Acabamos de completar 500 anos e nada temos a comemorar. A não ser a independência financeira dos banqueiros. Se as taxas de juros descem, eles aumentam os preços dos “serviços” que nos prestam (dispensam bancários e nós trabalhamos no lugar deles através dos caixas eletrônicos). Criam estranhos pacotes (mensalidades entre R$ 8,00 e R$ 20,00) onde cada cliente tem direito a pagar uma taxa após a 5ª retirada mensal de seu próprio dinheiro do banco. E pior ainda : caso efetue depósito com mais de 40 ou 50 cheques, também paga taxa por cheque excedente ! Ora bolas. O cliente está emprestando dinheiro a zero por cento para eles movimentarem e ainda tem de pagar por isto ! Em resumo : dizem que atingimos a maioridade mas continuamos agindo como colônia infantil !
Para mudar este quadro, precisamos de um forte processo cultural. Que cada um escreva aos jornais e revistas, protestando contra todas as medidas que nos prejudicam deliberadamente. Que participem do maior número possível de concursos culturais (principalmente os escritos). E que envolvam seus amigos e vizinhos no processo. Leiam bastante. Na falta de livros e jornais, leiam contratos de seguros. Até bula de remédio.
Com o advento da tv, internet, games, tv a cabo, futebol 3 vezes ao dia e chanchadas lourificadas, a leitura ficou em terceiro plano (saudades de quando ela estava em segundo) para as crianças. Debata com elas sobre algo que todos na casa leram. Não fiquem mudos diante da tv de baixo nível e veículo de notícias enganosas que efetuam lavagem cerebral nas mentes desatentas. Quem não se sente apto a escrever, que leia e faça suas crianças (filhos, netos, sobrinhos, entre 3 e 12 anos) entenderem, que a leitura não é castigo, mas um ato de prazer.
Isto é fácil. Não exige curso nem investimento que abale o orçamento doméstico. Existem diversos métodos. Experimente este (deu certo com minhas sobrinhas e meu filho há 15 anos :
- reserve 3 dias por semana, 30 a 45 minutos cada (no horário político ou durante aquele jogo entre times que estão na 10ª e 15ª posição no campeonato nacional).
- Pegue um livro de aventuras (serve um texto de revista semanal ou uma notícia de jornal – evite as que fazem apologia da impunidade e da violência).
- Pegue 3 ou 4 folhas A4 (serve papel de embrulho não muito amassado).
- Uma caixa de lápis de cor (6 cores bastam). Ou duas canetas : azul e vermelha.
- Comece a ler e rabiscar uma ilustração sobre a página lida. Se você não desenhar bem, melhor. A criança vai tentar criar uma figura mais bonita.
- Quando ela terminar, certamente terá deixado de registrar alguns objetos citados na leitura. Faça com que ela leia o trecho para descobrir o que está faltando no desenho. Repita o processo nas páginas seguintes. Dentro de 2 meses, você vai se surpreender com a evolução da gurizada.
Com este costume, ela passará a prestar atenção nos detalhes. Este comportamento lhe será útil na trajetória estudantil. E melhor : na sua vida de cidadão. As campanhas veiculadas para o benefício da comunidade serão compreendidas com mais rapidez. Poderão formar suas opiniões com mais base, sobre os parasitas que se encastelaram no poder às custas do seu suor e do seu sangue. Cada um que se livrar do hipnotismo veiculado pela tv, se tornará mais atento.
É do atento cidadão que depende a liberdade desta Nação !
Haroldo P. Barboza – Matemático, Analista de computador e Poeta – Novembro / 2002