002;
b) os quatro últimos colocados ao final da competição serão transferidos para a 3a. divisão no ano de 2003.
No entanto, como existem algumas equipes de renome internacional correndo este risco, os dirigentes esportivos já estão tramando a alteração deste dispositivo para evitar que os mesmos sejam atingidos em função da baixa qualidade de jogo que estão apresentando. Acontece que mudar a regra da competição depois da mesma iniciada (e eles fazem isto depois dela terminada, o que é bem pior) é um descumprimento descarado do "contrato" feito. Se você paga para assistir jogos onde os perdedores devem ser rebaixados, isto tem de ocorrer. Se isto não for respeitado, outros itens poderão ser manipulados. Podem acrescentar mais quatro equipes para as disputas finais. Podem alterar uma norma e definir como campeão o time que tiver sido punido com menor número de cartões amarelos e vermelhos. Podem tudo pois estão convencidos de que nós não reclamamos por nossos direitos e que já nos acostumamos a conviver com os produtos "maqueados".
Só que os tempos estão mudando. O povo está saindo lentamente da letargia que o envolveu nos últimos 100 anos, emoldurada por uma falsa república democrática, que só é justa com os que possuem riquezas. Pobres raramente saíram vitoriosos em ações judiciais contra poderosos, pois o Estado não age no sentido de ser justo com aqueles. Só luta pelos direitos destes que manipulam os bastidores políticos.
Portanto, guarde sua fatura que comprova a compra do "pacote" da tv a cabo, converse com outros colegas na mesma situação, encontrem um advogado e sejam ágeis. Se mudarem a regra do jogo num dia, façam valer seus direitos de imediato. Exijam seu dinheiro de volta (com juros). Mostremos que já estamos cansados de conviver com campeonatos onde não respeitam as regras, horários definidos, higiene nos estádios e segurança física da família. Chega de urnas falsas, campeonatos falsos, falsa liberdade, cds falsos, remédios falsos, falsa inflação e políticos falsos.
Façamos um gol a favor do time da moralidade.
Haroldo P. Barboza – Matemático, Analista de computador e Poeta – Novembro / 2002
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