És uma Pessoa que aprecio bem dentro dos limites do céu de Camões e do chão de Aleixo. Além dum ou aquém doutro - Oh... Gaba-te cesta - só eu me atrevo, e imponho a mim mesmo, uma ou outra arriscada infracção, mas absolutamente sozinho. Das imaginadas lágrimas destes enormes vates, sorrio amplo. Ambos não me comovem ou confrangem de sentida pena. Pelo contrário, até na expressão da tristeza me extasiam.
Não é pois sob imaginação idolatra que Te concebo, surjas Tu de mendiga, de vagabunda, de burguesa, de real ou importantíssima dama. A condição humana não me ilude nem me escapa um milímetro, logo que contacte com alguém que me escreva ou me fale.
No meu teatrinho ou no de outrém, as marionetas têm todas uma consideração específica, quando as manipulo, e aí me coloco também quando sou eu o manipulado. O meu boneco está pleno de mossas de tantas vezes lhe terem cortado o fio sustentor. Só uma única vez cortei o fio a uma marioneta, há 25 anos, e disso estou tremendamente arrependido. Desde aí, limito-me a descer as marionetas e deixo-as repousar...
Aqui, a escrever para Ti, estou-me nas tintas para o preconceito tácitamente estabelecido. Não tomo nunca a iniciativa de provocar deliberadamente seja quem for. Se reajo e replico, confesso, sou apanhado tal e qual criança que tem natural tendência para mexer onde não deve.
Sou-Te incómodo?! Crê, medita, não é nem será nunca a Ti que sou incómodo. Incomodo sim uma das mais aberrantes formas do raciocínio: fingir que "não" quando afinal é obsessivamente "sim". As revelações - e surpreendo-me pela imbecibilidade - são tão espontânea e claramente expressivas como o gato que se rebola com cio ao longo da carpete. Miau... Miau... Miau... Só que não se vêem nem se ouvem.
Então porque arderei eu?!
Porque me sensibilizas e cativas com a condição escrita que revelas. Porque denuncias na expressão o escabroso véu que impede a humanidade der ser muito mais feliz. Porque gosto do Teu tom e reação. Porque... Bem... Tens um jeito "sui generis" que não é comum. De resto, as minhas fantasias romanescas... Oh diacho... Que gozo me dá que indivíduos adultos as interpretem e levem em plano real.
Terá ou não, segundo Tua opinião, interesse pedagógico que nos correspondamos por aqui sobre os pormenorzinhos de somenos importância que no entanto geram enormes confusões e daí conflitos e desentendimentos desnecessários?