Qualquer fonte de energia é válida. Quase tudo fornece energia. Desde casca de beterraba, até moléculas criadas em laboratórios. Quanto ao insumo a ser usado para se transformar em tal, para uso da sociedade, é que reside a dúvida. Há que se considerar custos de produção, transporte, domínio da tecnologia, manuseio seguro, meio ambiente e outros fatores que comprometem a vida da população que reside em volta da usina geradora.
No Brasil, que detém quase 25 % da água do planeta, cortado por caudalosos rios ao longo de seu território, praticamente não existem dúvidas de que devemos investir nas represas, pois atende positivamente a todos estes fatores citados acima com poucos riscos à população e à Natureza.
No entanto, numa prova de desprezo pelas coisas nativas, o governo não investe nesta área com a força que deveria. Se deixou iludir (quanto terá corrido de comissão atrás dos panos ?) pelo uso da energia atômica e nos implantou usinas deste tipo em Angra dos Reis, que funcionam de forma capenga e mantém a população local sob stress permanentemente, pois o plano de "evacuação", não atende nem às necessidades fisiológicas. E estamos sendo ameaçados com a implantação de novas bombas-relógio em nossa terra. E para opera-las, dependemos de alguns estrangeiros que aqui desembarcam de surpresa, ganhando enormes salários para nos ensinar a manter o monstro adormecido até que ocorra um fato como em Chernobil.
Tal aparato só trouxe benefícios para técnicos estrangeiros, que nos venderam as carcaças velhas já descartadas (algumas até proibidas) em seus países de origem e instalaram aqui um laboratório de experiências, bem longe de suas moradias. Aliás, temos a tradição de comprar equipamentos obsoletos, superados há mais de 20 anos nos países onde foram fabricados. Quem não se lembra do porta-aviões Minas gerais ? Talvez na época de sua compra, a intenção fosse criar um museu da 2ª guerra mundial.
Temos um potencial hídrico fabuloso, que deliberadamente não é explorado. Se fosse tratado adequadamente, não teríamos regiões que ainda vivem à base de lampiões, mantendo milhões de compatriotas à margem das informações que poderiam desperta-los do estado anestésico em que se encontram. Poderíamos ter uma eficiente malha ferroviária cortando nosso território em todos os quadrantes, barateando os custos dos produtos agrícolas, industrializados e preservando o ar que respiramos, que ficaria livre dos gases tóxicos emitidos pelas descargas de velhos caminhões sem manutenção. Mas a estrutura petrolífera assim não permitiu, para manter aceso o mercado de consumo de seus veículos pesados. Além do mais, cessar com a seca que assola algumas regiões há mais de 100 anos, acabaria com um eterno trampolim eleitoral e terminaria com o comércio ilegal, onde dezenas de fazendeiros vendem água para o Município onde não pagam seus impostos adequadamente.
Nem os carros alimentados pelo nosso álcool permitiram que se desenvolvessem. Tornaram o programa tão desacreditado, que hoje em dia, quem possui um, é alvo de gozação dos amigos e vizinhos. Até quando teremos direito de plantarmos bananas
e coqueiros para nosso consumo ? Talvez até o momento em que as lojas de fast-food
imaginarem que o lucro está crescendo em baixa velocidade. Aí, vão deportar nossos macacos, alegando que eles são os culpados da miséria em que vivemos. E nosso governo vai incorporar mais um mico (desdentado) à sua folha corrida.
Haroldo P. Barboza – Matemático, Analista de computador e Poeta – Outubro / 2002
e-mail : hpbchacra@bol.com.br e hpbflu@terra.com.br